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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

GALERIA: Armas do golpe militar na Venezuela em 1958

Tanques do exército durante o golpe militar em 23 de janeiro de 1958.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 9 de fevereiro de 2021.

O golpe de estado venezuelano de 1958 ocorreu em 23 de janeiro de 1958, quando o ditador General Marcos Pérez Jiménez foi derrubado, reestabelecendo a democracia no país. Um governo de transição primeiro sob o Almirante Wolfgang Larrazábal e depois Edgar Sanabria foi estabelecido até as eleições de dezembro de 1958, onde o candidato da Ação Democrática, Rómulo Betancourt, foi eleito e assumiu o cargo em 13 de fevereiro de 1959.

Na madrugada do dia 23 de janeiro, apesar de contar com o apoio de um importante setor das Forças Armadas, Pérez Jiménez decidiu abandonar o Palácio de Miraflores e se deslocar para o aeroporto La Carlota, localizado na cidade de Caracas, para embarcar em um avião para o República Dominicana. Com a notícia da derrubada, a população saiu às ruas, saqueando as casas dos partidários do regime, atacando a sede da Segurança Nacional e linchando funcionários.

Notícia do British Pathé sobre a derrubada do General Pérez Jiménez

Também foi destruída a sede do jornal governamental El Heraldo. Além disso, em poucas horas o Palácio de Miraflores tornou-se o ponto de encontro dos rebeldes e de muitos líderes políticos, que procederam à nomeação de uma Junta de Governo Provisório que substituiu o regime deposto.

O Conselho constituiu o Almirante Wolfgang Larrazábal, Comandante-Geral da Marinha, como presidente junto com os coronéis Luis Carlos Araque, Pedro José Quevedo, Roberto Casanova e Abel Romero Villate. Na madrugada de 23 de janeiro, os venezuelanos celebraram a queda de Pérez Jiménez, protestando contra a presença de membros do perejimenismo do Conselho de Administração, incluindo Romero Casanova Villate, que acabou sendo forçado a renunciar e posteriormente substituído em 24 de janeiro pelos empresários Eugenio Mendoza e Blas Lamberti.

Jipes e blindados nas ruas de Caracas em 23 de janeiro de 1958.

O General Pérez Jiménez fora o 6º ditador latino-americano deposto ou assassinado em menos de seis anos em 1958. Um dos bairros de Caracas, Barrio 23 de Enero (Bairro 23 de Janeiro), é nomeado em homenagem ao evento.

Para facilitar o trabalho do Conselho Diretor e o restabelecimento da democracia na Venezuela, foi criado um gabinete provisório, composto por advogados, empresários e executivos e pelo Coronel Jesús María Castro León, do Ministério da Defesa. Posteriormente, o Conselho Diretor convocou eleições para dezembro daquele ano, libertou presos políticos em todo o país, ampliou o Conselho Patriótico com representantes de setores independentes, nomeando o jornalista Fabrício Ojeda como presidente.

Também deu início ao processo de punição dos exilados jimenistas que retornavam.

Um exército bem armado

General Marcos Evangelista Pérez Jiménez.
Entre outras coisas, Jiménez usou o petróleo da Venezuela para financiar um exército muito bem equipado, e o país foi um dos primeiros a adotar os fuzis FN49 e FAL.

A Venezuela fez uma encomenda de 5.000 fuzis FAL fabricados pela FN em 1954, no calibre 7x49,15mm Optimum 2; este 7x49mm, também conhecido como 7mm Liviano ou 7mm venezuelano, é essencialmente um cartucho 7x57mm encurtado para comprimento intermediário e mais perto de ser uma verdadeira munição intermediária do que o 7,62x51mm OTAN.

Este calibre incomum foi desenvolvido em conjunto por engenheiros venezuelanos e belgas motivados por um movimento global em direção aos calibres intermediários. Os venezuelanos, que usavam exclusivamente a munição 7x57mm em suas armas leves e médias desde a virada do século XX, sentiram que era uma plataforma perfeita para basear um calibre feito sob medida para os rigores particulares do terreno venezuelano. Eventualmente, o plano foi abandonado, apesar de ter encomendado milhões de munições e milhares de armas deste calibre. Com a escalada da Guerra Fria, o comando militar sentiu que era necessário alinhar-se com a OTAN por motivos geopolíticos, apesar de não ser um membro, resultando na adoção do cartucho 7,62x51mm OTAN. Os 5.000 fuzis do primeiro lote foram recalibrados em 7,62x51mm.

O FAL e FAP venezuelanos do modelo 7mm Liviano.

Pacote de munição 7mm Liviano.

Silhueta de um soldado venezuelano com o FAL 7mm.
(Forgotten Weapons)

O mesmo soldado mais visível enquanto pega uma carona em um blindado.
(Forgotten Weapons)

Soldados venezuelanos em posição com o FAL 7mm e o FN BAR Modelo D.
O quebra-chama distinto do FAL venezuelano é visível próximo ao carregador do BAR.
(Forgotten Weapons)

Esse primeiro modelo de FAL venezuelano em 7mm também era equipado com um quebra-chama de três pontas distinto. Em 1961, um segundo lote de fuzis FAL foi encomendado no calibre 7,62mm OTAN, e as armas existentes também foram convertidas para esse calibre, com o FAL de 7mm existindo apenas brevemente, de 1954 a 1961, com a sua única ação real na Venezuela no golpe de 1958.

Um outro exemplo foi na Revolução Cubana. Ao marchar vitoriosamente em Havana em 1959, Fidel Castro carregava um FN FAL venezuelano em 7mm Liviano.

A Venezuela foi o primeiro país a encomendar o FN49, com um lote de 4.000 fuzis em 1948 e outro de 4.000 em 1951. Estes foram calibrados no cartucho 7x57mm Mauser, que fora a munição padrão na Venezuela por muitos anos. Essas armas serviram ao lado de fuzis de ferrolho FN 24/30 Mauser de mesmo calibre 7mm Mauser.

Soldados venezuelanos com fuzis FN 24/30 Mauser e FN49 em 7mm Mauser.
(Forgotten Weapons)

Tropas armadas com fuzis FN 24/30 Mauser em 7mm Mauser em meio à população.
(Forgotten Weapons)

Soldados com a baioneta longa do fuzil FN 24/30 Mauser.

Outra arma rara que tomou parte no golpe foi a submetralhadora francesa Hotchkiss Universal, que é dobrável. A Venezuela é um dos poucos países que comprou essa arma. Dois militares são vistos com a Hotchkiss Universal atrás de um oficial empunhando um microfone.

A coronha distinta de um Hotchkiss Universal aparece na extrema esquerda. O oficial atrás do homem com o microfone também está segurando uma Universal pelo cano. Um guarda-costas com uma submetralhadora M1A1 Thompson está em pé no fundo.
(Forgotten Weapons)

Os mesmos homens tomando posições na varando pouco depois. As submetralhadoras Hotchkiss Universal e M1A1 Thompson estão claramente visíveis.
(Forgotten Weapons)

Dobragem da Hotckiss Universal

O canal Forgotten Weapons fez um vídeo demonstrando esse sistema de dobragem da submetralhadora Hotchkiss Universal.

Legado

Pérez Jiménez se recusou a resistir o golpe. Quando incitado a bombardear com artilharia a academia militar sublevada, Pérez respondeu "eu não mato cadetes". O ex-ditador se exilou na República Dominicana de Trujillo e depois em Miami, nos Estados Unidos. Ele depois se mudaria para a Espanha de Franco, morrendo em Alcobendas, no distrito de Madri, aos 87 anos em 20 de setembro de 2001. 

Pérez Jiménez (mais conhecido como "P.J.") é considerado um dos melhores presidentes que a Venezuela já teve. Seu sucessor, Rómulo Betancourt, continuou seus projetos nacionais e crescimento do poder de compra dos venezuelanos. Betancourt permaneceu alinhado aos Estados Unidos e foi alvo de um atentado à bomba por terroristas comunistas em 1960.

Soldado armado com o primeiro modelo do FAL venezuelano vigiando a limusine do presidente Rómulo Ernesto Betancourt Bello, danificada por uma bomba em 1960.
(Daniel/ Forgotten Weapons)

O General Pérez Jiménez iniciou sua carreira militar em 1931, quando ingressou no Colégio Militar da Venezuela, graduando-se como Segundo Tenente em 1933, com as melhores notas de sua turma, sem ter ultrapassado sua média na história da Academia Militar da Venezuela. Em 1941 fez cursos de especialização na Escola Militar de Chorrillos, em Lima, Peru, junto com o ex-Ministro do Desenvolvimento e Obras Públicas, General de Brigada José del Carmen Cabrejo Mejía durante o governo militar do General Manuel A. Odria, sendo promovido a capitão ao retornar à Venezuela.

Pérez Jiménez fez uso do aumento do preço do petróleo para iniciar e concluir muitos projetos de obras públicas, incluindo estradas, pontes, prédios governamentais e moradias públicas, bem como o rápido desenvolvimento de indústrias como hidroeletricidade, mineração e aço. A economia da Venezuela desenvolveu-se rapidamente enquanto Jiménez estava no poder, com a inflação controlada entre 0,84% a 1,67%.

Um dos mais ousados projetos de Jiménez foi o Plano Ferroviário Nacional, que uniria quase todo o território nacional venezuelano pela malha ferroviária, solucionando assim um dos principais problemas dos países subdesenvolvidos: a integração territorial. Apenas a primeira etapa foi realizada - a união de Puerto Cabello com Barquisimeto - e a segunda foi cancelada por Betancourt.

Outra frente foi a criação de grandes blocos urbanos, com enormes conjuntos habitacionais públicos e o simbólico Humboldt Hotel & Tramway com vista para Caracas. A Venezuela, nessa época, era chamada de "A Jóia da América do Sul", e os venezuelanos tiveram a maior renda per capita sul-americana até a década de 1980.

O esforço modernizante de Jiménez também incentivou a imigração européia à Venezuela, fazendo uso do nível de instrução e cultural dos novos imigrantes para o desenvolvimento imediato da sociedade venezuelana.

A década de 50 é considerada a época em que começa a institucionalização da ciência e o desenvolvimento de uma verdadeira política científica na Venezuela que deu lugar à produção de conhecimento científico sistemático, financiado, com reconhecimento social e com apoio direto. estatal ou da empresa privada. Durante esses anos iniciais, a política científica na Venezuela deu maior peso às ciências básicas do que as ciências aplicadas e o desenvolvimento tecnológico.

Em 29 de abril de 1954, o Instituto Venezuelano de Neurologia e Pesquisa do Cérebro (IVNIC) foi fundado nas terras dos Altos de Pipe sob a direção de Humberto Fernández-Morán. Vários pesquisadores estrangeiros especializados principalmente em pesquisa biomédica foram contratados, bem como bem como a compra e instalação de um Reator Nuclear do Centro de Física, o primeiro do gênero na América Latina.

A origem do golpe de 1948 que acabaria levando PJ ao poder em 1952 ocorreu pelo temor de cortes nos salários dos soldados e pela falta de equipamento militar modernizado. A Venezuela adquiriu considerável quantidade de material militar e suas forças eram notadamente bem instruídas, sempre notadas pela precisão de marcha durante desfiles.

General Pérez Jiménez na capa da revista TIME.

Em sua edição de 28 de fevereiro de 1955, a revista americana Time homenageou Marcos Pérez Jiménez com sua capa. Junto com o retrato na capa, você pode ler a frase "From buried riches, a golden rule" ("Das riquezas enterradas, um governo de ouro"). O artigo nesta publicação dedicado ao governante foi intitulado "VENEZUELA: Skipper of the Dreamboat" (Venezuela: Capitão do Barco dos Sonhos).

Pérez Jiménez ainda mudou o nome do país, que desde 1864 era "Estados Unidos da Venezuela", para "República da Venezuela". Esse nome permaneceu até 1999, quando foi alterado para República Bolivariana da Venezuela por um referendo constitucional.

Embora as coisas tenham terminado mal para Jiménez entre prisões e exilados, sua imagem para alguns cidadãos passou por uma espécie de reabilitação em ambos os lados do espectro político hoje, de acordo com alguns meios de comunicação e colunas de opinião. O período de Pérez Jiménez no poder é historicamente lembrado como um governo de raízes nacionalistas. Seu governo baseava-se em um pragmatismo ideológico caracterizado pela Doutrina do Bem Nacional (Doctrina del Pozo Nacional), que para o regime se expressava em que o Novo Ideal Nacional (Nuevo Ideal Nacional) seria o farol filosófico que orientaria as ações do governo.

Seu legado político conhecido como Perezjimenismo foi sustentado pelo partido político Cruzada Cívica Nacionalista (CCN), que ocupou cadeiras no Congresso de 1968 a 1978. Nos últimos anos, houve um renascimento do Perezjimenismo e do Nuevo Ideal Nacional, com vários grupos revisando e mantendo o legado de Marcos Pérez Jiménez.

Hugo Chávez falando sobre Pérez Jiménez


Em 25 de abril de 2010, o presidente Hugo Chávez comentou em uma das edições do seu programa semanal Aló Presidente

“Acredito que o General Pérez Jiménez foi o melhor presidente que a Venezuela teve em muito tempo. (...) Foi melhor que Rómulo Betancourt, ele era melhor do que todos eles. Não vou citar. (...) Eles o odiavam porque ele era militar”. (...) “Veja, se não fosse pelo General Pérez Jiménez, você acha que teríamos o Forte Tiuna, a Academia, o Efofac, o Círculo Militar, Los Próceres, a rodovia Caracas-La Guaira, as superquadras de '23 de enero'?, Rodovia Centro, Teleférico, Siderúrgica, Guri?"

Canção patriótica sobre o então Coronel Pérez Jiménez


Bibliografia recomendada:

Latin America's Wars:
The Age of the Professional Soldier, 1900-2001.
Robert L. Scheina.

Leitura recomendada:

O Fuzil FN49 - Uma Breve Visão Geral30 de março de 2020.

GALERIA: FN49 do contrato egípcio9 de maio de 2020.

PERFIL: General Germán Busch Becerra - Herói do Chaco e presidente da Bolívia (1937-1939)22 de outubro de 2020.

GALERIA: Snipers no Forças Comando na República Dominicana3 de novembro de 2020.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Resultados dos testes do MAS 62


Por Ian McCollum, Forgotten Weapons, 8 de julho de 2015.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 1º de fevereiro de 2021.

Obrigado ao leitor Thibaud, temos uma tradução de alguns dos resultados dos testes do julgamento militar francês do FN FAL e do MAS Modelo 62. Obrigado, Thibaud!

Nos anos 1950 e no início dos anos 1960, o arsenal francês MAS produziu várias dúzias de protótipos de fuzis em 7.62x51 OTAN. Este artigo descreve um dos últimos, o Type 62 (Tipo 62). Ele mostra uma notável semelhança com o FAL belga e quase foi adotado pelas forças armadas francesas até que o novo cartucho da OTAN de 5,56mm começou a se tornar popular.

Os documentos informam que o FA MAS 62 foi testado junto com o FN FAL, que foi considerado um padrão de referência. Aqui está o resultado dos testes:
  • Miras: O equipamento de mira do FAL foi preferido pelos soldados franceses durante os testes devido à sua semelhança com aquele do FSA 49-56, mais familiar aos soldados franceses.
  • Ajuste de mira: Satisfatório em ambas as armas. Algumas massas de mira do FAL não eram apertadas o suficiente para permanecer no lugar durante o tiro automático.
  • Gatilho e seletor de tiro: O gatilho foi satisfatório em ambas as armas. Todos os testadores preferiram o seletor de tiro no FAL.
  • Precisão: A precisão do FAL era superior. Dispersão vertical estranha com o 62.
  • Manuseio durante o disparo: Satisfatório com ambas as armas. O manejo do FAL foi considerado melhor. A coronha ajustável no 62 foi apreciada.
  • Manuseio durante o tiro com luneta: Satisfatório com ambas as armas. O adaptador para montar a luneta no 62, que não é necessário para montar uma luneta no FAL, foi considerado muito frágil e complexo. A possibilidade de usar miras de ferro mesmo quando a luneta foi montada no 62 foi apreciada em oposição ao FAL, o qual não pode ser disparado usando as miras de ferro quando a luneta está instalada.
  • Manuseio e transporte: ambas as armas foram consideradas leves, fáceis de manusear e nem pesadas ou incômodas. O FAL foi preferido por seu peso mais leve (cerca de 400 gramas/0,9 libras a menos).
  • Robustez e funcionamento: Satisfatório em ambas as armas.
  • Notas durante o teste: Vantagem para o FAL pela facilidade de desmontagem e limpeza. O 62 foi considerado muito complicado, com várias peças, algumas das quais eram fáceis de perder.
4 unidades (de soldados em teste) em 5 preferiram o FAL pela sua “maturidade técnica, suas soluções práticas e seus melhores resultados durante os testes de tiro”. O FA MAS 62 foi, no entanto, melhor quando disparou granadas, mesmo que sua construção mecânica seja menos robusta.

Os resultados dos testes não culminaram na adoção de nenhum dos dois fuzis, o FA MAS 62 retornou ao fabricante e o FAL também não foi adotado. Algumas unidades francesas foram supridas com o FN FAL em pequenos números, pois parece que havia um “lobby FAL” no exército francês da época. Quando o ministro da Defesa da época, Michel Debré, foi informado disso, disse com raiva que “a arma do soldado francês será uma arma francesa!” (Por que isso não me surpreende?). Os fuzis FAL do exército francês foram eliminados e nunca mais voltaram.

Bibliografia recomendada:

Fusils d'Assaut Français de 1916 à nous jours.
Jean Huon.

Leitura recomendada:



quinta-feira, 12 de novembro de 2020

A arma excepcional da ação: O FAL em Long Tan no Vietnã

Batalha de Long Tan, 1966.
O relatório oficial pós-ação do exército australiano chamou o FAL de "a arma excepcional da ação".
Ilustração de Steve Noon.

Por Bob Cashner, The FN FAL Battle Rifle, 2013.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 16 de julho de 2019.

As unidades australianas e neozelandesas que lutando ao lado de forças dos EUA, do Vietnã do Sul e outras no Vietnã durante as décadas de 1960 e 1970 foram armadas com o fuzil SLR L1A1 semi-automático feito pela Lithgow; eles o consideraram uma arma confiável para a luta na selva. Apesar da mão-de-obra e artilharia e apoio aéreo muito limitados quando comparados com seus aliados americanos, os australianos e neozelandeses, recebendo treinamento especial na selva, derivado das lições aprendidas nas selvas da Malásia e Bornéu, operaram de uma maneira que o Viet Cong e o NVA chegaram a temer. Pequenas patrulhas australianas e neo-zelandesas movimentavam-se como fantasmas e muitas vezes provavam ser superiores ao inimigo quando se tratava de furtividade e habilidades de campanha. Apesar do desprezo geral dos australianos pela “contagem de corpos” como uma medida de sucesso, as estatísticas fornecem uma considerável defesa dos métodos não convencionais que eles usaram.

SLR L1A1, o FAL australiano e neo-zelandês.

Algumas estimativas afirmam que as tropas americanas gastaram cerca de 200.000 cartuchos de munição de armas portáteis por baixa inimiga; para os australianos e neozelandeses armados com o L1A1, 275 tiros foram gastos por baixa inimiga (Hall & Ross 2009). As razões para isso foram muitas. Primeiro, os soldados australianos e neozelandeses foram treinados em um padrão de pontaria muito acima e além daquele do soldado de infantaria americano. Em segundo lugar, muitos veteranos da 1ª Força-Tarefa Australiana eram veteranos de Bornéu e da Malásia, reforçando o treinamento na selva que as forças australianas e neozelandesas receberam antes de serem desdobradas para o Vietnã. Em terceiro lugar, os australianos e neozelandeses freqüentemente operavam em patrulhas pequenas, silenciosas e furtivas, em vez de em enormes varreduras do tamanho de um batalhão (ou maiores).

O método australiano foi recompensado ao infligir baixas inimigas sem a necessidade de dezenas de aeronaves e milhares de granadas de artilharia por engajamento. Por exemplo, mais de um terço dos contatos inimigos dos australianos foram emboscadas. Em 34% dos casos, os Aussies e os Kiwis emboscaram o Viet Cong/Exército Norte-Vietnamita (VC/NVA), enquanto que em apenas 2% dos contatos o inimigo conseguiu surpreender os ANZACs em suas próprias emboscadas. Um estudo do SAS sobre as ações australianas no Vietnã afirmou que, apesar dos ataques aéreos e de artilharia normalmente bastante oportunos e relativamente pesados que a infantaria ocidental desfrutou na guerra, cerca de 70% das baixas inimigas foram infligidas com armas portáteis de infantaria. Os métodos táticos dos ANZAC também mantiveram o inimigo respondendo a eles em vez de vice-versa, um elemento crítico na guerra de contra-insurgência.

O Soldado Bill Stallan do 6º Batalhão, do Regimento Real Australiano, em patrulha de selva em Phuoc Tuy, 1971.
Embora os fuzis L1A1 australianos fabricados pela Lithgow fossem soberbamente confiáveis e poderosos, os soldados foram inicialmente fornecidos apenas cinco carregadores, os quais deveriam ser recarregados de bandoleiras.
(Imperial War Museum, MH 16767)

Apesar de seu comprimento de 1.143 mm (45 polegadas) dificilmente ser ideal na selva, o SLR obteve notas muito altas por sua robustez e confiabilidade. A batalha de Long Tan em agosto de 1966 ocorreu sob uma forte chuva de monções e lama viscosa, condições que causaram mais do que alguns problemas para as metralhadoras M60 e suas cintas de munição expostas, bem como o punhado dos novos fuzis americanos Armalite M16 usados pelos australianos. O L1A1 resistiu ao teste com notação perfeita; o relatório oficial pós-ação do exército australiano chamou-lhe "a arma excepcional da ação". (Australian Army 1967: 26)

Tal como acontece com o L1A1 britânico, o SLR australiano ofereceu apenas fogo semi-automático. A conservação da munição fornecida pelo modo semi-automático fez uma diferença real em Long Tan. A maioria dos soldados recebia, na melhor das hipóteses, um carregador cheio no fuzil e quatro carregadores sobressalentes em seu equipamento de lona; um total de 100 tiros ou menos não dura muito em um tiroteio de longa duração, mesmo em modo semi-automático. Ainda assim, na selva, geralmente era um procedimento operacional padrão "despejar" o primeiro carregador o mais rápido possível para estabelecer a superioridade de fogo e, em seguida, alternar para o "double-tap" ("tiro duplo") mirado.

Militares da Companhia B do 2º Batalhão do Regimento Real Australiano, avançam com cuidado após desembarcarem de helicóptero, julho de 1967.
Os ANZACs no Vietnã freqüentemente removiam as alças de transporte dos seus SLR para diminuir o peso, e os quebra-chamas para diminuir a extensão.
(Bettmann/Corbis)

Mesmo assim, uma das maiores lições de Long Tan foi a emissão de muito mais munições e carregadores para o soldado de infantaria. O fornecimento de apenas cinco carregadores, os quais deveriam ser recarregados de bandoleiras, era obviamente insuficiente para um soldado engajado em um tiroteio.

Tal como acontece com os combatentes em todo o mundo, os australianos e os neozelandeses rapidamente também fizeram uso do poder de penetração da munição de 7,62x51mm OTAN. Mais de um soldado inimigo escondido atrás do tronco de uma seringueira encontrou seu abrigo transformado em mera coberta por tiros de 7,62x51mm explodindo através dela.

Soldados do 7 RAR, armados de SLR/FAL, aguardam transporte para Phuoc Hai, em 26 de agosto de 1967.

Uma modificação semioficial do L1A1 no Vietnã, que começou no SAS australiano, foi apelidada de "The Beast" ("A Besta") ou, às vezes, de "The Bitch" ("A Megera"). Este era um L1A1 convertido para fogo totalmente automático com peças do FM L2A1 e o cano, menos o quebra-chama, cortado logo adiante do conjunto do obturador de gás. Com um carregador de 30 tiros, o qual poderia esvaziar em menos de três segundos, era uma arma de curto alcance temível. Um número nada insignificante de soldados de ambos os lados pensaram que a enorme explosão "d'A Besta" parecia uma metralhadora pesada .50, proporcionando um poderoso efeito psicológico junto com poder de fogo extra. O veterano australiano de reconhecimento, Peter Haran, descreveu suas modificações na zona de combate em seu SLR:

No Recce [reconhecimento] tínhamos escolha de arma e voltei para o SLR [ao invés do Armalite], mas fiz alguns ajustes. Substituí a trava de segurança por uma de um SLR de cano pesado L2A1 e limei a armadilha do gatilho e o pino projetado para impedir que a trava de segurança ficasse em "automático". Com uma carregador de 30 tiros em vez de um de 20 tiros, eu agora tinha a arma que queria no mato - um "Slaughtermatic", como eu a chamei: em essência, uma metralhadora totalmente automática de 7,62 mm sem alimentador de cinta, um fuzil leve com soco máximo quando em fogo automático. Considerei que carregadores demais passando sem uma pausa provavelmente derreteriam o cano, mas se algum dia acontecesse esse tipo de luta, eu provavelmente não voltaria para casa de qualquer maneira. (Crossfire: An Australian Reconnaissance Unit in Vietnam, Haran & Kearney 2001: 32)

- Bob Cashner, The FN FAL Battle Rifle, pg. 52-54.

The FN FAL Battle Rifle,
Bob Cashner.

Bibliografia recomendada:

Vietnam ANZACs:
Australian & New Zealand Troops in Vietnam 1962-72.
Kevin Lyles.

Leitura recomendada:

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

GALERIA: Realeza Camuflada

Princesa Elisabete da Bélgica, duquesa de Brabante, em treinamento durante seu primeiro ano na Academia Militar Real, 2020. Ela será a futura comandante-em-chefe das forças armadas quando se tornar rainha.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 28 de setembro de 2020.

A princesa Elisabete, duquesa de Brabante (holandês: Elisabeth Theresia Maria Helena; francês: Élisabeth Thérèse Marie Hélène; nascida em 25 de outubro de 2001) é a herdeira aparente do trono belga. Filha mais velha do rei Filipe e da rainha Mathilde, ela adquiriu o cargo depois que seu avô, o rei Alberto II, abdicou em favor de seu pai em 21 de julho de 2013.

A princesa Elisabete da Bélgica, duquesa de Brabante será a futura comandante-em-chefe das forças armadas quando se tornar rainha.

Ela iniciou os seus estudos na Academia Militar Real da Bélgica esse ano. Elisabete será a futura comandante-em-chefe das forças armadas quando se tornar rainha. Em 21 de julho de 2013, depois que seu pai fez o juramento de rei dos belgas, a princesa tornou-se herdeira do trono e, como tal, tem o título de duquesa de Brabante.

Dez anos antes do nascimento de Elisabete, um novo ato de sucessão foi posto em prática que introduziu a primogenitura absoluta, o que significa que Elisabete vem em primeiro lugar na linha de sucessão porque ela é a filha mais velha. Se ela subir ao trono como esperado, ela será a primeira rainha reinante da Bélgica.

A princesa Elisabeth estudou no St John Berchmans College, em Bruxelas, no distrito de Marollen, em Bruxelas, que contou com a presença de seus primos mais velhos, filhos de sua tia paterna, a arquiduquesa da Áustria-Este. Esta é uma mudança significativa nos hábitos da família real, pois é a primeira vez que a educação de um futuro monarca belga começa em holandês. Elisabete fala holandês, francês, alemão e inglês.

Elisabete estudou no UWC Atlantic College no País de Gales e recebeu o International Baccalaureate Diploma Programme na sessão de maio de 2020. Em 20 de maio de 2020, o Palácio Real da Bélgica anunciou que ela ingressou na Academia Militar Belga em Bruxelas no outono de 2020.







O fuzil é o FN FNC, sucessor do venerável FN FAL.

O instrutor observa a aquisição do alvo de forma correta.





Nesta sexta-feira, dia 25 de setembro de 2020, a princesa Elisabete e o seu pelotão receberam a boina azul durante cerimônia na Academia Militar Real. A boina azul é concedida a cadetes que concluíram com sucesso sua fase de iniciação militar (phase d’initiation militaire, PIM), que ocorreu durante 4 semanas em Elsenborn. A abertura formal do ano letivo da academia terá lugar no dia 8 de outubro.

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De Blauwe Mutsen Parade van de Koninklijke Militaire School is de ceremoniële overhandiging van de blauwe muts aan de leerling-officieren die op 2 september gestart zijn met hun militaire initiatiefase in het Kamp Elsenborn. De blauwe muts staat voor de succesvolle afronding van dit belangrijk onderdeel van de opleiding. Zo ontvangen ook Prinses Elisabeth en haar peloton de blauwe muts. De officiële opening van het nieuwe academiejaar van de KMS vindt plaats ‪op 8 oktober‬. ————— Remise du béret bleu à la Princesse Elisabeth et son peloton lors d’une cérémonie à l’Ecole Royale Militaire. Le béret bleu est remis aux élèves-officiers qui ont réussi leur phase d’initiation militaire (PIM) qui s’est déroulée pendant 4 semaines à Elsenborn. L’ouverture solennelle de l'année académique de l'ERM aura lieu ‪le 8 octobre‬ prochain. @royal_military_academy @defensie.ladefense #defensie #defence #PrincesseElisabeth #PrinsesElisabeth #PrincessElisabethofBelgium #ElisabethvanBelgië #HertoginvanBrabant #DuchessedeBrabant #DuchessofBrabant #Princesse #Prinses #Princess #Elisabeth #België #Belgique #Belgium #BelgianRoyalPalace #MonarchieBe 📸 Belga

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sábado, 5 de setembro de 2020

FOTO: Libertação da Cidade do Kuwait

 

Boinas verdes com um miliciano kuwaitiano na comemoração na Cidade do Kuwait, 27 de fevereiro de 1991.

Militares das Forças Especiais dos EUA segurando uma bandeira dos Estados Unidos comemoram sua vitória sobre o exército iraquiano, ao lado de um combatente kuwaitiano armado com o fuzil FAL, em 27 de fevereiro de 1991, na Cidade do Kuwait.

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