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sexta-feira, 18 de junho de 2021

FOTO: Legionários alpinistas

Legionários da companhia de montanha com fuzis FAMAS nos Alpes franceses, anos 1980.
A 2ª companhia do 2e REP, especializada em combate de montanha e alpinismo.

Após a guerra da Argélia, o 2e REP permaneceu como o único regimento paraquedista da Legião. O 2e REP então se reformou como um regimento pára-comando com as companhias possuindo uma especialização cada uma, seguindo o estilo do SAS britânico. A 2e Cie, companhia de lenço vermelho, é especializada em guerra de montanha.

Deslocar-se, morar e lutar a 3.000 metros de altitude, ou em frio extremo é uma das especializações dos legionários da 2ª Companhia, "Compagnie de Montagne".

Treinamento de alpinismo em Calvi, na Córsega, anos 80.
O legionário tem um fuzil sniper FR F1.

Bibliografia recomendada:

French Foreign Legion Paratroops,
Martin Windrow & Wayne Braby, Kevin Lyles.



GALERIA: Mulas ou Blindados?12 de abril de 2021.


FOTO: Comandos camuflados no inverno21 de setembro de 2020.


domingo, 6 de junho de 2021

GALERIA: Operação de limpeza em Bui Chu pelo 1º batalhão do 2e REI

Progressão de soldados do 1º batalhão do 2e REI em um arrozal inundado em Bui Chu, 10 de outubro de 1953.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 6 de junho de 2021.

Operação de "limpeza" (eliminação do adversário em determinada região) ocorrida em Bui Chu em 10 de outubro de 1953; participou o I/2e REI (1º batalhão do 2º Regimento Estrangeiro de Infantaria). A operação foi fotografada para o ECPAD por Ferrari Pierre.

O I/2e REI desembarcou na Indochina em fevereiro de 1946, participando da pacificação de Annam, a área central da Indochina. Enviado ao Tonquim em dezembro de 1946, participou do socorro a Huai Duang - formando o núcleo da coluna de socorro vinda de Haiphong para Hanói. Após quatro dias de dura resistência, os franceses entraram em Huai Duang no natal. Após batalhas menores, a rota terrestre de Haiphong e Hanói foi estabelecida em 7 de janeiro de 1947.

Soldados do 1º Batalhão do 2e REI cruzam uma ponte durante a operação de limpeza em Bui Chu.

Um comandante e um capitão do 1º batalhão da 2ª REI estudam um mapa durante a operação em Bui-Chu.

O batalhão serviu no Tonquim até 1954, quando foi enviado para Dien Bien Phu, onde seria aniquilado. À partir de março de 1954, Dien Bien Phu contava com uma guarnição de 11 mil homens, incluindo 12 batalhões de combate: três argelinos, um marroquino, dois indígenas, um de paraquedistas franceses; da Legião havia o I/2e REI, o III/3e REI, I e II do 13e DBLE, e o 1er BEP.

Retrato de um veterano do 1º Batalhão do 2e REI durante a operação de limpeza em Bui Chu.

Um fuzileiro-metralhador FM 24/29 do 1º batalhão de 2 REI durante a operação em Bui-Chu.

Um camponês oferece uma bebida a um legionário do 1º batalhão da 2ª REI durante a operação em Bui-Chu.

Bibliografia recomendada:

French Foreign Legion:
Infantry and Cavalry since 1945.
Martin Windrow e Mike Chappell.

Leitura recomendada:

quarta-feira, 19 de maio de 2021

19 de maio de 1978: Os legionários paraquedistas do 2e REP saltam sobre Kolwezi (Operação Bonite)


Do blog Theatrum Belli, 19 de maio de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 19 de maio de 2021.

Na quarta-feira, 17 de maio de 1978, por volta das 10 horas da manhã, o telefone tocou no gabinete do Coronel Philippe Erulin, comandante do 2º Regimento Estrangeiro de Paraquedistas (2e Régiment Étranger de Parachutistes, 2e REP), cujo quartel está localizado no Camp Raffali, na Córsega:

- Aqui, General Liron, da 2ª Brigada Paraquedista; seu regimento entra em alerta "às seis horas".

O prazo é muito curto. Levaria pelo menos três vezes mais tempo para reunir legionários e oficiais, dispersos em diferentes etapas do continente ou deslocados em manobras nas montanhas da Córsega.

Coronel Philippe Erulin.

Porém, para Philippe Erulin, a palavra "impossível" não existe. Depois de ter servido como tenente durante os anos mais difíceis da guerra da Argélia, aqui está ele à frente do regimento mais prestigioso de todo o exército francês, este 2º Regimento Estrangeiro de Paraquedistas, denominado 2e REP, ou simplesmente REP, desde que é o único do gênero, tendo o 1er REP sido dissolvido após o “putsch" (golpe) dos generais de Argel em abril de 1961, e nunca mais reconstituído.

A comunicação telefônica do General Liron significa para o REP o início de uma aventura que culminará, dois dias depois, num salto operacional no próprio coração da África negra, nesta província do Zaire (ex-Congo Belga) hoje conhecida como Shaba e que entrou para a história militar em 1960, quando ainda tinha o nome de Katanga.

Homens excepcionais a serviço da França

Nesta bela manhã de primavera da Córsega, o Coronel Erulin imediatamente colocou seu regimento em alerta. Não existem duas unidades como a dele na França. Os homens do REP são diferentes de outros paraquedistas, assim como são de outros legionários; eles somam as qualidades desses dois corpos de elite. Podemos até dizer que os multiplicam. Durante seu engajamento, uma seleção implacável permite identificar o melhor daqueles que estão dispostos a dar cinco anos de sua vida e, se necessário, sua própria vida, à bandeira verde e vermelha da Legião, sua nova pátria. Vindos de todas as nações e de todas as classes sociais, todos esses homens têm em comum a juventude, a força, o gosto pelo risco e, acima de tudo, essa vontade prodigiosa de lutar sem a qual não haveria tropas de elite. Profissionais do combate, eles são soldados profissionais tanto quanto soldados da fortuna.

Capitão da 1ª companhia, granadeiro da 2ª companhia e atirador de elite da 4ª companhia em Kolwezi, 1978. Ilustração de Kevin Lyles para o livro "French Foreign Legion Paratroops". (Osprey Publishing)

Desde o fim das guerras coloniais na Indochina e na Argélia, o REP passou por profundas mudanças em sua estrutura. O brevê paraquedista não é mais um fim em si mesmo; é uma porta aberta para outras especialidades que exigem as mesmas qualidades viris. Uma geração de quadros que só conheceu os conflitos em tempos de paz, como os do Chade ou do Líbano, agora está ávida por novas técnicas militares. As especialidades mais inusitadas tornam-se uma paixão, rapidamente partilhada por todos num entusiasmo comum. O REP, com um efetivo de mil homens, inclui uma companhia de comando e cinco companhias de combate. Cada um deles é especializado ao mais alto grau. O primeiro, treinado em combate contra os tanques de guerra, afirma que nenhuma blindagem pode resistir a ele; a segunda é uma unidade de montanha, familiarizada com rochedos e neve, no inverno e no verão; o terceiro, uma companhia anfíbia, treina nadadores de combate e pode desembarcar em qualquer margem; a quarta reúne atiradores de precisão e especialistas em sabotagem. Quanto à companhia de apoio, ela inclui uma seção de mísseis MILAN, uma seção de morteiros e, sobretudo, uma seção de esclarecimento e reconhecimento (section d’éclairage et de reconnaissance, SER), na qual todos os legionários e oficiais são capazes de lançarem-se em queda livre e caindo do céu, com absoluta precisão, em qualquer objetivo operacional. Esta é a unidade que saltará sobre Kolwezi em 19 de maio de 1978.

Mas o que está acontecendo em Kolwezi?

Os "Tigres" em Kolwezi

Esta cidade, totalmente ligada à atividade da empresa Gécamines, que extrai cobre e diamantes, é uma das zonas mais sensíveis de África. A riqueza do subsolo, o afastamento da capital - Kinshasa dista cerca de 1.500 km -, antigas tendências tribais separatistas, tudo isto facilita a tentativa de desintegração do estado zairense liderado desde a ex-província portuguesa de Angola os exilados katangeses, os militantes da Frente Nacional de Libertação do Congo (Front national de libération du Congo, FLNC), hostil ao Presidente Mobutu, os "conselheiros" cubanos, cerca de vinte mil, e alguns agentes soviéticos determinados a empurrarem um novo peão no tabuleiro de xadrez africano.

No ano anterior, em 1977, uma invasão katangese já havia sido repelida pelas forças armadas do Zaire (Forces Armées du Zaïre, FAZ), e o próprio Presidente Mobutu liderou o combate, que logo se tornou lendário, em Kamanyola em 12 de junho de 1964.

O alerta parece ter passado, mas apesar da aparente calma, a preocupação permanece. 3.000 europeus vivem em Kolwezi. São principalmente famílias de franceses e belgas que trabalham, na sua maior parte, em Gécamines.

No sábado, 13 de maio, véspera do feriado de Pentecostes, a cidade foi repentinamente invadida por soldados em uniformes camuflados que lutaram contra os soldados das FAZ, rapidamente forçados a recuar em alguns pontos de apoio que logo foram cercados. Os atacantes são do FLNC e muitos têm 15 anos. Ostentando um distintivo adornado com um tigre de prata, eles estão fortemente armados, geralmente com fuzis de assalto Kalashnikov soviéticos.

Assim que eles chegam em Kolwezi, a pólvora fala. Esses katangeses massacram os homens das FAZ que caem em suas mãos e prendem europeus, imediatamente acusados ​​de serem mercenários. Muito rapidamente, a atmosfera fica tensa. Os civis estão enfurnados em suas casas, esperando o pior. Nada pode desencadear o massacre de todos esses brancos, agora considerados reféns pelos 4.000 tigres do Major Mufu.

Em Kinshasa, o presidente Mobutu está tentando minimizar os eventos em Kolwezi. Ele prepara a resposta com seu chefe de gabinete, General Ba-Bia, e convoca os embaixadores, o mais ciente deles é sem dúvida o representante da França, Sr. André Ross.

Mobutu Sese Seko com uniforme camuflado estilo leopardo e asas de paraquedista francesas, 1978.

O chefe de estado zairense estabelece contato telefônico com o presidente francês, Valéry Giscard d'Estaing. Mesmo que queira resolver o caso sozinho, Mobutu não pode descartar a possibilidade de intervenção militar estrangeira para salvar seu poder pessoal e a unidade da nação zairense. A ameaça soviético-cubana torna-se um argumento decisivo em seu apelo por ajuda ocidental.

Sem mais delongas, o adido militar em Kinshasa, Coronel Larzul, e o chefe da missão de assistência militar francesa, Coronel Gras, começaram a trabalhar para preparar, "em qualquer caso", um plano de intervenção aerotransportada em Kolwezi. Sem dúvida, seria desejável que outras potências interviessem. Mas todos eles estão relutantes, incluindo os belgas, muitos de cujos nacionais estão ameaçados em Kolwezi.

Na cidade entregue às exações dos Tigres, a situação piorou no dia 15 de maio e piorou no dia 16. Naquele dia, às 10h, uma companhia de paraquedistas zairenses foi lançada nos arredores de Kolwezi. É um fracasso sangrento. Os Tigres espalham o boato de que são paras europeus e anunciam represálias. De fato, os massacres começam. Aleatoriamente. Os soldados da FLNC estão bêbados de álcool e viciados em cânhamo. Enlouquecidos de raiva, eles atiram em qualquer um que considerem suspeito, seja preto ou branco. Uma segunda companhia de paraquedistas zairenses, com o Capitão Malule, salta em Lubumbashi, a sudeste de Kolwezi, e avança pela estrada em direção à cidade investida; esses fiéis a Mobutu conseguem dominar o campo de aviação, mas não avançam. O ataque deles aumenta a fúria dos novos mestres de Kolwezi em dez vezes. Os massacres se amplificam.

Em 17 de maio, a intervenção francesa foi decidida. O REP foi colocado em alerta em Calvi, enquanto o presidente Mobutu corajosamente foi ao campo de aviação de Kolwezi, completamente libertado pelos paraquedistas de Malule. Reforços poderiam ser pousados ​​lá, mas fica a 5km fora da cidade e todos os reféns provavelmente seriam massacrados antes que seus salvadores chegassem a pé. A única solução possível é, portanto, "saltar no formigueiro", na periferia imediata da cidade. Duas zonas de lançamento são planejadas: uma ao norte da cidade velha e outra a leste da cidade nova, nas imediações dos primeiros assentamentos de Kolwezi.

Um salto no desconhecido

Legionários saltando em Kolwezi.

Na noite de 17 para 18 de maio, os legionários paraquedistas deixaram seu acantonamento de caminhão e chegaram ao aeroporto em uma viagem de três horas na montanha, onde embarcariam no DC-8. O General Lacaza, comandante da 11ª Divisão Paraquedista, anunciou então ao Coronel Erulin sua missão: O REP recebeu ordens de saltar sobre Kolwezi para resgatar os reféns e evitar mais massacres.

Os cinco jatos chegarão em ordem dispersa em Kinshasa. O Coronel Erulin é ali recebido pelo Coronel Ballade, encarregado da formação técnica dos paraquedistas zairenses. O coronel Gras se juntará a eles mais tarde. Um briefing ajuda a resolver os detalhes da operação aerotransportada.

No dia 19 de maio, às 7h, os paraquedistas do REP estavam prontos para embarcar. A Força Aérea Zairense deveria fornecer-lhes sete aeronaves. No final, haverá apenas cinco em condição de vôo: quatro Hercules C-130 e um Transall C-160.

Uma contra-ordem cancelou a operação, causando imensa decepção entre os legionários paraquedistas. Em seguida, uma segunda contra-ordem cancela a primeira: A operação ocorre! Embarquem nos aviões!

Nunca os homens do REP estiveram tão lotados. A viagem, que dura quase cinco horas, é exaustiva. A falta de aparelhos permitiu o transporte de apenas 500 paraquedistas; 250 outros paras passarão por Kamina e saltarão na segunda onda.

Eram exatamente 15h40 quando o lançamento da primeira aeronave deu a tão esperada ordem: Já!

Um homem se lança no vazio, imediatamente seguido por companheiros. 500 corolas brancas abrem no céu de Kolwezi. Para os reféns, o fim do pesadelo. O Coronel Erulin pousou no Círculo Hípico, onde imediatamente instalou seu posto de comando. As três companhias de combate que saltaram com ele já estão se reunindo e lançando o ataque. O importante é engajar os Tigres katangueses para colocá-los fora de ação o mais rápido possível.

Corpos dos civis massacrados.

A 3ª companhia do Capitão Gausserès corre para sudeste. Primeiro objetivo, o hotel Impala, posto de comando dos rebeldes. Os porões estão cheios de cadáveres de homens e mulheres massacrados, empilhados uns sobre os outros. Com o calor, os corpos já estão se decompondo e o cheiro é tal que alguns legionários passam mal. Por toda parte, sangue, detritos humanos, moscas zumbindo. Em seguida, a progressão recomeça nas ruas, onde os cães estão devorando os cadáveres. Mas os paraquedistas não têm tempo para pensar nesse show de terror. Tiros são disparados contra eles! Acima de suas cabeças, as balas estão assobiando constantemente.

O tiroteio estala. Os Tigres agarrados ao solo, apoiados por duas metralhadoras, devem ser neutralizados um após o outro. Esses veículos blindados serão destruídos muito rapidamente pelos legionários paras, que, cobertos pelos atiradores de precisão, agora avançam em direção ao subúrbio nativo de Manika. Conforme os homens do Coronel Erulin avançam, europeus aparecem das casas onde estavam escondidos; eles não podem acreditar que finalmente foram libertados.

A 1ª companhia do Capitão Poulet se dirige ao sul, cruzando a cidade velha em direção aos dois lagos que fazem fronteira com a área residencial. Lá, também, os homens do REP descobriram incontáveis ​​cadáveres, a maioria deles africanos. Eles também estão apodrecendo e muitos já têm os olhos comidos por pássaros. O cheiro, mesmo ao ar livre, é insuportável.

No sudoeste, a 2ª companhia do Capitão Dubos avança em direção ao hospital, totalmente saqueado pelos rebeldes. Tiros e rajadas matraqueiam, enquanto os Tigres param após alguma resistência esporádica.

A segunda leva de aviões zairenses que chega de Kamina, carregando a 4ª Companhia do Capitão Grail, os morteiros do Tenente Veran e a seção de esclarecimento do Capitão Halbert, chega tarde demais em Kolwezi para ser lançada por largagem. Devendo passar a noite no aeroporto de Lubumbashi, enquanto os homens das outras três companhias multiplicam emboscadas e patrulhas.

Legionários em combate em Kolwezi.
Um deles tem um FAL capturado.

O Coronel Erulin montou seu posto de comando no liceu francês Jean-XXIII e controla perfeitamente a situação em toda a cidade. Na alva de 20 de maio, ele enviará a SER ao Campo Forrest, a nordeste da cidade, e a 4ª Companhia em cordão a leste da cidade nova.

A operação do REP é um sucesso total.

Armamento capturado dos guerrilheiros Tigres.

Em seguida, surgem para-comandos belgas que decidem sobre a evacuação total de Kolwezi por civis europeus. Sua chegada inesperada causa alguns erros e até troca de tiros com os paraquedistas franceses. Felizmente, essas "rebarbas" não causam feridos.

No dia seguinte, o Coronel Erulin montará uma operação no assentamento Metal Shaba, onde os Tigres tentaram se reagrupar. Tudo se resolveria rapidamente e a região de Kolwezi parecia perfeitamente tranquila quando no dia seguinte, 21 de maio, chegou o presidente Mobutu, ladeado pelo embaixador francês André Rom.

Com caminhões requisitados no local, os legionários paraquedistas farão uma breve operação, no dia 22 de maio, em Kapata, a cerca de dez quilômetros de Kolwezi. E está acabado. Os rebeldes cruzaram a fronteira de Angola. 250 deles foram mortos. Os resultados são 1.000 armas recuperadas, incluindo 4 canhões sem recuo e 15 morteiros. Mais de 2.000 europeus foram salvos das mortes horríveis que atingiram mais de 130 civis, homens, mulheres e crianças brancos.

O REP teve 5 mortos e 20 feridos. Mas a operação em Kolwezi provou que os legionários paraquedistas são dignos de seu lema: More Majorum ("Segundo o costume dos Antigos").


Post-script: Troféus do 2e REP em Aubagne

Bandeira do Zaire presenteada ao regimento.
(Foto do Tradutor)

Insígnia Tigre capturada.
(Foto do Tradutor)

Estátua de cera de um legionário paraquedista com o equipamento da época.
(Foto do Tradutor)

Bibliografia recomendada:

La Légion saut sur Kolwezi.
Pierre Sergent.

French Foreign Legion Paratroops.
Martin Windrow & Wayne Braby, e Kevin Lyles.

Leitura recomendada:


FOTO: Salto com máscaras de gás1º de abril de 2021.

domingo, 2 de maio de 2021

ARTE MILITAR: Cenas da Guerra da Indochina por Filip Štorch

Arte da capa.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 1º de maio de 2021.

Exemplos de cenas da Guerra da Indochina (1946-54) desenhados pelo artista tcheco Filip Štorch. O talentoso desenhista é artista conceitual de filmes e tem uma página no site ArtStation, e no site DeviantArt como Skvor.

Essas ilustrações são parte do projeto VIETMINH, de 2018, que é um livro de arte conceitual para um futuro jogo, inspirado em Vietcongum jogo de tiro em primeira pessoa de 2003.

Lançamento de paraquedistas, cena comum na Indochina.

Cenas de patrulha

Patrulha nos arrozais.

Montanhas e espaços abertos.

Uma vila em chamas.

Fortificações

Assalto aproximado do Viet-Minh.

Pequena guarnição na imensidão do arrozal.

Tropas passando por uma torre de vigia. Visão comum no Tonquim. Elas serviam tanto para barrar guerrilheiros Viet Minh quanto pelo medo de uma intervenção convencional chinesa..

Desenho incrivelmente preciso e detalhado das torres de guarda francesas no Tonquim, especialmente no delta do Rio Vermelho. Um arco de 378km de fortificações, à prova de obuses de 155mm, foi construído em grupos de três a seis em torno do perímetro do Delta; um cinturão interno de 56km de comprimento protegia as áreas da base de Haiphong. O programa exigia cerca de 2.950 toneladas métricas de concreto sendo entregue por dia.

Mapa topográfico.

Mais cenas de patrulha

Cachoeira.

Mapa topográfico com o lançamento de pára-quedas.

Templo abandonado.

Equipe de rádio observando o re-suprimento.

Vila vietnamita.

Desenho de armazéns da vila.

Legionários em posição na cachoeira observando os Viet-Minh que abateram.

Personagens

Os personagens principais da arte conceitual pertencem a um grupo de combate (GC) da Legião Estrangeira Francesa.

Sargento François Sauveterre.

Médico Pierre Lachance.

Helmut Dietrich,
veterano alemão da Frente Russa.

Sniper Andrzej Jacek,
veterano polonês da África do Norte com a Legião.

Atirador do GC Nguyen Manh Thinh,
supletivo e guia.

Rádio-operador Daniel Picard,
holandês.

Homem-ponto Quang Ngo Vinh,
supletivo e guia.

Capitão Guillaume Lavoie,
responsável pelas táticas e estratégia.

A unidade é diversa de acordo com a precisão histórica. O grupo tem um alemão veterano da Wehrmacht, que lutou na Frente Russa, enquanto o polonês é veterano da África do Norte pela Legião contra o Afrikakorps. Era e ainda é comum que ex-inimigos acabassem lutando do mesmo lado na Legião. Além dos ex-combatentes alemães afluindo na Legião durante os primeiros anos da Guerra da Indochina, os ex-inimigos alemães lutaram ao lado de soviéticos e até mesmo de espanhóis republicanos que lutaram na Guerra Civil Espanhola; um padrão que continuou na Argélia. Curiosamente, o grupo não tem nenhum tcheco, com o polonês sendo o único eslavo. A arte conceitual, no entanto, lembrou-se de adicionar dois vietnamitas, lembrando que o conflito foi uma mistura de guerra ideológica, guerra colonial e guerra civil, com indígenas apoiando os franceses e lutando contra os nativos comunistas também.

Os protagonistas da Legião interagiriam com locais e com inimigos.

Civis vietnamitas.

Combatentes Viet-Minh.

Exemplos de armamentos usados pelo Viet-Minh e pelos franceses.

Búfalos d'água, onipresentes na Indochina.

Por que a Indochina?

Paraquedistas franceses e vietnamitas do 6e BPC em marcha forçada de Tu Lê ao Rio Negro, no Tonquim, em outubro de 1952.
A arte conceitual representa bem o terreno do Tonquim.

Cena do filme "Dien Bien Phu", um dos filmes mais bem ambientados na história do cinema:


É interessante que um grupo tcheco tenha se interessado pela Indochina, um conflito que teria sido esquecido não fosse a participação da famosa Legião Estrangeira Francesa. Essa mesma Legião contava muitos tchecos e eslovacos combatendo na Indochina, então há uma lembrança no imaginário coletivo nacional sobre a guerra, e especificamente do lado francês - do lado da Legião.

Em 1958, a então Tchecoslováquia produziu o filme Cerný prapor (O Batalhão Negro, IMDb), um drama de 1:30h sobre um legionário tcheco lutando na Indochina. Ele é o jovem tcheco Václav Maly (Jaroslav Mares) que sobreviveu aos campos de concentração alemães da Segunda Guerra Mundial e agora busca por vingança. Tendo sobrevivido ao campo de concentração que viu as mortes de seu pai e irmã, o jovem procura o líder da guarda da SS, Wolf (Hannjo Hasse), que escapou dos Aliados. Ele descobre que o guarda se juntou à Legião Estrangeira Francesa e está lutando na Indochina Francesa. Assim, o jovem se junta à Legião Estrangeira e se voluntaria para a Indochina e, de alguma forma, é designado para a mesma unidade do guarda. Wolf é agora um tenente e líder de pelotão de uma unidade da Legião Estrangeira e os dois pretendem acertar suas diferenças em meio à guerra. O enredo segue uma história real semelhante que ocorreu entre um judeu-romeno e um ex-guarda de ferro (mas isso é história para outro dia!).

O legionário Václav Malý (interpretado por Jaroslav Mareš) com uma carabina americana M1A1 na selva indochinesa.

Um legionário levanta uma mulher apressadamente durante um recuo.
Os legionários são representados no filme como soldados profissionais.

Outra questão interessante é o filme representar o lado francês enquanto a Tchecoslováquia era parte do bloco soviético e, portanto, aliado ao Viet-Minh. E não apenas isso, mas representa os legionários como soldados profissionais, sem inclinações ideológicas, lutando porque devem lutar - "pois é isto que soldados fazem". Trata-se de mais um caso onde a Legião Estrangeira serve como embaixador cultural da França.

Além disso, o diretor Vladimír Cech sabia bem o que são lealdades em constante mudança: nascido em 1914, no Império Austro-Húngaro, vivenciou todas as mudanças até o fim da República Socialista da Tchecoslováquia, e morreu em dezembro de 1992 nos primeiros meses da nova República Tchecoslovaca. Um mês depois da sua morte, em janeiro de 1993, ocorreu a dissolução da Tchecoslováquia, com tchecos e eslovacos criando uma nova mudança política na região.

7554: Glorious Memories Revived,
dessa vez os franceses são os inimigos.

Atualmente, o único jogo ambientado na Guerra da Indochina (1946-54) é o jogo de tiro em primeira pessoa (FPS) vietnamita 7554: Glorious Memories Revived, o primeiro jogo de FPS do Vietnã. Apesar da história ser uma peça de propaganda seguindo a linha oficial do partido comunista vietnamita - ainda no poder -, as traduções ruins das legendas e das capacidades técnicas limitadas do jogo, 7554 pode ser elogiado pela apresentação correta dos uniformes e das armas da época.

O título do jogo é uma alusão à vitória Viet-Minh em Dien Bien Phu: 7554 = 7 - 5 - 1954. Desenvolvido pela Emobi Games, o jogo pode ser baixado de graça no site oficial da desenvolvedora, link.

Tela de menu mostrando os protagonistas Hoàng Đăng Bình, Nguyễn Thế Vinh, Lưu Trọng Hà e Hoàng Đăng An.

Bibliografia recomendada:

Street Without Joy:
The French Debacle in Indochina.
Bernard B. Fall.

Hell in a Very Small Place:
The Siege of Dien Bien Phu.
Bernard B. Fall.

The Last Valley:
Dien Bien Phu and the French Defeat in Vietnam.
Martin Windrow.

Manual de Estratégia Subversiva.
Vo Nguyen Giap.

Leitura recomendada: