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quinta-feira, 22 de outubro de 2020

PERFIL: General Germán Busch Becerra - Herói do Chaco e presidente da Bolívia (1937-1939)

Tenente-General Germán Busch Becerra.
(Colorização de Krisgabwooshed)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 22 de outubro de 2020.

O General Germán Busch Becerra é uma figura reverenciada na Bolívia. Herói da Guerra do Chaco de 1932-1935, participou da derrubada de todos os seus 3 antecessores (Hernando Siles Reyes, Daniel Salamanca Urey e José David Toro Ruilova) antes de se tornar presidente em 1937. Ele tentou democratizar e promulgar reformas sociais e econômicas massivas na Bolívia, mas se cansou do "jogo político". Descrito como "errático", provavelmente por causa de PTSD não-diagnosticado (síndrome de estresse pós-traumático), ele se declarou ditador em 24 de abril de 1939, anulando assim a própria ordem política que ele havia criado meticulosamente, aparentemente "cometendo suicídio" 4 meses depois, em 23 de agosto de 1939.

Retrato original em preto-e-branco.

Em 1922, aos 18 anos, Germán ingressou no Colégio Militar do Exército na capital La Paz, onde alcançou o posto de Segundo Tenente de Cavalaria em 1927, e se tornou ajudante de ordens do Estado-Maior Geral. Em 1931 foi promovido a 1º Tenente e condecorado com a Ordem do Condor dos Andes (La Orden del Cóndor de los Andes) por sua expedição às missões de San Ignacio de Zamucos no Chaco.

Em setembro de 1932, a Guerra do Chaco estourou entre a Bolívia e o Paraguai, onde ele participou do primeiro confronto na Batalha do Boquerón. Nas primeiras etapas da Guerra do Chaco, ele salvou uma divisão inteira da destruição certa durante a Batalha de Gondra, bem como 900 homens do seu próprio regimento de cavalaria, lutando a pé, o qual ele dirigiu para fora do bolsão de Campo Vía. Ele seria promovido a capitão por sua bravura em várias ações após a Batalha do Boquerón.

Como major, participou e executou o grosso da ação no polêmico golpe-de-estado que derrubou o presidente constitucional Daniel Salamanca em 27 de novembro de 1934, em plena guerra e a apenas doze quilômetros da linha de frente. A razão disso foi a constante confrontação de chefes do Alto Comando boliviano com Salamanca sobre a condução da guerra e a emissão de nomeações e promoções militares. Quando o presidente Salamanca decidiu viajar pessoalmente ao teatro de operações para demitir o General Enrique Peñaranda e substituí-lo, os principais líderes do exército boliviano ordenaram que os canhões fossem apontados contra o chalé da casa de Staudt onde o presidente estava hospedado. O Major Busch, por ordem do Coronel David Toro, cercou a residência e forçou a renúncia de Salamanca.

Soldados bolivianos se movendo pelo terreno inclemente do Chaco.

Busch conspirou novamente em 1936, desta vez derrubando o sucessor de Salamanca e ex-vice-presidente, José Luis Tejada. Tejada era desprezado pelos líderes militares bolivianos que o viam como parte das velhas elites políticas que irresponsavelmente os levaram à guerra e então não os equiparam adequadamente para vencê-la. A incapacidade do presidente de controlar os problemas econômicos que afetavam o país foi causa suficiente para que jovens oficiais como Busch o derrubassem. Germán Busch serviu como presidente interino por três dias entre 17 de maio e 20 de maio de 1936 antes de nomear seu amigo e camarada de alto escalão, David Toro, que era o chefe de estado-maior de Tejada, como presidente de fato.

Toro presidiu um experimento reformista chamado Socialismo Militar (defendido por Busch) por pouco mais de um ano. Logo, porém, o governo Toro conquistou o descontentamento da população indígena e do exército. O próprio Busch se sentia insatisfeito com o pragmatismo e compromissos políticos aparentemente intermináveis de Toro que para ele pareciam não levar a lugar nenhum. Em 13 de julho de 1937, Busch liderou um movimento político com o apoio de militares e apoiado pelos cidadãos, conseguindo a renúncia de Toro e instalando-se no Palácio Quemado. Busch assumiu a presidência aos 33 anos, o segundo presidente mais jovem da Bolívia, depois de Antonio José de Sucre.

Embora Busch fosse um herói nacional, suas inclinações políticas eram desconhecidas da população em geral. A esquerda e a direita presumiram que ele voltaria do socialismo militar de Toro ao estabelecimento político tradicional que a Bolívia tinha visto antes da Guerra do Chaco, um sentimento que o próprio Busch pouco fez para esclarecer. Embora mostrando uma tendência para o conservadorismo econômico, politicamente seu regime começou a adotar elementos mais radicais da administração de Toro.

Em junho de 1938, o governo Busch anunciou a imigração aberta para a Bolívia em uma reversão repentina da política governamental anterior; permitindo a imigração irrestrita de judeus, tornando a Bolívia o primeiro país a fazê-lo, mas que foi contra as fortes simpatias nacional-socialistas e pró-alemãs do exército.

Diante do escândalo da imigração, insatisfeito com os resultados produzidos por suas poucas reformas e com pouco apoio da esquerda fragmentada, Busch decidiu que uma nova direção era necessária. Para espanto da nação, Busch, cansado do "jogo político" e, totalmente destituído da arte do compromisso, declarou-se ditador a partir de 24 de abril de 1939, anulando a própria ordem política que havia meticulosamente criado. A Constituição de 1938, embora ainda em vigor, seria agora aplicada por meio de decreto executivo com a suspensão do congresso. Ele também criou o Banco Nacional da Bolívia e o Banco Mineiro da Bolívia.

Capa do jornal La Razón de 24 de agosto de 1939.

No entanto, nas últimas semanas de sua vida, a pressão da mídia contra seu governo tornou-se mais severa. Os ataques contra sua liderança incluíam alegações de “que ele era jovem e inexperiente para governar” e “que não tinha cultura nem conhecimento”. Como medida da natureza vulcânica e imprevisível de Busch e da aversão à imprensa, ele certa vez fez com que Alcides Arguedas - um respeitado diplomata, político e escritor boliviano - fosse levado a seu escritório, onde Germán o agrediu fisicamente com um tapa por uma coluna crítica ao seu regime. Na época, Arguedas tinha 60 anos e Busch 35.

Os ataques contra ele foram agravados pelas poderosas elites e barões do estanho que iniciaram uma cruzada contra Germán Busch, depois que ele lançou o decreto de 7 de junho de 1939 com o rótulo “Que a Bolívia se aproveite das suas riquezas”, que ordenava a entrega de 100% da moeda dos mineiros ao Estado.

Sua estranha morte foi muito discutida em sua época e ainda é hoje. Um dos seus biógrafos, o autor Marco Lora Callejas, afirma:

"Busch acordou na madrugada de 23 de agosto de 1939 com uma bala calibre 32 na cabeça, na mesa de trabalho de sua casa em Miraflores. A análise forense da autópsia realizada tardiamente em seu corpo e a investigação negligente para esclarecer sua morte polêmica, que foi marcada por omissões e irregularidades, apenas sustentam a tese do assassinato".

- Marco Lora Callejas, Germán Busch el Centauro del Chaco: La legendaria vida y obscura muerte del héroe boliviano, 2018.

Bibliografia recomendada:

The Chaco War 1932-35.
Alejandro de Quesada e Philip Jowett, e Ramiro Bujeiro.

Leitura recomendada:


segunda-feira, 28 de setembro de 2020

PERFIL: Veterana da USAF estampa a capa da Playboy em três países

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 28 de setembro de 2020.

Aleen Nichol Johnson, de 25 anos, natural do Arkansas nos Estados Unidos, despertou a atenção da Playboy ao exibir suas curvas e tatuagens nas redes sociais. Com 240 mil seguidores no Instagram (endereço: @thefitpizzagirl), Aleen costuma postar fotos nas quais aparece de lingerie e até de topless em posições "provocantes", para dizer o mínimo. Sendo mais conhecida como The Fit Pizza Girl (A Garota da Pizza em Forma), ela até mesmo tatuou uma fatia de pizza na nádega direita.

Aleen comendo pizza, uma das suas marcas registradas.

Aleen Johnson na capa da For Him Magazine (FHM).

Veterana da força aérea americana (United States Air Force, USAF), a "modelo" estampou a capa da famosa publicação masculina em três países diferentes só neste ano (além de publicações menores). Em janeiro, ela foi o destaque da Playboy neo-zelandesa. Dois meses depois, posou para a edição sueca e, no mês de maio, estampou a capa da edição portuguesa.

Nova Zelândia, janeiro de 2020.

Suécia, março de 2020.

Portugal, maio de 2020.

Leitura recomendada:

Cadete de West Point pediu doações para subsidiar um encontro com uma estrela pornô, 25 de janeiro de 2020.

HUMOR: As 4 Fases da Mulher Policial21 de janeiro de 2020.

O transporte de carga e o soldado feminino8 de janeiro de 2020.

As mulheres deveriam entrar em combate?8 de março de 2020.

FOTO: Partisans italianas em Castelluccio31 de março de 2020.

FOTO: Cavalaria Aérea na Coréia16 de maio de 2020.

PINTURA: Mulheres na Grande Marcha6 de março de 2020.

As forças armadas canadenses querem atrair recrutas encurtando e apertando suas saias dos uniformes3 de maio de 2020.

GALERIA: Primeira turma de mulheres paraquedistas do Exército Mexicano em 22 anos1º de junho de 2020.

ENTREVISTA: A biógrafa Jung Chang diz que a Imperatriz-Viúva "Não é um modelo a ser seguido"1º de julho de 2020.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

PERFIL: Ivica Jerak, o croata que morreu como um herói americano

Master Sergeant Ivica Jerak.

Por Eric SOF, SpecOps Magazine, 4 de abril de 2016.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 4 de junho de 2020.

Ivica Jerak era membro do 1º SFOD-D ou publicamente conhecido como Delta Force, a unidade especializada em guerra urbana, que foi morto em serviço no norte do Iraque em 2005, ao lado de dois outros soldados quando uma bomba explodiu perto da sua posição.

Para aqueles que não estão familiarizados com a história em seu país natal, podem achar estranho ver a inscrição na escola local. A placa escrita em ambos os idiomas, croata e inglês, contém a inscrição: “Esse playground e obras são dedicados à memória do Master-Sergeant Ivica Jerak, filho de Debeljak, cidadão dos Estados Unidos que foi morto em cumprimento do dever”.

Representantes militares dos EUA visitando a mãe de Ivica Jerak em 2012. (Foto: Sargento Kyle Wagoner)

Os objetos mencionados na inscrição são destinados aos moradores mais jovens da vila Debeljak, onde vivem 950 habitantes. Eles foram financiados pelo Comando de Operações Especiais Europa do Exército dos EUA, que doou US$ 130.000 para preservar a memória do MSG Jerak.

Vida pregressa

Ivica Jerak, filho de Mirko e Dusko, nasceu em 12 de outubro de 1962. Frequentou a escola primária na pequena aldeia Debeljak e Sukošan, enquanto em Zadar ganhou o título de marinheiro da marinha mercante. Depois de navegar pelos mares do mundo, ele desembarcou nos Estados Unidos em 1985 e apenas três anos depois se tornou soldado quando se alistou como médico de combate. Após o treinamento, ele foi designado para Fort Benning, na Geórgia, onde fazia parte da 690ª Companhia Médica. Ele também serviu no 3º Batalhão, 10º Grupo de Forças Especiais e no 1º Batalhão, 10º Grupo de Forças Especiais.


Ivica Jerak participou de muitas operações e missões militares em todo o mundo, incluindo operações internacionais de apoio à paz na Croácia, Bósnia e Herzegovina, e Kosovo. 

Ele deixou sua esposa Hye, uma cidadã americana da Coréia do Sul. Ele morava em Houston.

Como membro do 1º SFOD-D, ele foi morto em 25 de agosto de 2005, perto da cidade de Husaybah, no norte do Iraque. Ele foi enterrado no cemitério militar de Arlington.

Lápide de Ivica Jerak no Cemitério de Arlington. (Foto: XY)

Medalhas e cursos de Ivica Jerak


Entre seus companheiros soldados, ele era conhecido como Sensação Croata. Durante seus 17 anos de carreira militar, Jerak concluiu vários cursos, incluindo:

Curso de Precursor Paraquedista (Pathfinder Course), 
- Curso Ranger (Ranger Course), 
Curso Básico Paraquedista (Basic Airborne Course), 
Curso de Mestre-de-Salto em Linha Estática (Static Line Jumpmaster Course), 
Curso de Avaliação e Seleção das Forças Especiais (Special Forces Assessment and Selection Course), 
- Curso Médico de Operações Especiais (Special Operations Medical Course), 
Curso Técnico de Paramédico-Médico de Emergência (Emergency Medical Technician-Paramedic Course), 
Curso de Salto Livre Militar (Military Freefall Course), 
Curso de Mestre-de-Salto (Jumpmaster Course),
Curso Avançado de Oficial Não-Comissionado (Advanced Non-Commissioned Officer Course).

Medalha da Estrela de Bronze, concedida por "realização ou serviço heróico ou meritório".

Durante seu serviço, ele recebeu 47 decorações, incluindo quatro Medalhas da Estrela de Bronze (Bronze Star Medal), duas Medalhas do Coração Púrpura (Purple Heart Medal).

Medalha de Serviço Meritório de Defesa.

O MSG Ivica Jerak recebeu postumamente a Medalha da Estrela de Bronze com o dispositivo de Valor (V de Valour, coragem), a Medalha de Serviço Meritório de Defesa (Defense Meritorious Service Medal, DMSM) e outra Medalha do Coração Púrpura.

Reverso e anverso da Medalha do Coração Púrpura, concedida por "ser ferido ou morto em qualquer ação contra um inimigo dos Estados Unidos ou como resultado de um ato de qualquer inimigo ou forças armadas opostas".

Bibliografia recomendada:



Leitura recomendada:

PERFIL: Akihiko Saito, o samurai contractor2 de fevereiro de 2020.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Aaron Cohen: Soldado, Ator, Escritor, Espião

Aaron Cohen. 

Por Gerri Miller, Jewish Journal, 11 de setembro de 2019.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 6 de abril de 2020.

Aaron Cohen viveu muitas vidas em seus 43 anos. Nascido em Montreal, ele se voluntariou para o exército israelense aos 18 anos e serviu por três anos em uma unidade de contraterrorismo de elite das Forças Especiais, sobre a qual escreveu em suas memórias "Brotherhood of Warriors" (Irmandade de Guerreiros, 2008). Então, usando seu treinamento das Forças de Defesa de Israel (FDI), ele abriu sua própria empresa, fornecendo segurança pessoal para celebridades e VIPs.


Agora, com questões de segurança mais importantes do que nunca, ele treina e aconselha agências policiais enquanto segue uma carreira em Hollywood. Sua última missão: interpretar um capitão da polícia em "Rambo: Last Blood" (Rambo: Até o Fim, 2019), ao lado de Sylvester Stallone. Cohen conversou com o Journal sobre sua jornada das missões secretas israelenses aos bastidores de Hollywood.


Jewish Journal: Como você veio para servir nas FDI?

Aaron Cohen: Depois que meus pais se divorciaram, minha mãe se casou com Abby Mann, roteirista de Oscar de Judgement at Nuremberg (Julgamento em Nuremberg, 1961), e nos mudamos para Los Angeles. Ele era um sionista e acreditava muito no estado judeu. Ele incentivou a idéia de eu ir para Israel e servir nas FDI. Então eu comecei a ler sobre Israel. Eu frequentei uma escola militar em uma parte do ensino médio e, quando me formei, eu realmente não sabia o que fazer. Eu não tinha planos para a faculdade. Fui para Israel e me ofereci no Kibutz HaZore'a, onde passei quatro meses aprendendo hebraico. Eu me apaixonei por Israel e entrei para as FDI porque pensei que seria uma grande oportunidade para aprender sobre Israel e fazer algo aventureiro. Após um período de treinamento de 18 meses, entrei para a unidade Duvdevan, na qual o programa “Fauda” (2015) é baseado. Os soldados se disfarçam de árabes com o objetivo de se infiltrar em bairros terroristas e enviar terroristas de volta a Israel para julgamento e interrogatório. Eu também aprendi árabe. Eu estive em mais de 200 missões.

Aaron Cohen no exército.

JJ: Você também trabalhou em operações secretas com o Mossad, certo?

AC: Não reconheço publicamente nenhuma conexão com o serviço de inteligência estrangeira de Israel, mas direi que trabalhei em estreita colaboração com a comunidade de operações especiais em Israel enquanto estava na unidade, e é tudo o que posso dizer sobre isso.


JJ: Você voltou para Israel? 

AC: Algumas vezes. Sou sionista e judeu que realmente acredita na importância do Estado de Israel. Eu sou filho de Israel. Eu nunca tirarei Israel do meu sangue. Eu quero levar minha futura esposa para lá. Eu acabei de ficar noivo.

Treinamento disfarçado em Israel.
A túnica chama-se "galabia" e o 
cachecol xadrez "keffiyeh". O AK47 é chamado em Israel de "Kalatch".

JJ: Como foi sua educação judaica? 

AC: Eu venho de uma família com uma forte identidade judaica, mas não muito observadora. Meus avós são judeus russos do lado de minha mãe e meu pai é russo e romeno. Eles eram caminhoneiros e colecionadores de metais - judeus durões que emigraram para o Canadá pouco antes da [Segunda Guerra Mundial]. Existem alguns sobreviventes do holocausto do lado de meu pai.

Já como instrutor no terceiro ano de serviço.

JJ: Após as FDI, qual era seu plano? 

AC: Eu não sabia. Tive alguma depressão e provavelmente um pouco de PTSD e passei o próximo ano e meio descomprimindo. Então comecei a trabalhar como guarda-costas para Brad Pitt e os Schwarzeneggers. Pouco antes do 11 de setembro de 2001, abri minha própria empresa de segurança, contratando mais de 200 homens da minha unidade ao longo dos anos e devolvendo aos israelenses que queriam uma oportunidade aqui. Eu trabalhei com outras celebridades, fornecendo segurança residencial para a [modelo] Kate Moss, [ator] Jackie Chan e serviços de proteção para Pink, Katy Perry e outros músicos em turnê. Eu vendi a empresa há cinco anos. Foi uma corrida de 15 anos e me levou ao meu primeiro filme.


Em 2011, o [diretor] Steven Soderbergh estava trabalhando em “Haywire” (A Toda Prova, 2011) e me ligou. Ele disse: "Estou trabalhando em um filme com Channing Tatum, Gina Carano e Michael Fassbender, e estou procurando um consultor porque é um tipo de filme de operações especiais. Você estaria interessado?" Me pediram para treinar os atores com todas as armas de fogo e Krav Maga lutando por cerca de três meses antes do filme e ajudei a projetar a ação para torná-la real. Steven me deu um diálogo; eu tive algumas cenas no filme. Foi isso. Eu fiquei vidrado. Lembrei-me do quanto eu adorava atuar no ensino médio.


Depois disso, eu fiz “211” (211: O grande assalto, 2018), um drama policial com Nic Cage para a Netflix. Eu interpretei seu tenente. E fiz um curta-metragem chamado “Overwatch” (2014) como um exercício para construir meu rolo de filme. Um dia talvez ele se torne um recurso.


JJ: Como você se envolveu com "Rambo: Last Blood"?" 

AC: Os produtores de "211" ligaram e disseram que tinham uma ótima cena com Sly* para mim. Filmamos na Bulgária por cerca de um mês. Eu também fiz alguns aconselhamentos sobre o filme. Houve muitos efeitos especiais; era uma cena de chuva. Foi uma seqüência muito cara. Há um pouco de reviravolta que não posso revelar, mas me diverti muito fazendo isso.

*Nota do Tradutor: Sly é o apelido de Silvester Stallone.

Aaron Cohen e o General Danny Yatom, ex-sub-comandante do Sayeret Matkal, ex-comandante do Comando Central e ex-chefe do Mossad. "Quando eu servi, altos oficiais de inteligência estavam em todo lugar; eles gostavam de ter jovens guerreiros ao seu redor."

JJ: O que vem a seguir para você? 

AC: Há outro projeto para a Netflix baseado na vida da estrela pop mexicana Luis Miguel - há um papel nele para um [agente] do Mossad. Vou passar os próximos dois anos focando na transição para atuar em período integral. Enquanto isso, [com] a minha empresa Cherries - Duvdevan é cereja em hebraico - eu manufaturo produtos para aplicação da lei e reuni uma série de treinamento sobre contra-terror digital acessível. Tenho agências de todo o mundo baixando o conteúdo.

Aaron Cohen posando com membros da sua unidade, Sayeret Duvdevan, disfarçados de árabes palestinos. Todos na foto foram trabalhar para a sua companhia militar privada IMS Security Consultants.

JJ: Como especialista, que conselho você daria às sinagogas para se protegerem melhor contra ataques? 

AC: Contrate segurança armada ou monte uma equipe de segurança voluntária e treine-a no combate ao terrorismo baseado no comportamento e na resposta do atirador ativo. Pare de brincar com segurança desarmada. Este sistema falhará e os membros de sua congregação serão mortos. Quero ver sinagogas seguras, e isso significa uma resposta agressiva.

Posando diante da bandeira israelense no quartel em Miktan Adam.
A carabina M4 era a grande novidade na época.

Leitura recomendada:





Micro Tavor VS M4/M16, 5 de março de 2020.


GALERIA: A Uzi iraniana, 3 de março de 2020.

domingo, 8 de março de 2020

PERFIL: Tenente Charline Redin, autora do livro "Afghanistan: regards d'aviateurs"


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 8 de março de 2020.

A autora do livro Afghanistan: regards d'aviateurs, Tenente Charline Redin é jornalista da revista "Air Actualités" sob contrato com a força aérea francesa, efetuou dois desdobramentos no Afeganistão, em maio e dezembro de 2009, e um terceiro em 2010, passando por Cabul, Bagram e Kandahar, para entrevistar pessoal militar da aeronáutica francesa.

Afeganistão: olhares de aviadores.

Ela escreveu um "um diário de missão, que visa ser educacional". O livro é bem servido de mapas, frisos e glossário que acompanham o texto.

A Tenente Charline Redin durante uma conferência em frente à reserva de cidadãos do ar. (Foto de D.Delion/ Armée de l'Air).

O livro, que contém extratos de diários militares, é dividido em quatro seções. Um é dedicado aos que vêem o Afeganistão do céu, outro aos que o vêem no chão, "comandos aéreos e fuzileiros"; uma terceira parte é dedicada ao pessoal de mecânica, suporte e inteligência.

Entrevistando um comandante afegão.

A Tenente Redin concedeu uma entrevista à força aérea francesa em 9 de dezembro de 2011, quando o livro foi publicado, aqui reproduzida em português.

Tenente Redin, quem é você?

Sou jornalista militar. Entrei para a Força Aérea em 2008 e gradualmente descobri como funcionava e o que fazia. Sou apaixonada pelo meu trabalho e gosto de enfrentar a realidade no terreno, principalmente em locais onde a operação é intensa tanto quanto humana. É importante para mim colocar palavras em emoções, conhecer personagens e contar suas vidas que marcam a história, mesmo que pelo espaço de apenas algumas semanas.

"Afeganistão: olhares de aviadores" está tão cheio dessa emoção que você está procurando?

De fato. Queria humildemente homenagear todos esses homens e mulheres que estão lutando do outro lado do mundo, separados dos entes queridos, e sobre os quais não falamos o suficiente ou falamos mal. Eu queria lhes dar uma voz do meu jeito. Durante minhas três viagens ao Afeganistão, gradualmente descobri a extensão do envolvimento francês e os riscos que os aviadores assumiam em suas missões diárias. Era óbvio para mim que eles foram ouvidos e entendidos.


Como você trabalhou para criar este livro de 240 páginas?

Este é um projeto que amadureceu desde a primavera de 2010. No início, eram apenas pensamentos na minha cabeça, depois idéias rabiscadas em pedaços de papel para não esquecer. Então, quando realmente começou a tomar forma, a se tornar uma meta oficialmente apoiada pela instituição, ela me habitou completamente. Não podemos levar esse tipo de projeto de ânimo leve. É sobre desejo e criatividade, é claro, mas é um trabalho que também requer organização, estrutura e consistência. Pensei nisso no escritório, no metrô, à noite, durante meus outros relatórios. As idéias me vieram de tudo o que vi, li, vivi. E então, um dia, sentei-me e coloquei tudo no papel para construir os capítulos, sua sequência, recortar as sequências para abranger todos os ofícios e os atores desse complexo teatro do qual não podemos sair ilesos.

Uma mensagem adicional para transmitir?

Se é uma homenagem aos aviadores franceses, este livro também é uma maneira de mostrar a beleza torturada de um país marcado por guerras sucessivas e, acima de tudo, destacar o valor, muitas vezes esquecido, de muitos afegãos de gerações diferentes. A disposição deles de acabar com a adversidade de onde quer que ela venha e avançar é impressionante e merece ser conhecida e reconhecida.


Entrevista coletada pela Capitã Virginie Gradella, Armée de l'Air.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

6 fatos selvagens sobre o criador mortal da SEAL Team Six


Por Blake Stilwell, We Are The Mighty, 30 de agosto de 2018.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 25 de fevereiro de 2020.

Atualmente, Richard Marcinko é instrutor de negócios, autor e palestrante motivacional. Nos seus primeiros anos, "Demo Dick" era o principal operador de contraterrorismo dos Estados Unidos. Marcinko se alistou na Marinha dos EUA em 1958 e, finalmente, subiu ao posto de comandante, formou-se em relações internacionais e ciência política e ganhou 34 medalhas e citações, incluindo uma Estrela de Prata, a Legião do Mérito e quatro Estrelas de Bronze. Mas esse é apenas o currículo militar dele.

Mesmo entre as fileiras de operadores especiais americanos, Marcinko, seu registro e sua reputação são todos excepcionais - e é fácil entender por que. Aos 77 anos, ele ainda está treinando executivos de negócios e equipes de resgate de reféns nos EUA e no exterior. Ele até trabalhou como consultor no programa de televisão 24 Horas da FOX. Seu livro de memórias, Rogue Warrior, é um best-seller do New York Times.

Rogue Warrior.

"Sou bom em guerra", disse Marcinko uma vez à revista People. "Mesmo no Vietnã, o sistema me impediu de caçar e matar tantos inimigos quanto eu gostaria."

1. O Vietnã do Norte tinha uma recompensa sobre a sua cabeça

Como comandante de pelotão no Vietnã, Marcinko e seus SEALs tiveram tanto sucesso, que o Exército do Vietnã do Norte (NVA) tomou conhecimento. Seu ataque à ilha Ilo Ilo foi considerado a operação SEAL de maior sucesso no Delta do Mekong. Durante sua segunda turnê, Marcinko e a SEAL Team Two (Equipe SEAL 2) se uniram às Forças Especiais do Exército durante a Ofensiva do Tet em Chau Doc. Os SEALs resgataram o pessoal do hospital apanhado no fogo cruzado enquanto uma verdadeira pancadaria urbana total acontecia com furor ao redor deles.

Por causa da ousadia e sucesso de Marcinko, o NVA colocou uma recompensa de 50.000 piastres sobre sua cabeça, pagável a qualquer pessoa que pudesse provar que matou o líder SEAL. Obviamente, eles nunca pagaram essa recompensa.

2. Ele foi rejeitado pelo Corpo de Fuzileiros Navais


Marcinko se juntou às forças armadas aos 18 anos, mas, surpreendentemente (para alguns), ele não optou primeiro por se juntar à Marinha. Sua primeira parada foi no Corpo de Fuzileiros Navais, que o rejeitou completamente porque não tinha se formado no colegial. Então Marcinko, que partiria como comandante, se alistou na Marinha. Mais tarde, ele se tornou um oficial depois de se formar na escola de pós-graduação da Marinha, recebendo sua comissão em 1965.

3. Ele projetou a operação de contraterrorismo da Marinha


Você sabe que teve sucesso quando eles criam um videogame sobre sua história de vida.


Após o trágico fracasso da Operação Garra de Águia (Operation Eagle Claw, 1980), a tentativa dos EUA de libertar reféns mantidos por estudantes no Irã, a Marinha dos EUA e sua estrutura de operações especiais decidiram que precisavam de uma revisão. Marcinko foi um dos que ajudaram a projetar o novo sistema. Sua resposta foi a criação da SEAL Team Six.

4. Ele numerou sua Equipe SEAL "Seis" para enganar os russos

Quando ele estava criando a mais nova Equipe SEAL, os Estados Unidos e a União Soviética estavam presos na Guerra Fria - e havia espiões por toda parte. Não confiando que alguém manteria em segredo a criação de sua nova unidade, ele a classificou como SEAL Team Six (Equipe SEAL Seis), a fim de enganar a KGB levando-a a acreditar que havia mais três equipes SEAL que eles desconheciam.

5. Seu trabalho era se infiltrar em bases - bases americanas


A Marinha precisava saber onde estavam suas sensibilidades operacionais - onde estavam mais fracas. Mesmo nas áreas em que a segurança era mais rigorosa, a Marinha estava desesperada para saber se poderiam se infiltrar. Então, o Vice-Almirante James Lyons encarregou Marcinko de criar outra unidade.

Marcinko criou a Equipe de Coordenação de Segurança Naval OP-06D (Naval Security Coordination Team OP-06D), também conhecida como Red Cell (Célula Vermelha), uma unidade de 13 homens. Doze vieram da SEAL Team Six e o outro da Marine Force Recon (Força de Reconhecimento dos Fuzileiros Navais, hoje Raiders). Eles deveriam invadir áreas seguras, submarinos nucleares, navios da Marinha e até o Air Force One (Força Aérea Um, o avião presidencial). A Red Cell era capaz de se infiltrar e sair sem ser notada. O motivo? O pessoal militar de serviço foi substituído por guardas civis de segurança.

6. Ele passou 15 meses na prisão

No final de sua carreira, ele se envolveu no que a Marinha chamou de "escândalo da comissão", alegando que Marcinko conspirou com um traficante de armas do Arizona para receber US$ 100.000 por garantir um contrato do governo para granadas de mão. Marcinko sustentava que essa acusação era o resultado de uma caça às bruxas, uma reação negativa por expor tantas vulnerabilidades e embaraçar os oficiais mais graduados da Marinha. Ele cumpriu 15 meses de uma sentença de 21 meses.

Bibliografia recomendada:

SEALs:
The US Navy's elite fighting force.
Mir Bahmanyar com Chris Osman.

Leitura recomendada: