domingo, 5 de abril de 2020

Teledyne anuncia que o Estado francês se opõe ao seu desejo de comprar a Photonis

A Teledyne Technologies estava em "negociações avançadas com a Aridan para adquirir a Photonis por aproximadamente 550 milhões de dólares". (Créditos: Photonis)

Por Michel Cabirol, La Tribune, 5 de abril de 2020.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 5 de abril de 2020.

Em um documento enviado à SEC americana em 31 de março, a Teledyne revelou que havia sido "verbalmente" informada "de uma opinião negativa" pelo ministro da Economia e Finanças francês Bruno Le Maire sobre a aquisição da Photonis. A Teledyne ofereceu a Ardian 550 milhões de dólares para comprar essa pepita francesa.


A aquisição da Photonis pelo grupo americano Teledyne Technologies está muito perto de cair na água. Em um documento enviado em 31 de março à SEC (Comissão de Segurança e Câmbio), a Teledyne revelou que havia sido "verbalmente" informada no mesmo dia "de uma opinião negativa" do ministro da Economia e Finanças da França, Bruno La Maire. O grupo americano, portanto, não obteve uma autorização de investimento na França. "A Teledyne está atualmente esperando uma resposta por escrito" do Ministro da Economia, disse ele. Nesta nota, a Teledyne Technologies também confirmou que estava em "negociações avançadas (com o fundo francês Ardian, nota do editor) para adquirir a Photonis International SAS e suas subsidiárias por aproximadamente 550 milhões de dólares". Cabe à França confirmar sua recusa por escrito.

Alinhados sobre essa decisão, os Ministérios da Economia e das Forças Armas concordaram em dizer, no início de março, que a Photonis tinha que "permanecer soberana", segundo uma fonte familiarizada com o assunto. Florence Parly pressionou muito para acabar com esse investimento estrangeiro. E, nesse contexto, o Estado "não pode considerar uma opção de venda para uma empresa americana", explica uma fonte do Hotel de Brienne. "Acredita-se que seja soberana demais para ser cedida a um grupo americano". É bem claro que "não houve debate", argumenta o Hotel de Brienne. O grupo americano de engenharia e de eletrônica Teledyne estava em negociações exclusivas desde o início de fevereiro, como revelou a AFP em meados de fevereiro.

Por que o estado vetou

Nesse arquivo, o governo fez "uma análise apoiada e aprofundada do que a Photonis representa para o Estado francês". Esta empresa, com sede em Mérignac, é uma das líderes mundiais no projeto e fabricação de tubos intensificadores de luz nos setores aeronáutico, de pesquisa e defesa, bem como para aplicações em mercado comercial. Possui uma nova tecnologia digital que permitirá a comunicação não mais através do cobre, mas através da luz. Em geral, vendeu notavelmente seus equipamentos militares e de segurança para as forças especiais de todos os países da OTAN.



Além disso, a Photonis, que trabalha na detecção de nêutrons, envia seus equipamentos para o laser Megajoule e a direção das aplicações militares do CEA. Essa PME fabrica pequenos instrumentos que permitem contar nêutrons, medir fluxos de nêutrons que permitem controlar a maneira pela qual as reações nucleares podem ocorrer. "É fácil entender por que é um ator importante", observa-se no Ministério das Forças Armadas.

BOEING/ SAAB T-7A RED HAWK. A futura capacidade de combate aéreo começa aqui.


Boeing/ Saab T-7A Red Hawk
FICHA TÉCNICA 
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,90 (1111 km/h).
Velocidade máxima: Mach 1,05 (1300 km/h).
Razão de subida: 10211 m/min.
Potência: 1,42.
Carga de asa: Não informado até a data de publicação deste texto.
Fator de carga: +9 Gs.
Taxa de giro: 19º/s (estimada).
Razão de rolamento: 240º/s.
Teto de Serviço: 15240 m.
Alcance: 1143 km.
Empuxo: Um motor General Electric F-404-GE-400 com pós combustor que produz 7800 Kgf de potência.
DIMENSÕES
Comprimento: 14,15 m.
Envergadura: 10 m.
Altura: 4 m.
Peso: 3250 kg.
Combustível Interno: 2250 kg (estimado)
ARMAMENTO
Inicialmente sem armamentos. Está previsto uma versão leve de combate que deverá ter foco no mercado de exportação.

DESCRIÇÃO
Por John Ironhead.
A Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) possui uma enorme quantidade de aeronaves de combate e a missão de treinar pilotos para poderem assumir o cockpit dessas aeronaves é uma responsabilidade enorme. Nos últimos 59 anos, essa importante tarefa tem sido delegada para os 500 jatos supersônicos de treinamento T-38C Talon desenvolvidos pela Northrop, aeronave esta, que nossos vetustos F-5EM Tiger II empregados na Força Aérea Brasileira tem "parentesco".
Com todo esse tempo de uso, é plenamente natural que problemas de fadiga da célula começasse a tornar perigoso manter os T-38 em operação. Além disso, a manutenção dessas aeronaves cujas peças já não mais se encontram em linha de produção já há alguns anos, se tornou mais cara. Somando a isso, o fato de que, os novos aviões de combate de 5º geração e mesmo os caças de 4º geração que receberam extensas melhorias em programas de modernização bastante completos, já estava demandando um jato de treinamento com capacidades de treinar e simular o comportamento de um jato de combate da primeira linha de forma mais adequada, o que o T-38C já não faz.
O Northrop T-38C Talon, tem formado novos pilotos de combate pelos últimos 59 anos. É chegado a hora de dar o merecido descanso para esta excelente aeronave.
Assim, em em 2003, a USAF começou a estudar os requisitos operacionais para um substituto do T-38C dando início a um processo que culminaria com o programa T-X, onde varias empresas apresentaram propostas para cumprir os requisitos pedidos pela USAF.  Participaram desse programa como concorrentes a empresa italiana Leonardo que se juntou com a Honeywell para oferecer o jato T-100, uma variante do M-346 (já descrito aqui no WARFARE) e que se encontra em uso pela Força Aérea Italiana, israelense, polonesa, do Azerbaidjão e Singapura. Outro concorrente foi a KAI que se juntou com sua parceira norte americana de longa data, a Lockheed Martin, e trouxeram o T-50 Golden Eagle (também já apresentado no WARFARE). Esta aeronave, também já empregada por algumas forças aéreas como a sul coreana, Iraquiana entre outras, tem como característica de destaque, o fato de ser supersônica e de já haver uma versão armada empregada para caça leve.
A Northrop, criadora do T-38, entrou na concorrência com uma joint venture com a BAe que trouxe uma moderna versão de seu clássico jato de treinamento Hawk T-2 e posteriormente apresentou um projeto próprio denominado Model 400, que mesmo propulsado pelo potente motor General Electric F400-102D, ainda não era capaz de voos supersônicos. A Northrop acabou desistindo da concorrência antes do final do processo decisório.
Outras empresas com propostas menos viáveis também chegaram a se apresentar, como foi a Textron com seu Scorpion (Já descrito no WARFARE) e a Stavatti com seu projeto Javelin.
A proposta vencedora foi a do moderno jato da joint venture  Boeing/ Saab, sob o nome inicial de "T-X". Posteriormente, batizado de T-7A e apelidado pela força aérea americana de Red Hawk em homenagem aos Tuskegee Airmens, pilotos negros que voaram pelos Estados Unidos na segunda guerra mundial em missões de combate e escolta de bombardeiros.
Aqui podemos ver os 4 principais concorrentes do T-7A que foram apresentados para fornecer uma solução de treinamento avançado parta o programa TX.
O T-7 possui uma configuração aerodinâmica convencional, com asas a frente, tailerons na parte posterior e dupla deriva em uma aeronave monomotor, o que não é, exatamente, algo tão comum, embora o F-35 tenha, justamente essa configuração. Seu tamanho, com comprimento pouco maior que os 14 metros, é comparável ao do T-38 Talon que ele vai substituir. e seu baixíssimo peso, de 5500 kg como máximo na decolagem somado a um potente motor F-404-GE-400 com pós combustor (uma versão do motor empregado nos caças F/A-18 Hornet legacy e nos primeiros caças Saab JAS-39A/C Gripen), permite a este jato de treinamento uma velocidade máxima de 1300 km/h, sendo assim um dos poucos aviões de treinamento do mundo, hoje, que superam a barreira do som em voo nivelado. O empuxo de 7800 kgf , quando empregado o pós combustor, fornece uma relação empuxo peso elevada, o que somado a estabilidade artificial controlada por FBW (fly by wire), garante um alto desempenho de manobra, com capacidade de altos ângulos de ataque, podendo simular com mais fidelidade o comportamento de voo dos caças de linha de frente que os pilotos que se formarem nesta aeronave serão levados a pilotar na USAF. Aqui, é importante informar, que o T-7A possui capacidade de puxar cargas de até 9 Gs em manobras, o que permite ao piloto em treinamento, conhecer a sensação de pilotar aeronaves em manobras apertadas de alta velocidade.
Apresenta~]ao do Boeing/ Saab T-7A Red Hawk. A Boeing foi vbastante ousada em apresentar um projeto inteiramente novo frente as outras empresas que chegaram com produtos já desenvolvidos e bem colocados no mercado.
Dentro do cockpit, os alunos encontrarão um painel de controle com uma grande tela, ao estilo WAD (como encontrada nos caças F-35 e no F-39 Gripen E, que a Força Aérea Brasileira comprou para seu programa FX, estando em consonância com o que há de mais avançado em uma cabine de uma aeronave de combate com o qual o piloto terá em suas mãos depois de formado. É interessante observara que, embora o T-7A não opere armas, seus sistemas, ainda sim, foram projetados para simular o emprego destas, de forma a deixa o aluno com um treinamento ainda mais completo e a um custo mais baixo. Alias, uma das chaves do projeto do T-7A é seu custo de aquisição e manutenção relativamente baixos. Isso poderá se tornar um atrativo importante para eventuais exportações para nações que prefiram o emprego de uma aeronave a reação para preparar seus pilotos de combate.
Os dois protótipos  T-7A Red Hawk receberem a pintura de cauda vermelha em homenagem aos Tuskegee Airmens, pilotos negros que voaram pelos Estados Unidos na segunda guerra mundial.
O T-7A Red Hawk chega em um momento importante pois os pilotos de combate norte americanos (e mesmo dos da OTAN) estão tendo que enfrentar as ameaças de maior complexidade desde a guerra do Vietnam. O gap tecnológico que beneficiou a força aérea dos Estados unidos pelos últimos 40 anos tem declinado ao ponto que, hoje, os adversários norte americanos possuem aeronaves páreas em muitos segmentos e até mesmo, superiores em outros. Assim, além dos caças de 5º geração, os americanos já começam a planejar a próxima geração de aeronaves de combate que deverá substituir os F-15 remanescentes e mesmo, o F-22 em meados de 2030, e para poder preparar a nova geração de pilotos, o T-7A vai dar a qualidade no aprendizado para estes futuros pilotos de combate.
As primeiras aeronaves e simuladores do T-7A estão programados para chegar à Base Conjunta de San Antonio-Randolph, Texas, em 2023. Todas as bases de treinamento de pilotos de graduação acabarão por passar do T-38C para o T-7A. Essas bases incluem a Base da Força Aérea de Columbus, Mississippi; Laughlin AFB e Sheppard AFB, Texas; e Vance AFB, Oklahoma.










sábado, 4 de abril de 2020

FOTO: Assalto chinês na Batalha das Ilhas Yijiangshan

Grupo de assalto chinês comunista atacando com lança-chamas a Cota 203, defendida pelos chineses nacionalistas, em 18 de janeiro de 1955.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 4 de abril de 2020.

A Batalha das Ilhas Yijiangshan foi um assalto anfíbio da China comunista (PLA), com mais de 5 mil homens, que exterminou a guarnição nacionalista (NRA) de pouco mais de mil homens.

Os comunistas desembarcaram em 20 pontos diferentes. Os defensores, porém, fizeram uso das suas fortificações e desorganizaram as formações dos atacantes ainda nas praias.
Os comunistas imediatamente pediram apoio ao fogo após encontrarem fogo inimigo feroz, e as aeronaves do PLA responderam atacando posições inimigas em altitudes extremamente baixas. A primeira linha de defesa foi rapidamente dominada por lança-chamas, bombas e artilharia, e o PLA ganhou terreno rapidamente. 

A maioria das baixas do PLA (cerca de 200 mortos e 400 feridos) resultou de ataques a dois ninhos de metralhadoras. Ataques aéreos e bombardeios maciços de artilharia acabaram por destruir essas duas posições. Quando os defensores desmoralizados recuaram para seus túneis, os atacantes mudaram suas táticas lutando em pequenos grupos e usando canhões sem-recuo e lança-chamas para gradualmente queimar os soldados do NRA até a morte, incluindo o complexo de túneis do 4º Grupo de Assalto - o maior na ilha.

Os comunistas sofreram 393 mortos e 1.024 feridos, a grande maioria no início imediato do desembarque anfíbio. A guarnição nacionalistas foi aniquilada, com 519 mortos, a maioria queimada viva pelos lança-chamas das unidades de assalto, e os remanescentes 519 feitos prisioneiros; segundo Taiwan, 712 soldados e 12 enfermeiras morreram na batalha. O comandante nacionalista, Wang Shen-Ming (chinês: 王生民), se matou com uma granada, cessando a resistência nas ilhas.

A marinha nacionalista perdeu um destroyer, o TaipingO governo de Taiwan informou que todas as 720 tropas nacionalistas morreram na ação e que eles mataram mais de 3.000 soldados inimigos. Esta afirmação foi provada falsa em 2011, quando um prisioneiro de guerra da batalha, Chen Hsiao-pin, visitou Taiwan.

A batalha foi um microcosmos em duas pequenas ilhas, Yijang do sul e do norte, e com o bombardeiro por artilharia no arquipélago Danchen, a mais de 13km. Com a Guerra da Coréia terminada, e o Exército Popular da China tendo à disposição amplos recursos incluindo jatos MiG e navios de guerra, Pequim pôde se concentrar em pressionar Taiwan. 

Mais de 500 bombas e 50.000 granadas de artilharia naval e de campanha foram lançadas sobre as duas ilhotas. O assalto anfíbio contou com 182 aviões, incluindo bombardeiros, e artilharia de longa distância. Mais de 5 mil soldados desembarcaram na praia, com a mobilização de 30 mil civis em funções de apoio. A batalha foi considerada como um exemplo da capacidade de guerra moderna da China comunista.

O efeito da vitória, conseguida em apenas um dia, foi desmoralizar os nacionalista em Taiwan, que não tinham uma marinha forte e não tinham condições de defender ilhas muito distantes (e conseqüentemente próximas do continente). 

As forças nacionalistas na ilha eram Quartel-General Regional de Yijiangshan comandado as subunidades:

- 2º Grupo de Assalto,
- 4º Grupo de Assalto
- 4º Esquadrão de Assalto,
- Um esquadrão de artilharia.

Nove dias depois, os nacionalistas abandonaram o arquipélago de Danchen, e três dias depois da evacuação, a China comunista os ocupou.

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LIVRO: Forças Terrestres Chinesas, 29 de março de 2020.



VÍDEO: Documentário animado sobre a Guerra da Coréia (4 partes)


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FOTO: Fuzileiros navais sul-coreanos no Vietnã do Sul

Fuzileiros navais sul-coreanos no Vietnã do Sul.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 4 de abril de 2020.

A República da Coréia (chamada ROK pelos aliados) enviou a 2ª Brigada de Fuzileiros Navais "Dragão Azul"(elevada a divisão em 1981), para o Vietnã do Sul como parte da sua contribuição à contenção comunista na Ásia. Os dragões azuis foram desdobrados na Baía de Cam Ranh, e mais tarde em Tuy Hoa, e estavam inicialmente armados com armas da época da Segunda Guerra Mundial: M1918A2 BAR, M1 Garand e M1919A4. Até muito mais tarde em sua missão, esses homens começaram a receber ajuda americana; geralmente usando o Colt XM16E1 e o Colt M16A1 (Modelo 603). Este seria o caso até que o Arsenal de Pusan, na Coréia, pudesse produzir o M16A1 licenciado.

Os fuzileiros navais coreanos usavam um uniforme no padrão de camuflagem baseado no padrão americano M1942 Spot (pintado), também conhecido como "Duck Hunter" (Caçador de Patos). Os fuzileiros navais coreanos eram conhecidos por serem cruéis em combate, a ponto de serem temidos pelos comunistas.

A 2ª Brigada de Fuzileiros Navais foi uma das três unidades enviadas pela ROK a fim de auxiliar nas operações no Vietnã. As outras duas foram a Divisão Tigre (Divisão de Infantaria Mecanizada da Capital) e a 9ª Divisão de Infantaria "Cavalo Branco". A ROK enviou 320 mil homens ao Vietnã de 1964 a 1973, mantendo uma força de 48-50 mil homens no Vietnã, a segunda maior força expedicionária aliada de Saigon.

FOTO: Interrogatório de um oficial português

Um oficial português é interrogado pelo serviço de inteligência alemão, provavelmente após sua captura na Batalha de La Lys, em abril de 1918. À direita da imagem, um soldado de assalto alemão. (Foto Der Prussian via Stosstruppen1918- FB)

ENTREVISTA: Um olhar mais profundo sobre a interferência militar dos EUA na Venezuela

Soldados venezuelanos participam das comemorações do desfile da independência, 5 de julho de 2018. (Marco Bello/ Reuters)

Por José Negrón ValeraJesús Mieres Vitanza, Sputnik News, 20 de julho de 2018.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 4 de abril de 2020.

[Nota do Tradutor: As opiniões expressas nesse artigo são dos autores e não do Warfare Blog. A relevância desse artigo é a visão "bolivariana revolucionária" em sua luta contra os Estados Unidos capitalista.]

"Desde 2001, a própria idéia de guerra mudou além de um caso estritamente militar".

Na véspera do Dia da Independência da Venezuela, comemorado em 5 de julho, uma reportagem publicada pela AP, especificando as observações de Donald Trump sobre a invasão da Venezuela, voltou a suscitar preocupações no país latino-americano.

O colunista do Sputnik Mundo, José Negrón Valera, analisou a situação com Jesús Mieres Vitanza, diretor da Topo el Molino (Topo do Moinho), que monitora a situação internacional em áreas como política externa, segurança e planejamento estratégico.

Operadores da 99ª Brigada de Operações Especiais, Comando de Operaciones Especiales General en Jefe Félix Antonio Velásquez, Exército da Venezuela.

Sputnik: Alguns dias atrás, a Associated Press publicou um artigo sobre uma reunião na Casa Branca em 2017, na qual Trump discutiu a possibilidade de intervenção militar na Venezuela. Você acha que esse desenvolvimento é possível?

Jesús Mieres Vitanza: A intervenção militar dos Estados Unidos é bem possível na perspectiva de curto, longo e médio prazo. No entanto, essa opção corresponde apenas ao paradigma político que está mudando gradualmente.


Com isso, quero dizer que, de acordo com o paradigma que alguns autores classificam como pós-Vestfália, a intervenção dos EUA nos assuntos da Venezuela não será apenas militar; desde 2001, a própria idéia de guerra mudou de um caso estritamente militar para um cuja natureza pode ser conectada a alguma outra dimensão.

A esse respeito, devemos nos perguntar: os Estados Unidos já intervieram em nossos negócios? Eu diria que sim, e a intervenção militar seria apenas outro meio pelo qual os EUA atacam a Venezuela. No entanto, a operação militar custaria caro a Washington, pois essas ações agravariam ainda mais a crise de confiança e liderança dos EUA na região da América Latina.

Sputnik: Qual pode ser o motivo da intervenção militar?

Jesús Mieres Vitanza: Após a publicação do livro de Michael Hardt e Antonio Negri "Empire" em 2000, ficou claro que a existência de uma fase de transição do imperialismo era real. Quero dizer que atualmente existe um império criado pelos Estados Unidos que transcende suas fronteiras geográficas e funciona em estreita conexão com os aliados políticos estratégicos dos Estados Unidos e de várias empresas multinacionais.

Empire.
Michael Hardt e Antonio Negri.

A Venezuela com a vitória de Hugo Chávez nas eleições de 1999 tornou-se um símbolo desse confronto com o império. Isso significa que a guerra que está se desenrolando aqui, como resistência aos Estados Unidos, é vista em Washington como uma guerra contra os bárbaros.

A natureza da luta que Caracas travou contra os Estados Unidos é uma guerra contra a própria guerra. Portanto, é importante entender a estratégia de várias organizações, agências e instituições dos EUA, porque elas criarão uma guerra com características especiais, onde o componente militar será apenas parte de uma enorme tática.

Milicia Nacional Bolivariana de Venezuela em manobras contra os EUA em 2017.

Sputnik: Quais condições devem surgir para intervenção ou ataque militar direto dos EUA, do qual você está falando?

Jesús Mieres Vitanza: Essas condições já foram criadas. Somos uma ameaça porque temos valores, mentalidade, objetivos, ideologia e parceiros estratégicos diferentes dos Estados Unidos. É por isso que digo que os interesses de Washington vão além do desejo de controlar algum objeto estrategicamente importante para eles. A questão é subordinar, mesmo ontologicamente, sua vontade a uma nação que não é epistemologicamente* semelhante aos Estados Unidos.

*NT: Epistemologia é o ramo da filosofia preocupada com a teoria do conhecimento; sendo o estudo da natureza do conhecimento, justificação e racionalidade da crença.

Sputnik: Quais são as implicações para a Venezuela e toda a região?

Jesús Mieres Vitanza: Eles já nos afetaram. E não se trata apenas do efeito econômico, da ausência de alguns bens, mas também de coisas mais abstratas. Já existem muitas pessoas para quem a incerteza de suas vidas diárias tem um impacto psicológico.


Estamos isolados de outros países e nações, de modos de pensar; portanto, existimos isolados, mesmo em direção ao acesso às idéias. Não podemos entender em que estágio estamos passando, se não podemos vê-lo de uma perspectiva diferente. A falta de acesso a idéias significa que não podemos entender como eles irão fazer guerra contra nós.

É por isso que digo que as conseqüências nos níveis local e regional são devastadoras. Em princípio, é porque estamos experimentando um estágio de relativismo pronunciado. Há muitas pessoas que duvidam do que é bom, do que é ruim, do que é economia, ideologia e até da guerra.

Sputnik: Muitos acreditam que a Colômbia se tornará uma plataforma para os EUA atacarem a Venezuela? Qual o papel das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército Popular (FARC) nesse caso?

Jesús Mieres Vitanza: É possível que os EUA estejam usando a Colômbia como plataforma para esse fim. Também é possível que o objetivo de tal operação possa ser a disseminação do caos e o desmembramento do interior do país do coração venezuelano, ou seja, Caracas.


No entanto, é importante analisar o papel de vários grupos e grupos que operam nas zonas limítrofes da Venezuela. Não se trata apenas das FARC, mas também de grupos radicais criminosos, bem como de estruturas estatais que operam secretamente nesta zona. É necessário analisar os interesses de cada um dos jogadores.

Sputnik: O que você acha, qual poderia ser a resposta dos aliados da Venezuela, Rússia e China em caso de ataque? Qual deve ser a escala de agressão, para que esses países se tornem mais ativos? Você acha possível que eles forneçam apoio militar? Ou eles serão limitados a declarações diplomáticas?

Jesús Mieres Vitanza: No caso de ação militar na Venezuela, a Rússia e a China participarão ativamente do conflito, principalmente porque seu comércio e interesses econômicos estarão sob ataque. Todos os políticos e funcionários da Venezuela são responsáveis por garantir que a conexão entre Caracas e os dois países seja fortalecida, para que sua participação seja a favor da Venezuela e não vice-versa.

Sputnik: A Venezuela poderá responder por ação militar no caso de um ataque dos Estados Unidos?


Jesús Mieres Vitanza: As forças armadas do país estão fazendo grandes esforços para modernizar todo o sistema e mantê-lo em ótimas condições. Mas talvez a vantagem mais importante da Venezuela seja saber quem é seu inimigo, conhecer todos os tipos de cenários militares, suprir cada uma das regiões estrategicamente importantes do país e formular uma doutrina de defesa para cada uma delas, para manter o moral das forças armadas e explicar-lhes qual é o seu propósito.

A Venezuela já tem uma resposta militar a um possível ataque dos Estados Unidos. É necessário entender claramente qual é o centro de gravidade do exército atacante para acabar rapidamente com essa intervenção estrangeira, guiada pelo objetivo estratégico de restaurar o controle sobre o território e minimizar as perdas entre pessoas e recursos.

Sputnik: Você acha que os Estados Unidos tentarão cometer atos violentos para promover o que os analistas chamam de "balcanização" ou a destruição do Estado-nação venezuelano?

Jesús Mieres Vitanza: Eu acredito que os Estados Unidos podem tomar qualquer ação apenas para desestabilizar a Venezuela e pôr um fim ao governo bolivariano. No entanto, acredito que primeiro eles tentarão alcançar o controle total do território através de várias manobras políticas, antes de desmembrar o Estado. Basicamente, quando o estado-nação for destruído, eles assumiriam riscos estratégicos, como, por exemplo, a participação de potências como Rússia e China no surgimento de novos estados.

A equipe do Exército Venezuelano no biatlo de tanques nos Jogos Internacionais do Exército Russo, 2015. (Evgeny Biyatov/ RIA Novosti)

Sputnik: O que a Venezuela deve fazer para evitar a invasão ou repeli-la?

Jesús Mieres Vitanza: O exército do país está fazendo grandes esforços, realizando pesquisas sobre o que podem ser as ações da Venezuela no caso de um conflito militar envolvendo uma invasão estrangeira no país.


No entanto, uma posição muito valiosa da doutrina atual é acreditar que os EUA, embora ainda não tenham se intrometido, estão cercando a Venezuela todos os dias para desestabilizar a nação e criar caos em larga escala. Isso fortalece o estado de impossibilidade de gerenciamento e justifica o que eles chamam de "intervenção humanitária".

A criação de novas abordagens estratégicas e até a compreensão das abordagens inimigas ajudarão a garantir uma resposta eficaz das forças armadas da Venezuela em qualquer situação interna vulnerável ou perturbada por uma ameaça estrangeira.

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sexta-feira, 3 de abril de 2020

GALERIA: Tanques Valentine no serviço soviético

Tanques de Infantaria Mk. III Valentine II saídos da fábrica  na Inglaterra, prestes a serem enviados para a URSS outono de 1941. A placa diz "Toda ajuda para a Rússia agora!".

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 3 de abril de 2020.

Durante a guerra, e especialmente nos primeiros anos, os aliados ocidentais forneceram à União Soviética vultoso auxílio material, militar e de primeira necessidade, sob o sistema de Lend-Lease (Empréstimo e Arrendamento). Estes Valentines enviados em 1941 lutaram na Batalha de Moscou (2 de October de 1941 – 7 de janeiro de 1942), quando os soviéticos lançaram tudo o que tinham na defesa da sua capital.

Saída do primeiro Valentina para a União Soviética, 28 de setembro de 1941.


Desembarque de tanques Matilda na União Soviética em 1941.

Os Matildas não fizeram tanto sucesso entre os soviéticos quantos os Valentines.

O Valentine foi criticado pelos soviéticos por sua baixa velocidade e canhão anêmico, mas era bem quisto devido ao seu tamanho reduzido, confiabilidade e boa proteção blindada. O Comando Supremo soviético pediu que a produção do Valentine continuasse até o fim da guerra, servindo aos soviéticos em funções de segunda linha. Em agosto de 1945, o 267º Regimento de Tanques equipado com 40 Valentines III e IX avançou do leste do Deserto de Gobi através das montanhas do Grande Khingan até Kalgan, na Mongólia Interior, dentro da China.



Valentine soviético sob fogo.
Valentine Mk IX soviético na Ofensiva do Dnieper, 1943.

Valantine com o típico costume soviético dos "tank desant", infantaria pegando carona em tanques.

Valentine destruído com o grito de guerra "Por Stálin!".

Valentine destruído em fevereiro de 1944.

Valentine da 3ª Frente Bielo-Russa entrando em Vílnius, capital da Lituânia, em julho de 1944.  

Soldado alemão inspecionando um Valentine completamente destruído.

Valentine destruído com o típico grito de guerra "Za Stalina!" (Por Stálin!).

Valentine soviético com camuflagem de inverno.

Valentine VII fabricado no Canadá em serviço na União Soviética.

Tanquistas soviéticos com Valentines.


Bibliografia recomendada:

Tanques soviéticos do Empréstimo e Arrendamento na Segunda Guerra Mundial, Osprey Publishing.

Leitura recomendada:

terça-feira, 31 de março de 2020

FOTO: Partisans italianas em Castelluccio


Mulheres partigiani italianas em Castelluccio, na Itália, fazendo manutenção de armamento enquanto aguardam sua vez de participar em uma patrulha com o 5º Exército Americano em 11 de fevereiro de 1944.

Bibliografia recomendada:

World War II Partisan Warfare in Italy.
Pier Paolo Battistelli e Piero Crociani.

Leitura recomendada:

FOTO: Prisioneiros alemães na Itália26 de março de 2020.

FOTO: Cemitério alemão na Itália8 de abril de 2020.