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sábado, 14 de agosto de 2021

GALERIA: Cadetes femininas paraquedistas da Escola Superior de Ryazan


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 14 de agosto de 2021.

Cenas de treinamento das cadetes femininas da Escola Superior de Comando Aerotransportada de Guardas de Ryazan (RGVVDKU), fotografadas por Igor Rudenko em março de 2016.

A Escola Superior de Comando Aerotransportada de Guardas de Ryazan é um instituto educacional militar do Ministério da Defesa da Rússia. Foi formada pela primeira vez como Cursos de Infantaria de Ryazan em 13 de novembro de 1918 - portanto, é uma das mais antigas academias militares ativas na Rússia moderna. É a academia militar oficial e o centro de treinamento avançado das Forças Aerotransportadas Russas.

Cadetes posando com fuzis sniper SVD Dragunov.

Cadete com um traje ghillie e fuzil SVD Dragunov.

Seu nome completo é Escola Superior de Comando Aerotransportada de Guardas de Ryazan Ordem de Suvorov e duas vezes Ordem da Bandeira Vermelha em homenagem ao General do Exército V.F. Margelov (Ряза́нское гвардейское вы́сшее возду́шно-деса́нтное о́рдена Суво́рова два́жды Краснознамённое кома́ндное учи́лище и́мени генера́ла а́рмии В. Ф. Марге́лова, RGVVDKU).

O militar precedido pelo pomposo nome da escola é o General Vasiliy Filippovich Margelov, Herói da União Soviética e pai das Forças Aerotransportadas Soviéticas. Em agosto de 1959, o então Vice-Comandante das Forças Aerotransportadas, Tenente-General Vasily F. Margelov foi nomeado presidente da comissão de exame final da escola e, na graduação, de 129 novos oficiais, 119 tenentes foram enviados para as Forças Aerotransportadas (VDV). Com a maioria dos graduados sendo destacados para as Tropas Aerotransportadas, a escola foi renomeada como Escola Superior Aerotransportada de Ryazan Ordem da Bandeira Vermelha em 23 de março de 1964.








Cadete paraquedista cavalgando junto a um blindado.
Hipismo é uma atividade da academia.


Documentário: O Batalhão Paraquedista Feminino


O primeiro curso feminino da escola ocorreu em 2013. De 2014 a 2015, a RT russa produziu um documentário em 27 episódios chamado "O Batalhão Feminino", e dublado em inglês, acompanhando um grupo de cadetes femininas paraquedistas.


Mulheres nas forças armadas russas-soviéticas não são uma novidade, são até uma tradição em certa medida. Dos Batalhões da Morte Femininos no final da Primeira Guerra Mundial (1917-1918) às unidades snipers na Segunda Guerra Mundial. Em 14 de janeiro de 1942, paraquedistas soviéticos em manobras foram fotografados por Oleg Knorring do jornal Krasnaya Zvezda (Estrela Vermelha), nº 11, durante um exercício de inverno.

O matéria destaca duas paraquedistas com o texto:

"Paraquedistas soviéticas: Heroína paraquedista, portadora da Ordem da Bandeira Vermelha Galya Metlyaeva (à esquerda) e Zhenya Leonovaya. Fotocor instantâneo. Estrela Vermelha. O. Knorring."

Paraquedistas femininas fotografadas durante o exercício.

Outras imagens da matéria.

Bibliografia recomendada:

A guerra não tem rosto de mulher.
Svetlana Aleksiévitch.

Leitura recomendada:










FOTO: General paraquedista, 2 de outubro de 2020.

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

FOTO: Paraquedista "All American" mirim

Menininha francesa vestida como um paraquedista da 82nd, 4 de junho de 2015.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 11 de agosto de 2021.

Uma menininha francesa, vestida com um uniforme vintage da 82ª Divisão Aerotransportada (82nd Airborne Division, "All American") do Exército dos EUA da Segunda Guerra Mundial, posa em frente a um memorial dedicado aos aviadores do Comando de Transporte de Tropas da 9ª Força Aérea e paraquedistas da 82ª e 101ª Divisões Aerotransportadas em Picauville, na França.

Os paraquedistas perderam a vida quando seu avião caiu na cidade na noite de 5 para 6 de junho de 1944. Mais de 600 residentes franceses, veteranos da Segunda Guerra Mundial e militares dos Estados Unidos, França e Alemanha participaram da cerimônia. Mais de 380 militares americanos servindo na Europa e unidades históricas afiliadas ao Dia D também participaram.

Bibliografia recomendada:

US Airborne Divisions in the ETO 1944-45.
Steven Zaloga.

Até Berlim:
As Batalhas de um Comandante Pára-quedista 1943/1946.
General James M. Gavin (2 volumes).

Leitura recomendada:

FOTO: All American no Egito, 1º de agosto de 2020.

FOTO: General paraquedista, 2 de outubro de 2020.


FOTO: Irmandade paraquedista,  20 de abril de 2021.

101st Airborne, a "Nossa" Divisão", 29 de janeiro de 2020.

Exército dos EUA usa porto francês como novo ponto de partida para missão na Europa, 14 de julho de 2020.

Rússia: "Patriotas devem ser criados desde a infância", 11 de maio de 2021.


segunda-feira, 9 de agosto de 2021

GALERIA: Salto com máscaras de gás do 2e REP


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 1º de abril de 2021.

Legionários paraquedistas do 2e REP (Régiment Étranger de Parachutistes / Regimento Estrangeiro de Paraquedistas) com máscaras de gás e luvas em Calvi, na Córsega, 30 de maio de 2020.

O exercício de salto com máscaras de gás e luvas foi um gesto de propaganda durante o início da pandemia de coronavírus publicado pelo jornal Corse Matin, da Córsega, em 30 de maio de 2021. O comandante da unidade, Coronel Christophe de La Chapelle, desejava mostrar os cuidados que o regimento de elite estava tomando durante a quarentena.

Fila de legionários paraquedistas prontos para o embarque.

Uma das imagens da reportagem foi a transformação da oficina reparadora de pára-quedas em oficina de máscaras.

Outros regimentos paraquedistas franceses já haviam feito reportagens de comunicação social com as tropas saltando com máscaras para demonstrar apoio e dar o exemplo para a população - incluindo a escola paraquedista - mas a Legião é conhecida por sempre avançar um quilômetro a mais, com o ethos da Força sendo sempre de mais rusticidade, então os legionários saltaram logo com máscaras de gás mesmo.

Os legionários se orgulham de serem mais rústicos que os demais.

Vídeo recomendado:


Bibliografia recomendada:

A Legião Estrangeira.
Douglas Boyd.

Leitura recomendada:

FOTO: Salto de Quarentena, 25 de maio de 2020.

FOTO: Salto noturno na chuva26 de setembro de 2020.



sábado, 17 de julho de 2021

Forças Especiais: Inovação de suboficial do 13e RDP melhora a segurança dos saltadores operacionais

Por Laurent Lagneau, Zone Militaire OPEX 360, 17 de julho de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 17 de julho de 2021.

Durante a sua última viagem a Biscarrosse, no centro de “Teste de Mísseis” da Direção-Geral dos Armamentos (Direction générale de l’armementDGA), a Ministra das Forças Armadas, Florence Parly, citou a palavra “inovação” 19 vezes… e em particular para insistir na “inovação participativa”, ou seja, sobre a capacidade dos militares de imaginar soluções para os problemas operacionais com os quais são regularmente confrontados.


Assim, e no sentido de fomentar ainda mais esta inovação participativa, que já é tema do "prix de l’Audace" ("Prêmio da Audácia”), atribuído a cada dois anos pela Fundação Maréchal Leclerc de Hauteclocque, a Sra. Parly anunciou a criação, no próximo mês de Novembro, do “Troféu dos Inovadores da Defesa”, sob a égide da Agência da Inovação da Defesa (Agence de l’innovation de défenseAID). Este troféu "terá como objetivo premiar inovadores de todos os estatutos, civis ou militares, pertencentes ao ministério" e a sua primeira edição "terá como tema" operações em campos intangíveis", seja ciber, inteligência, luta por influência, ou capacidades cognitivas e psicológicas”, disse a Ministro.

De qualquer forma, 2020 terá sido um ano "dinâmico" para a inovação participativa. Excluindo aqueles relacionados com a Covid-19, a AID investigou 75 projetos, 32 dos quais foram financiados. E o DAPCO, para "Dispositivo de auxílio à aterragem para saltadores operacionais", foi distinguido na última edição do DROID (Document de référence de l’orientation de l’innovation de DéfenseDocumento de referência para a orientação da inovação em defesa).

Saltadores operacionais do 13e RDP.
Saltadores livres qualificados em saltos HALO e HAHO.

Concretamente, o DAPCO visa melhorar a segurança dos saltadores operacionais. Portanto, trata-se principalmente das forças especiais. Assim, em uma zona desértica e em condições de visibilidade zero, um paraquedista não percebe o solo quando está no final de suas linhas. Daí a ideia de avisá-lo que está prestes a pousar por meio de um sinal sonoro, para evitar o risco de perder velocidade ou chegar numa velocidade muito alta.

Este é, portanto, o princípio do DAPCO, desenvolvido por um chefe de gabinete do 13º Regimento de Dragões Paraquedistas (13e Régiment de Dragons Parachutiste, 13e RDP), com a ajuda da empresa de Bordéus BE Électronique. Em detalhes, este dispositivo tem a forma de uma "caixa que emite ondas de rádio na direção do solo e um receptor conectado à caixa V60 INVISIO, que emite sons no fone de ouvido PELTOR [anti-ruído]" do operador.

INVISIO V60.

Este projeto inovador recebeu um financiamento de 45.000 euros no âmbito da inovação participativa do Ministério das Forças Armadas.

Salto livre/operacional das forças especiais francesas


Bibliografia recomendada:

Commandos Parachutistes:
Au coeur de l'action.
Louis-Frédéric Dunal.

French Airborne Troops Wings and Insignia:
From the origins to the present day.
Jacques Baltzer e Éric Michéletti.

Leitura recomendada:



O primeiro salto da América do Sul, 13 de janeiro de 2020.



GALERIA: Reencenação do salto no Passo de Mitla, 31 de março de 2020.

sexta-feira, 18 de junho de 2021

FOTO: Legionários alpinistas

Legionários da companhia de montanha com fuzis FAMAS nos Alpes franceses, anos 1980.
A 2ª companhia do 2e REP, especializada em combate de montanha e alpinismo.

Após a guerra da Argélia, o 2e REP permaneceu como o único regimento paraquedista da Legião. O 2e REP então se reformou como um regimento pára-comando com as companhias possuindo uma especialização cada uma, seguindo o estilo do SAS britânico. A 2e Cie, companhia de lenço vermelho, é especializada em guerra de montanha.

Deslocar-se, morar e lutar a 3.000 metros de altitude, ou em frio extremo é uma das especializações dos legionários da 2ª Companhia, "Compagnie de Montagne".

Treinamento de alpinismo em Calvi, na Córsega, anos 80.
O legionário tem um fuzil sniper FR F1.

Bibliografia recomendada:

French Foreign Legion Paratroops,
Martin Windrow & Wayne Braby, Kevin Lyles.



GALERIA: Mulas ou Blindados?12 de abril de 2021.


FOTO: Comandos camuflados no inverno21 de setembro de 2020.


sábado, 5 de junho de 2021

GALERIA: Operações na região de Nghia Lo, com o 8e BPC e o 2e BEP

O Capitão-médico Chataigneau, do 2e BEP, gravemente ferido durante os combates em Nghia-Lo, é transportado por legionários (armados com fuzis dobráveis ​​MAS 36 CR 39) em direção ao posto de Gia-Hoi para sua evacuação médica, outubro de 1951.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 5 de junho de 2021.

Operação na região de Nghia Lo em que participam o 8e BPC (8e Bataillon de Parachutistes Coloniaux8º Batalhão Colonial de Paraquedistas) e o 2e BEP (2e Bataillon Étranger de Parachutistes2º Batalhão Estrangeiro de Paraquedistas), parte da Batalha de Hoa Binh, no Tonkin. Essa operação foi típica das batalhas pelo controle do Viet Bac, o coração do Tonquim, no norte da Indochina.

O posto de Nghia Lo era defendido pelo 1er bataillon Thaï (1º Batalhão Tai) do Major Girardin, contando 1.000 homens. Também lançado com o 8e BPC foi a antena cirúrgica n° 1 (antenne chirurgicale n° 1PCA n° 1) do Tenente-médico Fourès.

Durante os combates em Nghia Lo, o major Rémy Raffalli, comandando o 2e BEP, compartilha um café com um cabo. Amado pelo batalhão, Raffali seria ferido por um sniper em 1º de setembro de 1952 durante uma operação de rotina. Evacuado para Saigon, morreria devido aos ferimentos no dia 10 do mesmo mês. Ele dá nome ao quartier do atual 2e REP.

No âmbito da batalha de Nghia Lo, o General Salan assumindo, na ausência do General de Lattre de Tassigny, o comando das Forças Francesas na Indochina, decidiu lançar o 8e BPC de pára-quedas em Gia-Hoï (20km a noroeste de Nghia Lo) no dia 2 de outubro, a fim de tomar de surpresa as forças Viet-Minh da Divisão 312, atacando pela sua retaguarda.

Os vietminhs lançaram seu ataque a Nghia Lo na noite de 2-3 de outubro e colocaram o 8º BPC em uma posição crítica. A partir daí, o General Salan engajará o 2e BEP que se encontrava em Gia-Hoï no dia 4 de outubro (operação “Thérèse”).

Um legionário de origem espanhola do 2e BEP coloca um capacete de fibra na cruz de bambu marcando o local do túmulo de um camarada que caiu durante a luta em Nghia Lo, outubro de 1951

O Tenente-Coronel de Rocquigny, comandante do grupo operacional formado pelo 8e BPC e o 2e BEP e o Major Raffalli, comandante do 2e BEP, se reúnem junto ao túmulo do legionário caído em Nghia Lo, outubro de 1951.

Um legionário de 1ª classe húngaro do 2e BEP vigia um piton (elevação) atrás de sua metralhadora Browning M1919A4 calibre .30. É lá que se localizava o posto de comando da Divisão 312 (Daï Doan 312) do Viet-Minh, no auge do confronto, outubro de 1951.

Durante os combates em Nghia Lo, quadros do 2e BEP avançam pelo rio Nam Minh, outubro de 1951. Em primeiro plano, o Capitão Coat (que será morto em 15 de outubro de 1951), vestido com o raro traje de camuflagem americano M42. O segundo legionário usa um casquete (calot) de infantaria da Legião Estrangeira (verde com fundo vermelho), considerado cobertura de descanso, no lugar da boina verde usada desde 1949. Essa prática cessará em 1952 com a adoção definitiva da boina verde.

Durante as batalhas de Nghia Lo, em outubro de 1951, um sargento-chefe de origem belga (à esquerda) e o Sargento Thater, de origem alemã, da 2e CIPLE (2e Compagnie Indochinoise Parachutiste de la Légion Étrangère) do 2e BEP, descansam e fumam cigarros entre as árvores de bambu. O sargento Thater foi morto em uma emboscada perto da vila de Xuong Si em 24 de dezembro de 1951.

O esforço dos dois batalhões seria reforçado pelo 10e BPCP (10e Bataillon Parachutiste de Chasseurs à Pied / 10º Batalhão Paraquedista de Caçadores a Pé), que saltara em apoio em 6 de outubro. Os efetivos indígenas (10e CIP) desse batalhão formariam depois o 3e BPVN.

As forças do Viet-Minh são compostas principalmente pela divisão de montanha 312 do Coronel Lê Trọng Tấn que incluía os três batalhões (Tien Doan, TD) 209, 141 e 165. As forças envolvidas nas batalhas foram 12.000 Bo Dois (regulares), 3.000 coolies, 30 canhões de 75, 80 morteiros e 200 bazucas.

Para o General Nguyen Giap, é uma derrota. Forçado a retirar sua Divisão 312, ele não pôde continuar sua campanha do noroeste. Do ponto de vista tático, o uso de paraquedistas, apoiados pela Força Aérea e operando na retaguarda do inimigo tornou-se um modelo desse tipo operação.

As perdas francesas, segundo o General Salan, foram 36 mortos, 96 feridos e 163 desaparecidos. As perdas do 2e BEP foram de 7 mortos, dentre os quais o Tenente Lecoeur, 27 feridos e 19 desaparecidos. As perdas do Viet-Minh, segundo Salan e Pierre Montagnon, são 1.000 mortos e 2.500 feridos. Para Erwan Bergot, as perdas seriam de 4.000 mortos e 1.300 prisioneiros.

Parada militar e condecoração dos vencedores de Nghia Lo pelo General de Lattre de Tassigny.

O Tenente Calixte, assistente do comandante da 4ª companhia (ex-2ª companhia) do 2º BEP, foi condecorado pelo General de Lattre de Tassigny por sua conduta durante a luta de Nghia-Lo. Podemos ver no ombro do oficial a insígnia do 1º Exército "Reno e Danúbio" cujo traje comemorativo está reservado aos ex-soldados desta formação, novembro de 1951.

Em seu retorno da França, o general de Lattre de Tassigny, alto comissário da França e comandante-em-chefe na Indochina, recompensa os vencedores de Nghia-Lo, durante uma parada militar imponente em Ninh-Giang, em novembro de 1951.

Durante uma cerimônia em Ninh-Giang, o Major Raffalli, comandante do 2e BEP, acaba de ser promovido a oficial da Legião de Honra e condecorado com a Croix de guerre des Théâtres d'Opérations Extérieures pelo General de Lattre de Tassigny. Gravemente ferido por um tiro enquanto acompanhava seu batalhão pela última vez em operação, dois dias depois do fim do seu comando, ele morreu em Saigon em 10 de setembro de 1952.

O guião do 3/5e REI (3º Batalhão do 5º Regimento Estrangeiro de Infantaria), apresentado pelo Comandante Dufour, é condecorado pelo General de Lattre de Tassigny, novembro de 1951.

No passo caracteristicamente lento da Legião Estrangeira, o 5e REI (Regimento Estrangeiro de Infantaria) marcha durante uma parada em Ninh Giang. Em primeiro plano, um praça que acaba de receber a Croix de Guerre des TOE das mãos do general.

O General de Lattre de Tassigny condecora um sargento do 2e BEP cujo quepe de suboficial (podemos distinguir a tira de queixo de ouro das armações) é coberto com um cobre-quepe branco de soldado, prática comum em desfile. À direita, quadro do serviço médico do 2e BEP portando, no bolso esquerdo da camisa, a insígnia do Serviço de Saúde indicando sua especialidade.

Um sargento do 2e BEP é condecorado pelo General de Lattre de Tassigny. Usando um képi de oficial não-comissionado, mas coberto com um cobre-quepe branca de soldados e cabos, esse sargento também usa um cinto branco de desfile, de fabricação local e específico para os 1er e 2e BEP.

Após os combates de Nghia Lo, onde se destacou, o Capitão Hélie Denoix de Saint Marc, líder da 2e CIPLE (Compagnie Indochinoise Parachutiste de la Légion Étrangère) do 2e BEP, foi condecorado pelo General de Lattre de Tassigny durante uma parada militar em Ninh-Giang. Hélie de Saint Marc é até hoje um dos mais respeitados e estudados militares nas academias francesas.

Bibliografia recomendada:

Manual da Estratégia Subversiva,
General Vo Nguyen Giap.

Leitura recomendada:





quarta-feira, 19 de maio de 2021

19 de maio de 1978: Os legionários paraquedistas do 2e REP saltam sobre Kolwezi (Operação Bonite)


Do blog Theatrum Belli, 19 de maio de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 19 de maio de 2021.

Na quarta-feira, 17 de maio de 1978, por volta das 10 horas da manhã, o telefone tocou no gabinete do Coronel Philippe Erulin, comandante do 2º Regimento Estrangeiro de Paraquedistas (2e Régiment Étranger de Parachutistes, 2e REP), cujo quartel está localizado no Camp Raffali, na Córsega:

- Aqui, General Liron, da 2ª Brigada Paraquedista; seu regimento entra em alerta "às seis horas".

O prazo é muito curto. Levaria pelo menos três vezes mais tempo para reunir legionários e oficiais, dispersos em diferentes etapas do continente ou deslocados em manobras nas montanhas da Córsega.

Coronel Philippe Erulin.

Porém, para Philippe Erulin, a palavra "impossível" não existe. Depois de ter servido como tenente durante os anos mais difíceis da guerra da Argélia, aqui está ele à frente do regimento mais prestigioso de todo o exército francês, este 2º Regimento Estrangeiro de Paraquedistas, denominado 2e REP, ou simplesmente REP, desde que é o único do gênero, tendo o 1er REP sido dissolvido após o “putsch" (golpe) dos generais de Argel em abril de 1961, e nunca mais reconstituído.

A comunicação telefônica do General Liron significa para o REP o início de uma aventura que culminará, dois dias depois, num salto operacional no próprio coração da África negra, nesta província do Zaire (ex-Congo Belga) hoje conhecida como Shaba e que entrou para a história militar em 1960, quando ainda tinha o nome de Katanga.

Homens excepcionais a serviço da França

Nesta bela manhã de primavera da Córsega, o Coronel Erulin imediatamente colocou seu regimento em alerta. Não existem duas unidades como a dele na França. Os homens do REP são diferentes de outros paraquedistas, assim como são de outros legionários; eles somam as qualidades desses dois corpos de elite. Podemos até dizer que os multiplicam. Durante seu engajamento, uma seleção implacável permite identificar o melhor daqueles que estão dispostos a dar cinco anos de sua vida e, se necessário, sua própria vida, à bandeira verde e vermelha da Legião, sua nova pátria. Vindos de todas as nações e de todas as classes sociais, todos esses homens têm em comum a juventude, a força, o gosto pelo risco e, acima de tudo, essa vontade prodigiosa de lutar sem a qual não haveria tropas de elite. Profissionais do combate, eles são soldados profissionais tanto quanto soldados da fortuna.

Capitão da 1ª companhia, granadeiro da 2ª companhia e atirador de elite da 4ª companhia em Kolwezi, 1978. Ilustração de Kevin Lyles para o livro "French Foreign Legion Paratroops". (Osprey Publishing)

Desde o fim das guerras coloniais na Indochina e na Argélia, o REP passou por profundas mudanças em sua estrutura. O brevê paraquedista não é mais um fim em si mesmo; é uma porta aberta para outras especialidades que exigem as mesmas qualidades viris. Uma geração de quadros que só conheceu os conflitos em tempos de paz, como os do Chade ou do Líbano, agora está ávida por novas técnicas militares. As especialidades mais inusitadas tornam-se uma paixão, rapidamente partilhada por todos num entusiasmo comum. O REP, com um efetivo de mil homens, inclui uma companhia de comando e cinco companhias de combate. Cada um deles é especializado ao mais alto grau. O primeiro, treinado em combate contra os tanques de guerra, afirma que nenhuma blindagem pode resistir a ele; a segunda é uma unidade de montanha, familiarizada com rochedos e neve, no inverno e no verão; o terceiro, uma companhia anfíbia, treina nadadores de combate e pode desembarcar em qualquer margem; a quarta reúne atiradores de precisão e especialistas em sabotagem. Quanto à companhia de apoio, ela inclui uma seção de mísseis MILAN, uma seção de morteiros e, sobretudo, uma seção de esclarecimento e reconhecimento (section d’éclairage et de reconnaissance, SER), na qual todos os legionários e oficiais são capazes de lançarem-se em queda livre e caindo do céu, com absoluta precisão, em qualquer objetivo operacional. Esta é a unidade que saltará sobre Kolwezi em 19 de maio de 1978.

Mas o que está acontecendo em Kolwezi?

Os "Tigres" em Kolwezi

Esta cidade, totalmente ligada à atividade da empresa Gécamines, que extrai cobre e diamantes, é uma das zonas mais sensíveis de África. A riqueza do subsolo, o afastamento da capital - Kinshasa dista cerca de 1.500 km -, antigas tendências tribais separatistas, tudo isto facilita a tentativa de desintegração do estado zairense liderado desde a ex-província portuguesa de Angola os exilados katangeses, os militantes da Frente Nacional de Libertação do Congo (Front national de libération du Congo, FLNC), hostil ao Presidente Mobutu, os "conselheiros" cubanos, cerca de vinte mil, e alguns agentes soviéticos determinados a empurrarem um novo peão no tabuleiro de xadrez africano.

No ano anterior, em 1977, uma invasão katangese já havia sido repelida pelas forças armadas do Zaire (Forces Armées du Zaïre, FAZ), e o próprio Presidente Mobutu liderou o combate, que logo se tornou lendário, em Kamanyola em 12 de junho de 1964.

O alerta parece ter passado, mas apesar da aparente calma, a preocupação permanece. 3.000 europeus vivem em Kolwezi. São principalmente famílias de franceses e belgas que trabalham, na sua maior parte, em Gécamines.

No sábado, 13 de maio, véspera do feriado de Pentecostes, a cidade foi repentinamente invadida por soldados em uniformes camuflados que lutaram contra os soldados das FAZ, rapidamente forçados a recuar em alguns pontos de apoio que logo foram cercados. Os atacantes são do FLNC e muitos têm 15 anos. Ostentando um distintivo adornado com um tigre de prata, eles estão fortemente armados, geralmente com fuzis de assalto Kalashnikov soviéticos.

Assim que eles chegam em Kolwezi, a pólvora fala. Esses katangeses massacram os homens das FAZ que caem em suas mãos e prendem europeus, imediatamente acusados ​​de serem mercenários. Muito rapidamente, a atmosfera fica tensa. Os civis estão enfurnados em suas casas, esperando o pior. Nada pode desencadear o massacre de todos esses brancos, agora considerados reféns pelos 4.000 tigres do Major Mufu.

Em Kinshasa, o presidente Mobutu está tentando minimizar os eventos em Kolwezi. Ele prepara a resposta com seu chefe de gabinete, General Ba-Bia, e convoca os embaixadores, o mais ciente deles é sem dúvida o representante da França, Sr. André Ross.

Mobutu Sese Seko com uniforme camuflado estilo leopardo e asas de paraquedista francesas, 1978.

O chefe de estado zairense estabelece contato telefônico com o presidente francês, Valéry Giscard d'Estaing. Mesmo que queira resolver o caso sozinho, Mobutu não pode descartar a possibilidade de intervenção militar estrangeira para salvar seu poder pessoal e a unidade da nação zairense. A ameaça soviético-cubana torna-se um argumento decisivo em seu apelo por ajuda ocidental.

Sem mais delongas, o adido militar em Kinshasa, Coronel Larzul, e o chefe da missão de assistência militar francesa, Coronel Gras, começaram a trabalhar para preparar, "em qualquer caso", um plano de intervenção aerotransportada em Kolwezi. Sem dúvida, seria desejável que outras potências interviessem. Mas todos eles estão relutantes, incluindo os belgas, muitos de cujos nacionais estão ameaçados em Kolwezi.

Na cidade entregue às exações dos Tigres, a situação piorou no dia 15 de maio e piorou no dia 16. Naquele dia, às 10h, uma companhia de paraquedistas zairenses foi lançada nos arredores de Kolwezi. É um fracasso sangrento. Os Tigres espalham o boato de que são paras europeus e anunciam represálias. De fato, os massacres começam. Aleatoriamente. Os soldados da FLNC estão bêbados de álcool e viciados em cânhamo. Enlouquecidos de raiva, eles atiram em qualquer um que considerem suspeito, seja preto ou branco. Uma segunda companhia de paraquedistas zairenses, com o Capitão Malule, salta em Lubumbashi, a sudeste de Kolwezi, e avança pela estrada em direção à cidade investida; esses fiéis a Mobutu conseguem dominar o campo de aviação, mas não avançam. O ataque deles aumenta a fúria dos novos mestres de Kolwezi em dez vezes. Os massacres se amplificam.

Em 17 de maio, a intervenção francesa foi decidida. O REP foi colocado em alerta em Calvi, enquanto o presidente Mobutu corajosamente foi ao campo de aviação de Kolwezi, completamente libertado pelos paraquedistas de Malule. Reforços poderiam ser pousados ​​lá, mas fica a 5km fora da cidade e todos os reféns provavelmente seriam massacrados antes que seus salvadores chegassem a pé. A única solução possível é, portanto, "saltar no formigueiro", na periferia imediata da cidade. Duas zonas de lançamento são planejadas: uma ao norte da cidade velha e outra a leste da cidade nova, nas imediações dos primeiros assentamentos de Kolwezi.

Um salto no desconhecido

Legionários saltando em Kolwezi.

Na noite de 17 para 18 de maio, os legionários paraquedistas deixaram seu acantonamento de caminhão e chegaram ao aeroporto em uma viagem de três horas na montanha, onde embarcariam no DC-8. O General Lacaza, comandante da 11ª Divisão Paraquedista, anunciou então ao Coronel Erulin sua missão: O REP recebeu ordens de saltar sobre Kolwezi para resgatar os reféns e evitar mais massacres.

Os cinco jatos chegarão em ordem dispersa em Kinshasa. O Coronel Erulin é ali recebido pelo Coronel Ballade, encarregado da formação técnica dos paraquedistas zairenses. O coronel Gras se juntará a eles mais tarde. Um briefing ajuda a resolver os detalhes da operação aerotransportada.

No dia 19 de maio, às 7h, os paraquedistas do REP estavam prontos para embarcar. A Força Aérea Zairense deveria fornecer-lhes sete aeronaves. No final, haverá apenas cinco em condição de vôo: quatro Hercules C-130 e um Transall C-160.

Uma contra-ordem cancelou a operação, causando imensa decepção entre os legionários paraquedistas. Em seguida, uma segunda contra-ordem cancela a primeira: A operação ocorre! Embarquem nos aviões!

Nunca os homens do REP estiveram tão lotados. A viagem, que dura quase cinco horas, é exaustiva. A falta de aparelhos permitiu o transporte de apenas 500 paraquedistas; 250 outros paras passarão por Kamina e saltarão na segunda onda.

Eram exatamente 15h40 quando o lançamento da primeira aeronave deu a tão esperada ordem: Já!

Um homem se lança no vazio, imediatamente seguido por companheiros. 500 corolas brancas abrem no céu de Kolwezi. Para os reféns, o fim do pesadelo. O Coronel Erulin pousou no Círculo Hípico, onde imediatamente instalou seu posto de comando. As três companhias de combate que saltaram com ele já estão se reunindo e lançando o ataque. O importante é engajar os Tigres katangueses para colocá-los fora de ação o mais rápido possível.

Corpos dos civis massacrados.

A 3ª companhia do Capitão Gausserès corre para sudeste. Primeiro objetivo, o hotel Impala, posto de comando dos rebeldes. Os porões estão cheios de cadáveres de homens e mulheres massacrados, empilhados uns sobre os outros. Com o calor, os corpos já estão se decompondo e o cheiro é tal que alguns legionários passam mal. Por toda parte, sangue, detritos humanos, moscas zumbindo. Em seguida, a progressão recomeça nas ruas, onde os cães estão devorando os cadáveres. Mas os paraquedistas não têm tempo para pensar nesse show de terror. Tiros são disparados contra eles! Acima de suas cabeças, as balas estão assobiando constantemente.

O tiroteio estala. Os Tigres agarrados ao solo, apoiados por duas metralhadoras, devem ser neutralizados um após o outro. Esses veículos blindados serão destruídos muito rapidamente pelos legionários paras, que, cobertos pelos atiradores de precisão, agora avançam em direção ao subúrbio nativo de Manika. Conforme os homens do Coronel Erulin avançam, europeus aparecem das casas onde estavam escondidos; eles não podem acreditar que finalmente foram libertados.

A 1ª companhia do Capitão Poulet se dirige ao sul, cruzando a cidade velha em direção aos dois lagos que fazem fronteira com a área residencial. Lá, também, os homens do REP descobriram incontáveis ​​cadáveres, a maioria deles africanos. Eles também estão apodrecendo e muitos já têm os olhos comidos por pássaros. O cheiro, mesmo ao ar livre, é insuportável.

No sudoeste, a 2ª companhia do Capitão Dubos avança em direção ao hospital, totalmente saqueado pelos rebeldes. Tiros e rajadas matraqueiam, enquanto os Tigres param após alguma resistência esporádica.

A segunda leva de aviões zairenses que chega de Kamina, carregando a 4ª Companhia do Capitão Grail, os morteiros do Tenente Veran e a seção de esclarecimento do Capitão Halbert, chega tarde demais em Kolwezi para ser lançada por largagem. Devendo passar a noite no aeroporto de Lubumbashi, enquanto os homens das outras três companhias multiplicam emboscadas e patrulhas.

Legionários em combate em Kolwezi.
Um deles tem um FAL capturado.

O Coronel Erulin montou seu posto de comando no liceu francês Jean-XXIII e controla perfeitamente a situação em toda a cidade. Na alva de 20 de maio, ele enviará a SER ao Campo Forrest, a nordeste da cidade, e a 4ª Companhia em cordão a leste da cidade nova.

A operação do REP é um sucesso total.

Armamento capturado dos guerrilheiros Tigres.

Em seguida, surgem para-comandos belgas que decidem sobre a evacuação total de Kolwezi por civis europeus. Sua chegada inesperada causa alguns erros e até troca de tiros com os paraquedistas franceses. Felizmente, essas "rebarbas" não causam feridos.

No dia seguinte, o Coronel Erulin montará uma operação no assentamento Metal Shaba, onde os Tigres tentaram se reagrupar. Tudo se resolveria rapidamente e a região de Kolwezi parecia perfeitamente tranquila quando no dia seguinte, 21 de maio, chegou o presidente Mobutu, ladeado pelo embaixador francês André Rom.

Com caminhões requisitados no local, os legionários paraquedistas farão uma breve operação, no dia 22 de maio, em Kapata, a cerca de dez quilômetros de Kolwezi. E está acabado. Os rebeldes cruzaram a fronteira de Angola. 250 deles foram mortos. Os resultados são 1.000 armas recuperadas, incluindo 4 canhões sem recuo e 15 morteiros. Mais de 2.000 europeus foram salvos das mortes horríveis que atingiram mais de 130 civis, homens, mulheres e crianças brancos.

O REP teve 5 mortos e 20 feridos. Mas a operação em Kolwezi provou que os legionários paraquedistas são dignos de seu lema: More Majorum ("Segundo o costume dos Antigos").


Post-script: Troféus do 2e REP em Aubagne

Bandeira do Zaire presenteada ao regimento.
(Foto do Tradutor)

Insígnia Tigre capturada.
(Foto do Tradutor)

Estátua de cera de um legionário paraquedista com o equipamento da época.
(Foto do Tradutor)

Bibliografia recomendada:

La Légion saut sur Kolwezi.
Pierre Sergent.

French Foreign Legion Paratroops.
Martin Windrow & Wayne Braby, e Kevin Lyles.

Leitura recomendada:


FOTO: Salto com máscaras de gás1º de abril de 2021.