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sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Fotos colorizadas das galerias do Warfare

Um paraquedista ferido do 3e BPVN é confortado por um camarada. No fundo, outro paraquedista vietnamita ferido, com um fuzil MAS 36 CR 39 em bandoleira.

Usuários da internet gostaram de algumas fotos publicadas em galerias no Warfare e as colorizaram. As galerias em questão são:





Os tirailleurs do 22e BTA são assaltados frontalmente e abrem fogo para interromper o ataque dos "Du Kich" (guerrilheiros do Viet-Minh). Uma granada de fuzil francesa explode pouco antes do início do combate corpo-a-corpo.

Os feridos do 2e BEP foram evacuados por um helicóptero Hiller 360 durante a Operação Brochet, em setembro de 1952.

Paras do 1er RCP avançando na areia da praia de Quang-Tri durante a Operação Camargue. Um rádio-operador está em evidência.

Atraídos por estampidos de tiros, os paras do 1er RCP se posicionam próximos a uma vila durante a Operação Camargue.

Bibliografia recomendada:


Leitura recomendada:

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Carros de combate principais T-72B1MS no Laos

Carros de combate T-72B1MS "Águia Branca" do Exército Popular do Laos durante a parada militar, em Vientiene, de celebração dos 70 anos da criação das Forças Armadas do Laos, 20 de janeiro de 2019.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 22 de setembro de 2020.

O Laos primeiro exibiu seus novos carros de combate principais T-72B1MS "Águia Branca" no 70º aniversário do Exército Popular Laociano, em 20 de janeiro de 2019. No mesmo dia, o chefe da Direção-Geral de Cooperação Militar Internacional da Rússia, Aleksandr Klimovsky, afirmou que Moscou abriu um escritório militar no Laos durante o desfile na capital do país, Vientiane. A parada militar também exibiu os novos veículos de transporte BRDM-2M.

O interesse do Laos pelos T-72 foi primeiro demonstrado quando suas equipes operaram o novo carro de combate no Biatlo de Tanques 2018, e que, junto dos vietnamitas, iniciaram conversações com a indústria russa. Em dezembro de 2018, o ministro da Defesa do Laos, Tenente-General Sengnuan Xayalat, disse à emissora russa Zvezda (Estrela) que o Exército Popular receberia armamentos e plataformas de fabricação russa, incluindo “novos tanques T-72” e aeronaves Yak-130. Tudo isso fazia parte da nova modernização das forças laocianas, que operavam antigos T-55 e até mesmo 10 veteranos T-34/85 em serviço, com mais 20 em estoque.

Em janeiro de 2019, o Laos entregou à Rússia seus 30 carros de combate T-34/85 como parte desta modernização. Seu estado era lastimável, inclusive com ninhos de pássaros em alguns deles. Estes T-34 veteranos, que foram fabricados na antiga Tchecoslováquia nos anos 1950, viajaram 4,500km por terra do Vietnã e por mar até Vladvostok, de onde foram transportados por ferrovia para Moscou. Sendo reformados por técnicos e engenheiros, eles serão exibidos em desfiles e museus, e usados em filmes. (O blog tratou desse assunto aqui.)

Os T-34 com os cocares do Exército Popular Laociano embarcados em trens com destino a Moscou, janeiro de 2019.

O T-72B1MS "Águia Branca"(Ob'yekt 184-1MS) é o T-72B1 modernizado pela empresa Oboronprom (agora parte da Rostec), apresentado pela primeira vez no International Forum Engineering Technologies 2012, pintado de branco, daí o apelido não-oficial de "Águia Branca". As propriedades mecânicas do tanque são as mesmas do T-72B1 normal, com o mesmo motor, canhão, blindagem e pacote Kontakt-1 (K-1) ERA. No entanto, a eletrônica é fortemente atualizada, incluindo uma câmera frontal e traseira para o motorista, display digital do motorista, sistema de navegação GPS/GLONASS, visão panorâmica térmica de terceira geração "Olho de Águia" para o comandante do tanque montado no lado esquerdo traseiro da torre, mira térmica do artilheiro PN-72U Sosna-U, sistema de rastreamento de alvo, sistema de gerenciamento de chassis e metralhadora AA 12,7mm controlada remotamente. Atualmente em serviço nas forças armadas do Laos, Uruguai e Nicarágua, sendo a Sérvia também um possível cliente.

Primeiro lote embarcado em caminhões e entregue ao exército laociano em 23 de dezembro de 2018.

T-72B1MS "Águia Branca" no International Forum Engineering Technologies 2012, 29 de junho de 2012.

Um segundo lote foi entregue em 26 de novembro de 2019, com algumas fotos mostrando o desembarque do navio no porto vietnamita de Tien Sa, para serem enviados em caminhões especiais por rodovia ao Laos - que não possui saída para o mar. Os 30 T-72B1MS laocianos equiparam um batalhão de carros de combate, o que representa um aumento de poder de combate impressionante no contexto laociano, chegando em três lotes de 10 tanques cada. Saindo de uma força blindada de 30 T-55 e 30 T-34/85 para uma de 30 T-72 e 30 T-55.

Com um preço estimado de apenas US$ 1,5-2 milhões por veículo, o T-72B1MS provou ser uma escolha sábia para o Exército Popular Laociano no contexto do seu orçamento de defesa.



No final de janeiro de 2020, o Laos recebeu da Rússia um terceiro lote de carros T-72B1MS “Águia Branca” e de veículos blindados de reconhecimento 4x4 BRDM-2M. Enquanto isso, o Aeroporto de Thongkaihin, atualizado, localizado na província de Xiang Khuang, foi melhorado com a assistência de especialistas russos e concluído a tempo para as celebrações do aniversário.

As entregas teriam sido feitas como parte das comemorações do 71º aniversário das Forças Armadas Populares Laocianas, com o chefe da Direção-Geral de Cooperação Militar Internacional da Rússia, o Tenente-General Alexander Kshimovsky, liderando a delegação da Rússia. Isso faz parte dos esforços entre a Rússia e o Laos para melhorar seus laços de defesa de longa data.

Essa amizade percorreu um longo caminho, no entanto, com o Laos sendo um bastião anti-comunista até 1975. A primeira unidade militar moderna inteiramente laociana foi formada pelos franceses em 1941 e ficou conhecida como o Primeiro Batalhão de Chasseurs Laotiens (infantaria leve), sendo usado para segurança interna e não entrou em ação até depois da invasão japonesa de 9 de março de 1945, quando o Japão ocupou o Laos. A unidade então foi para as montanhas, suprida e comandada por agentes da França Livre, que haviam recebido treinamento especial de selva em bases na Índia e haviam saltado de pára-quedas no Laos a partir de dezembro de 1944 com o objetivo de criar uma rede de resistência. 

Enquanto isso, aproveitando a ausência temporária da autoridade francesa nas cidades, o governo Lao Issara, nacionalista e não-comunista liderado pelo príncipe Phetsarath Ratanavongsa, armou-se para defender a independência do Laos que reivindicou em nome do povo durante o vácuo de poder causado pela derrota do Japão. Em sua maior parte, os componentes efetivos das forças armadas de Lao Issara consistiam de residentes vietnamitas das cidades do Laos, que receberam armas dadas pelas tropas japonesas que se rendiam - vendidas pelos soldados nacionalistas chineses que ocuparam o norte do Laos em 1945 Acordos da Conferência de Potsdam - ou saqueados de arsenais franceses. Na Batalha de Thakhek (Khammouane) em março de 1946, o Lao Issara usou morteiros e metralhadoras leves contra veículos blindados e aviões franceses em uma batalha que decidiu a questão da soberania no Laos em favor da França; com os líderes do movimento Lao Issara se exilando em Bangkok entre 1946 e 1949, tentando adquirir armas para uma revanche.

O exército laociano nasceu em sua forma moderna como o Exército Real Laociano, em 20 de janeiro de 1949, como parte da União Francesa. Os esforços franceses para treinar e expandir o Exército Real Laociano continuaram durante a Primeira Guerra da Indochina (1946–54), época em que o Laos tinha um exército permanente de 15.000 soldados.

Em 1953, o reino do Laos tornou-se independente de fato e os franceses escolheram originalmente Dien Bien Phu como o local de um grande ponto forte porque bloqueava uma rota principal de invasão ao Laos, que eles sentiram que deveriam defender a todo custo para preservar sua credibilidade com o rei de Louangfrabang, que havia buscado a proteção da França.

O Exército Real Laociano lutaria contra o movimento comunista Pathet Lao até 1975, quando os Estados Unidos abandonaram a Indochina para os comunistas. Em combates na primavera de 1975, o Pathet Lao finalmente quebrou a resistência dos Hmong de Vang Pao, bloqueando o entroncamento rodoviário que ligava Vientiane, Louangphrabang e a Planície dos Jarros. Assistidos por dois batalhões de tropas do Pathet Lao, que haviam voado para Vientiane e Louangphrabang em aviões soviéticos e chineses para neutralizar essas cidades sob o acordo de cessar-fogo, os comunistas organizaram manifestações para apoiar suas demandas políticas e militares, levando à final tomada de poder nas cidades que o governo real ainda mantinha, proclamando a República Popular do Laos.

Os novos T-72 seguindo os antigos T-55.

Servindo um dos países comunistas menos desenvolvidos do mundo, as Forças Armadas Populares Laocianas são pequenas, mal-financiadas e sem recursos eficazes. O foco da sua missão é a segurança interna e de fronteira, principalmente na repressão interna de dissidentes e grupos de oposição laocianos.

Isso inclui o esmagamento brutal das manifestações pacíficas do Movimento de Estudantes da Democracia do Laos em 1999 em Vientiane, e no combate a grupos insurgentes étnicos Hmong e outros grupos de pessoas do laocianas e hmong que se opõem ao governo de partido único marxista Pathet Lao e ao apoio que recebe da República Socialista do Vietnã. 

Atualmente o Laos faz uma aliança tríplice com o Vietnã e a Rússia, participando de exercícios conjuntos e nos jogos militares na Rússia, como o Biatlo de Tanques.

Bibliografia recomendada:

T-72 Main Battle Tank 1974-93,
Steven J. Zaloga.

TANKS: 100 Years of Evolution,
Richard Ogorkiewicz.

Leitura recomendada:

Rússia restaura tanques T-34 soviéticos recuperados no Laos1º de março de 2020.

Tanked Up: Carros de combate principais na Ásia12 de agosto de 2020.

Viva Laos Vegas - O Sudeste Asiático está germinando enclaves chineses13 de maio de 2020.

DOCUMENTÁRIO: O massacre da Praça da Paz Celestial (Praça de Tiananmen), 198913 de agosto de 2020.

GALERIA: Bawouans em combate no Laos28 de março de 2020.

"Tanque!!": A presença duradoura dos carros de combate na Ásia, 6 de setembro de 2020.

FOTO: Um M24 Chaffee no Tonquim9 de julho de 2020.

FOTO: T-90 de concreto, 14 de setembro de 2020.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Viva Laos Vegas - O Sudeste Asiático está germinando enclaves chineses


Publicação do jornal The Economist - Asia, 30 de janeiro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 13 de maio de 2020.

“Zonas econômicas especiais” trazem muito investimento e trabalhadores chineses, mas pouco benefício.

Numa parte remota do norte do Laos, a floresta de bambu dá lugar a guindastes. Uma cidade está sendo esculpida na selva: blocos de torre envoltos em andaimes aparecem sobre restaurantes, bares de karaokê e casas de massagem. O coração pulsante da Zona Econômica Especial do Triângulo Dourado (assim chamada porque fica no ponto onde o Laos, Mianmar e Tailândia convergem) é o cassino, uma confecção palaciana com estatuárias e tetos falsos romanos, cobertos de afrescos. "Laos Vegas" não atende aos laocianos, no entanto. Os crupiês aceitam apenas yuan chinês ou baht tailandês. As placas de rua estão em chinês e inglês. Os relógios da cidade estão definidos para o horário chinês, uma hora à frente do resto do Laos.

Na última década, a China se tornou um dos maiores investidores nos países do Sudeste Asiático: em 2018, foi a fonte de quase 80% do investimento direto estrangeiro no Laos. Parte dessa capital está fluindo ao longo de rotas desgastadas para lugares como Mandalay, uma cidade em Mianmar, onde existe uma comunidade chinesa há muito estabelecida. Mas grande parte está inundando as “zonas econômicas especiais” (special economic zones, SEZs*) para tirar proveito de diversos incentivos, como permissões mais rápidas, impostos ou taxas reduzidos e controles mais frouxos sobre os movimentos de bens e capitais.

*Nota do Tradutor: Uma zona econômica especial é uma região geográfica de um país que apresenta uma legislação de direito econômico e direito tributário diferentes do resto do país para atrair capital (investimentos) interno e estrangeiro e incentivar o desenvolvimento econômico da região. Além de um desenvolvimento maior e mais eficaz, que outras regiões do país.

Iniciativa do Cinturão e Rota.

As empresas chinesas não precisam de muito convencimento. O governo chinês começou a incentivá-los a investir no exterior nos anos 2000. A Iniciativa do Cinturão e Rota, o gigante esquema da China para desenvolver infraestrutura no exterior, acelerou a tendência. Além de ferrovias, rodovias e oleodutos, ela promove SEZs, que "agora são o modo preferido de expansão econômica para a China", diz Brian Eyler, do Stimson Center, um think tank americano. Sob a bandeira do cinturão e rota, 160 empresas chinesas despejaram mais de US$ 1,5 bilhão em SEZs no Laos, de acordo com o Land Watch Thai, um observatório. Entre 2016 e 2018, a China investiu US$ 1 bilhão em apenas uma SEZ: Sihanoukville, uma cidade na costa do Camboja.

*NT: Um "think tank" é um corpo de especialistas suprindo conselhos e idéias sobre problemas específicos, como política ou economia, assim como estratégia.

Para onde vai o capital chinês, segue-se a mão-de-obra. Em Mandalay, os chineses aumentaram de 1% da população em 1983 para 30%-50% hoje. Em lugares com SEZs, a mudança foi ainda mais acentuada. Em 2019, o governador da província vizinha disse ao jornal Straits Times que o número de chineses em Sihanoukville havia aumentado nos últimos dois anos para quase um terço da população. A influência econômica dos migrantes chineses cresce com seus números. Em Mandalay, 80% dos hotéis, mais de 70% dos restaurantes e 45% das joalherias são de propriedade e operados por chineses étnicos, de acordo com uma pesquisa de mercado realizada em 2017.

O afluxo de migrantes alimentou sentimentos anti-chineses em toda a região. Mas os pobres governos do Sudeste Asiático cortejam investidores chineses de qualquer maneira, porque esperam que o dinheiro chinês dê um pontapé inicial em suas economias. Em alguns aspectos, o investimento deu frutos. No Laos, o investimento estrangeiro contribuiu para o crescimento efervescente do PIB, que teve uma média de 7,7% ao ano na última década.


Porém, em um estudo das SEZs em 2017, o Focus on the Global South, um think tank sediado em Bangcoc, concluiu que as “estruturas legislativas e de governança” subjacentes às SEZs no Camboja e Mianmar "foram distorcidos em favor dos interesses dos investidores e contra aqueles da população local e do meio ambiente". Alfredo Perdiguero, do Banco Asiático de Desenvolvimento, concorda que as SEZs no Laos, Camboja e Mianmar "ainda não foram capazes de espalhar os benefícios" para a economia em geral.

Em parte, isso ocorre porque as empresas chinesas tendem a não contratar locais. Em 2018, os trabalhadores do laocianos conseguiram apenas 34% dos empregos criados por todas as 11 SEZs no Laos - muito longe dos 90% prometidos pelo governo. As empresas chinesas argumentam que os trabalhadores locais não têm habilidades, mas os grupos da sociedade civil em Mianmar respondem apontando para uma faculdade técnica perto de Kyaukpyu, uma SEZ e um porto de inspiração chineses; ninguém da faculdade foi contratado para trabalhar lá, de acordo com um relatório publicado no ano passado.

Também há pouco fornecimento local de outros insumos. As fábricas de vestuário da SEZ de Sihanoukville, por exemplo, importam seus tecidos, botões e linhas. Os trabalhadores e visitantes chineses nas SEZ do Sudeste Asiático costumam patrocinar lojas e restaurantes de propriedade chinesa, e contornar os impostos sobre vendas pagando por bens e serviços por meio de aplicativos chineses como Alipay. "O dinheiro nem sai da China essencialmente", diz Sebastian Strangio, autor de um livro prestes a ser publicado
sobre a crescente influência da China no Sudeste Asiático. Isso, juntamente com as reduções de impostos, significa que há pouco benefício para os governos anfitriões: em 2017, o tesouro do Laos levantou apenas US$ 20 milhões de suas SEZs - menos de 1% da sua receita.

Extraterritorial e irracional

Como é comum em grandes desenvolvimentos nos países mais pobres do Sudeste Asiático, os habitantes locais raramente são consultados sobre a construção de SEZs. A SEZ do Triângulo Dourado foi construída sobre os arrozais da vila de Ban Kwan; mais de 100 famílias foram forçadas a se mudar contra sua vontade. E ainda há a questão da aplicação da lei nas SEZs, cuja regulamentação leve pode ser tão atraente para criminosos quanto para negócios legítimos. Em 2018, as autoridades americanas declararam que a SEZ do Triângulo Dourado era um centro de “tráfico de drogas, tráfico de seres humanos, lavagem de dinheiro, suborno e tráfico de animais silvestres”. Eles chamaram a empresa que administra a SEZ de "organização criminosa transnacional" e impuseram sanções a seu presidente, Zhao Wei. Ele negou as acusações, chamando a ação de "unilateral, extraterritorial, irracional e hegemônica". Muitos asiáticos do sudeste podem dizer algo semelhante sobre a maneira como as SEZs da região são administradas.

Este artigo apareceu na seção Ásia da edição impressa sob a manchete “South-East Asia is sprouting Chinese enclaves”.

Bibliografia recomendada:

Bully of Asia:
Why China's dream is the new threat to World Order.
Steven W. Mosher.

Leitura recomendada:

sábado, 28 de março de 2020

GALERIA: Bawouans em combate no Laos

Durante os pesados combates em Banh-Hine-Siu, pára-quedistas do 3º BPVN estão prontos para repelir os ataques dos "bô dôï" (soldados das formações regulares do Viet Minh) de dois regimentos da 325ª Divisão.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 28 de março de 2020.

Paraquedistas vietnamitas do 3e BPVN (3ème Bataillon de Parachutistes Viêtnamiens, apelidados "bawouans"), sob o comando do Chef de bataillon Mollo, engajados em pesados combates no Laos, no posto de Banh-Hine-Siu e na vila de Na Pho de 5 a 9 de janeiro de 1954, contra elementos da 325ª Divisão Viet Minh (Daï Doan 325).

As fotos de Ferrari Pierre para o ECPAD mostram o armamento típico dos paraquedistas franceses da fase final da Guerra da Indochina: fuzis e carabinas de coronha dobrável MAS 36 CR 39 e M1A1, submetralhadoras MAT 49, fuzis-metralhadores Châtellerault 24/29.

Em 9 de janeiro, um batalhão de paraquedistas vietnamitas tomou o posto de Banh-Hine-Siu, que ele teimosamente defendeu contra os combatentes do Viet Minh emboscados nas proximidades. Um lançamento de munição, a intervenção da artilharia e bombardeios com napalm os ajudam a contra-atacar os adversários entrincheirados nos arredores.

Ao mesmo tempo, combates de rua aconteceram na vila de Na Pho, onde um batalhão do Viet Minh passou a noite. Além do aspecto militar, o relatório da ação também citou refugiados do Laos que fugiram do avanço do Viet Minh, uma evacuação médica dos feridos por helicóptero e feridos aguardando tratamento.

Distintivo do 3e BPVN, em vietnamita Tien Doan Nhay Du 3 (TDND 3).

Anverso e reverso.

O 3e BPVN foi criado como parte do "amarelamento" ("jaunissement") do General Jean de Lattre de Tassigny - a criação de exércitos nacionais vietnamita, laociano e cambojano. A criação de formações paraquedistas indochineses começou em nível companhia, em 1948. Os quadros do 3e BPVN vieram da 10e CIP (10ème Compagnie Indochinoise Parachutiste), de 195 homens, incorporado ao 10e BPCP (10e Bataillon Parachutiste de Chasseurs à Pied, de tradição alpina e elevado a "groupement" por pouco tempo) de 1950 a 1952; comandada pelo Tenente Louis d'Harcourt, um futuro general, a companhia foi recrutada na região de Hanói, no Tonquim (norte do Vietnã).

3e Bawouan foi criado em 1º de setembro de 1952 com uma companhia de comando (compagnie de commandement de bataillon, CCB), e três companhias de combate (com a posterior adição de uma quarta), ele tinha um efetivo de cerca de 1.000 homens. O 3e Bawouan foi um dos cinco batalhões paraquedistas vietnamitas - 1º, 5º (que lutou em Dien Bien Phu), 6º e 7º BPVN - criados entre 1951 e 1954, e pertencendo ao Exército Nacional Vietnamita (Armée Nationale Vietnamienne, ANV); além do 1er Bataillon de Parachutistes Laotiens (1er BPL), do Laos, e o 1er Bataillon de Parachutistes Khmers (1er BPK), do Camboja.

O 3e BPVN participou das operações Mimosa (maio de 1953), Camargue (julho de 1953), Concarneau, Lamballe e Mont St Michel (agosto de 1953), Flandre (setembro de 1953) a operação no posto de Ban-Hine-Siu (janeiro de 1954) e Églantine (junho de 1954).

Os paras do 3e Bawouan mantêm o posto de Banh-Hine-Siu contra elementos da 325ª Divisão Viet Minh.

Bawouans carregam o cadáver de um camarada com um poncho usado de mortalha.

O soldado está usando um capacete de origem americana coberto com uma bandeira de sinalização para a aviação.

Durante um contra-ataque do 3º BPVN nos ferozes combates de rua de Na Pho, um paraquedista armado com um fuzil de coronha dobrável MAS 36 CR 39 capturou um fuzil alemão Mauser Karabiner 98K, equipado com sua baioneta, equipando os "bô dôï" (soldado das tropas regulares vietnamitas) da 325ª Divisão VM (Daï Doan 325).
À esquerda, um paraquedista e seu FM 24/29, à direita as pernas do Viet-Minh morto.

Elementos da 325ª Divisão do Viêt-minh se infiltraram dentro do posto de Banh-Hine-Siu, e os paraquedistas do 3º BPVN lançaram um contra-ataque para desalojá-los.

Um "bô dôi" que operava uma metralhadora Browning .30 (recalibrada em 7.62×54mmR) foi morto, com um paraquedista vietnamita trazendo a arma de emprego coletivo de volta para o posto de Banh-Hine-Siu, enquanto seus companheiros continuam a repelir uma infiltração inimiga.

Protegidos em uma trincheira, os paraquedistas de uma equipe de morteiro lutam contra a 325ª Divisão Viet Minh, ao redor do posto de Banh-Hine-Siu.

Os paraquedistas do 3º BPVN defendem o posto de Banh-Hine-Siu.
À esquerda, o soldado está armado com um fuzil-metralhador M 24/29 de 7,5mm.

Um paraquedista ferido é confortado por um camarada.
No fundo, outro paraquedista vietnamita ferido, com um fuzil MAS 36 CR 39 em bandoleira.

Paraquedistas aproveitam uma pausa para relaxar e saciar a sede.
O paraquedista no centro segura uma baioneta alemã do Mauser Karabiner 98K, capturada do inimigo.

Um paraquedista, o cinto contendo granadas defensivas MK 2 e DF 37, traz para cobertura um companheiro de combate ferido no rosto.

Um paraquedista, armado com um fuzil MAS 36 CR 39, ferido no pescoço durante fortes combates no posto de Banh-Hine-Siu. 

Paraquedistas feridos durante a defesa do posto de Banh-Hine-Siu.
O paraquedista à direita está usando um capacete francês modelo 51, enquanto seu camarada é protegido pelo capacete de paraquedista de origem americana, mais comum na época na Indochina.

Em Banh-Hine-Siu, um paraquedista do 3º BPVN depena galinhas compradas na aldeia para melhorar a ração individual da base, uma das quais é cozida em fogo de bambu.

Um oficial da 3ª BPVN conversa com uma laociana de Banh-Hine-Siu.

Retrato de um Viêt-Minh ferido durante os combates em Banh-Hine-Siu.

Bônus:


Foto do autor com um bawouan veterano da Indochina e da Argélia.

Pôster de alistamento nas forças paraquedistas vietnamitas.

domingo, 1 de março de 2020

Rússia restaura tanques T-34 soviéticos recuperados no Laos


Do site Euronews, 27 de fevereiro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 1º de março de 2020.

Trinta carros de combate soviéticos do tipo que se tornou lendário durante a Segunda Guerra Mundial estão sendo restaurados na Rússia após uma épica viagem tropical ao estado do Laos no sudeste da Ásia.


Alguns dos 30 tanques T-34 ainda estavam em uso pelas forças armadas do estado comunista quando a Rússia tomou conhecimento de sua existência e quando o Ministro da Defesa Sergei Shoigu concordou em sua restauração durante sua visita ao Laos no ano passado.

Atualmente, mais de 200 engenheiros e mecânicos estão trabalhando nos tanques pintados em cáqui em uma fábrica especializada em reparos, localizada nos arredores da cidade de São Petersburgo, no noroeste do país.

Eles serão totalmente restaurados até o final de março e, em 9 de maio, atravessarão a Praça Vermelha em um desfile militar especial para marcar o 75º aniversário da vitória dos Aliados sobre os nazistas, sob o olhar atento de líderes mundiais, incluindo o presidente francês Emmanuel Macron.

Os tanques trazidos do Laos foram construídos na década de 1950 no bloco soviético da Tchecoslováquia. 

Diz-se que o Laos os adquiriu em 1987 de seu aliado comunista, o Vietnã, onde foram usados em guerra com os Estados Unidos*.

*Nota do Tradutor: Mais fácil terem sido usados contra os chineses.

Os tanques T-34, poderosos e manobráveis, eram um cavalo de batalha soviético e particularmente importante por seu papel na Segunda Guerra Mundial, com mais de 58.000 exemplares construídos entre 1940 e 1946 e considerados essenciais na vitória militar da URSS sobre a Alemanha nazista.

Hoje, eles são raros na Rússia, pois muitos deles foram reformados após a Segunda Guerra Mundial ou sucateados. 

Por isso, a Rússia decidiu transportá-los por via marítima para a cidade de Vladivostok, localizada no extremo leste do país, e depois atravessar a Rússia de trem.

Quando chegaram, "sua condição técnica era realmente lamentável" e os trabalhadores até encontraram ninhos de pássaros neles, disse Roman Tchepurnov, diretor da fábrica de reparo de tanques nº 61, que faz parte do grupo Uralvagonzavod, que fabrica tanques e veículos blindados.

Bibliografia recomendada:

Designing the T-34:
Genesis of the Revolutionary Soviet Tank.
Peter Samsonov.

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