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segunda-feira, 13 de setembro de 2021

EXCLUSIVO: Acordo que permite mercenários russos no Mali foi fechado

Malinenses seguram uma fotografia com uma imagem do Coronel Assimi Goita, líder da junta militar do Mali, e a bandeira da Rússia durante uma manifestação pró-Forças Armadas Malinenses (FAMA) em Bamako, no Mali, 28 de maio de 2021.
(REUTERS / Amadou Keita / Arquivo de foto )

Por John Irish e David Lewis, Reuters, 13 de setembro de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 13 de setembro de 2021.

Sumário
  • Acordo permitindo mercenários russos no Mali - fontes próximas
  • Paris quer evitar que o acordo seja assinado, dizem fontes
  • Pelo menos 1.000 mercenários podem estar envolvidos - duas fontes

PARIS, 13 de setembro (Reuters) - Está fechado um acordo que permitirá que mercenários russos entrem no Mali, estendendo a influência russa sobre os assuntos de segurança na África Ocidental e provocando a oposição da França, ex-potência colonial, disseram sete fontes diplomáticas e de segurança.

Paris deu início a uma campanha diplomática para impedir que a junta militar do Mali promulgasse o acordo, que permitiria que contratados militares privados russos, o Grupo Wagner, operassem na ex-colônia francesa, disseram as fontes.

Uma fonte europeia que rastreia a África Ocidental e uma fonte de segurança na região disse que pelo menos 1.000 mercenários podem estar envolvidos. Duas outras fontes acreditam que o número é menor, mas não forneceram números.

Quatro fontes disseram que o Grupo Wagner receberá cerca de 6 bilhões de francos CFA (US$ 10,8 milhões; US$ 1 = 0,8455 euros) por mês por seus serviços. Uma fonte de segurança que trabalha na região disse que os mercenários treinariam militares malinenses e forneceriam proteção para altos oficiais.

Insígnia não-oficial de caveira do Grupo Wagner.

A Reuters não pôde confirmar independentemente quantos mercenários poderiam estar envolvidos, quanto seriam compensados ou estabelecer o objetivo exato de qualquer acordo envolvendo mercenários russos para a junta militar do Mali.

A Reuters não conseguiu entrar em contato com o Grupo Wagner para comentar. O empresário russo Yevgeny Prigozhin, cujos meios de comunicação, incluindo a Reuters, estão ligados ao Grupo Wagner, nega qualquer conexão com a empresa. Seu serviço de imprensa também diz em seu site de rede social Vkontakte que Prigozhin não tem nada a ver com nenhuma companhia militar privada, não tem interesses comerciais na África e não está envolvido em nenhuma atividade lá.

Seu serviço de imprensa não respondeu imediatamente a um pedido da Reuters para comentar esta história.

Ameaça potencial ao esforço de contra-terrorismo

Mercenários Wagner na Síria.
Notar a insígnia de caveira no braço do homem de pé.

A ofensiva diplomática da França, disseram as fontes diplomáticas, inclui a ajuda de parceiros, incluindo os Estados Unidos, para persuadir a junta do Mali a não levar adiante o acordo, e o envio de diplomatas de alto escalão a Moscou e Mali para conversações.

A França teme que a chegada de mercenários russos prejudique sua operação contra-terrorista de uma década contra a al-Qaeda e os insurgentes ligados ao Estado Islâmico na região do Sahel, na África Ocidental, em um momento em que busca diminuir sua missão Barkhane de 5.000 homens para reformulá-la com mais parceiros europeus, disseram as fontes diplomáticas.

O Ministério das Relações Exteriores da França também não respondeu, mas uma fonte diplomática francesa criticou as intervenções do Grupo Wagner em outros países.

"Uma intervenção deste ator seria, portanto, incompatível com os esforços realizados pelos parceiros sahelianos e internacionais do Mali envolvidos na Coalizão pelo Sahel para a segurança e o desenvolvimento da região", disse a fonte.

Um porta-voz do líder da junta do Mali, que assumiu o poder por meio de um golpe militar em agosto de 2020, disse não ter informações sobre o acordo. "São rumores. As autoridades não comentam rumores", disse o porta-voz, Baba Cisse, que não quis comentar mais.

Um retrato do mercenário russo Maxim Kolganov, morto em combate na Síria, é retratado em um túmulo em sua cidade natal de Togliatti, Rússia, 29 de setembro de 2016.
(REUTERS / Maria Tsvetkova)

O porta-voz do ministério da defesa do Mali disse: "A opinião pública no Mali é a favor de mais cooperação com a Rússia, dada a situação de segurança em curso. Mas nenhuma decisão (sobre a natureza dessa cooperação) foi tomada."

Os ministérios da defesa e do exterior da Rússia não responderam aos pedidos de comentários, nem o Kremlin ou a presidência francesa.

A presença dos mercenários colocaria em risco o financiamento do Mali pelos parceiros internacionais e missões de treinamento aliadas que ajudaram a reconstruir o exército do Mali, disseram quatro fontes diplomáticas e de segurança.

Rivalidade na África

Mercenários Wagner na República Centro-Africana, janeiro de 2021.

Ter mercenários russos no Mali fortaleceria a pressão da Rússia por prestígio e influência globais e seria parte de uma campanha mais ampla para sacudir a dinâmica de poder de longa data na África, disseram as fontes diplomáticas.

Mais de uma dúzia de pessoas com laços com o Grupo Wagner disseram anteriormente à Reuters que o grupo realizou missões de combate clandestinas em nome do Kremlin na Ucrânia, Líbia e Síria. As autoridades russas negam que os contratados da Wagner cumpram suas ordens.

A junta militar do Mali disse que supervisionará uma transição para a democracia que levará às eleições em fevereiro de 2022.

Como as relações com a França pioraram, a junta militar do Mali aumentou os contatos com a Rússia, incluindo o ministro da Defesa, Sadio Camara, visitando Moscou e supervisionando os exercícios com tanques em 4 de setembro.

Uma fonte importante do Ministério da Defesa do Mali disse que a visita foi no "quadro de cooperação e assistência militar" e não deu mais detalhes. O Ministério da Defesa da Rússia disse que o vice-ministro da Defesa, Alexander Fomin, se encontrou com Camara durante um fórum militar internacional e "discutiu projetos de cooperação de defesa em detalhes, bem como questões de segurança regional relacionadas à África Ocidental". Nenhum detalhe adicional foi divulgado.

O principal diplomata africano do Ministério das Relações Exteriores da França, Christophe Bigot, foi enviado a Moscou para conversações em 8 de setembro com Mikhail Bogdanov, representante de Putin no Oriente Médio e na África. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia confirmou a visita.

Bibliografia recomendada:

Bush Wars:
Africa 1960-2010.

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domingo, 2 de maio de 2021

Polícia italiana prende ex-policial que lutou como mercenário no Donbass


Por Akulenko OlenaUNIAN, 2 de maio de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 2 de maio de 2021.

Ele está enfrentando acusações de terrorismo.

A polícia italiana prendeu um ex-policial da cidade de Cagliari, Itália, que teria lutado como mercenário pelas forças lideradas pela Rússia no Donbass, leste da Ucrânia. O fato foi relatado pelo serviço de imprensa do Ministério do Interior ucraniano.

"Como parte da operação Lobo Solitário, a polícia italiana rastreou um homem de 50 anos, um ex-policial de Cagliari, que lutou na Ucrânia junto com formações armadas ilegais lideradas pela Rússia contra as forças ucranianas", disse o documento. “Em 2015, ele já foi detido por policiais que investigavam a participação de mercenários italianos em formações armadas ilegais no leste da Ucrânia. O detido não foi responsabilizado, pois alegou não ter atirado em soldados ucranianos”.

Um novo processo criminal foi aberto contra o suspeito, que enfrenta acusações de terrorismo. Ele não tem permissão para sair do país enquanto a investigação estiver em andamento. A polícia já invadiu sua casa. As agências policiais italianas rastrearam várias transferências do grupo terrorista "República Popular do Donetsk" (DPR) para a conta bancária do suspeito. Além disso, foram apreendidos fotos, vídeos, documentos que serão usados como prova.

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segunda-feira, 27 de julho de 2020

FOTO: Posto defensivo do Grupo Wagner na Síria

"Quem está se mijando, vai morrer".

Posto defensivo no telhado de um prédio na Síria do Grupo Wagner. O mercenário está armado com um fuzil AK-74M com silenciador e um lança-granadas abaixo do cano. No chão há dois lançadores de granada auto-explosiva RPG-26 e uma metralhadora PKP Pecheneg.

Bibliografia recomendada:

Spetsnaz:
Russia's Special Forces.
Mark Galeotti.

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domingo, 26 de abril de 2020

Helicóptero Gazelle de mercenários sul-africanos foi abatido em Moçambique

Helicóptero Gazelle como aquele usado pelos mercenários sul-africanos.

Por Patrick Kenyette, Military Africa, 10 de abril de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 26 de abril de 2020.

Vários relatórios de Moçambique indicam que um dos helicópteros Gazelle dos contratados militares sul-africanos, desdobrados contra jihadistas no norte de Moçambique, foi abatido nesta manhã [10 de abril].

O helicóptero Gazelle foi atacado com tiros de armas portáteis, que aparentemente danificaram a caixa de engrenagens do helicóptero, forçando-o a pousar. A tripulação foi extraída com segurança, no entanto, ainda não há informações sobre o status do helicóptero.

Um artilheiro de porta com um canhão de 20mm.
(Joseph Hanlon)

O helicóptero Gazelle, pertencente aos contratados militares privados sul-africanos, e as aeronaves da Força Aérea de Moçambique, realizaram vários ataques aéreos importantes contra extremistas islâmicos há muito tempo.

Por exemplo, no início deste mês, Joseph Hanlon publicou uma fotografia mostrando um dos helicópteros Gazelle supostamente usados em um ataque. A fotografia mostra um artilheiro de porta operando um canhão de 20mm montado na porta da aeronave.

Mercenários em Moçambique

Como Moçambique está envolvido em uma emergente guerra contra-terrorista, as forças de segurança estatais - as Forças de Defesa e Segurança (FDS) - se mostraram incapazes de lidar com os levemente armados terroristas no norte.

O presidente de Moçambique, Maputo, iniciou uma busca por alternativas militares. Inicialmente, a empresa de segurança privada Lancaster Six Group (L6G) de Erik Prince, sediada em Dubai, estava em concorrência com a companhia militar privada (private military company, PMC) Wagner da Rússia e com a sul-africana de Eeben Barlow, Specialized Tasks, Training, Equipment and Protection International (STTEP), por contratos de segurança em Cabo Delgado, com Prince prometendo eliminar os terroristas em três meses em troca de uma parcela das receitas de petróleo e gás natural.

Embora, de acordo com o Daily Maverick, Wagner havia saído de Moçambique em março após fracassar em sua missão e tenha sido substituído pela companhia de segurança privada da África do Sul Dyck Advisory Group (DAG), com sede na África do Sul e de propriedade do ex-coronel das forças armadas zimbabuanas, Lionel Dyck, que acredita-se estar perto do presidente zimbabuano Emmerson Mnangagwa.

O Dyck Advisory Group (DAG) opera três helicópteros na costa norte de Cabo Delgado - um helicóptero de ataque Gazelle, um Bell UH I "Huey" e um Bell 406 Long Ranger - e um Diamond DA42 de asa fixa. Eles somaram outro Gazelle e a um transportador de pessoal de asa fixa Cessna Caravan, o qual havia chegado a Pemba.

Patrick Kenyette é jornalista e fotógrafo freelancer e colaborador regular do blog African Military.

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domingo, 22 de março de 2020

Dividendos da Diplomacia: Quem realmente controla o Grupo Wagner?


Por Alexander Rabin, National Security Program, 4 de outubro de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 22 de março de 2020.

Muitos esperavam que a relação diplomática entre a Federação Russa e os Estados Unidos se esvaísse quando forças americanas mataram centenas de russos assaltando um posto avançado americano na Síria no início de 2018. No entanto, o Kremlin se distanciou rapidamente dos corpos russos no distante campo de batalha sírio Esses russos lutaram em nome do presidente sírio Bashar al-Assad, mas não usavam uniformes das forças armadas sírias ou russas. Em vez disso, eles trabalhavam para o oligarca empreendedor Yevgeny Prigozhin e seu Grupo Wagner, uma companhia militar privada (PMC).

Prigozhin é uma figura familiar para os americanos. Dois meses antes de seus mercenários morrerem na Síria, o advogado especial Robert S. Mueller III o acusou de operar a Agência de Pesquisa na Internet, uma fazenda de trolls de desinformação que interferiu nas eleições presidenciais de 2016 nos EUA. No entanto, os funcionários de Prigozhin incentivam os interesses da Rússia em uma nova era de guerra híbrida por meio de combate direto e manipulação online. Ao perseguir objetivos estratégicos russos sob uma bandeira privada, o Grupo Wagner fornece ao Kremlin um véu de negação plausível, reforçando a flexibilidade diplomática russa e minimizando a contagem oficial de baixas que poderiam condenar o envolvimento russo em conflitos domesticamente impopulares como a Guerra Civil Síria.

Quem é Prigozhin e o que é o Grupo Wagner?

Em uma foto de 2006, o presidente russo Vladimir Putin (à esquerda) recebe o presidente dos EUA George W. Bush em São Petersburgo, Rússia. O segunda à direita, de terno preto, é o empresário russo Yevgeny Prigozhin, conhecido como "chef de Putin".

O talento de Prigozhin para o lucro o levou a um caminho não-convencional para a confiança de Putin. Depois de cumprir nove anos de prisão em 1990, ele abriu barracas de cachorro-quente com seu padrasto. Quando a União Soviética se dobrou e o setor privado da Rússia cresceu, Prigozhin investiu na primeira cadeia de supermercados de São Petersburgo e finalmente abriu o restaurante de luxo New Island, onde serviu pessoalmente Putin. Prigozhin alavancou suas conexões importantes em contratos de restauração e construção de escolas públicas e militares de bilhões de dólares desde meados dos anos 2000, ganhando o apelido de "chef de Putin".

As profundas conexões do Grupo Wagner com os principais líderes políticos da Rússia distinguem a empresa de seus contemporâneos. A aparição dos contratados em pontos críticos geopolíticos ilustra uma estreita coordenação entre as aspirações comerciais de Prigozhin e a busca do interesse nacional pelo Kremlin. Prigozhin lucra prestando serviços nos países onde a Rússia está expandindo seu envolvimento, enquanto o estado mantém uma negação plausível ao utilizar as estruturas privadas de Prigozhin. No processo, Prigozhin acumula prestígio e capital político, abrindo caminho para futuros contratos lucrativos.

Desdobramento do Grupo Wagner, mostrando missões na Ucrânia, Venezuela, República Centro-Africana, Líbia, Síria, Madagascar e Sudão.

O Grupo Wagner ao redor do mundo

Contratados do Grupo Wagner na Ucrânia, 2014.

O Grupo Wagner apareceu pela primeira vez durante a anexação russa da Criméia, auxiliando unidades militares russas não-identificáveis, conhecidas como "homenzinhos verdes", na segurança do território sem derramamento de sangue e no desarmamento das instalações militares ucranianas. Os contratados lutaram ao lado de separatistas pró-russos na região do Donbas, na Ucrânia. O Grupo Wagner se manteve ocupado na autoproclamada República Popular do Donetsk (DPR) e na República Popular de Luhansk (LPR), supostamente abatendo um transporte aéreo militar ucraniano Il-76, assassinando líderes separatistas desonestos e participando da Batalha de Debaltseve (2015).


Logo após o apoio russo a Assad ter aumentado em 2015, as tropas do Grupo Wagner se tornaram um ativo crucial, como na Ucrânia, desempenhando papéis defensivos e ofensivos. Ao proteger as instalações militares e de energia, esses contratados reduziram a escassez de pessoal que impedia a capacidade de Assad de proteger instalações e montar ofensivas simultaneamente para recuperar território. O Grupo Wagner forneceu mão-de-obra ofensiva em batalhas como a Batalha de Palmira (2016), na qual forneceu a força de choque inicial para recuperar a cidade do Estado Islâmico.

No entanto, o caso da Síria difere das operações na Ucrânia por causa do claro incentivo monetário adicional de Prigozhin para o aumento da desdobramento do Grupo Wagner. Sua empresa Evro Polis assinou um contrato com a General Petroleum Corporation, estatal síria, em janeiro de 2018, concedendo à Evro Polis 25% da produção de quaisquer instalações petrolíferas retomadas para Assad. O assalto arriscado do Grupo Wagner ao posto avançado de Deir ez-Zor Conoco ocorreu apenas um mês após o acordo com a Evro Polis, e telefonemas interceptados pela inteligência dos EUA revelam que Prigozhin participou diretamente no planejamento do ataque.

Mercenários do Corpo Eslavônico na Síria, outubro de 2013. O Slavonic Corps Limited foi a primeira PMC "experimental" russa.

No entanto, o grau de comando que o Estado russo exerce sobre o Grupo Wagner na Síria permanece incerto. Enquanto algumas fontes próximas ao Ministério da Defesa afirmam que a ofensiva desastrosa do Grupo Wagner contra o posto avançado de Conoco surpreendeu os militares, outras alegam que o Kremlin provavelmente autorizou o ataque. Ainda assim, outros afirmam que o Grupo Wagner coordena dentro do Ministério da Defesa, mas o faz vagamente, o que poderia explicar o fracasso em garantir a aprovação de uma ofensiva específica.

Da mesma forma, à medida que a Rússia aumenta seu envolvimento na África, as operações do Grupo Wagner se expandem por todo o continente, onde protegem os investimentos de Prigozhin. No final de 2017, vídeos de contratados russos treinando tropas sudanesas circularam no Twitter, enquanto cerca de 300 contratados estavam no país. Na mesma época, a empresa M-Invest, a qual há rumores que Prigozhin possui, garantiu concessões de mineração ao governo sudanês. Os combatentes do Grupo Wagner agora guardam essas minas. Embora a M-Invest seja registrada como uma empresa de extração de recursos, também forneceu ao ex-presidente sudanês Omar al-Bashir, um líder amigo da Rússia que presidiu vários acordos comerciais bilaterais, com um plano para suprimir os protestos de Cartum no início de 2019. A empresa propôs campanhas de difamação e a adaptação como arma das mídias sociais remanescente da Agência de Pesquisa na Internet de Prigozhin.

Grupo Wagner na Síria.

O envolvimento russo na vizinha República Centro-Africana (RCA) também vincula apoio político a ganhos econômicos. A Rússia expulsou a França para obter uma exceção ao embargo de armas sobre a RCA das Nações Unidas em 2018, e os contratados Wagner entraram no país na mesma época, supostamente fornecendo segurança ao presidente Faustin-Archange Touadera. Enquanto a Rússia espera aparecer como uma fonte de estabilidade regional, essa ajuda não é gratuita; a RCA tem reservas abundantes de diamantes, petróleo, ouro e urânio, e o Ministério das Relações Exteriores da Rússia discutiu concessões de mineração com Touadera. Embora a Rússia tenha se encantado com Touadera, também se encontrou com grupos rebeldes da RCA, jogando em campo para obter acesso a território rico em recursos. A Lobaye Invest, uma subsidiária da M-Invest, já iniciou a extração de diamantes, e os contratados Wagner parecem novamente guardar as minas. Os dividendos inerentes ao papel de Prigozhin na geopolítica russa estão valendo a pena, e o Grupo Wagner fornece a força para defendê-los.

Notavelmente, três jornalistas russos que investigavam a presença do Grupo Wagner na RCA foram assassinados no verão de 2018. Os jornalistas mortos estavam rastreando o Grupo Wagner, mas na data de suas mortes, eles pretendiam filmar as minas de ouro de Ndassima, que Prigozhin planejava explorar. Os registros telefônicos mostram que o motorista dos jornalistas freqüentemente entrava em contato com um policial da RCA com laços estreitos com o Grupo Wagner, incluindo telefonemas no dia do assassinato.

Grupo Wagner na Síria.

Como o Grupo Wagner protegeu com sucesso os interesses russos e encheu os cofres de Prigozhin, o Kremlin confiou mais nos contratados. Em 2018, Moscou trabalhou duro para influenciar as eleições em Madagascar - e Prigozhin novamente forneceu os meios. O oligarca enviou consultores políticos, que apoiaram pró-russo Hery Rajaonarimampianina e outros candidatos, mas também desdobrou contratados Wagner para vigiar esses consultores. Prigozhin evidentemente identificou os recursos de Madagascar como outra fonte de lucro pessoal. Sob a presidência de Rajaonarimampianina, a empresa de mineração de cromita estatal de Madagascar, KRAOMA, entrou em uma controversa joint venture* com a Ferrum Mining, uma empresa russa ligada ao império comercial de Prigozhin. Sob um contrato de 2018, Ferrum recebeu fundos da Broker Expert, uma empresa aninhada em um sistema de contratos de empréstimo com juros entre muitas das empresas de Prigozhin, incluindo Concord Management and Consulting, M-Invest, M-Finance e Megaline. O caso de Madagascar apresenta outro vínculo por excelência das ambições russas e da manipulação política de Prigozhin.

*Nota do Tradutor: Uma joint venture é uma entidade comercial criada por duas ou mais partes, geralmente caracterizada por propriedade compartilhada, retornos e riscos compartilhados, e governança compartilhada.


Em novembro de 2018, surgiram evidências da parceria de Prigozhin com o Kremlin em outro local estratégico: a Líbia. Imagens notáveis mostram Prigozhin sentado entre importantes oficiais de defesa russos durante uma reunião com o pessoal do Exército Nacional da Líbia (LNA). Meses depois, materializaram-se relatórios de mercenários Wagner que apoiavam o LNA, cujo líder, marechal de campo Khalifa Haftar, o Kremlin apoiou silenciosamente, mas com firmeza. A Rússia demonstrou interesse nos recursos energéticos da Líbia, incluindo um acordo de venda de petróleo em 2017, e provavelmente buscará mais investimentos à medida que surgirem oportunidades para a resolução de conflitos na Líbia.

Contratados Wagner trabalhando com forças locais na Líbia.

O Kremlin, cada vez mais vendo o Grupo Wagner como um patrimônio diplomático, enviou contratados para a Venezuela no início de 2019. Quando o líder sitiado Nicolás Maduro começou a temer deserções de seu pessoal de segurança, o Grupo Wagner forneceu guardas. Essa medida reflete os investimentos de vários bilhões de dólares da gigante estatal russa Rosneft no petróleo venezuelano, bem como os enormes acordos de exportação de armas da Rússia.

Ligações entre o Grupo Wagner e o Estado russo

A estrutura de comando da Rússia para o Grupo Wagner permanece obscura, mas seu apoio se materializa em três formas: financiamento, equipamento e treinamento.

Prigozhin e o Grupo Wagner mantêm relações complicadas com o estado russo e outros governos. Os nós vermelhos representam empresas vinculadas ao império comercial de Prigozhin, enquanto os nós pretos representam entidades vinculadas aos governos estaduais.

A fonte dos fundos do Grupo Wagner permanece incerta, com apenas evidências anedóticas oferecendo insights. Aparentemente, Prigozhin desviou uma receita significativa de seus contratos de construção e catering* para estabelecer o Grupo Wagner. Os custos anuais da empresa, totalizando até US$ 150 milhões por volta de 2016 somente na Síria, exigem financiamento além da capacidade razoável dos negócios de logística de Prigozhin, mas essas empresas apresentam condutos ideais para canalizar fundos para o Grupo Wagner a partir do estado.

*NT: Catering é o serviço de fornecimento de refeições coletivas em locais remotos como hotéis, hospitais, aviões, navios de cruzeiro, locais de entretenimento, etc.

Enquanto conexões monetárias concretas permanecem ilusórias, Moscou claramente desempenha um papel crucial em armar o Grupo Wagner. O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) afirma que o Grupo Wagner recebe equipamentos como tanques, lançadores de foguetes Grad e veículos blindados sem custo. Imagens de contratados Wagner revelam que eles operam veículos normalmente reservados para as Forças Armadas russas, como o veículo todo-o-terreno da Vystrel. Vários contratados alegam que voaram para a Síria em aviões de transporte militar russo. Essas histórias estão alinhadas às alegações da SBU de que os contratos entre a M-Invest e as unidades de vôo do Ministério da Defesa indicam que Prigozhin aluga aeronaves militares para contratados.

Contratados do Grupo Wagner na região de Starobeshevo, no Donetsk, 2014.

O Estado - particularmente o Diretório Principal do Estado Maior General (GRU) - tem um papel importante no treinamento do Grupo Wagner. Os contratados treinam em um complexo do GRU em Molkino, uma vila no sudoeste da Rússia, e o SBU identificou mais de 25 oficiais russos que instruem os contratados Wagner em habilidades que variam de artilharia a engenharia de combate. O GRU geralmente dirige e apóia o grupo em combate, e as evidências disponíveis indicam uma coordenação estreita na Ucrânia. No LPR, o oficial do GRU Oleg Ivannikov ajudou a comandar o Grupo Wagner; telefonemas interceptados revelam operações coordenadas de Ivannikov com o comandante do Grupo Wagner e o ex-tenente-coronel do GRU Dmitry Utkin durante a Batalha de Debaltseve.

Fundindo buscas geopolíticas e empresas privadas

Por meio do Grupo Wagner, a Rússia oferece apoio militar ou estabilização política em troca de influência política, oportunidades de expansão geoestratégica ou concessões de recursos. O Grupo Wagner pode ser considerada uma empresa militar privada apenas na medida em que alimenta a riqueza de um indivíduo particular, mas a realidade de sua integração nas estruturas de comando russas o torna um animal totalmente diferente. Apesar da natureza ostensivamente privada do Grupo Wagner, Putin agradeceu aos contratados por seus serviços, premiando comandantes de alto escalão com honras militares estaduais de Utkin, construindo estátuas dos contratados Wagner na Síria e Donbas, e posando para fotografias com comandantes. Prigozhin não recebeu prêmios ou monumentos militares brilhantes, mas, ao desdobrar o Grupo Wagner em três continentes, Putin o agradeceu por facilitar a extensão global de seu alcance comercial.

A comunidade internacional deve se familiarizar com o nome de Prigozhin. Enquanto os líderes de países politicamente instáveis concordarem em trabalhar com Putin e oferecer fontes de lucro para Prigozhin, esse modelo de fusão de atividades geopolíticas e empresas privadas permanecerá.

sábado, 4 de janeiro de 2020

Poderia haver uma reinicialização da Guerra Fria na América Latina?

O Ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu (segundo da direita) e seu colega venezuelano, Vladimir Padrino Lopez (segundo da esquerda), realizam uma reunião em Moscou. (Vadim Savitsky/ TASS via Getty Images)

Por Scott Stewart, Stratfor, 26 de novembro de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 26 de novembro de 2019.

Destaques

- A Rússia está trabalhando com ex-aliados soviéticos na América Latina para minar a influência dos EUA e distrair Washington das atividades de Moscou em outros lugares.

- Ao fazer isso, Moscou está usando propaganda online para alimentar a retórica antigovernamental que agora alimenta protestos no Equador, Chile, Bolívia e Colômbia.

- A Rússia provavelmente adotará táticas semelhantes para enfraquecer outros governos aliados dos EUA na América Latina, colocando empresas e organizações ocidentais que operam na região cada vez mais em risco.


A América do Sul está novamente em chamas. Uma onda de protestos anti-governamentais devastou as ruas do Equador, Chile, Bolívia e Colômbia nos últimos meses. Esse caos, é claro, não é novo na região. Entre as décadas de 1960 e 1990, grupos terroristas e insurgentes instigaram uma série de cruéis batalhas por procuração da Guerra Fria. Mas nesta iteração, que estou chamando de "Guerra Fria 2.0" na América Latina, não são grupos armados de aliados em jogo, mas tensões sociais já existentes que Moscou está habilmente armando para sabotar estruturas de poder ocidentais na região.

De fato, com ameaças à periferia da Rússia mais assustadoras do que nunca, pode-se argumentar que a Guerra Fria nunca terminou realmente para Moscou. Mas, independentemente das ações atuais da Rússia na América Latina constituírem uma segunda Guerra Fria, ou se elas são apenas um revigoramento da luta original, é aparente que muitos dos mesmos atores estão ativamente envolvidos no desassossego no quintal de Washington - e em grande parte, pelas mesmas razões.

O quadro geral

Os esforços dos EUA para conter a influência da Rússia em suas fronteiras obrigaram Moscou a reafirmar seu peso geopolítico em todo o mundo. Na América Latina, isso pode ser evidenciado pelas tentativas da Rússia de proteger o governo venezuelano do movimento de oposição apoiado pelos EUA, enquanto trabalha para desmantelar mais governos aliados do Ocidente em outros lugares da região.

O legado soviético na América Latina

Soldados cubanos e oficiais soviéticos num terraço de Luanda, capital de Angola, nos anos 80.

Na tentativa de estabelecer uma utopia comunista global, a União Soviética incentivou a exportação de sua revolução para o exterior para "libertar" trabalhadores em todo o mundo. Mas como os Estados Unidos e seus aliados se uniram para conter a expansão comunista, a União Soviética começou a se sentir ameaçada pelas estruturas da aliança que a cercavam, bem como pela presença de tropas e armas dos EUA em sua periferia. Em resposta, os soviéticos abraçaram a Revolução Cubana e tentaram colocar mísseis nucleares em Cuba - uma aposta que acabou levando à Crise dos Mísseis de Cuba. Mas mesmo depois que os soviéticos removeram seus mísseis de Cuba, eles continuaram a usar a ilha como cabeça de praia no Hemisfério Ocidental, para expandir sua influência do Canadá até o Chile - apoiando partidos comunistas nas Américas, ao mesmo tempo em que treinavam, financiavam e armaram uma série de grupos terroristas e insurgentes marxistas em toda a região.

Os esforços de Moscou na América do Sul e Central, em particular, foram em grande parte conduzidos através de seus aliados cubanos endurecidos em batalha, como evidenciado pelo infeliz ataque do revolucionário Ernesto "Che" Guevara à Bolívia no final da década de 1960. Os soviéticos viam essas atividades como uma maneira de não apenas expandir o comunismo mundial, mas também combater os esforços anticomunistas dos EUA em outros lugares. Ao criar problemas no próprio quintal de Washington, as ações soviéticas também ajudaram a distrair os Estados Unidos e seus recursos desses outros esforços. A crescente influência comunista na região envolveu o governo dos EUA em uma série de esforços que envolveram eventos de alto nível, como o golpe de 1954 na Guatemala; a fracassada invasão da Baía dos Porcos, em 1961, em Cuba; o golpe de 1973 no Chile; e apoio aos Contras nicaraguenses nos anos 80.

Atividades atuais da Rússia

Pulando para o presente, no entanto, e a ameaça dos EUA à influência russa apenas se tornou mais aguda. O tampão de segurança periférica que outrora protegeu a Rússia da Europa diminuiu significativamente após o colapso da União Soviética em 1991. Ex-membros do Pacto de Varsóvia, como Bulgária, Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia e Romênia, tornaram-se membros da OTAN, tal qual os antigos estados bálticos ocupados pelos soviéticos da Letônia, Estônia e Lituânia.

Medos crescentes de aprisionamento na Rússia finalmente pavimentaram o caminho para a ascensão do presidente Vladimir Putin em 2000. Mas, apesar das promessas de Putin de restaurar o poder passado do país, o tampão estratégico da Rússia continuou machucando. A queda dos líderes pró-russos na Ucrânia após os protestos de Maidan em 2014 e a Revolução Laranja de 2005, em particular, apenas aumentaram o mal-estar russo. Para ajudar a compensar a perda de uma fronteira tão crucial, Putin anexou a Crimeia e invadiu o sudeste da Ucrânia. Mas a Rússia ainda sente, sem dúvida, a dor de ter perdido a profundidade estratégica do Pacto de Varsóvia e do Bloco Soviético que há muito protegia o ventre macio do país.

Guerrilheiros marxistas das FARC, anos 90.

Em vez de armar grupos marxistas com armas, desta vez Moscou está armando manifestantes anti-governamentais com retórica para combater os interesses dos EUA na América Latina.

O domínio das terras fronteiriças está agora obrigando a Rússia a recorrer aos seus velhos truques na América Latina. Isso incluiu, nomeadamente, a sustentação do regime fracassado de Nicolás Maduro na Venezuela no ano passado, com a ajuda dos parceiros cubanos de Moscou. Cuba é um importante parceiro de segurança dos regimes venezuelanos desde que o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez chegou ao poder em 1999. A vasta rede de operadores e ativos de inteligência cubanos que se infiltrou na sociedade venezuelana desde então informou o regime de Maduro sobre ameaças em potencial, mantendo a oposição dividida e brigando por trivialidades. Enquanto isso, o apoio financeiro, militar e de inteligência técnica da Rússia - para não mencionar a proteção rigorosa dos prestadores de serviços militares russos ("contractors") - também foi crítico para o regime de Maduro nos últimos anos. Na verdade, eu chegaria ao ponto de dizer que Maduro teria sido deposto há muito tempo, se não fosse pela ajuda da Rússia e de Cuba.

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Mas as atividades da Rússia e de seus parceiros cubanos na América Latina não se limitam à Venezuela. Em 13 de novembro, autoridades prenderam quatro cubanos na Bolívia por supostamente financiarem protestos contra o governo em apoio ao ex-presidente socialista do país, Evo Morales. Aliado do regime de Maduro, apoiado pela Rússia, Morales foi forçado a procurar refúgio no México após sua vitória em uma eleição aparentemente fraudada, que provocou protestos generalizados. Nas últimas semanas, a Organização dos Estados Americanos (OEA) também acusou Cuba e Venezuela de ajudarem a instigar os protestos anti-governamentais no Equador, Chile e Colômbia. Assim como os soviéticos financiaram os esforços paramilitares cubanos na América Latina durante a primeira Guerra Fria, fica claro que a Rússia ainda está financiando esses esforços, já que Cuba e Venezuela estão com falta aguda de dinheiro e não podem realizar essas operações sozinhos.

Usando a angústia social para obter ganhos políticos

Os soviéticos e russos tiveram ampla experiência no uso de protestos para minar o lugar de seus oponentes ocidentais no poder. Nos Estados Unidos, há evidências da mão de Moscou nos protestos anti-guerra da década de 1960 e nos protestos anti-nucleares da década de 1980, bem como no movimento de fraturamento anti-hidráulico e no Occupy Movement (Movimento de Ocupação) nos anos mais recentes. E, claro, há a intervenção da Rússia no referendo do Brexit de 2016, seguido pelas eleições presidenciais dos EUA no mesmo ano.

A equipe do Exército da Nicarágua nos Jogos Internacionais do Exército Russo de 2015, na base de Alabino, nas cercanias de Moscou. (Evgeny Biyatov/ RIA Novosti)

De fato, ao longo das décadas, a Rússia tornou-se cada vez mais hábil em explorar sentimentos e questões sociais muito reais para alcançar seus próprios objetivos políticos. Em concerto com seus aliados cubanos e venezuelanos, a Rússia se mostrou hábil em ampliar a tensão ao longo de linhas de falha social muito reais nesses países. A Rússia não está simplesmente fabricando questões que sustentam a agitação do nada; ao contrário, está simplesmente fornecendo a "faísca" para acender as queixas econômicas e sociais subjacentes que silenciosamente vêm se formando logo abaixo da superfície nesses países há anos.

A Rússia também agora tem uma vasta experiência usando as mídias sociais para dispersar a desinformação na internet, assim como fez antes da votação do Brexit no Reino Unido e da eleição presidencial dos EUA em 2016. Nos últimos anos, Moscou também desdobrou campanhas de propaganda online semelhantes na Alemanha, Ucrânia e Estados Bálticos. E há sinais de que ela está tentando fazer o mesmo antes das próximas eleições nos EUA em 2020. Assim, podemos esperar que essas ferramentas de desinformação sejam usadas em outros lugares da região para apoiar aliados socialistas e se oporem a governos democráticos e mais orientados para o livre mercado, ou de outra forma aliada com os Estados Unidos.

A equipe do Exército Venezuelano no biatlo de tanques nos Jogos Internacionais do Exército Russo, 2015. (Evgeny Biyatov/ RIA Novosti)

Partes interessadas estrangeiras na mira

Dada a tendência socialista, anarquista e anticapitalista de muitos dos movimentos anti-governamentais, os manifestantes, como era de esperar, já começaram a visar interesses comerciais na região. Mais de 100 lojas pertencentes à subsidiária do Walmart no Chile, por exemplo, foram saqueadas e queimadas em meio a crescentes manifestações anti-capitalistas no país. À medida que os protestos continuam em todo o continente, as empresas dos EUA e da Europa que operam nesses países provavelmente continuarão a ser alvo, incluindo empresas potencialmente de mineração e energia, hotéis, bancos e escritórios de companhias aéreas. As instalações diplomáticas dos EUA e as organizações não-governamentais (ONGs) que operam na região também poderiam ser visadas. Várias empresas e ONGs já retiraram seu pessoal da Bolívia após o recente aviso de viagem do Departamento de Estado dos EUA, que também instou os cidadãos americanos que moram no país a saírem.

Nicolás Maduro e Vladimir Putin em Caracas, 2019.

Dado o imperativo da Rússia de minar a crescente influência dos EUA mais perto de casa, bem como globalmente, Moscou fará tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que os protestos continuem em frente à porta de Washington. Portanto, empresas e organizações na América do Sul precisarão acompanhar de perto a dinâmica da agitação na América Latina, à medida que ela evolui e potencialmente aumenta nas próximas semanas. Caso contrário, eles poderão se encontrar em breve no fogo cruzado de outra batalha por procuração de uma Guerra Fria.

Bibliografia recomendada:

A KGB e a Desinformação Soviética: A visão de um agente interno.
Ladislav Bittman.

A Verdade Sufocada: A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça.
Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.

A Obsessão Antiamericana: Causas e Inconseqüências.
Jean-François Revel.