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quarta-feira, 24 de junho de 2015

NORTHROP B-2 SPIRIT. A dissuasão do invisível.


FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: 870 km/h
Velocidade máxima: 1010 km/h
Alcance: 11100 km.
Teto de serviço: 15200 m.
Propulsão: 4 motores General Electric F-118-GE-110 com 7847 Hp de potencia cada.
DIMENSÕES
Comprimento: 21,03 m
Envergadura: 52,43 m
Altura: 5,18 m
Peso: 71700 kg (vazio)
ARMAMENTO
Até 18300 kg em armamento. As armas integradas ao B-2 são: Misseis de cruzeiro nucleares AGM-129 ACM, Bombas nucleares B-61 e B-83, bombas convencionais MK-82 e MK-83, Bombas guiadas por GPS JDAM e JSOW, bombas EGBU-28 anti bunker, bombas de fragmentação CBU-87 e CBU-97, minas terrestres GATOR, míssil de cruzeiro AGM-158 JASSM.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E. S. Junior
No final do período conhecido como guerra fria em meados dos anos 70 do século passado os Estados Unidos estavam atras de um bombardeiro estratégico que pudesse substituir os velhos B-52 pois estes aviões não teriam a menor chance de sobreviver as fortes defesas antiaéreas que a União Soviética estavam colocando em operação. Inicialmente, se pensou em um bombardeiro que voasse alto e em velocidades supersônicas para que assim as defesas antiaéreas não conseguissem interceptar o bombardeiro levando a construção do protótipo do XB-70 Valkyre. Porém, a tomada de conhecimento por parte da inteligência dos Estados Unidos deixou claro que essa ideia não daria certo, pois os russos estavam com novos mísseis com capacidade de interceptar e destruir uma aeronave em alta velocidade e alta altitude. Naquela época um outro bombardeiro de nova geração, o B-1A, uma aeronave mais simples que o XB-70, era a aeronave que os Estados Unidos estavam desenvolvendo para atingir esse objetivo e depois que se obteve o conhecimento do poder dos soviéticos em lidar com esse perfil de ataque, se optou por modificar o B-1 para que ele pudesse ser empregado em infiltração de baixa altitude e em velocidade supersônica, dificultando sua detecção pelos sistemas de radares soviéticos e seus mísseis. Porém, os soviéticos ainda começaram a apresentar aeronaves de combate com capacidade look Down/ Shot Down (capacidade de ver para baixo e atirar para baixo), em aeronaves como o Su-27 Flanker, o MIG-29 Fulcrum e o gigante MIG-31 Foxhound. Este novo cenário mostrou que a tática de penetração a baixa altitude não seria útil naquele ponto também. A partir dai, estava claro que para superar a formidável rede de defesa antiaérea soviética seria necessário dar um passo a frente e revolucionar totalmente a guerra aérea.
Acima: O bombardeiro XB-70 Valkyrie foi uma tentativa de criar uma aeronave imune a capacidade defensiva soviética através da exploração da altíssima velocidade acima de mach 3 e alta altitudes. Essa abordagem do assunto se mostrou ineficaz frente ao ganho de capacidade dos soviéticos em sua capacidade antiaérea.
Surge em 1979 um programa de desenvolvimento de um bombardeiro de nova geração conhecido pela sigla ATB (Advanced Tactical Bomber, ou Bombardeiro Tático Avançado) que visava fornecer um bombardeiro que além do longo alcance, fosse capaz de operar com baixíssima reflexão a radar, uma tecnologia que foi chamada de "stealth" e já era usada em um outro programa que levaria concepção do jato de ataque invisível F-117. Os estudos foram levado a cabo pela Boeing, a Lockheed Martim, e a Northrop e em todas estas empresas, a forma de suas propostas mostrava uma aeronave em forma de asa voadora. Em 1981 a Northrop acabou sendo selecionada pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) para dar continuidade a sua proposta para o ATB e a construir o novo bombardeiro estratégico dos Estados Unidos que foi batizado de B-2A Spirit. Embora houvesse informações do andamento de um programa para construir um novo bombardeiro para a USAF, poucos dados sobre as características da futura aeronave haviam sido liberadas e por isso a "invisibilidade" que caracteriza este projeto não era de conhecimento do grande público. O B-2 foi apresentado para o mundo em novembro de 1988 e seu formato de asa voadora, sem cauda, chamou bastante a atenção dos que estavam presentes e estava claro que a "invisibilidade" era parte do "pacote" desse projeto.
Acima: Muitos dos avistamentos de OVNIs na região da base de Edwards foi responsabilidade do B-2 e suas formas "diferenciadas"
Diferentemente do caça F-117, primeira aeronave "invisível", o B-2 não apresenta as formas facetadas, cheia de ângulos que se pode observar no F-117. O B-2 tem linhas mais fluidas e seu projeto foi feito com ajuda de supercomputadores que calculavam o angulo de reflexão das ondas de radar, além do uso de materiais que absorvem as ondas não refletidas. O resultado prático é que o B-2, mesmo sendo muito maior que um F-117, consegue ser mais difícil de ser detectado que o pequeno caça. As entradas de ar dos motores ficam posicionadas acima da aeronave e possuem formas cerrilhadas embaixo e em "W" em cima, característica que ajuda a desviar as ondas de radar para longe da antena emissora. As saídas dos motores apresentam uma solução diferenciada que é uma extensão da fuselagem, logo depois do escape dos motores, que são revestidas de carbono para resfriar o calor do ar que sai do motor e assim reduzir a assinatura infravermelha. O B-2 está equipado com 4 motores tipo turbofam modelo General Electric F-118-GE-100 sem pós combustores e com empuxo máximo de 7847 Hp. Sua velocidade máxima é de 1010 km/h e sua velocidade de cruzeiro é de 870 km/h. Já, seu alcance pode chegar a 11100 km, o que lhe permite atacar alvos em qualquer continente do mundo,.
Acima: O B-2 é um grande avião cuja envergadura chega a 52,43 metros e isso traz um arrasto aerodinâmico considerável. Sua velocidade é subsônica em qualquer altitude.
O B-2 está equipado com um radar AN/APQ-181 que for recentemente modernizado e recebeu uma antena de abertura sintética (AESA) que fornece dados de navegação através do modo de seguimento de terreno, o que permite ao B-2 voar em alta velocidade em baixa altitude em total segurança. O radar fornece dados sobre a localização de alvos em terra para ataques precisos. O sistema de navegação opera com apoio de um sistema de GPS e de um sistema inercial NAS-26. O sistema de comunicação usa o link 16 para operação intercambio de dados permitindo com que o B-2 opere em rede com outras aeronaves, satélites e bases em terra. O B-2 possui um sistema de alerta de aproximação de mísseis (MAWS) AN/AAR-54 desenvolvido pela própria Northrop. Este sistema avisa os pilotos sobre o lançamento, aproximação e a direção de mísseis que estejam atacando o B-2. Para contramedidas eletrônicas, é usado o sistema de gerenciamento de defesa da Lockheed Martin AN/APR-50. 
Os controles de voo do B-2 são do tipo Fly By Wire (FBW) com redundância quadrupla, o que significa que se um sistema de controle de voo falhar, há mais 3 para manter a aeronave voando.

Acima: O cockpit do B-2 traz muitos displays multifuncionais para facilitar a vida de seus dois tripulantes na atividade de navegação e ataque.
O armamento do B-2 é transportado dentro de dois compartimentos internos localizados no centro da aeronave e é capaz de transportar uma carga de até 18300 kg. Cada compartimento pode ser equipado com um lançador rotativo chamado de CRSL (Common  Rotary, Strategic Launcher) capaz de ser carregado com 8 mísseis de cruzeiros AGM-129 ACM, com uma ogiva nuclear W-80 com potência de 150 kt (quiloton) o que equivale a 8 vezes a potência da bomba que destruiu Hiroshima na segunda guerra mundial. O AGM-129 tem alcance de 3700 km e sua guiagem se dá por sistema inercial e TERCOM (sistema de seguimento do terreno) que permite o míssil voar rasante contornando o relevo do terreno cujo mapa é previamente carregado no computador de voo do míssil. Outras armas nucleares que o B-2 está habilitado a lançar são as bombas atômicas B-61 e B-83 que tem uma potência de 340 kt e 1,2 Mt (megaton) respectivamente. Além das armas estratégicas (as nucleares), o B-2 tem um grande leque de armamentos convencionais. Fazem parte do arsenal as bombas MK-82 e MK-84 que são transportadas em um rack que substitui o lançador rotativo e pode transportar até 80 (sim!!! oitenta) bombas MK-82 ou 16 bombas MK-84 de 2000 libras nos dois lançadores rotativo. As bombas guiadas por GPS da família JDAM e as bombas planadoras da família JSOW que permitem atacar os alvos em condição stand off (longe das defesas antiaéreas) a distancias de 115 km também foram integradas ao B-2. Para destruir alvos reforçados ou subterrâneos o B-2 é armado com bombas EGBU-28 guiadas a laser e com apoio do GPS com 5000 libras de peso. Esta bomba é capaz de penetrar cerca de 30 metros de terra ou 6 metros de concreto antes de detonar sua potente ogiva. Por ultimo, o novo míssil AGM-158 JASSM com uma ogiva WDU-42 de 450 kg de alto explosivo e com capacidade de penetração também faz parte do arsenal do B-2. O AGM-158 é guiado por um sistema de GPS e guiagem inercial, além de um sensor infravermelho que reconhece o alvo previamente carregado na memória do computador do míssil. O alcance desta arma é de 370 km o modelo padrão, e de 1000 km  a versão com alcance estendido  JASSM-ER.
Acima: O B-2 possui uma grande capacidade de transporte de armas. Nesta foto um B-2 despeja sua carga de 80 bombas de queda livre MK-82 sobre uma área alvo. O B-2 porém, é caro demais para ser usado como um bombardeiro de bombas burras. O melhor aproveitamento de seu potencial é através do uso de armas inteligente com longo alcance.
A capacidade de se esconder dos radares que o B-2 apresenta é impressionante, principalmente se levarmos em consideração seu tamanho. Um radar capaz de detectar um B-52 a 180 km, só vai conseguir ver um B-2 quando ele estiver a 5 km do alvo. Ou seja, tarde demais para reagir. O B-2 aumenta em muito a capacidade de dissuasão do EUA, tornando muito arriscado se envolver em uma disputa bélica com os americanos. Um B-2 pode realizar sozinho uma missão que seria necessária um esquadrão inteiro de F-16, graças a sua capacidade de transportar uma grande quantidade de armas de precisão. Mesmo com a melhora da tecnologia dos radares que começam a conseguir detectar um avião furtivo como o B-2 a distancias um pouco maiores que os radares convencionais, o B-2 ainda pode operar com imunidade pois ele ainda usa armamentos que podem ser lançados de distancias muito grandes. Com apenas 19 unidades operando, devido a seu elevado custo e a perda de 2 exemplares desde que a aeronave entrou em serviço, o B-2, em breve, terá uma companhia para as missões estratégicas. O novo bombardeiro do programa LRS-B  (Long Range Strike Bomber), que provavelmente será batizado de B-3, terá mais unidades construídas e deve operar lado a lado com o B-2 por muitos anos.
Acima: Aqui temos uma imagem interna das partes do B-2A Spirit.


ABAIXO PODEMOS ASSISTIR A UM DOCUMENTÁRIO SOBRE O B-2.

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