segunda-feira, 11 de agosto de 2014

BOEING E-3B/C SENTRY. Os olhos e ouvidos do império.

FICHA TECNICA
Velocidade de cruzeiro: 579 km/h
Velocidade máxima: 805 km/h
Autonomia: 8 horas
Teto operacional: 8839 m.
Alcance de travessia: 9251 km
Empuxo: Quatro turbofans Pratt and Whitney TF33-PW-100A, gerando unitariamente 9.523/9.525kg de empuxo 
Radar: AN/APY-1 com 400 km de alcance
DIMENSÕES
Comprimento: 46,60
Envergadura: 44,4 m
Altura: 13 m
Peso: 92986 kg (vazio) e 147418 kg peso de decolagem.

DESCRIÇÃO
Por Sergio Santana
Certamente, nenhuma outra aeronave melhor simboliza a capacidade de inteligência e vigilância disponível às Forças Armadas norte-americanas que o Boeing E-3 “Sentry” (sentinela), mais conhecido como "AWACS" (Airborne Warning and Control System ), anunciado vencedor em 1972 de uma concorrência iniciada sete anos antes para uma aeronave de alerta antecipado e controle aerotransportado com capacidades superiores às do então empregado Lockheed EC-121 Warning Star. A primeira variante do Sentry, E-3A, entrou em serviço com a USAF, a Força Aérea dos Estados Unidos, em março de 1977 e desde então tem se tornado uma visão constante nos diversos conflitos em que tropas estadunidenses têm participado.
Acima: O velho EC-121 foi  um importante avião de alerta aéreo avançado da USAF nos anos 60 e 70 do século passado. O E-3 veio para substituir o EC-121 nessa importante missão de alerta aéreo antecipado.
Em 1980 foi determinado que os 24 exemplares do E-3A fossem modernizados, para o denominado padrão E-3A “Block 20”. Em adição ao radar AN/APY-1 (capaz de detectar até 600 alvos com velocidade mínima de 148 km/h a uma distância superior a 400 km, bem como gerenciar 60 interceptações aéreas) e ao interrogador AN/APX-103 (com habilidade de identificar aeronaves aliadas ou hostis, fornecendo distância, azimute e altitude, mesmo na presença de múltiplos alvos e a até 800 km), trocou-se o data link padrão TADIL-C pelo JTIDS Classe 1, mais conhecido como link 16, foram recebidos rádios criptografados VHF AN/ARC-166 e UHF AN/ARC-169B atuando no sistema “Have Quick” e aumentou-se para 17 a quantidade de operadores a bordo. Também se adicionaram lançadores de chaff/flare e instalações para mísseis ar-ar infravermelho de curto alcance AIM-9 Sidewinder. As modificações foram suficientes para uma nova designação, E-3B, o primeiro dos quais foi entregue em 1984.
Acima: O E-3C é a versão mais moderna em uso pela USAF do AWACS. Ao todo, dez aviões desta versão operam ao lado de 21 unidades de E-3B, atualmente na USAF.
Seis anos depois, os 10 Sentries restantes começaram a ser construídos segundo o padrão “Block 25”. Esta variante incluía dois rádios HF AN/ARC-230; três rádios VHF AN/ARC-168 (mais tarde AN/ARC-210); AN/ARC-204 (modelo V, padrão HAVE QUICK II/rede A-NET); catorze consoles ELCAN/Raytheon com telas CLADS LCD de 21’’; computador de  missão CC-2E; GPS (inicialmente NAVSTAR, mas em seguida GPS/INS “GINS”); IFF AN/APX-103B e dispositivo de SIGINT/ELINT  AN/AYR-1, capaz de detectar emissões variando de 0.5 a 18 GHz em 360°. O radar permanecia o mesmo, mas a nova versão foi designada E-3C.
Contudo, antes que estas modificações fossem implementadas em todas aquelas plataformas, outra atualização foi aprovada: o “Bloco 30/35”, que introduziu Medidas de Apoio Eletrônico AN/AYR-1, terminais JTIDS 2H, computador de missão CC-2E e GPS segundo o sistema NAVSTAR. Concluída em 2001, abrangeu toda a frota norte-americana de E-3C.
Acima: O E-3 faz o intercambio de dados em tempo real com aeronaves de combate através do seu data link JTIDS, também conhecido como Link16.
No contínuo esforço de atualizar o E-3 destaca-se o RSIP, em avançado estágio de instalação. Sendo a sigla em inglês para “Programa de Aperfeiçoamento do Sistema de Radar”, engloba a troca do computador do subsistema de radar, a estação de trabalho do seu operador, o seu “software” e determinadas partes físicas do equipamento, com o objetivo de restaurar os índices de detecção a longo alcance e de resistência eletrônica, que desde a introdução da aeronave sofreram queda gradativa com o advento das aeronaves furtivas, mísseis de cruzeiro e dispositivos sofisticados de combate eletrônico.
Entre agosto a novembro de 1995 foram efetuados seis voos da fase inicial de testes e avaliação, os quais detectaram interferência do Sistema de Medidas Eletrônicas de Apoio com os demais sistemas da aeronave e outros defeitos não relacionados com a modernização, com aquele período concluído em outubro de 1996. O RSIP foi avaliado em um exercício operacional, a terceira edição do “Green Flag ‘99”.
Uma característica adversa da nova atualização foi o decréscimo no desempenho do radar atuando no modo “além do horizonte”, causado pelo programa de compressão de pulso Doppler, algo cuja superação não foi divulgada, embora a integração do RSIP progrida. A frota atual é de 31 aeronaves estacionadas em bases aéreas no Alasca, Japão e meio-oeste norte-americano. O Boeing E-3 Sentry deve sair do serviço ativo em 2035. 
Acima: Em primeiro plano podemos ver o posto da equipe de controle de armas  dentro do E-3 Sentry.

ABAIXO PODEMO VER ALGUMAS CENAS DE UM E-3C EM OPERAÇÃO.

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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

EMBRAER AT-29 SUPER TUCANO. Os Patrulheiros da Amazônia.

FICHA TÉCNICA DE DESEMPENHO
Velocidade de cruzeiro: 530 km/h
Velocidade máxima: 593 km/h
Razão de subida: 1500 m/min
Fator de carga: +7, -3,5 Gs
Raio de ação/ alcance: 550 km (Hi Lo Hi)/ 4820 km (travessia com maximo combustível)
Propulsão: Um motor Pratt & Whitney Canadá PT-6 A 68C com 1600 Hp de potencia
DIMENSÕES
Comprimento: 11,33 m
Envergadura: 11,14 m
Altura: 3,97 m
Peso: 3020 kg (vazio)
ARMAMENTO
Até 1500 kg de cargas externas divididos em 5 pontos fixos (4 nas asas e um sob a fuselagem).
Ar Ar: Míssil Piranha.
Ar Terra: Bombas MK-81 de 119 kg, Mk-82 de 227 kg, bombas guiadas a laser GBU-12 de 227 kg, casulos com 19 foguetes SBAT-70 de 70 mm Skyfire e casulo com canhão de 20 mm.
Interno: 2 metralhadoras FN M-3P calibre.50 (12,7 mm).

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S.Junior
Um dos maiores sucessos da indústria de defesa brasileira é, sem a menor duvida, o avião de treinamento Embraer EMB-312, mais conhecido como T-27 Tucano. Extremamente confiável e manobrável este pequeno turboélice teve 662 unidades vendidas para nada menos que 13 países, incluindo a França e a Inglaterra. Com um sucesso desses, nada mais previsível de que o modelo servisse como base para um avião de treinamento avançado e ataque leve que pudesse vir de encontro com as necessidades que a Força Aérea Brasileira (FAB) estava apresentando. Essas necessidades são, na verdade, a origem do Super Tucano.
Acima: O Super Tucano foi  incorporado no esquadrão demostração aérea, mais conhecidos com "Esquadrilha da Fumaça" em setembro de 2012. Nesta foto podemos ver o AT-29 e mais ao fundo o T-27 que está sendo substituído.
Vou fazer uma breve explicação dessa necessidade, pois acredito ser relevante para entender a origem do Super Tucano. Com o projeto do Sistema de vigilância da Amazônia (SIVAM) que começou a ser implantado a partir de 1994 e se tornou operacional em 2002, a FAB tinha a necessidade de contar com uma aeronave que fosse adequada para operar contra pequenos aviões movidos a hélice, muito usados por narcotraficantes que se aproveitavam da lacuna da cobertura de radar do sistema de defesa aérea do Brasil naquela região para poder executar seus objetivos escusos. A FAB testou caças a reação como o F-5E e o F-103 (antigo Mirage III não mais em serviço) para interceptar esses pequenos aviões a pistão, mas a velocidade baixíssima desses aviões fazia os caças, mais pesados estolarem, demonstrando a total incompatibilidade daqueles caças com a função de interceptar esse tipo de alvo. Nisso a FAB começou a pensar na possibilidade de usar os T-27 Tucanos nessa função, porém foi percebido que o ideal, seria um avião mais potente e com uma aviônica mais completa para a função de combate. Outra necessidade que apareceu foi a substituição dos velhos AT-26 Xavantes, que é o avião a jato de treinamento avançado em uso pela FAB e que já chegou ao fim de sua vida operacional.
Acima: O pequeno avião turbo propulsor de treinamento T-27 Tucano serviu de referência para o desenvolvimento do Super Tucano para operações que deveriam ir além do treinamento de novos pilotos.
Esses fatos todos coincidiram com outro fato interessante. A Embraer estava, nessa mesma época, em 1991, oferecendo uma versão do Tucano chamada de EMB-312 H que era um Tucano remotorizado e que tinha um tamanho maior que o Tucano mais antigo. Na verdade o EMB-312 H era uma espécie Tucano anabolizado. Uma analise deste modelo de Tucano com as necessidades da FAB para o braço armado do SIVAM e um substituto para o Xavante, demonstrou que o EMB-312H preenchia muito dos quesitos para a plataforma que a FAB procurava. Nascia assim o programa ALX (Aeronave de ataque leve) da FAB que visava o desenvolvimento de um novo avião baseado no EMB-312H. O novo projeto passou a ser chamado de EMB-314 Super Tucano.
Acima: O AT-29 Super Tucano é uma aeronave ideal para operar contra aeronaves leves usadas por narcotraficantes e ainda presta um excelente apoio as tropas em terra em missões de apoio aéreo aproximado.
O motor que era usado no modelo Tucano H era o Pratt & Whitney Canada PT-6A-67 com 1250 Hp de potencia, e foi substituído, para uso no novo ALX, pelo mais potente Pratt & Whitney Canadá PT-6A68C com 1600 Hp de potencia que é controlado por um sistema FADEC. Esse aumento de força se mostrou necessário devido às dificuldades relacionadas a operações em ambientes muito quentes como o nordeste e norte do Brasil, que representa o principal teatro de operações a ser operado o Super Tucano. Além de um motor mais potente foi introduzida, também, uma nova hélice com 5 pás que aumenta a eficiência do motor. A velocidade máxima atingida pelo Super Tucano é de 590 km/h, colocando ele bem dentro do envelope de voo necessário para interceptar aeronaves com motores a pistão usado pelos narcotraficantes.
Acima: O novo motor PT-6A68C com 1600 Hp e as hélices penta pá, deram uma boa potencia e performance a Super Tucano. 
A estrela do Super Tucano é sua eletrônica. Nesse ponto pode-se dizer com tranqüilidade que o Super Tucano é o mais avançado avião turboélice em operação. O Super Tucano está equipado com um sistema de transmissão e recepção de dados via datalink fornecido pelo rádio Rohde & Schwartz M3AR (Série 6000) com proteção eletrônica das comunicações, como salto, criptografia e compressão de freqüências. Esse rádio é o mesmo usado pelos aviões R-99 AEW, F-5EM e A-1M AMX. Através desse sistema de datalink o Super Tucano recebe dados do radar do R-99 permitindo uma maior consciência situacional além enviar em tempo real imagens que forem captadas pelo seu sistema FLIR (Forward Looking Infrared) modelo AN/AAQ-22 Safire, fabricado pela FLIR Systems enviando para  o posto de comando de missão. O FLIR é usado para navegação através de uma visão infravermelha de alta resolução que funciona de dia ou noite podendo, ainda, designar um alvo para ataque. Cabe observar aqui que o FLIR do Super Tucano está integrado aos óculos de visão noturna NVG ANVIS-9 da ITT garantindo uma total capacidade de operações noturnas ou com baixa visibilidade com segurança. Para proteção da aeronave há um sistema de alerta de radar RWR e um sistema de alerta de aproximação de míssil MAWS. Há, ainda, um lançador de iscas tipo chaff e flares para despistar mísseis guiados a radar e a calor (IR).
Acima: O painel de controle do Super Tucano é, provavelmente, o mais moderno dentre todos os aviões turbo propulsores do mundo. Realmente é uma aeronave muito bem projetada.
Todos esses sistemas são controlados de uma cabine especialmente feita para facilitar a vida do piloto, podendo ser considerada, também a mais moderna cabine de um avião turboélice em serviço atualmente. Nesta cabine há dois displays multifunção e um HUD que contam com todas as informações de navegação de monitoramento do alvo, incluindo aqui o ponto de impacto continuamente monitorado CCIP e o ponto de lançamento continuamente computado CCRP, o que aumenta, substancialmente a precisão do lançamento das armas. Nesta cabine, o piloto fica sentado em uma “banheira” blindada, capaz de suportar impactos diretos de munição .50 (12,7 mm). Essa blindagem foi instalada também nos tanques internos do Super Tucano.
Outra melhoria no cockpit do Super Tucano foi a instalação de um sistema de geração de oxigênio OBOGS que produz oxigênio do próprio ar e o sistema HOTAS, foi usado na configuração da cabine permitindo ao piloto operar os principais sistemas do avião sem tirar as mãos do manete e do manche.
Acima: O Equador é uma das 11 forças aéreas que adquiriram o Super Tucano. A aeronave se tornou um sucesso de vendas graças a suas qualidade únicas.
O armamento disponível para o Super Tucano é bastante variado e relativamente pesado, chegando a um total de 1500 kg, considerando que se trata de um avião turboélice. O armamento básico é composto por duas metralhadoras FN Herstal M-3P calibre .50 (12,7 mm) com uma capacidade de 200 cartuchos e uma cadência de tiro na ordem de 1100 tiros por minuto. Nas asas do Super Tucano existem 4 pontos duros para transporte de armas e tanques de combustível, além de um ponto no ventre do avião. Nesse 5 pontos, podem transportar mísseis ar ar Piranha guiado por IR, de fabricação nacional, e cujo alcance chega a 10 km, que podem ser usados eficazmente contra helicópteros ou outros aviões. Para ataques a alvos terrestres podem ser usadas bombas MK-81 de 119 kg, bombas MK-82 de 227 kg, ou bombas guiadas a laser GBU-12, que foram integradas pela Colômbia, além de casulos de foguetes de 70 mm Avibras SBAT-70 com 19 foguetes. Também podem ser transportados casulos com canhões de 20 mm. No futuro o Super Tucano poderá ser armado com bombas guiadas a GPS GBU-39 SDB e mísseis AGM-169 JCM e Brimstone.
Acima: Duas metralhadoras pesadas M-3P em calibre .50 representam o armamento orgânico do Super Tucano. Essa configuração libera os pontos fixos sob as asas para outros tipos de cargas como mísseis, bombas, foguetes ou tanques de combustibel extras.
Ao todo foram encomendados 99 Super Tucanos pela Força Aérea Brasileira, um numero respeitável de vetores que farão o treinamento de pilotos que estiverem ingressando para a aviação de combate da FAB, além de garantir o patrulhamento dos céus da Amazônia contra o trafico de drogas e contrabando de armas. As capacidades aqui mostradas colocam o Super Tucano como um interessante avião de apoio aéreo aproximado para as tropas em terra. Uma flexibilidade que justifica seu valor tático para a força.

Acima: Vista em corte do Super Tucano.

ABAIXO TEMOS UM VÍDEO DE UM TREINAMENTO COM O SUPER TUCANO.

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terça-feira, 5 de agosto de 2014

US ORDENANCE M-60 - atualização Full metal Jacket blog


O blog Full Metal Jacket foi atualizado com uma matéria sobre a famosa metralhadora M-60 fabricada nos Estados Unidos. Visite o Full Metal Jacket, um blog com a qualidade WARFARE blog. Para conhecer basta clicar na foto.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

PROJETO 941 AKULA (CLASSE TYPHOON). O leviatã dos oceanos


FICHA TÉCNICA
Comprimento: 172 m.
Largura: 23,3m.
Calado: 11,5 m.
Deslocamento: 33800 toneladas quando submerso
Velocidade máxima: 27 nós 50 Km/h (submerso)
Profundidade: 500 m
Armamento: 4 Tubos para torpedos de 533 mm, 2 tubos para torpedos de 650 mm, somando 12 torpedos;  20 mísseis SS-N-20 Sturgeom SLBM (míssil balístico lançado de submarino). Míssil anti submarino RPK-2 Viyuga SS-N-15 Starfish (lançados dos tubos de torpedo de 533 mm.
Tripulação: 150
Propulsão: 2 reatores nucleares OK-650 que produz 254800 Hp de potencia cada um, e duas turbinas a vapor VV que produzem mais 49600 hp de potencia cada.

ORIGENS
Por Sergio Santana
As especificações preliminares para o “Cruzador Submarino Estratégico Pesado” (como são denominados os submarinos de propulsão nuclear lançadores de mísseis balísticos, ou SSBN, na nomenclatura soviético-russa) da classe “Projeto 941-Akula” foram aprovadas em dezembro de 1972. 
A finalidade era produzir uma embarcação suficientemente grande para disparar o míssil 3M65/SS-N-20 “Sturgeon”, de combustível sólido, com dez ogivas independentes (MIRV) com potência de 100 quilotons cada, margem de erro (CEP) de 500 m e alcance de 8300 km, cujo desenvolvimento começara no ano anterior. A arma e a sua plataforma lançadora deviam ser mais poderosas que os SSBN da classe “Ohio” e os seus misseis Trident C-4 então em desenvolvimento para a marinha norte-americana naquela época.
Um decreto governamental de 19 de dezembro de 1973 determinou o começo do projeto e construção do “Akula” (tubarão), a serem concretizados pelo estaleiro Rubin, sob a direção de S.N. Kovalev.
Acima: Nesta foto pode-se notar com facilidade as enormes dimensões deste verdadeiro monstro do mar. São 172 metros de comprimento e 23,3 metros de largura.
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS
O submarino resultante possui uma estrutura em catamarã, única dentre as embarcações submersíveis soviético-russas, caracterizada por dois cascos de pressão separados, com 7.2m de diâmetro cada, localizados paralelamente um ao outro no plano horizontal e duas cápsulas pressurizadas.
O casco de pressão interno e as cápsulas são conectados entre si por passarelas, com aqueles sendo confeccionados em titânio, assim como o compartimento de torpedos (com dois tubos de 650mm e quatro de 533mm) e a sala de controle, esta sendo posicionada recuada, junto com a ponte de comando, enquanto que o casco interno é produzido em aço.
Nos tubos de 533 mm, o torpedo usado é o poderoso VA-111 Shkval, capaz de velocidades elevadíssimas chegando a 200 nós (isso mesmo, você não leu errado... são duzentos nós, ou cravados 370 km/h). Esse desempenho inigualável é conseguido através do efeito de supercavitação onde o torpedo navega em uma bolha de ar produzido pela própria propulsão.  Na prática o efeito da cavitação é obtido pela combinação de parte dos gases produzidos pelo propulsor com gases emitidos pela seção frontal da arma, produzindo uma bolha que a torna imune à resistência hidrodinâmica. Sua ogiva possui 210 kg de alto explosivo e devido a sua alta velocidade, o torpedo precisa ser lançado em linha reta pois não há efetiva manobrabilidade a esta velocidade.

Acima: Aqui temos uma rara foto do carregamento de um míssil SLBM SS-N-20 Sturgeon em um submarino Akula. Com esta arma, o Akula poderia atacar qualquer cidade dos Estados Unidos de, praticamente qualquer ponto do oceano pacífico ou do mar do norte
O compartimento de misseis é localizado entre os cascos de pressão na proa do navio, contendo o sistema D-19, com vinte misseis 3M65 "SS-N-20 Sturgeon”.
Outro armamento usado pelo Typhoon é o míssil de cruzeiro RPK-2 Viyuga (SS-N-15 Starfish pela OTAN) que é lançado dos tubos de torpedos de 533 mm. Este míssil é usado para destruir outros submarinos com uma carga nuclear de profundidade de 200 quilotons. O míssil lança sua carga próximo a área onde um submarino inimigo foi detectado, e a carga de profundidade detona no fundo do mar. O poder de destruição permite que o submarino alvo possa estar relativamente distante do ponto de detonação e ainda sim ser destruído. O alcance deste míssil é de 45 km e seu sistema de guiagem é inercial. Existe a possibilidade da carga de profundidade ser substituída por um torpedo 82R.
Para reduzir o nível de ruído, um sistema pneumático, emborrachado, de absorção de choque de dois estágios, foi instalado no navio, para isto também contribuindo o arranjo modular interno e novos revestimentos de absorção de som. A nova classe foi projetada para ser equipada com o então novo sistema hidroacústico “Skat”, com quatro sonares, que podia rastrear entre 10 e 12 alvos simultaneamente.
A propulsão ficava por conta de dois reatores nucleares OK-650 refrigerados a água moderada, gerando 190 megawatts (254800 hp) cada, complementados por duas turbinas a vapor VV (que geram individualmente 49.600 hp), assegurando a velocidade de 16 nós (29.6km/h) na superfície e 27 nós (50 km/h) submerso, valores impressionantes para um barco com deslocamento máximo de 33.800 toneladas quando submerso, ainda hoje maior que o de qualquer submarino da categoria em serviço. O comprimento é de 172 m, com tripulação de 150 homens, capazes de permanecer em patrulha por um mínimo de 90 dias. A profundidade máxima é de 500 metros.
Acima: Um submarino Akula passa perto da praia, em gerando esta interessante fotografia. Os submarino destra classe foram substituídos pela novíssima classe Borei que em breve será apresentada neste blog.
LANÇAMENTO E REPERCUSSÃO
O primeiro exemplar da classe de oito navios (dois mais tarde seriam cancelados), o TK-208 “Dmitriy Donskoy”, foi lançado em setembro de 1980 e comissionado 14 meses depois, como parte da 18ª Divisão da 1ª Flotilha de Submarinos da Frota do Norte, na Base Naval de Nerpichiya, em Zapadnaya Litsa.
A entrada em serviço da belonave desencadeou uma onda de busca por informações por parte dos serviços secretos ocidentais e a OTAN acabou por codificar a classe como “Typhoon” (“tufão”, em lembrança à palavra dita num discurso em 1974 pelo então Secretário-Geral Leonid Brezhnev para classificar um novo submarino então em desenvolvimento, o “Taifun”). Nesse ponto é interessante observar que a OTAN chama de "Akula" um submarino nuclear de ataque Project 971 Shchuka B, que é um dos mais silenciosos submarinos nucleares do mundo, mas que não tem relação com o "Typhoon" aqui tratado. É uma questão de denominação dada pela OTAN.
A partir do seu surgimento, o temor e o desconhecimento quanto ao seu potencial geraram jogos de computador (o “War Games”, de 1983), livros e filmes (como o famoso “Caçada ao Outubro Vermelho”, escrito por Tom Clancy em 1985 e transformado em sucesso de cinema cinco anos depois, no qual o “Typhoon” era caracterizado como um submarino stealth).
Acima: Outra imagem rara. Aqui temos 5 submarinos da classe Akula juntos na base Naval de Nerpichiya.
CARREIRA OPERACIONAL
Todos os seis submarinos da classe são identificados pelas letras “TK” (“Tyazholyi Korabl”, navio pesado), um número e o um nome de batismo, geralmente em honra a personagens históricos ou a cidades. Assim, ao TK-208 seguiram-se o TK-202, o TK-12 “Simbirsk”, o TK-13, o TK-17 ”Arkhangelsk”, e o TK-20 “Severstal”. O TK-210 foi sucateado ainda no estaleiro em 1990, devido ao tratado START.
Em que pese o inegável impacto provocado pela sua introdução, o Typhoon teve vida operacional extremamente curta, abreviada pelo desmantelamento do império soviético e, ironicamente, o desenvolvimento de uma versão mais precisa do SS-N-20, iniciado meros cinco anos após a introdução do míssil original, a ser introduzida na atualização de meia-vida do “Akula/Typhoon”, marcada para 1998, ano em que a nova arma enfrentou o seu quarto teste malsucedido, o que determinou não apenas o seu cancelamento, mas acelerou também a desativação do submarino projetado para carregá-la. Portanto, aos TK-12, TK-13 e TK-202 descomissionados respectivamente em 1996, 1997 e 1999, os TK-20 e TK-17 passaram pela mesma situação em 2004 e 2006. A vida útil do “Sturgeon” chegou ao fim em 2012.  
O único Typhoon ainda operacional é o “Dimitry Donskoi”, empregado em testes do míssil “Bulava”, embora o TK-17 e o TK-20 sejam mantidos na reserva para eventual uso como plataformas de inserção de tropas especiais ou lançadores de misseis de cruzeiro SS-N-15 a partir dos seus tubos de torpedo, ainda que seu sucateamento esteja marcado para começar em 2018.


ABAIXO TEMOS UM VÍDEO DO AKULA.

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segunda-feira, 28 de julho de 2014

ALMAZ-ANTEY BUK M-1/ M-2/ M-3. Mobilidade e eficiência para defesa antiaérea.


FICHA TÉCNICA
Motor:  Foguete de propelente sólido.
Velocidade: (9M38M) 3060 km/h (9M317) 4320 Km/h.
Alcance: (9M38M) 32Km, (9M317) 45Km.
Altitude: 9M38M 22000 m, (9M317) 25000 m
Comprimento: (9M38M) 5,5 m, (9M317) 5,53 m.
Peso: (9M38M) 690 Kg (9M317) 720 kg.

Ogiva: Fragmentada de alto explosivo com 70 kg e detonação por aproximação feita por uma espoleta controlada por radar.
Lançadores: veículo de lançamento 9A310M1, Navio Classe Sovremmenny, e classe Krivak-5.
Guiagem: Radar semi-ativo e possuem um sistema de data link para atualizações, e um radar ativo, que é usado na fase terminal do voo.


DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S Junior
No dia 17 de julho de 2014 um avião de passageiros modelo Boeing 777-200ER da Malaysia Airlines sumiu dos radares sob a região de Donetsk, leste ucraniano e em pé de guerra com o governo da Ucrânia pela independência da região. Os destroços do avião e seus 298 passageiros mortos foram encontrados em uma grande área bem espalhados. Tudo indica que o causador da destruição do Boeing foi um moderno míssil antiaéreo Buk M1 lançado por engano pelos separatistas de Donetsk contra o Boeing confundido com uma aeronave de transporte de tropas AN-26 Curl. A partir de agora vamos conhecer melhor a família de mísseis do sistema BUK, protagonista desta tragédia aérea.

Acima: O sistema BUK se tornou famoso depois de protagonizar uma das mais graves tragédias da história da aviação derrubando, por engano uma aeronave civil Boeing 777-200ER sobre o leste ucraniano. Aqui podemos ver um BUK M1 do exército finlandês, igual ao usado na trágica história do Boeing da Maylasia .
Muitos que gostam de ler sobre história das guerras modernas e sobre táticas empregadas, já devem ter encontrado matérias sobre o “estrago” que as defesas antiaéreas da Síria fizeram na força aérea israelense na guerra do Yom Kipur. E os israelenses só foram bem sucedidos, devido ao muito forte esquema de reposição de equipamentos perdidos, feito com a ajuda dos Estados Unidos. A maior estrela desta batalha foi um sistema móvel de mísseis antiaéreos de fabricação russa 2K12 Kub, mais conhecidos como SA-6 “Gainful” pela nomenclatura de identificação usada pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Naquele conflito foi muito difícil tomar medidas para evitar a derrubada dos caças de Israel por esses excelentes mísseis. Ainda hoje algumas nações o usam e, mais recentemente um F-16C norte americano foi abatido por um míssil desses na guerra da Iugoslávia.

Acima: O sistema SA-6 Gainful (2K12 Kub) foi um tremendo sucesso na guerra do Yon Kipur, destruindo muitos aviões de combate de israel. Porém, um sucessor se tornou necessário para poder combater os avanços tecnológicos dos caças depois dessa época.
Porém, o tempo passou e os sistemas de guerra eletrônica foram muito melhorados, tornando possível a diminuição de eficácia deste sistema de armas. A empresa Novator, hoje parte da Almaz Antey, foi chamada a desenvolver um sucessor do SA-6, e o resultado foi o sistema BUK que entrou em serviço em 1980, e o míssil era um KUB-5, derivado do SA-6. Em 1983 entrou em operação a versão BUK-M1, que foi um míssil totalmente novo. O míssil usado pelo BUK-M1 é o 9M38M (SA-11 Gadfly, pela nomenclatura da OTAN) que possui um alcance máximo de 32 Km, se enquadrando na categoria de míssil de médio alcance. Uma bateria do sistema BUK é formado por de uma estação de radar 9S18M1 ("Snow Drift" para a OTAN),  6 veículos de lançamento (9A310M1) com 4 mísseis (9M38M) cada, de 2 a 4 veículos de recarga 9A39M1 sendo que cada um transporta 4 mísseis lançáveis e mais 4 de recarga e 1 veículo de comando e controle (9S470M1).

Acima: Nessa foto podemos ver um veiculo de recarga 9A39M1 com 4 mísseis prontos para lançamento e mais 4 mantidos abaixo do trilho de lançamento. Estes veículos podem fazer o lançamento dos mísseis e recebendo a orientação de guiagem de um radar 9S18M1 Snow Drift como o mostrado na foto abaixo.
Os mísseis 9M38M são guiados por radar semi-ativo (precisam da iluminação do alvo pelo radar do veículo ou de um outro radar de controle de fogo externo) e possuem um sistema de data link para atualizações de curso. A detonação da ogiva se dá por uma espoleta de aproximação, permitindo uma grande capacidade de acerto logo no primeiro lançamento. Posteriormente, uma atualização disponibilizou uma nova versão do míssil para esse sistema. O míssil 9M38M1 que é usado pelo sistema BUK M1-2 não difere, esteticamente, do 9M38, porém tem alcance aumentado para 42 km contra alvos aerodinâmicos (aeronaves) e é capaz de destruir um míssil de cruzeiro a 20 km. O sistema de guiagem é o mesmo que a versão original, ou seja, radar semi ativo.
A versão BUK M2 usa o mesmo veículo lançador do sistema BUK M1, o 9A310M1. Porém o míssil usado é o mais moderno 3M317 (SA-17 Grizzly na nomenclatura da OTAN) guiado por sistema inercial, recebendo atualização por data link no meio do curso e radar semi ativo na fase final do ataque. O alcance deste míssil chega a 45 km contra uma aeronave e 20 km contra mísseis de cruzeiro ou mísseis balísticos.

Acima: O veículo lançador acima é o do sistema BUK M1-2, capaz de operar o míssil 3M317, mais capaz que o míssil 3M38M da versão inicial do BUK.
O veículo lançador modelo 9A310M1 é baseado no chassis GM-569, já usado em outros sistemas russos como o TOR Missile System, de curto alcance e confere uma grande flexibilidade tática que o comandante do campo de batalha pode usar para posicionar suas baterias antiaéreas no momento e lugar que melhor lhe convier. Cada veículo do BUK M1 e do BUK M1-2 está equipado com seu próprio radar 9S35M1 Fire Dome cujo alcance chega a 32 km e com capacidade de detectar alvos a uma altitude de até 22000 metros. Mesmo assim, a bateria tipica que usa o sistema BUK é composta por sistema de radar móvel 9S18M1 (Snow Drift pela OTAN) que faz a detecção e designação dos alvos para toda a bateria. Este radar tem alcance máximo contra alvos de grande porte (uma aeronave de carga, por exemplo), de 160 km e está equipado com um sistema IFF (identificação amigo/ Inimigo) sendo que o alvo pode estar voando a uma altitude de até 25000 metros. 
Cada radar 9S18M1 pode controlar até 6 veículos lançadores simultaneamente. É interessante notar aqui, que o BUK M1 pode engajar, simultaneamente até 6 avos, usando o míssil 9M38, enquanto que o BUK M2, usando o míssil 3M317, pode engajar até 24 alvos simultaneamente com seu moderno radar NIIP 9S36 do tipo PESA (varredura eletrônica Passiva) cujo alcance contra um alvo do tamanho de um caça chega a 100 km, dando a uma bateria do sistema BUK M2, capacidade de enfrentar ataques de saturação relativamente intensos.  

Acima: Nessa foto podemos ver um BUK M2. Percebam que o radar do sistema é bastante diferente do BUK M1, sendo mais compacto e de antena plana, uma característica tipica de radares de varredura eletrônica.
Existe uma versão para exportação chamada BUK M2E que usa uma veículo sobre rodas com tração 6X6 modelo MZKT-6922. O radar usado no veículo deste sistema é o mesmo do sistema BUK M2 padrão, ou seja, o modelo 9S36. O BUK M2E é fornecido com o míssil 3M317 e é a versão utilizada pela nossa vizinha Venezuela, que junto com outros 13 países, engrossam o numero de clientes deste extremamente bem sucedido sistema de defesa antiaérea. 
O sistema BUK pode ser usado em navios de guerra para defesa de área.  Para tanto existe dois mísseis desenvolvidos para esta função, sendo eles o SA-N-7 Gadfly, que é operado pelo sistema naval Uragan e pelo sistema Ezh, e o míssil SA-N-12 Grizzly que é operado pelo sistema Shtil e pelo novo sistema Smerch. O SA-N-7 é um míssil 9M38 navalizado e o SA-N-12 Grizzly é um míssil 3M317 navalizado. O alcance desta versão é de 32 km contra uma aeronave e seu sistema de guiagem é o mesmo, radar semi ativo das outras versões.
Acima: O sistema Shtil, de lançamento vertical para a versão naval do BUK dá uma flexibilidade de emprego importante para este moderno sistema de defesa antiaérea. Muitas modernas fragatas russas, chinesas e da marinha da Índia, estão sendo equipados com este armamento.
O sistema BUK continua em desenvolvimento. Em 2016 está previsto a entrada em serviço da ultima versão, chamada de BUK M3 que será recheado de muitos novos componentes eletrônicos, sendo que o radar, porém, será o mesmo do BUK M2. O míssil do sistema está montado em tubos, diferentemente dos modelos M1 e M2 cujos mísseis ficavam expostos. O míssil será o 9M317ME  do sistema Shtil naval, lançado de silos verticais, porém, no caso do BUK M3, os mísseis não serão lançados verticalmente O sistema BUK M3 terá 6 mísseis por veículo, ao invés de 4 como nos modelos atuais.
Acima: A ultima versão do sistema BUK é a versão M3 que deve entrar em serviço por volta de 2016 e dará maior poder de fogo para este sistema.
O sistema BUK de defesa antiaérea representa um dos melhores sistemas do tipo para médio alcance do mercado. Com 14 nações usando o sistema, e com boas chances de aumentar essa carteira de clientes, o sistema BUK continuará a ser parte integrante da defesa antiaérea do campo de batalha moderno por décadas ainda. O Brasil, em especial, com seu esforço de modernização de suas forças armadas, está estreitando seus laços co os russos, justamente no segmento de defesa antiaérea e deveria aproveitar esse relacionamento para estudar com carinho o sistema BUK, pois considero ele ideal para nosso teatro de operações. 

Acima: Um míssil 9M38M é lançado de seu lançador BUK M1. 

ABAIXO TEMOS UM VÍDEO COM O SISTEMA BUK EM AÇÃO.

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segunda-feira, 21 de julho de 2014

CLASSE OHIO. Fogo do mar, destruição em terra firme.

FICHA TÉCNICA
Comprimento: 170,69 m.
Largura: 12,8 m.

calado: 11,1m
Deslocamento: 18750 toneladas (Submerso e totalmente carregado)
Velocidade máxima: 25 nos (46 Km/h) submerso
Profundidade: maior que 500 metros
Armamento: 4 Tubos para torpedos 533 mm (13 torpedos), 24 mísseis balísticos intercontinentais Trident II D-5.
Tripulação: 155 homens
Propulsão: Um reator nuclear General Electric S8G e duas turbinas a vapor que produzem 60000 hp de potencia.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S Junior
Atualmente a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) possui apenas uma classe de submarino SSBM (submarino nuclear com mísseis balísticos): A classe Ohio. Esta classe representa o maior submarino que já foi construído nos Estados Unidos com seus 170,69 metros de comprimento e com um deslocamento, quando submerso, de 18750 toneladas. 
O Ohio começou a tomar forma no início dos anos 70 do seculo passado, quando a General Dynamics Electric Boat  foi contratada pelo governo dos Estados Unidos  para fabricar um novo submarino nuclear  lançador de mísseis balísticos para substituir os submarinos da classe Benjamin Franklin e o da classe Lafaiette. A ideia era ter um submarino novo que fosse capaz de lançar o mais novo míssil do arsenal nuclear da Marinha dos Estados Unidos, o Trident I C-4. Como esse míssil era maior que os mísseis anteriores, e os idealizadores da marinha queriam um submarino que transportasse 24 mísseis ao invés de 16 dos submarinos anteriores, o obvio aconteceu: O custo se mostrou estratosférico e o congresso norte americano teve uma forte resistência em liberar verba para o programa. Porem, os soviéticos fizeram um teste bem sucedido de um lançamento de um míssil SLBM (míssil balístico lançado de submarino) de longo alcance SS-N-8, cujo alcance atingia 6760 km, o que fez o pessoal da burocracia legislativa ficar mais "doce" com a ideia de construir uma frota de poderosos submarinos da classe Ohio.
A princípio estavam programada a construção de 24 unidades desta classe, mas 6 foram cancelados totalizando 18 submarinos da classe Ohio que entraram em serviço.

Acima: O Ohio está operacional a 33 anos. Seu poder destrutivo tem permitido um equilibrio com as forças russas, evitando uma guerra total entre os dois países.
As vantagens de submarinos nucleares são sua capacidade de permanecer submerso por tempo indeterminado, sem necessidade de subir a superfície para alimentar de ar os motores a diesel que recarregam suas baterias elétricas e a sua maior velocidade, graças a muito maior disponibilidade de potência. O Ohio é propulsado por duas turbinas a vapor que são alimentadas por um reator nuclear de água pressurizada (PWR) General Electric S8G. Este sistema movimenta uma hélice com 7 pás que fornece 60000 hp de potência que levam o Ohio a uma velocidade máxima de 25 nós (46km/h) quando submerso. O reator precisa ser recarregado a cada 9 anos e o processo de recarga leva cerca de 12 meses. Cada missão de patrulha do Ohio tem duração de 70 dias. Já, o preparo para cada missão costuma levar cerca de 25 dias que envolvem o carregamento de alimentos e medicação para a população, armamento e planejamento de missão.

Acima: O Ohio é uma "usina de força". Seu sistema de propulsão fornecido pela General Electric faz o Ohio navegar rápido, mesmo com seu elevado peso.
A suite de sensores do Ohio é composta por um radar BPS-15A que faz busca de superfície e tem alcance de 65 km contra navios de grande porte. O Ohio opera um sonar ativo/ passivo de casco  BQQ-6, capaz de detectar sons a uma distancia máxima de 74 km em modo passivo e 5,5 km no modo ativo. Mais dois sonares, um BQS-13 e um BQS-15 que operam ativa e passivamente em alta frequência. Por ultimo, um sonar rebocado BQR-15, fica instalado na popa do submarino. Um programa de modernização para os submarinos desta classe vai substituir os sonares BQQ-6 por um sistema mais capaz modelo BQQ-10 (V4) que opera passiva e ativamente. No modo passivo, este novo sonar tem capacidade de detecção de 128 km e no modo ativo, o alcance é de 37 km.
O  Ohio foi equipado com sistema de auto proteção como os 8 lançadores MK-2 de iscas para torpedo e uma suite de guerra eletrônica WLR-10 que faz o alerta de ameaças contra o submarino. O sistema de vigilância eletrônica WLR-8 permite detectar os sistemas eletrônicos inimigos e um sistema AN/ WLU-1 de interceptação acústica e de contramedidas  opera respostas de defesa automaticamente para proteger o submarino.
Acima: O Ohio está equipado com uma completa suite de sensores e sistemas de guerra eletrônicas para permitir sua capacidade de sobrevivência em caso de guerra. A grande esfera na proa mostrada nesse desenho em corte é o sonar principal BQQ-6.
O armamento principal do Ohio são seus poderosos mísseis balísticos intercontinentais Lockheed Martin UGM-133 Trident II, ou como é mais conhecido, Trident II D-5. Transportado em numero de 24 mísseis, esta arma representa a versão mais atual do míssil original Trident I C-4. Seu alcance  é de 12000 km, o que lhe permite ser lançado do meio do oceano, bem distante do alvo, o que torna sua detecção quase impossível. O sistema de guiagem, é inercial com o sistema MK-6 Stellar  que tem apoio de um GPS. Com esse aparato de guiagem, a margem de erro (CEP) de cada uma das 6 ogivas W-88 é de 90 metros do ponto de impacto previsto. Cada uma dessas ogivas tem um rendimento (potencia) de 475 kt (quilotons). Para os amigos menos inteirados do que representa essa potência, pode se usar como referência a bomba atômica que mandou Hiroshima para os ares. A bomba atômica jogada na cidade japonesa tinha meros 16 kt. 
Para auto defesa o Ohio está armado com 4 tubos de torpedos pesados de 533 mm, que estão carregados com o torpedo MK-48 ADCAP. Estes torpedos podem ser guiados por um fio ligado ao submarino lançador ou mesmo, ser guiado pelo seu próprio sonar. O alcance chega a 50 km, no modo de velocidade reduzida  (mais econômica) de 40 nós ou 74 km/h. Sua carga explosiva tem 295 kg e é capaz de afundar, praticamente, todos os navios de superfície e submarinos que existem.
Em 2002 estava prevista a retirada de serviço dos 4 primeiros submarinos da classe Ohio. Porém, se obervou que esses submarinos poderiam ser modificados para um novo tipo de submarino. A ideia foi transformar os SSBN em SSGN (Submarino lançador de misseis de cruzeiro). A modificação fez com que 22 dos 24 tubos de mísseis Trident recebessem, cada um, 7 mísseis de cruzeiro UGM-109 Tomahawk. Este míssil se tornou famoso durante a guerra do Golfo Pérsico por ter sido lançado de navios de superfície e de submarinos contra alvos em terra causando um sério estrago na estrutura iraquiana. O Tomahawk tem alcance de 1600 km e sua ogiva pode ser unitária com 450 kg do tipo fragmentada, ou uma ogiva com submunições compostas por 166 pequenas bombas BLU-97 que se espalham, bombardeando a área alvo. O sistema de guiagem se dá por sistema inercial, GPS e por TERCON, que é um sistema em que o míssil voa contornando o terreno, em voo baixo, de acordo com informações do relevo pré carregadas em seu computador de voo.

Acima: Nesta foto podemos ver um Trident II D-5 no momento em que inicia seu motor. O míssil é ejetado do seu silo, dentro do Ohio, e só quando se encontra totalmente fora da agua que seus motor é ligado.
O submarino nuclear lançador de mísseis balísticos, ou apenas "SSBN" na sigla em inglês é o mais poderoso elemento dissuasório que uma nação pode ter. Atualmente Além dos Estados Unidos, a Inglaterra, França, Russia, China e Índia tem submarinos deste tipo. Esse tipo de arma, pode destruir muitas cidades e ainda se manter escondido, praticamente invulnerável no meio do oceano, dada sua capacidade de lançar suas armas a milhares de quilômetros dos seus alvos. O Ohio, na sua versão SSBN, transporta 24 mísseis balísticos sendo que cada um pode destruir 6 cidades, o que dá uma capacidade de destruição de 144 cidades num só ataque! Por isso eu considero esse tipo de sistema de armas como o mais destrutivo da Terra.

Acima: O Ohio faz patrulhas pelo globo constantemente. Sempre há navios em missão em lugares cuja localização exata é uma informação secreta.






ABAIXO TEMOS UM VÍDEO DOCUMENTÁRIO SOBRE O OHIO.

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