quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

FOTO: Sniper belga da SIE/ESI, anos 90

Sniper da SIE/ESI.

Atualmente DSU (Holandês: Directie van de speciale eenheden; Francês: Direction des unités spéciales), é uma unidade de operações especiais da polícia belga, contando com 540 operadores (50 na unidade de intervenção).

Bibliografia recomendada:

Out of Nowhere:
A History of the Military Sniper.
Martin Pegler.


European Counter-Terrorist Units 1972-2017.
Leigh Neville.

Leitura recomendada:

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

FOTO: Operador CQB da Heckler & Koch USA


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 29 de janeiro de 2020.

Foto famosíssima de um operador em uniforme CQB, trata-se, na verdade, de John T. Meyer Jr., o então vice-presidente de vendas e treinamento da Heckler & Koch USA, posando para uma foto promocional em 1992. A foto foi usada para promover o lançamento do HK USP no mercado americano em 1993, e mais tarde usada como arte da caixa do primeiro jogo Rainbow Six lançado em 21 de agosto de 1998.

Rainbow Six foi um sucesso internacional e a imagem como capa do jogo ficou muito mais famosa que a imagem promocional da HK. Segundo John Meyer, eles até enviaram instrutores para a Califórnia para captura de movimento quando o videogame foi desenvolvido, tendo seus movimentos sido usados para nos personagens no jogo.

Caixa original em português brasileiro.

Manual original em português brasileiro.

Trailer do jogo Rainbow Six (1998)


O jogo, acompanhado de um romance, tem missões no Brasil e um dos comandos da Rainbow é brasileiro - apesar do nome hispânico e biografia imprecisa. Ele é o único latino-americano no primeiro jogo.

Alejandro Noronha, Rainbow Six (1998).

Rainbow Six: Siege (2015)


Vários outros jogos da saga Rainbow Six foram produzidos, com o título atual Rainbow Six: Siege contando com mais de 50 milhões de jogadores em 2020. No jogo atual, a operadora brasileira Caveira é um dos personagens mais queridos pelos fãs.

Quando da contribuição de Meyer, o CQB (Close Quarters Battle/ Combate Aproximado em Compartimento) era pouco conhecido do público. Hoje é uma febre, e o Brasil possui tropas treinadas nessa especialização, como o GERR da Marinha.

Caveira no Rainbow Six: Siege (2015).

Bibliografia recomendada:

Rainbow Six.
Tom Clancy.

Leitura recomendada:

A Mentalidade da Pontaria de Combate, 28 de setembro de 2018.





FOTO: Contra-terrorismo clássico, 3 de setembro de 2020.

FOTO: Exército chinês no surto de Coronavírus em Wuhan


Soldado chinês com uma máscara em Wuhan, o governo chinês mobilizou as forças armadas para o local e emitiu, no dia 22 de janeiro de 2020, o seguinte comando:

"Entre em um estado de guerra de uma maneira abrangente, implemente medidas de guerra e restrinja resolutamente a propagação da epidemia."

101st Airborne, a "Nossa" Divisão

Paraquedistas americanos preparando-se para o salto no Dia D.

Pelo General A. de Lyra Tavares, 1976.

Transcrito por Filipe do A. Monteiro, 20 de fevereiro de 2014.

Em 1943, como integrantes do primeiro grupo de oficiais brasileiros na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército norte-americano, o então Tenente-Coronel Humberto Castello Branco e eu estudávamos juntos as operações de uma Divisão Aerotransportada, a 101.ª, que, no quadro geral de uma invasão da França por poderosas forças anglo-americanas, com base na Inglaterra, teria que as preceder, muito antes do clarear do dia D, de modo a ocupar a eclusa de Barquette, perto de Carentan, para cobrir a conquista de Bayeux, objetivo naquela frente, do desembarque das primeiras vagas de assalto sobre as praias da Normandia.

Ao mesmo tempo e para o mesmo fim, a 82.ª Divisão Aerotransportada, em sincronia com a nossa, deveria apossar-se de Sainte-Mère-Église, para constituírem as duas uma prévia frente de cobertura, neutralizando os obstáculos e assegurando a posse de certas estradas de modo a abrir a caminho do 7.º Corpo do Exército norte-americano que iria desembarcar na praia de Arromanches, com o objetivo de conquistar Bayeux.

No Plano de Operações, as praias de desembarque, embora francesas, foram codificadas com nomes americanos convencionais: Omaha Beach (entre Vierville e Colleville-sur-mer) e Utah Beach (litoral de Contentin, com 1.500 metros de frente), que servia de área principal às operações do 7.º Corpo do Exército.

Fileira de cima: Lebrao, J. M., Major, Artilharia; Maggessi, A. C., Tenente-Coronel, Infantaria; Kruel, A., Tenente-Coronel, Cavalaria; de Paiva, N. B., Major, Infantaria; Almeida de Moraes, A. H., Major, Artilharia.
Fileira do centro: Arruda, J. T., Tenente-Coronel, Cavalaria; Figueiras, H., Tenente-Coronel, Artilharia; Lyra, A., Tenente-Coronel, Engenharia (Autor); Castello Branco, H. A., Tenente-Coronel, Infantaria.
Fileira de baixo: Leal, J. E., Coronel, Artilharia; Lott, H. T., Coronel, Infantaria; Brayner, F. L., Coronel, Infantaria.

Tudo girava, para nós, em torno da conquista de Bayeux, que era o ponto-chave da grande e arrojada operação, cujo sucesso iria depender do êxito da missão a ser cumprida pela nossa 101.ª Divisão Aerotransportada, o que dependeria das condições atmosféricas, dos obstáculos do terreno e das reações do inimigo.

Tudo isso despertava, como é natural, nosso grande interesse profissional. Eram assuntos novos e de grande importância, sobretudo naquela oportunidade, quando só pensávamos na Grande Guerra e já se pressentia a participação do Brasil.

Tratava-se, porém, ao que imaginávamos, de um tema de estudo, para o fim de exercitarmos nosso método de raciocínio e a técnica de elaborar decisões, embora os problemas fossem apresentados com o máximo de realismo, até nos pormenores, tanto que nos familiarizamos com todos os aspectos das operações, até mesmo pelo exercício de interpretação das fotografias dos trabalhos defensivos dos alemães, colhidos pela Real Força Aérea inglesa nos sobrevôos de suas esquadrilhas de observação sobre a chamada "muralha do Atlântico".

Foi assim que conservamos no espírito, depois da volta ao Brasil, em setembro de 1943, o problema da conquista de Bayeux, no caso de invasão da Europa e, em particular, a arrojada missão a ser cumprida no dia D pela "nossa" 101.ª Divisão Aerotransportada.

Easy Company em Saint Marie-du-Mont.

Aqui chegados, nossas preocupações passaram a ser muito outras. Voltamo-nos inteiramente para os problemas da organização da FEB. Já iniciávamos o mês de junho de 1944 quando, na manhã do famoso dia 6, fui despertado por uma chamada telefônica, para mim inesquecível, do grande e saudoso amigo, então Tenente-Coronel, Humberto Castello Branco. Em palavras apressadas e incisivas, muito ao seu modo, ele queria saber se eu estava ouvindo o rádio. Urgia que eu o fizesse. E terminava - "Nossa Divisão Aerotransportada, sob o comando do General Taylor, cumpriu sua missão, e os Aliados estão desembarcando em Bayeux".

Claro que ele e eu nos despedimos sem mais dizer. O que a ambos nos interessava era o noticiário. E foi com muita emoção que eu me pus a ouvi-lo. Tudo me dava a impressão de estar vivendo um sonho, naquele repentino despertar de coisas que estavam guardadas e adormecidas no meu subconsciente.

O rádio dizia que o General Eisenhower tinha estado pessoalmente, à meia-noite, no aeródromo de decolagem da "nossa" 101.ª Divisão para encorajar os seus homens e testemunhar o início da grande jornada da marcha sobre Berlim.

101st Airborne:
The Screaming Eagles at Normandy.
Mark Bando.

Os Aliados estavam, realmente, em Bayeux. Nossa Divisão, depois de uma aterragem escalonada e muito dura, a partir de 2h 30min da madrugada do dia D, tinha tido completo êxito. Tudo ocorria como estava previsto.

E logo me vieram ao pensamento, como se eu estivesse vivendo a operação, todos aqueles problemas do tema que havíamos estudado, apenas no referente à conquista de Bayeux, durante o Curso da Escola de Leavenworth. Desfilava em minha mente um turbilhão de lembranças: o grande arrojo e o vulto inimaginável da operação Overlord, as falaises da Normandia, o formidável sistema de fortificações, além de muitas outras coisas que me acudiam ao espírito, sob o impacto daquela alvissareira notícia.

Era, afinal, a invasão que começava, a despeito da poderosa organização defensiva do General von Rundsted. A muralha começava a ceder sob a pressão da formidável mola que começava a distender-se, partindo do Sul da Inglaterra, para levar de roldão aquele imenso arsenal casamatado que Hitler mandara erguer para compensar a falta de efetivos de que já se ressentia para cobrir-se na nova e difícil frente ameaçada.

Tudo isso nos trazia a certeza de que a guerra estava mudando os seus rumos. A vitória estava estava à nossa vista. Nossa Divisão Aerotransportada cumprira sua missão e Bayeux estava em poder dos Aliados.

- General Aurélio de Lyra Tavares, Brasil França: Ao longo de 5 séculos, 1979, pg. 288-292.
(Artigo do Autor, publicado pelo Mensário do Arquivo Nacional - Outubro - 1976).

Brasil França:
Ao longo de 5 séculos.
General A. de Lyra Tavares.

Bibliografia recomendada:




Leitura recomendada:

PINTURA: O Ninho da Águia16 de fevereiro de 2020.

O primeiro salto da América do Sul13 de janeiro de 2020.



FOTO: As cobiçada asas paraquedistas30 de janeiro de 2020.


GALERIA: Bawouans em combate no Laos28 de março de 2020.

FOTO: Soldado norte-vietnamita durante troca de PG, 1973

Soldado norte-vietnamita com um surrado mas funcional AK-47.

Soldado norte-vietnamita, armado com um fuzil AK-47 e abaixo de uma bandeira da Frente de Libertação Nacional (o "Viet Cong"), durante a troca de prisioneiros-de-guerra (PG) pela Comissão Militar Conjunta das Quatro Potências, em 1973.

FOTO: Helicóptero nos alpes italianos

Helicóptero NH90 do Exército Italiano nas montanhas Dolomitas durante o Exercício Falzarego 2018, noroeste da Itália, em julho de 2018.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Polícia da Índia aposenta fuzis históricos da era britânica

Nesta foto tirada em 7 de fevereiro de 2012, o pessoal da polícia de Uttar Pradesh verifica seus fuzis Lee-Enfield .303 enquanto se preparam para suas respectivas tarefas de segurança nas cabines de votação em uma escola em Ayodhya. (AFP)

Da Gulf News, 28 de janeiro de 2020.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 28 de janeiro de 2020.

O fuzil Lee-Enfield .303 era a principal arma de fogo das forças militares coloniais britânicas.

Lucknow: A polícia do norte da Índia, no domingo, se despediu dos fuzis históricos da era britânica, depois de usá-los para uma última saudação durante o desfile anual do Dia da República [26 de janeiro].

O fuzil Lee-Enfield .303 foi a principal arma de fogo das forças militares coloniais britânicas e, apesar de ter sido designado como "obsoleto" há cerca de 25 anos, foi a principal arma usada pela polícia no estado de Uttar Pradesh por sete décadas.

O fuzil - usado pelos britânicos durante as duas Guerras Mundiais - dispara um tiro de cada vez, após o que a câmara precisa ser recarregado puxando o ferrolho.

"Eles estão em uso desde a independência (dos britânicos em 1947) e agora serão substituídos pelo INSAS (Indian Small Arms System, Sistema Indiano de Armas Portáteis) e SLRs (Self-Loading Rifles, Fuzis Auto-Carregáveis)", disse o superintendente da polícia Amit Verma*.

*Nota do Tradutor: O INSAS é o FAL produzido na Índia e o SLR é o FAL imperial britânico. Auto-Carregável significa automático.


Os fuzis serão devolvidos a uma fábrica de armas em Ishapore, no estado de Bengala Ocidental, onde serão convertidos em armas anti-motim.

Cerca de 45.000 dos fuzis estavam sendo usados pela polícia do estado, disse Verma, e o modelo era o favorito entre os policiais devido à precisão e robustez.

"Este fuzil (.303) é uma arma fantástica e nos serviu brilhantemente em várias operações no passado", disse à AFP o diretor-geral da polícia Bijaya Kumar Maurya.

“Mas, sendo uma arma de ação de ferrolho com baixa capacidade do carregador, estava na hora de mudar. Sua produção também foi descontinuada, portanto havia mais necessidade de atualização.”

Maurya disse que os novos fuzis automáticos "aumentariam a confiança de nossos policiais" e resultariam em melhor policiamento.

"Os criminosos naturalmente enfrentarão a porrada quando enfrentarem policiais armados com armas automáticas".

Os fuzis serão devolvidos a uma fábrica de armas em Ishapore, no estado de Bengala Ocidental, onde serão convertidos em armas anti-motim, disse o porta-voz Saurabh Singh à AFP.

Saroj Kumar Mishra, constabulário da polícia de Uttar Pradesh desde 1982, disse que sentiria falta do fuzil para serviço pesado.

"A arma é tão suave quanto a manteiga, mesmo depois de 20 tiros consecutivos", disse ele ao jornal Hindustan Times. "Esse recurso é talvez o mais importante que frequentemente sentimos falta nas armas modernas".

A Índia comemorava no domingo [26/01] o aniversário da adoção de sua constituição em 1950.

Operação Quartzo - Rodésia 1980

T-55A rodesiano com a camuflagem final sul-africana.

Por R. Allport, Rhodesia.nl.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 11 de julho de 2019.

As eleições de 1980

Após a eleição do governo do Bispo Muzorewa em 1979, os rodesianos esperavam que a Grã-Bretanha e a comunidade internacional reconhecessem sua administração e acabassem com as sanções. Afinal, observadores britânicos haviam declarado a eleição livre e justa em seu relatório oficial. Os eleitores africanos compareceram em grande número para votar no Bispo e, com algumas poucas exceções, não houve intimidação ou coerção. Os rodesianos achavam, com razão, que haviam cumprido as exigências da comunidade internacional para o governo de maioria africana na Rodésia, agora renomeada Zimbábue-Rodésia.

Nyerere da Tanzânia e Kaunda da Zâmbia, no entanto, opuseram-se à reunião de Chefes de Governo da Commonwealth em Lusaka em agosto de 1979, exigindo que seus protegidos, Mugabe e Nkomo, líderes dos dois principais grupos terroristas em busca de poder, fossem incluídos em qualquer acordo final para o governo de maioria na Rodésia. Sua pressão foi fundamental para levar Thatcher a reter o reconhecimento. O fato de Muzorewa ter sido democraticamente eleito ao poder por uma maioria de 67%, enquanto seus críticos, Kaunda e Nyerere, serem ambos chefes de ditaduras de partido único com economias instáveis (Kaunda foi até mesmo incapaz de providenciar um tapete vermelho para a Rainha na reunião de Lusaka e foi obrigado a pegar um tapete emprestado da "arqui-inimiga" África do Sul...).

A pressão foi assim aumentou para que os rodesianos realizassem novas eleições, novamente monitoradas pela Commonwealth, mas desta vez incluindo os partidos de Mugabe e Nkomo. Cansado da guerra e das sanções, e com o crescente nível de emigração branca afetando seriamente a economia, Muzorewa acabou sendo forçado a aceitar um acordo para uma nova eleição.

O fato de as forças de segurança rodesianas estarem aumentando as suas operações transfronteiriças contra bases terroristas na Zâmbia e em Moçambique persuadiu os presidentes Kaunda e Machel a exercerem a sua influência sobre Nkomo e Mugabe para moderarem as suas condições para participarem na nova eleição. Mugabe, por exemplo, exigira inicialmente que as forças de segurança rodesianas fossem dissolvidas antes da eleição e que o país fosse policiado por uma combinação das forças terroristas. Essa era uma condição com a qual os rodesianos nunca concordariam, pois era uma tentativa claramente transparente da ZANU de garantir que suas forças tivessem o controle de fato do país antes da eleição, e de permitir que ele [Mugabe] influenciasse a votação e ignorasse qualquer resultado desfavorável à ZANU. A desconfiança resultante que os rodesianos sentiram pelos métodos e manobras de Mugabe foi provavelmente a principal razão por trás da preparação de um plano de contingência.

Manutenção de rotina no Quartel Nkomo.

Por fim, chegou-se a um acordo para a realização de novas eleições. Forças de monitoramento da Commonwealth chegaram à Rodésia e as forças terroristas da ZAPU e da ZANU começaram a enviar seus homens para os Pontos de Reunião por todo o país.

À meia-noite de 28 de dezembro de 1979, um cessar-fogo entrou em vigor. A maioria dos rodesianos brancos queriam ou esperavam que Muzorewa asseguraria novamente o voto majoritário. No entanto, não demorou muito para que especialistas como John Redfern, Diretor de Inteligência Militar, concluíssem que isso não aconteceria. Por um lado, milhares de terroristas armados do ZANLA permaneceram em liberdade dentro do país. Em seu lugar nos Pontos de Reunião havia milhares de jovens disfarçados de guerrilheiros, deixando os verdadeiros terroristas livres para intimidar a população e influenciar a votação. Comandantes das forças de segurança da Rodésia informaram isso ao General Walls, e ele tentou persuadir Lord Soames, o governador temporário enviado pela Grã-Bretanha para presidir a eleição, a desqualificar a ZANU. Soames deu vários avisos a Mugabe, mas não tomou mais nenhuma providência para impedir que a ZANU participasse da eleição.

Antes da eleição, um estuda de inteligência militar foi preparado por oficiais rodesianos, definindo os possíveis cursos de ação para opor a ZAPU e a ZANU, e impedindo-os de ganhar a eleição. Um segundo documento de inteligência previu uma vitória de Mugabe e advertiu que isso poderia precipitar uma onda de terroristas vitoriosos convergindo na capital, Salisbury, confrontando civis brancos e as forças de segurança. Outros estudos descreveram o que seriam "Terrenos de Ativos Vitais" no caso de isso acontecer e uma ação detalhada que precisaria ser tomada para manter essas áreas estratégicas. Os estudos também enfatizaram a necessidade, neste caso, de "neutralizar" rapidamente os Pontos de Reunião terroristas. Os membros do COMOPS (Comando de Operações) e do Special Branch (serviço especial) envolvidos na elaboração desses documentos pareciam convencidos da necessidade de algum tipo de ação preventiva para evitar que o país caísse no caos.

Operação Quartzo

O projétil de 100m.

Esses documentos de inteligência provavelmente formaram a base do plano que recebeu o codinome "Operação Quartzo". Este plano previa colocar as tropas rodesianas em pontos estratégicos dos quais eles poderiam simultaneamente destruir os terroristas nos Pontos de Reunião e assassinar Mugabe e os outros líderes terroristas em seus quartéis-generais de campanha. O ataque seria auxiliado por helicópteros Puma da Força Aérea da África do Sul e envolveria a participação de unidades de elite Recce do exército sul-africano. Claramente os rodesianos haviam discutido a Operação Quartzo com suas contrapartes nas SADF (Forças de Defesa Sul-Africanas) e obtiveram sua aprovação e cooperação. Lorde Soames já havia concordado em permitir que 400 tropas sul-africanas entrassem no país para proteger a área de Beitbridge, a principal rota de fuga para os brancos se a situação degenerasse em caos e guerra total. De fato, o número de homens que as SADF enviou para além da fronteira era mais próximo de 1.000, embora alguns tenham sido retirados depois dos protestos de Mugabe.

A Operação Quartzo foi aparentemente baseada na suposição de que, se Mugabe fosse derrotado nas eleições, seria necessário realizar um ataque contra a ZANU para impedir que suas forças tentassem um golpe e tomassem o país à força. O plano pressupunha uma vitória de Nkomo ou Muzorewa ou, mais provavelmente, de uma coalizão dos dois. As forças do ZIPRA já haviam, de fato, iniciado exercícios conjuntos de treinamento com as forças rodesianas e, sem dúvida, seus líderes tinham uma ideia do que a Operação Quartzo implicaria. No entanto, Nkomo não era popular entre os brancos, e havia uma possibilidade distinta de que as tropas brancas ignorassem as ordens para evitar conflitos com o ZIPRA.

Preparando munição.

Embora os detalhes completos da Operação Quartzo nunca tenham sido tornados públicos, alguns aspectos do plano foram revelados por ex-membros das forças de segurança. O plano foi dividido em duas partes: a Operação Quartzo, um ataque aberto contra os terroristas, e a Operação Héctica, um ataque secreto para matar Mugabe e seu pessoal-chave.

Os Pontos de Reunião haviam sido acordados como parte do Acordo da Casa de Lancaster e eram simplesmente enormes campos onde milhares de terroristas se reuniam. As forças de segurança da Rodésia tinham sido encarregadas de monitorar as atividades pré-eleitorais e manter a paz. A maioria das unidades de linha de frente, portanto, já estava em posições a uma distância fácil de ataque dos campos terroristas. Os ataques nos campos seriam precedidos por ataques da Força Aérea Rodesiana.

A parte secreta do plano - Operação Héctica - deveria ser executada pelas tropas de elite do Serviço Aéreo Especial da Rodésia (Special Air Service, SAS). O esquadrão "A" do SAS assassinaria Mugabe, enquanto o esquadrão "B" cuidaria do vice-presidente Simon Muzenda e do contingente de 100 homens do ZANLA baseado no Centro de Artes Médicas. O esquadrão ‘C’ foi designado para eliminar os 200 homens do ZIPRA e do ZANLA com seus comandantes (Rex Nhongo, Dumiso Dabengwa e Lookout Musika) baseados no prédio de Artes Audiovisuais da Universidade da Rodésia. Tanto quanto possível, os homens do ZIPRA teriam a oportunidade de escapar, e possivelmente teriam sido informados do plano de antemão.

Carga de combate completa de 43 projéteis.

Os esquadrões do SAS seriam apoiados por tanques e carros blindados do Regimento de Carros Blindados da Rodésia, junto com uma arma surpresa na forma de canhões sem recuo de 106mm, até então desconhecidos, no arsenal rodesiano.

Os carros blindados Eland apoiariam os esquadrões "A" e "B", enquanto os tanques T-55 rodesianos apoiariam o Esquadrão "C" macetando o prédio de Artes Audiovisuais até virar um monte de entulho antes do ataque das tropas. Inicialmente, pretendia-se que todos os oito tanques T-55 fossem usados contra os prédios da universidade, porém mais tarde quatro deles foram enviados a Bulawayo para ajudar o RLI Support Commando (4ª companhia, apoio, "A Elite", Regimento Leve de Infantaria) no ataque planejado contra um grande Ponto de Reunião na área.

Os tanques foram secretamente colocados em navios de baixa carga e transferidos para uma área de reunião avançada no quartel King George VI. Os ensaios com os tanques haviam ocorrido no quartel de Kibrit, e o planejamento era completo e detalhado. Os tanques disparariam cerca de 80 projéteis de alto explosivo no prédio à queima-roupa, após o qual um único tanque derrubaria a parede de segurança ao redor da universidade. Com previsão, as tropas haviam até removido os pára-lamas dianteiros do tanque em questão, para que os destroços da parede não fossem pegos embaixo deles e sujassem nas lagartas! Este era o tanque de comando e durante os preparativos o CO (oficial comandante) estava em contato próximo com o major do SAS, Bob MacKenzie, cujas tropas subsequentemente entrariam no prédio e o limpariam. Trooper Hughes, que tirou as fotos exclusivas mostradas aqui, foi o municiador neste tanque em particular e ele lembra que os tanques também foram equipados com holofotes e totalmente abastecidos com munição extra 12,7mm e 7,62mm em adição à carga do canhão principal.

Primeiros tiros de treinamento.

As equipes do SAS usariam essa brecha para assaltar o prédio e limpá-lo de terroristas, marcando cada sala limpa com um lençol pendurado para fora da janela. Os homens do SAS estavam bem preparados para a sua tarefa, equipados com fuzis AK-47, armaduras corporais e granadas de efeito moral, semelhantes às usadas pelos seus homólogos britânicos. A operação terminaria antes que os terroristas soubessem o que estava acontecendo.

Quando a votação chegou ao fim, as tropas do SAS, do RLI e dos Selous Scouts esperaram ansiosamente que a palavra-código "Quartzo" fosse dada. Eles estavam impacientes para enfrentar finalmente o inimigo que sempre usara táticas clássicas de guerrilha de ataque e fuga. Não pode haver dúvidas de que, se a ordem tivesse sido dada, as forças terroristas teriam sido dizimadas em poucas horas. Seu número superior teria contado por pouco diante de um ataque das pequenas, mas altamente motivadas e efetivas tropas rodesianas.

O sinal nunca foi dado.

Três horas antes, a operação foi cancelada e Mugabe foi anunciado como o vencedor, seus homens exultantes nas ruas de Salisbury, enquanto as tropas rodesianas observavam em silêncio.

Segunda-feira, 04 de março de 1980 - 09:00h. História sendo feita - oportunidade perdida? Quartel Blakiston-Houston Barracks, membros do RhACR 'E' Sqn ouvem a transmissão do resultado da eleição na rádio ZRBC - Op Quartz terminou, para sempre.

A razão para o cancelamento da Operação Quartzo não é conhecida, mas existem várias explicações possíveis.

O Tenente-Coronel Garth Barrett, comandante do SAS, acreditava que ela havia sido comprometida por alguém nos níveis superiores de planejamento que trabalhava secretamente para os britânicos. Uma teoria verossímil, já que várias tentativas anteriores de matar Mugabe tinham sido aparentemente prejudicadas pela má sorte - reuniões onde emboscadas foram preparadas foram canceladas no último minuto e Mugabe escapou por pouco de várias tentativas à bomba contra a sua vida. Nkomo também havia escapado por pouco de uma tentativa bem planejada e executada contra sua vida pelo SAS na Zâmbia. Era quase como se estivessem sendo avisados de antemão.

Outra teoria é que a operação foi comprometida por homens do ZIPRA que foram informados do plano, seja de propósito ou por acidente. Sua proximidade com as forças do ZANLA dificultaria que eles mantivessem suas próprias preparações em segredo por muito tempo.

Uma terceira possibilidade é que, uma vez que o General Walls tenha percebido que Mugabe havia vencido a eleição, ele cancelou a operação, alegando que ela só deveria ser implementada se Mugabe perdesse a eleição e tentasse tomar o poder pela força.

Walls afirmou mais tarde em uma entrevista que ele não sabia da Operação Quartzo, mas depois passou a explicar que ele não havia ordenado um golpe porque não teria durado 48 horas em face da oposição mundial. Ken Flower, chefe do CIO (Central Intelligence Organisation / Organização Central de Inteligência), certamente sabia dos planos, uma vez que eles haviam sido dados a ele por um oficial do Special Branch. Curiosamente, ele não fez menção à Operação Quartzo em suas memórias.

Ian Smith também teria dito a Ian Hancock, em uma entrevista em julho de 1989, que ele havia conversado com os comandantes da força em uma reunião em sua casa, em Salisbury, pouco antes das eleições, e disse que Walls lhe assegurou que Mugabe não ganharia, mas quando pressionado por Smith, Walls admitiu que havia um plano de contingência para deter Mugabe. Parece muito improvável, portanto, que Walls não estivesse ciente da existência dos planos da Operação Quartzo.

Mesmo após a vitória de Mugabe ter sido anunciada, tropas das forças de segurança esperaram em antecipação tensa e a situação permaneceu incerta até que Walls foi à televisão naquela noite e anunciou que "qualquer um que saia da linha ou por qualquer razão comece a desobedecer a lei será enquadrado com eficácia e rapidez..." Esta declaração cuidadosamente redigida sinalizou o fim de qualquer esperança de que a Operação Quartzo ainda pudesse ocorrer.

Segunda-feira 04 de março de 1980 - 0915h - 'A Realidade Bate' - membros do RhACR 'E' Sqn. ponderam os resultados eleitorais recém-anunciados pela rádio ZRBC. A ficha cai. Op Quartzo está acabada - Mugabe é o novo primeiro-ministro - a ZANU PF é o partido no poder. Alguns choram, alguns riem, os soldados estrangeiros planejam suas fugas - no fundo, o rugido dos soldados africanos. A comemoração no Quartel KG VI eleva-se mais alto!

De acordo com o jornalista Pat Scully, os detalhes sobre a Operação Quartzo tornaram-se públicos depois que Mugabe decidiu se livrar de Peter Walls, após os comentários cáusticos deste último sobre Mugabe na TV e entrevistas na África do Sul. Ao acusar Walls de ter sido o cérebro por trás de todo o plano, Mugabe poderia dispensá-lo e, ao mesmo tempo, distrair a atenção do público do "Caso Tekere" (Edgar Tekere, um dos ministros de Mugabe, foi preso pelo assassinato de um idoso fazendeiro branco), o que estava dando a Mugabe muita má publicidade no exterior na época.

Nathan Shamuyarira (Ministro da Informação), portanto, acusou Walls na Casa da Assembléia em 15 de agosto de traição e afirmou o seguinte:
  1. A Operação Quartzo envolveu uma aquisição militar do país em 4 de março, o dia da vitória eleitoral de Mugabe.
  2. As tropas do ZANLA tinham sido propositalmente reunidas em pontos de reunião para que a Força Aérea da Rodésia pudesse destruí-las em massa.
  3. O ZIPRA não deveria ser atacado, na esperança de promover uma aliança entre Nkomo e Muzorewa depois do ZANLA ter sido neutralizado.
  4. A Operação Quartzo foi cancelada apenas três horas antes de ser lançada, porque Walls achou que não poderia ter sucesso em vista da esmagadora vitória de Mugabe nas urnas.
John Ellison, um editor estrangeiro do "Daily Express" (Londres), que originalmente divulgou a história, afirmou mais tarde que a versão dada por Shamuyarira na Casa da Assembléia tinha sido deliberadamente distorcida para implicar Walls. A Operação Quartzo, de acordo com Ellison, era simplesmente um plano de contingência que havia sido elaborado seis semanas antes e foi projetado para proteger o governo de coalizão (Nkomo-Muzorewa), que muitos acreditavam que seria o resultado final da eleição. A operação teria sido executada, caso se provasse necessário, em apoio a um governo legalmente eleito.

O General Walls negou categoricamente as alegações de Shamuyarira, dizendo que ele nunca tinha ouvido falar da Operação Quartzo, mas Mugabe se recusou a acreditar nisso, exigindo que Walls deixasse o país o mais rápido possível. Walls já havia apontado para Mugabe que ele não tinha controle suficiente sobre as 3 ex-forças terroristas, e em uma entrevista em agosto, na SABC-TV, previu que encrenca estava chegando. Ele estava certo - três semanas depois, tiroteios entre ZIPRA e ZANLA começaram...

Os sinais da Operação Quartzo

Que a Operação Quartzo foi de fato considerada seriamente pelas forças de segurança e que os preparativos foram detalhados e muito avançados no momento da eleição, é demonstrado pela existência de alguns dos sinais originais enviados às unidades do exército. Cópias foram mantidas, contra ordens, por alguns dos oficiais, e vários desses originais estão agora em posse da Associação do Exército da Rodésia, que está preparando uma história da guerra. Os exemplos a seguir foram fornecidos pelo Capitão Peter Bray do RhACR, e são aqui reproduzidos com exatidão (incluindo erros de digitação):


Os tanques T-55 rodesianos

Esquema de camuflagem líbio original.

Antes de 1979, o exército rodesiano não possuía tanques. Em outubro daquele ano, eles receberam oito tanques T-55 da África do Sul, confiscados de um navio francês, o “Astor”, que transportava uma remessa de armas pesadas da Líbia para Idi Amin, em Uganda. O regime de Amin entrou em colapso no dia em que o navio atracou em Mombaça e foi redirecionado para Angola. O navio ligou para Durban, onde a carga, incluindo dez tanques T-55LD construídos pela Polônia (construídos em 1975), foi apreendida, e a África do Sul, naquele momento, estava considerando entrar em guerra com Angola. Dois dos tanques foram mantidos pelos sul-africanos para avaliação. Os oito restantes foram transportados para a Rodésia, juntamente com assessores das SADF, com o objetivo de treinar tripulações rodesianas. O rumor foi espalhado de que os tanques haviam sido capturados em Moçambique, a fim de obscurecer o comprometimento da África do Sul no acordo.

Esquema de camuflagem americano.

Os tanques, agora parte do Rhodesian Armoured Car Regiment (Regimento de Carros Blindados da Rodésia) - em um recém-formado “E” Squadron (Esquadrão "E") - foram levados por transportadores de tanque por vários meses para dar a impressão de que os rodesianos possuíam um grande número de tanques pesados. Ao chegarem, os T-55 usavam o esquema original de camuflagem da Líbia. O Major Winkler ordenou que eles fossem repintados em camuflagem americana, o que era eminentemente inadequado, e finalmente os instrutores sul-africanos os ordenaram pintados em camuflagem sul-africana anti-infravermelho, o que provou ser perfeito para as condições rodesianas.

A camuflagem SADF se mostra ideal.

As tripulações dos tanques vieram do 'D' Sqn RhACR, soldados da força regular que tinham assinado um período mínimo de 3 anos. Tripulações treinadas eram vitais se os tanques fossem usados com máxima eficiência e era necessário assegurar que as tripulações permanecessem no Exército por algum tempo. Alguns poucos homens já tinham experiência com tanques, mas inicialmente havia muita experimentação e dependência dos manuais, até que o QG do Exército providenciou treinamento adequado ministrado por membros da Escola de Blindados das SADF.

O comando do 'E' Sqn foi dado ao Capitão Kaufeldt, um experiente tanquista da Alemanha Ocidental. Mais recrutas da RLI e Selous Scouts chegaram para preencher as lacunas e se saíram bem em sua nova tarefa.

Os rádios fabricados pelos soviéticos foram removidos dos tanques e substituídos pelos rádios e fones de ouvido sul-africanos usados nos blindados Eland 90. Eles usavam um sistema de microfone ativado pela garganta e eram muito superiores aos modelos soviéticos. Nos tanques soviéticos, os rádios eram operados pelo municiador, além de sua tarefa no canhão principal. Os rodesianos, argumentando que o municiador já tinha o suficiente para mantê-lo ocupado, moveram os rádios para a posição do comandante do tanque. As tripulações dos tanques receberam fuzis de assalto AKMS soviéticos novinhos em folha e estavam ansiosos para testá-los em condições de combate. Eles estavam destinados a permanecer não usados.

Ligeiramente maior que um cano de AK.

Foto Bônus:

Grupo de rodesianos posando em cima de um dos seus T-55.

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O Urutu no CFN


Em 1973, continuando no objetivo de obtenção de material anfíbio, o CFN adquiriu cinco viaturas de transporte de tropa, blindadas, sobre rodas Urutu, que foram recebidas em cerimônia realizada no CIAdestCFN, presidida pelo Ministro da Marinha, com a presença do comandante-geral do CFN e o presidente da empresa montadora. Esses veículos possuíam capacidade anfíbia limitada a águas tranqüilas pois, com o mar de popa, inclinavam-se para vante imergindo mais do que o desejável e com banda para boreste. Impulsionados por hélice, quando na água desenvolviam baixa velocidade, não possuíam sistema de governo adequado, não enfrentavam ondas e não podiam ser lançados e recolhidos através da rampa dos NDCC, por serem sobre rodas e com espaçamento entre eixos muito grande, não tendo sido aprovados no teste realizado na Operação Dragão XI, em 1975. Agravava ainda mais a situação esses Urutus constituírem os primeiros fabricados pela indústria nacional, sendo diferentes entre si e diferentes dos produzidos em série para o Exército Brasileiro e para exportação, acarretando dificuldade para sua manutenção.

Foram utilizados como transporte terrestre, na Companhia de Viaturas Anfíbias do Batalhão de Transporte, porém não permaneceram muito tempo em serviço, acabando seus dias como monumento na entrada de OM da FFE, como símbolo da primeira tentativa de obtenção de uma viatura blindada para assalto anfíbio e, porque não dizer, de incentivo à indústria nacional.

Foi ainda dentro desse cenário favorável que a administração naval, no início de 1974, destinou uma verba no exterior para aquisição dos carros de lagarta anfíbios. Colocada a encomenda, a empresa FMC montadora desses veículos informou que a linha de produção estava fechada e que seria reaberta somente em um prazo de dez anos aproximadamente. Entretanto, a firma ofereceu a preços inferiores a viatura sobre lagarta M-113, que possuía a limitada capacidade para travessia de curso de água.

Embora reconhecendo não ser o M-113 uma viatura anfíbia, o CFN decidiu pela sua compra, com o intuito de introduzir a lagarta no seu inventário e permitir ao nosso pessoal a obtenção de conhecimento sobre as suas operações e manutenção. Esses carros demonstraram a sua utilidade e, decorridos quase 30 anos de sua aquisição, continuam hoje a prestar serviço à FFE. Na sua chegada ao Brasil eles foram incorporados ao Batalhão de Transporte Motorizado.

- Fuzileiros Navais: Das praias de Caiena às ruas do Haiti, 2005, pg. 40-41.

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Post Scriptum: Comentários sobre o mesmo texto em um grupo de fuzileiros navais em 2014

FN1: Camarada Filipe, mesmo eu tendo servido sempre na Infantaria, eu não me lembro de ter feito nenhuma manobra com o Urutu. Todos os blindados do CFN eram lotados no antigo Batalhão de Viaturas Anfíbias da Tropa de Reforço que era situada em Niterói, e ficava bem distante de onde eu servia, que era na Divanf, na Ilha do Governador... E agora eu tô pensando que esse Urutu aí da foto, talvez seja o mesmo Urutu que eu e o outro campanha da escola lixamos, por causa do comentário feito pelo nosso campanha Agilson, que identificou a trave do gol no fundo da foto lá do Batalhão de Comando da Divanf e pela localização do carro na fotografia, bem próximo ao campo de futebol, e que agora estou me lembrando ser no mesmo local onde na época lixamos o carro ... **...

Eu fiz algumas manobras de Apoio Mútuo Carro Infantaria com os blindados M113, que até hoje estão em pleno uso no CFN, e foi também na minha época de SD, que o CFN adquiriu os primeiros Clanfs... Fizemos uma manobra na ilha da Marambaia em 1987 com os Calnfs dos Marines, mas havia lá também apenas um carro Urutu, zero Km da empresa bélica ENGESA, sendo testado pelo CFN, mas esse carro de combate afundou ao descer a rampa do NDCC no mar da Marambaia! Sorte a nossa que só havia apenas o motorista à bordo do carro, mas ele foi muito safo, estava com colete salva-vidas e abandonou rapidamente o Urutu onceiro! **... (Filipe Amaral, essa história do Urutu que afundou na Marambaia, não é Guerra!) e o carro foi reprovado no teste! **... Se tiver algum naval aqui da página, que estava nessa manobra, talvez ainda consiga se lembrar desse cenário com o Urutu que afundou... **...

FN2: Pois é camarada Agilson, mas o Urutu foi resgatado no mesmo dia pelos mergulhadores de combate marujos que vieram do Rio de helicóptero especialmente para mergulhar e amarrar os cabos de aço no Urutu, e depois o guindaste do NDCC içou o urutu até a rampa do NDCC, e os marujos MR usando um equipamento com sistema de tração do próprio NDCC, se encarregaram de puxar o Urutu para dentro do deque do navio... E isso não é guerra não campa! Quem estava nessa manobra deve se lembrar desse cenário... kkk

FN1: Então amigo, o CFN aprovou os carros lagarta anfíbios, e meses depois, a Marinha adquiriu seus primeiros 12 Clanfs... O Clanf 01, era somente para transportar as autoridades do Estado Maior do CFN envolvidas nas manobras anfíbias, o Clanf 02, era o carro guincho de socorro, reboque e reparo rápido, e dentro dele era repleto de peças de reposição para os outros Clanfs, para serem usadas caso algum Clanf daqueles se quebrasse em alguma manobra... Já os outros 10 Clanfs eram para o desembarque anfíbio e transporte somente para os pelotões de fuzileiros dos batalhões de infantaria, por que quem não era dos pelotões de infantaria, não desembarcava pelos Clanfs, mas, tinha que descer pela rede de transbordo para desembarcar na praia pelas EDCG... Pelo menos naquela época inicial em que o CFN havia adquirido os seus primeiros 12 Clanfs, as manobras anfíbias eram feitas assim.

FN2: O mais hilário nesse cenário aí do Urutu, campa Agilson, é que estavam todos os navais dos pelotões de infantaria armados e equipados, reunidos no deque do NDCC Duque de Caxias aguardando a vez para embarcar nos Clanfs, e o Urutu 0 km da ENGESA todo pintado na cor preta, desceu primeiro a rampa do navio só com o seu motorista, e assim que ele bateu nágua, afundou imediatamente, mas nós que estávamos olhando o desembarque, pensávamos que ele iria emergir, porque até os Clanfs quando descem a rampa do navio, sempre dão uma pequena afundada mas logo emergem á tona, mas nesse caso aí, só quem emergiu do mar, foi o piloto do Urutu, e todos ficamos espantados com aquele cenário triste, e o cara subiu rapidamente à rampa, aí ele disse, afundou, não pegou sustentação! kkkk