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quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

LUTO NO UNIVERSO DAS ARMAS DE FOGO - MORRE GASTON GLOCK

Hoje faleceu Gaston Glock, o gênio fundador da empresa Glock, uma das mais bem sucedidas empresas no segmento de armas de fogo de todos os tempos. O senhor Glock estava com 94 anos de idade.




sábado, 16 de setembro de 2023

FB MSBS GROT - Uma solução independente para a infantaria polonesa.


MSBS GROT
FICHA TÉCNICA
Tipo: Fuzil de assalto.
Miras: Dispositivos mecânicos ou ótico, fixado no trilho picatinny.
Peso (vazio): 3,65 kg
Sistema de operação: A gás com pistão de curso curto com trancamento rotativo do ferrolho.
Calibre: 5,56 x 45 mm.
Capacidade: 30 munições.
Comprimento Total: 90 cm (versão básica com coronha estendida); 67 cm com c coronha dobrada.
Comprimento do Cano: 16 polegadas.
Velocidade na Boca do Cano: 890 m/seg.
Cadência de tiro: 700 a 900 tiros/ min.

Por Carlos Junior
Durante as décadas que se seguiram ao fim da II Guerra Mundial, a criação do Pacto de Varsóvia, a Polônia, um dos países dessa organização que antagonizou suas forças com as da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) até o fim da União Soviética  em 1991, devido a forte influencia soviética, usava muitos dos mesmos armamentos desenvolvidos pelos russos. E quando não eram armas russas, eram armas de projeto polonês com forte influencia da tecnologia russa.
Depois muitos acontecimentos geopolíticos que aconteceram depois da queda da cortina de ferro, a Polônia se tornou membro da OTAN (um importantíssimo membro, diga-se de passagem), e até os dias atuais ainda se vê alguns armamentos que são bastante influenciados pela época  do Pacto de Varsóvia. O fuzil padrão da infantaria do exército polonês é o Beryl, uma arma baseada na plataforma AK, mas com varias modificações incorporadas pela indústria local. Esse fuzil está em fase de substituição pelo mais moderno fuzil GROT do qual trataremos a partir de agora.
O fuzil BERYL M762, um derivado do AK-74, é o fuzil padrão da infantaria polaca atualmente. Até o final da década de 20 deverá estar aposentado pelo GROT.

A transição da doutrina soviética para a doutrina ocidental empregada dentro do âmbito da OTAN tem norteado a modernização das forças armadas polonesas como um todo. São carros de combate de origem russa T-72 dando lugar a tanques M-1 Abrams, K-2 Black Panther e Leopard 2. Na força Aérea Polonesa, caças MIG-29 e Su-22 estão dando lugar para caças F-16 e F-35, de fabricação norte americana. Assim, a infantaria polonesa também precisou de um novo armamento  mais alinhado com o que é empregado por seus novos aliados.
O projeto do novo fuzil se deu a partir de 2007, pouco depois da entrada da Polônia na OTAN e a ideia foi a de ter um armamento nacional com características alinhadas com o padrão OTAN para esse tipo de arma. A empresa encarregada de projetar o novo fuzil foi a Fabryka Broni Radom (FB). Os primeiros protótipos foram apresentados em 2009 e em 2012, o ministério da defesa da Polônia adquiriu uma pequena quantidade de fuzis Bushmaster ACR e a partir desse momento, muitas mudanças no projeto original do GROT foram implantadas, tornando a arma visivelmente inspirada no modelo norte americano. 
O projeto do GROT foi norteado pelo conceito de modularidade como muitas armas modernas assim são projetadas. 
A FB produziu duas versões, uma configurada como um bullpup chamada de  MSBS-5.56B Radon-B e outra com uma configuração tradicional, com o carregador a frente da empunhadura, chamada de MSBS-5.56K Radon-K. 
Aqui temos dois protótipos do MSBS Grot. Observem a versão bullpup em cima. Esta versão, embora não tenha sido adotada pelas forças militares polacas, ainda está disponível para futuros usuários.
Em 2016, as forças armadas polacas adotaram a versão tradicional e a arma foi batizada de MSBS Grot. Os exemplares dos lotes iniciais foram entregues a soldados com menor experiência para que eventuais problemas do projeto fossem expostos, o que de fato acabou acontecendo, sendo que muitas falhas, notadamente de controle de qualidade, levaram a uma sequencia de diversos problemas como uma tendência do regulador de gás, simplesmente soltar e cair da arma. Quebras da coronha em polímero, assim com danos na estrutura do poço do carregador  também aconteceram gerando insatisfação nos militares que usaram o armamento. No entanto, a ideia era exatamente essa, encontrar problemas com este armamento de projeto novo e desenvolver ele para que o armamento a ser produzido em massa fosse o mais perfeito possível. Atualmente o Grot teve todas essas fragilidades resolvidas e o armamento está sendo entregue a tropa e se tornará o fuzil padrão da infantaria polaca até o final da década de 20.
Aos poucos os fuzis Grot está chegando às mãos dos soldados do exército da Polônia.
O Grot opera através da ação de gases que empurram um pistão de curso curto (como no ACR da Bushmaster e no HK-416), o que garante um funcionamento mecânico extremamente resiliente, com baixíssimo índice de panes de tiro. O trancamento se dá por ferrolho rotativo com 7 "dentes". A tecla seletora de tiro/ segurança possui 3 posições: Safe (travada), Tiro (intermitente) e Auto (rajada). Não há opção para rajada curta, um recurso que aparentemente, tem sido abandonado nos novos fuzis. Todos os controles da arma são ambidestros. A janela de ejeção pode ser trocada de lado apenas desmontando a culatra e trocando a tampa da janela de lado. O regulador de gás é manual e a alavanca de manejo do ferrolho está montada dos dois lados da arma e ela não é recíproca (não se move durante o trabalho de ciclagem da arma no disparo).
Muitos componentes do fuzil Grot apresentaram problemas de projeto e de qualidade no primeiro lote. Os problemas foram solucionados no projeto e os novos lotes estão sendo entregues com as melhorias.

O fuzil Grot possui trilho picatinny 22 mm montado integralmente sobre sua parte superior da arma e em um trilho menor na parte de baixo do guarda mão. Além disso, nas laterais e na parte de baixo do guarda mão, também há  encaixes de acessórios no padrão M-Lock que estão sendo bastante comuns e permitem além de um bom sistema de acoplamento de equipamentos, uma ventilação para o cano.
O fuzil pode usar miras de aço dobráveis que são removíveis, fixadas no trilho superior picatinny. Miras óticas como red dot (reflexivas) e lunetas podem ser instalados também junto com as miras de aço dobráveis.
O Grot pode usar carregadores STANAG 4179 que são os mesmos dos fuzis M-16/ AR-15 e que se tornaram um elemento padronizado em muitos modelos de fuzis ocidentais. No entanto, o modelo de carregador que é fornecido com o Grot é produzido em polímero com acabamento translucido. Esses carregadores são produzidos com capacidade para 10, 30, 60 e 100 tiros.
A coronha do Grot é dobrável, e telescópica. Existe um apoio para a cabeça que se levanta  também, para dar maior conforto para disparos com uma visada mais cuidadosa.
Além da Polônia, as forças de combate nas linhas de frente contra a invasão russa da Ucrânia estão recebendo fuzis Grot também.
A FB possui versões do Grot configuradas para munições russas em calibre 7,62X39 mm e está em desenvolvimento um modelo projetado para usar a potente munição 7,62X51 mm. Essa ultima está sendo chamada de Grot 762N que será um fuzil destinado para emprego por atiradores designados. Por isso esta versão será exclusivamente semi- automática. Essa versão foi adquirida pelo exército polaco em fevereiro de 2023 para substituir os velhos fuzis da era soviética  Dragunov SVD para seus atiradores designados.
Acima temos o novo fuzil Grot 762N para uso de disparos de precisão.

Além da Polônia, a Ucrânia recebeu 10000 unidades do fuzil Grot para ajudar em sua guerra contra a Rússia o que vai ajudar a avaliar o desempenho da arma em condição de combate real. A Polônia encomendou 184 mil fuzis para suas tropas que devem estar entregues até o final de 2026.
Fuzil Grot padrão com cano de 16 polegadas
       
Versão carabina com cano encurtado para 10 polegadas

Fuzil Grot equipado com lançador de granadas de 40 mm

       
                    

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Visão explodida: a pistola Luger


Por Ian McCollum, American Rifleman, 6 de março de 2017.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 31 de agosto de 2023.

A Luger é descendente direta da pistola C-93 de Hugo Borchardt, que foi a primeira pistola semiautomática a ser comercialmente viável. Fabricado pela Ludwig Lowe & Co. e seu sucessor, Deutsche Waffen- und Munitionsfabriken (DWM), um total de 3.000 C-93 foram fabricados. No entanto, o Borchardt era um projeto estranho, e a DWM encarregou um de seus engenheiros, Georg Luger, de melhorá-lo.

A pistola criada por Luger se tornaria uma das armas mais icônicas já feitas, conhecida por sua precisão e excelente acabamento. Foi usada em ambas as guerras mundiais pelos militares alemães, além de ser adotado por outras nações. E, claro, as armas eram muito populares no mercado civil. A primeira adoção militar foi pela Suíça em 1900 – é notável o quão boa a Luger era por ser um projeto tão antigo. Essas primeiras armas foram calibradas para o cartucho de 7,65mm Luger, mas a Luger logo também as calibraria para o cartucho de 9mm Luger, que foi desenvolvido para a pistola e se tornou comum hoje.

Desenho da pistola Luger.

A Luger é incomum mecanicamente, usando um recuo curto e ação de alternância para travar a culatra. O alternador é composto por três elos que formam uma barra plana rígida quando travados, contendo assim a energia do cartucho, o que era significativo para a época. Ao disparar, todo o cano e conjunto de alavanca recuam para trás cerca de um quarto de polegada, empurrando os botões de alavanca em uma superfície inclinada que abre o conjunto de alavanca rígido, permitindo que ele dobre como uma junta de joelho para ejetar o estojo vazio e carregar um novo cartucho.

O desenvolvimento da Luger envolveu surpreendentemente poucas mudanças mecânicas reais em comparação com outros projetos de pistola. Os dois modelos mecânicos são o padrão original de 1900 e o de 1906, que apresentava uma mola principal helicoidal no lugar da mola principal plana anterior, um extrator aprimorado e botões de alternância de textura plana. As outras mudanças nas armas envolviam opções de clientes, como a presença ou ausência de uma alça de ombro na coronha e empunhadura de segurança, o comprimento do cano e a direção do movimento da segurança manual. A capacidade do carregador era de oito tiros, com exceção do "tambor de caracol" de 32 tiros adotado na Primeira Guerra Mundial para o modelo de artilharia alemão de cano longo. A Luger acabou sendo substituída como uma pistola militar, não por causa de nenhuma deficiência como arma, mas simplesmente por causa de seu alto custo de fabricação.

Desmontagem


Nota: Embora se deva sempre confirmar que uma arma de fogo está descarregada antes da desmontagem, isso é particularmente importante com a Luger. Se um cartucho for deixado na câmara, é possível descarregar com o conjunto superior completamente removido da estrutura, porque todo o mecanismo de disparo está contido no conjunto superior da Luger. Essas instruções de desmontagem se aplicam a todos os modelos de padrões Luger 1900 e 1906, militares e comerciais.

Remova o carregador e puxe os botões no elo de alternância (13) para cima e para trás para abrir a câmara e confirme que a pistola está completamente descarregada.

Segurando o lado esquerdo da pistola, levante a placa lateral do gatilho (35) para cima e para fora da armação (25) (Fig. 2). Deslize o conjunto do cano para a frente da estrutura, garantindo que o gancho traseiro do guia da mola principal (32) não enganche em nada (Fig. 3).


Pressione o eixo do receptor (5) da direita para a esquerda (é flangeado e sairá em apenas uma direção) (Fig. 4) e deslize o conjunto do registro da parte traseira do receptor (às vezes chamado de extensão do cano) ( 3). Observe que a mola do percussor (23) ainda colocará alguma tensão nas peças de alternância neste momento.

Para remover o percussor (22) e sua mola, use uma chave de fenda para pressionar a guia da mola (24) na parte traseira do bloco da culatra (17) ligeiramente e depois gire-o 90 graus no sentido anti-horário (Fig. 5). Ele sairá sob pressão da mola, por isso tenha cuidado.

Remontagem

Visão explodida da Luger.

Substitua o percussor, a mola do percussor e a guia de mola do percussor no ferrolho, pressione e gire o conjunto 90 graus no sentido horário para travá-lo no lugar (exatamente o inverso do processo de remoção).

Deslize o conjunto de alternância para o receptor. Pressione a barra de gatilho (7) no lado esquerdo da extensão do cano para dentro para permitir que a alternância se mova totalmente para a frente sem tencionar a mola do percussor. Reinsira o eixo do receptor da esquerda para a direita.

Deslize o conjunto do cano na estrutura da frente, garantindo que o gancho da mola principal na parte traseira permaneça para cima para evitar enganchá-lo em qualquer coisa (feito com mais facilidade tendo a pistola de cabeça para baixo para esta etapa).

Quando o conjunto do cano estiver na metade da armação, verifique se o gancho da mola principal cai no seu recesso na armação.

Coloque a placa lateral do gatilho na posição na armação e pressione o conjunto do cano para trás contra a pressão da mola principal.

Enquanto o cano estiver sendo mantido para trás, pressione a frente da placa lateral do gatilho contra a armação e gire a alavanca de desmontagem no sentido anti-horário 90 graus.


Vídeo recomendado:


Bibliografia recomendada:

The Luger,
Neil Grant.

domingo, 29 de janeiro de 2023

Tiroteio em Jerusalém: Israel acelerará aplicações de porte de armas após ataques

As forças israelenses intensificaram os esforços de segurança após os dois ataques.

Equipe de repórteres da BBC News, 29 de janeiro de 2023.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 29 de janeiro de 2023.

O gabinete de segurança de Israel aprovou medidas para tornar mais fácil para os israelenses portarem armas depois de dois ataques separados de palestinos em Jerusalém nos últimos dois dias.

Os ataques ocorreram depois que uma incursão do exército israelense na Cisjordânia ocupada matou nove pessoas. As novas medidas também incluem privar os membros da família de um agressor de residência e direitos de segurança social. O gabinete completo deve considerar as medidas no domingo. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu havia prometido uma resposta "forte" e "rápida" antes da reunião do gabinete de segurança.

O exército de Israel também disse que iria reforçar o número de tropas na Cisjordânia ocupada. "Quando os civis têm armas, eles podem se defender", disse o controverso ministro da Segurança Nacional de extrema-direita, Itamar Ben-Gvir, a repórteres do lado de fora de um hospital em Jerusalém. As medidas revogarão os direitos à segurança social das "famílias de terroristas que apóiam o terrorismo", disse o gabinete de segurança.

As propostas estão de acordo com as propostas dos aliados políticos de extrema-direita de Netanyahu, que permitiram que ele voltasse ao poder no mês passado. O anúncio foi feito depois que a polícia israelense disse que um menino palestino de 13 anos estava por trás de um tiroteio no bairro de Silwan, em Jerusalém, no sábado, que deixou um pai e um filho israelenses gravemente feridos.

Um porta-voz da força policial israelense disse anteriormente que o agressor emboscou cinco pessoas enquanto se dirigiam para as orações, deixando duas em "estado crítico". O adolescente de 13 anos foi baleado e ferido por transeuntes e está internado no hospital.

Em um tiroteio separado na sexta-feira em uma sinagoga em Jerusalém Oriental, sete pessoas foram mortas e pelo menos três ficaram feridas enquanto se reuniam para orações no início do sábado judaico. O atirador foi morto a tiros no local. O homem por trás do ataque à sinagoga na sexta-feira foi identificado pela mídia local como um palestino de Jerusalém Oriental. A polícia prendeu 42 pessoas relacionadas ao ataque.

O comissário de polícia israelense Kobi Shabtai chamou de "um dos piores ataques que encontramos nos últimos anos". Grupos militantes palestinos elogiaram o ataque, mas não disseram que um de seus membros foi o responsável.

Netanyahu pediu calma e instou os cidadãos a permitirem que as forças de segurança realizem suas tarefas, enquanto os militares disseram que tropas adicionais seriam enviadas para a Cisjordânia ocupada. "Peço novamente a todos os israelenses - não façam justiça com as próprias mãos", disse Netanyahu. Ele agradeceu a vários líderes mundiais - incluindo o presidente dos EUA, Joe Biden - por seu apoio.

As tensões estão altas desde que nove palestinos - militantes e civis - foram mortos durante um ataque militar israelense em Jenin, na Cisjordânia ocupada, na quinta-feira. Isso foi seguido por disparos de foguetes contra Israel a partir de Gaza, aos quais Israel respondeu com ataques aéreos.

Netanyahu visitou o local do ataque na sexta-feira.

Desde o início de janeiro, 30 palestinos - militantes e civis - foram mortos na Cisjordânia. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, suspendeu seus acordos de cooperação de segurança com Israel após o ataque de quinta-feira em Jenin. O tiroteio na sinagoga de sexta-feira aconteceu no Dia Memorial do Holocausto, que comemora os seis milhões de judeus e outras vítimas que foram mortas no Holocausto pelo regime nazista na Alemanha.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, condenou o ataque, dizendo que uma das vítimas era uma mulher ucraniana. "O terror não deve ter lugar no mundo de hoje - nem em Israel nem na Ucrânia", disse ele em um tuíte. O secretário de Relações Exteriores britânico, James Cleverly, escreveu no Twitter: "Atacar fiéis em uma sinagoga no Dia Memorial do Holocausto e durante o Shabat é horrível. Estamos com nossos amigos israelenses." O presidente Joe Biden conversou com Netanyahu e ofereceu todos os "meios apropriados de apoio", disse a Casa Branca.

Logo após o incidente, Netanyahu visitou o local, assim como Ben-Gvir. O polêmico ministro da segurança nacional prometeu trazer a segurança de volta às ruas de Israel, mas há uma raiva crescente por ele ainda não ter feito isso, disse Yolande Knell, da BBC em Jerusalém.

O pessoal do serviço de emergência israelense e as forças de segurança compareceram ao local do tiroteio de sexta-feira.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, está "profundamente preocupado com a atual escalada de violência em Israel e no território palestino ocupado", disse um porta-voz. "Este é o momento de exercer a máxima moderação", disse o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.

No sábado, a União Europeia expressou preocupação com o aumento das tensões e instou Israel a usar a força letal apenas como último recurso. "A União Europeia reconhece plenamente as preocupações legítimas de segurança de Israel - como evidenciado pelos últimos ataques terroristas - mas deve-se enfatizar que a força letal só deve ser usada como último recurso quando for estritamente inevitável para proteger a vida", disse o diplomata-chefe da UE, Josep Borrell.

Israel ocupa Jerusalém Oriental desde a guerra no Oriente Médio de 1967 e considera toda a cidade sua capital, embora isso não seja reconhecido pela grande maioria da comunidade internacional. Os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como a futura capital de um esperado estado independente.

domingo, 18 de dezembro de 2022

ARMSEL STRIKER PROTECTA. A pulverizadora em calibre 12!


Protecta 12
FICHA TÉCNICA
Tipo: Espingarda de combate.
Miras: Miras de aço fixas e possibilidade de emprego de miras red dot ou holográficas.
Peso: 4,2 Kg (com carregador vazio).
Sistema de operação: Dupla ação (Protecta) com carregador rotativo em tambor tipo "revolver".
Calibre: 12.
Comprimento Total: 79,2 cm (com coronha estendida).
Comprimento do Cano: 12 polegadas (Existe versões com canos de 18,5- 14 e 7,5 polegadas) .
Capacidade: 12 Cartuchos.

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior.
Mais uma vez eu trago para as paginas do WARFARE Blog uma espingarda em calibre 12 que pode ser considerada exótica quando comparada com as inúmeras espingardas de repetição por ação de bomba (pump action) ou semiautomáticas com carregador em tubo. A enfocada deste artigo é a Striker (nome original do armamento) que foi projetado em 1980, por um cidadão do Zimbábue de nome Hilton Walker e que, emigrou para a África do Sul, onde terminou de desenvolver e produziu esta espingarda de combate. A ideia foi a de fabricar uma espingarda de capacidade maior que os tradicionais 6 ou 7 tiros das espingardas comuns e permitir, ainda, um funcionamento de disparo rápido. Assim, a Striker recebeu um tambor com 12 câmaras rotativas acionada por uma ação de mola como um relógio de corda, O resultado foi uma espingarda que dispara rapidamente, porém, sua recarga é extremamente demorada pois nos primeiros exemplares da Striker, cada câmara usada deveria ter o cartucho deflagrado removido com uma haste, um a um.
Isso demonstrou ser um problema sério para um operador em combate, situação onde o tempo é muito valioso.
Inicialmente, a Striker usava um tambor com uma mola de torção como um relógio que movimentava 12 câmaras dentro do tambor. A recarga deste sistema exigia que cada câmara fosse esvaziada individualmente após 12 disparos. Essa característica se mostrou problemática pela lentidão em recarregar.
Após alguns anos, já no final da década de 80, Hilton inseriu alguns aperfeiçoamentos em seu projeto substituindo o sistema de mola no tambor por um sistema de funcionamento manual, operado por um gatilho que funciona em dupla ação somente (DAO). Além disso, inseriu um sistema de extração de cartuchos semiautomático que ajuda a reduzir o tempo de recarga. É interessante notar que esse sistema permite extrair, automaticamente 11 de 12 cartuchos de forma que o ultimo cartucho disparado precisa ser extraído manualmente com ajuda de uma vareta extratora junto ao cano. Essa versão modernizada passou a ser chamada de "Protecta" no mercado de armas e ainda é fabricada pela Reutech Defense Industries da África do Sul.
Com os aperfeiçoamentos que foram incorporados ao projeto da Striker, gerando a Protecta, essa espingarda melhorou muito em relação a sua recarga e confiabilidade.
A Protecta possui uma coronha que pode ser dobrada para cima, sendo uma peça bastante rustica, como a arma toda, de uma forma geral. Existem 4 comprimentos de canos para essa espingarda: 7,5 polegadas (versão mais compacta), 12 pol (versão padrão), 14 pol e a maior com 18,5 pol.
A recarga da espingarda se dá por uma abertura na parte de trás do tambor no lado direito e é feito através de um botão na parte de trás, superior, da espingarda que permite girar cada câmara para expô-la na abertura do lado direito. Embora não seja um sistema muito pratico, ainda é melhor do que as primeiras Striker. 
As espingardas Protecta possuem um sistema de miras de ferro, porém pode ser instalado na parte superior, miras reflex e red dot.
Na lateral direita, logo acima da empunhadura pode ser ver a canaleta para facilitar a ejeção e o carregamento da Protecta.
No aquecido mercado norte americano de armas de fogo, a Striker não pode ser adquirida de forma normal como uma pistola ou um fuzil. Lá, a Striker tem uma classificação de "dispositivo destrutivo", exigindo uma licença especial para poder adquirir ela. Inclusive, nesse mercado, uma empresa chamada Sentinel, produziu sob licença essas espingardas, mas mantendo o nome Striker 12.
Embora a Striker tenha sido uma solução para entregar uma espingarda com maior poder de fogo por sua agilidade de disparo e com muito maior capacidade, ainda sim, as modernas espingardas semiautomáticas como os modelos da Beretta, Benelli ou da russa Saiga 12, tem um funcionamento mais rápido e que caiu no gosto dos operadores policiais e militares de muitos países não deixando muita margem para a Striker no mercado de armas de fogo táticas. 
O uso de um tambor para munição remete a clássica submetralhadora Thopson em calibre 45 ACP.

 

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Soldados soviéticos ferveriam suas munições enquanto serviam no Afeganistão: eis o porquê

Por Nikolay Shevchenko, Russia Beyond, 30 de junho de 2022.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 3 de novembro de 2022.

Durante a guerra soviética no Afeganistão, houve um conto generalizado do exército. Soldados russos eram frequentemente vistos fervendo sua munição por horas em uma panela sobre uma fogueira. Contos dessa prática generalizada atingem muitos contemporâneos como algo inexplicável, mas havia uma lógica por trás desse estranho hábito de guerreiros experientes.

O negócio da guerra

Policiais militares russos relaxam durante uma patrulha ao longo de Koch-E Murgha (ou Rua da Galinha) no bairro de Shahr-E Naw, em 12 de maio de 1988 em Cabul, no Afeganistão.

Para alguns, a presença soviética no Afeganistão foi uma tragédia, mas outros viram a guerra como uma oportunidade de negócios. O governo soviético gastou toneladas de dinheiro para manter e abastecer suas tropas no país e algumas pessoas procuraram obter algum lucro por meio de peculato e apropriação indébita.

Tudo de valor era uma oportunidade de negócios para alguns oficiais corruptos que controlavam o fluxo de mercadorias soviéticas para o Afeganistão.

“Em 1986, […] os suprimentos estratégicos de alimentos do exército foram […] enviados para o Afeganistão. Eles alcançaram apenas parcialmente o exército. A maior parte acabou em bazares afegãos. Carne enlatada […] Presunto polonês e húngaro, ervilhas verdes, óleo de girassol, gordura composta, leite condensado, chá e cigarros – tudo o que não chegava aos famintos soldados soviéticos era vendido a comerciantes afegãos”, escreveu Zhirokov.

Enquanto oficiais sem escrúpulos ganhavam dinheiro sujo, as fileiras das forças armadas soviéticas no Afeganistão não apenas arriscavam suas vidas diariamente, mas também eram insuficientes e muitas vezes subnutridas.


Comerciantes afegãos

Deixados por conta própria, os soldados tiveram que agir para sobreviver. Eles precisavam de dinheiro para comprar comida, roupas e outros itens de comerciantes afegãos locais.

A única coisa que os soldados tinham a oferecer era sua munição, pois a tinha em abundância. Além disso, em tempos de guerra, era praticamente impossível acompanhar as balas; ninguém sabia dizer se a munição perdida foi utilizada em combate ou desviada. Para os soldados que foram injustamente roubados, o comércio de munição foi um salva-vidas.

No entanto, todos perceberam para onde a munição vendida estava indo em seguida. Ninguém duvidava que os mercadores afegãos venderiam a munição soviética aos mujahideen afegãos que lutavam contra o governo afegão apoiado pelos soviéticos.

Cada bala vendida poderia matar um soldado soviético ou mesmo aquele que a vendeu em primeiro lugar. Antes que a munição pudesse ser vendida, os soldados soviéticos tiveram que se certificar de que as balas estavam danificadas além do reparo.

Munição fervida

Soldados soviéticos em Cabul.

Na época, um conto generalizado do exército afirmava que a munição fervida por algumas horas não funcionaria corretamente. Os soldados acreditavam que a fervura prolongada danificava a munição, de modo que o fuzil do inimigo cuspia os cartuchos impotentes ou não atirava por completo.

A receita era simplesmente primitiva: fazer fogo, ferver água em praticamente qualquer recipiente de metal à mão, colocar a munição na água fervente e “cozinhar” por quatro a cinco horas. A água não permitiu que a munição detonasse acidentalmente, enquanto se acreditava que a exposição prolongada à alta temperatura danificava a munição sem alterar visualmente as balas.

No entanto, havia um problema. Os soldados soviéticos no Afeganistão tinham principalmente dois fuzis Kalashnikov: o AKM, que usava balas de calibre 7,62 e o AK-74, que usava balas de calibre 5,45.

Apesar da prática generalizada de ferver os dois tipos de balas antes de vendê-las aos afegãos, isso provavelmente não teve efeito sobre as munições modernas, por causa dos materiais usados para montá-las.

No século XIX e início do século XX, o fulminato de mercúrio foi usado em iniciadores para acender o propelente. Quando essa bala é aquecida a temperaturas de cerca de 100°C, o produto químico sofre um processo de decomposição térmica. Em suma, uma bala velha onde se usava fulminato de mercúrio deixaria de funcionar depois de ter sido fervida por algumas horas.

Ofensiva Mujahidin na área de Jalalabad, no Afeganistão.

No entanto, no início do século 20, novos compostos modernos e mais avançados foram introduzidos como substitutos do fulminato de mercúrio - tóxico e menos estável. Esses novos compostos eram extremamente resistentes à exposição térmica. Uma bala moderna dispara perfeitamente, mesmo que tenha sido fervida por horas.

Muito provavelmente, as balas produzidas na URSS durante a Guerra do Afeganistão eram resistentes ao aquecimento e os esforços dos soldados para danificá-las antes da venda foram em vão.

No entanto, os soldados soviéticos fizeram tudo o que podiam para sobreviver. Considerando que essa história do exército era generalizada, era natural que os soldados soviéticos realmente fervessem sua munição antes de vendê-la aos afegãos.


Bibliografia recomendada:

Bandeira Vermelha no Afeganistão,
Thomas T. Hammond.


Leitura recomendada:

Soldado da Fortuna: Com os Mujahideen no Afeganistão10 de julho de 2021.

PINTURA: Guardas de Fronteira da KGB com um Mi-8, 27 de março de 2021.

GALERIA: Snipers soviéticos no Afeganistão, 8 de maio de 2021.

GALERIA: Monumento aos soldados soviéticos mortos no Afeganistão23 de julho de 2022.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Engenharia Tcheca: O CZ BREN 2 no GIGN


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 25 de julho de 2022.

Em 2017, o Grupo de Intervenção da Gendarmaria Nacional (Groupe d’Intervention de la Gendarmerie Nationale, GIGN) selecionou um novo fuzil de assalto: o BREN 2 da empresa CZ, Ceska Zbrojovka. O grupo fez um pedido inicial de 68 unidades no calibre 7,62x39mm russo/soviético. Em um futuro próximo, estão previstas compras adicionais com o objetivo de substituir a maioria dos HK 416 atualmente em serviço.

O CZ 805 BREN é um fuzil de assalto modular operado a gás projetado e fabricado pela Česká zbrojovka Uherský Brod. O desenho modular permite que os usuários alterem o calibre da arma para cartuchos intermediários de 5,56x45mm OTAN ou 7,62x39mm por troca rápida de cano com tubos de gás, bloco de culatra, compartimento do carregador e carregador.

Portrait d’un ops (Retrato de um operacional).
Pintura em aquarela mostrando um ops do GIGN com o BREN 2.

CZ BREN 2 de perfil.

A decisão foi uma escolha balística pelos "super gendarmes", fruto de uma reflexão que começou em 2015, após os ataques dos irmãos Kouachi e Coulibaly, ocorridos em Paris no mês de janeiro. Os terroristas atacaram equipados com coletes à prova de balas, e as armas calibradas em 9mm e 5,56mm das unidades de intervenção da gendarmaria e da polícia francesas careciam de poder de parada. A equipe operacional do GIGN identificou assim a necessidade de uma nova arma com calibre balístico intermediário, em complemento das armas já existentes. O calibre 7,62x51mm do padrão da OTAN - e o mesmo do FAL - tem as características adequadas, mas armas desse calibre foram consideradas muito pesadas e volumosas para um combate eficaz em ambiente confinado; a especialização do GIGN.

Então, o GIGN decidiu avaliar fuzis de assalto no calibre 7,62x39mm e começou os testes em 2015 com uma variedade de outras armas. A oferta da CZ só foi feita na fase final do programa de avaliação. E ao longo de 2016, o fuzil foi testado em diversas situações e foi considerado um dos mais indicados no painel de fuzis testados pelo GIGN.






O CZ BREN 2 foi desenvolvido a partir do fuzil CZ 805 BREN S1 para competir no programa Arma de Infantaria Futura (Arme d'Infanterie Future, AIF) do Exército Francês (que viu a seleção do fuzil HK 416). No entanto, o industrial CZ não pôde participar do processo devido à sua chegada tardia ao mercado. O desenvolvimento do BREN 2, no entanto, foi realizado e a arma foi mantida em sua versão de 5,56 mm pelo exército tcheco, que a usará como um fuzil de assalto padrão em vez do CZ 805.

A versão do GIGN do CZ BREN 2.

O GIGN solicitou algumas modificações para seus próprios fuzis, em particular uma nova manga no quebra-chamas projetada para ser equipada com um redutor de som. Alguns fuzis adquiridos pelo GIGN também incluem uma modificação no sistema de regulagem de gás permitindo o disparo subsônico. A versão BREN 2 de 7,62 x 39 mm selecionada pelo GIGN é um fuzil de assalto compacto com um cano de nove polegadas (22,8cm). Inclui um guarda-mão com trilhos Picatinny que permite a instalação de vários acessórios, sistemas de auxílio à mira e elementos telescópicos dobráveis. A arma é totalmente ambidestra e, apesar de seu cano curto, mantém a precisão total até um alcance prático de 400m, confirmado durante os testes do GIGN.


Operadores do GIGN com fuzis de assalto HK-416 e CZ BREN 2,
setembro de 2021.

Coluna de assalto com escudo, março de 2022.

Coluna de assalto com cachorro, março de 2022.

O operador da direita porta o CZ BREN 2.


Tudo isso lembra, do ponto de vista do calibre 7,62x39mm e dos silenciadores, a escolha tática comparável utilizada essencialmente pelas Spetnaz do FSB do Grupo Alpha, encarregado do contraterrorismo interno.

A Tchecoslováquia teve a distinção de ser o único membro do Pacto de Varsóvia cujo exército não emitiu um fuzil baseado no AK-47 soviético. Ao contrário, eles desenvolveram o Sa Vz. 58 (Samopal vzor 58, fuzil modelo 58) no final da década de 1950 e embora disparasse o mesmo cartucho de 7,62x39mm e parecesse externamente semelhante, seu sistema operacional e recursos eram dramaticamente diferentes. Foi eficaz na época em que foi introduzido, mas na década seguinte tornou-se obsoleto e difícil de modificar.

O industrial CZ tentou destacar sua pistola automática CZ P-10 no GIGN, mas sem sucesso. A empresa também ofereceu seu fuzil BREN 2 no calibre 7,62x39mm ao Comando de Operações Especiais (Commandement des Opérations Spéciales, COS), argumentando que equipar as forças especiais com tal fuzil permitiria uma interoperabilidade mais fácil em campanha com as forças locais, na África ou no Oriente Médio. Apesar de ambos serem teatros de operações comuns aos franceses, o COS não se interessou.


Bibliografia recomendada:

GIGN:
Nous étions les premiers.
Christian Prouteau e Jean-Luc Riva.

Leitura recomendada: