quinta-feira, 3 de setembro de 2020

FOTO: Cão especial de volta ao serviço

Cooper, o cão de assalto da unidade RAID de Marselha. Cooper havia se ferido gravemente há um ano durante uma operação.
Após a recuperação, ele voltou ao serviço.

O RAID (Recherche, Assistance, Intervention, Dissuasion/ Busca, Assistência Intervenção, Dissuasão) é a unidade de intervenção especial da Polícia Nacional francesa, equivalente ao famoso GIGN e criada em 1985. Sua primeira missões foi um resgate de reféns no tribunal de Nantes pouco tempo depois, em dezembro de 1985.


Bibliografia recomendada:

European Counter-Terrorist Units 1972-2017,
Leigh Neville e Adam Hook.

Leitura recomendada:

FOTO: Raide dos Comandos Afegãos na província de Farah

Raide dos comandos afegãos na província de Farah, no Afeganistão, 24 de maio de 2018. (US Army / Sgt. Joe Conroy)

Comandos afegãos vestindo camuflagem Desert Tiger e armados com uma mistura de fuzis AKM (fuzis AK-47 modernizados) dos 4º e 9º Kandaks de Operações Especiais conduziram um raide combinando ataques helitransportados e por via terrestre no distrito afegão de Bala Boluk, na província de Farah, nos dias 24 e 25 de maio de 2018.

Os comandos mataram 16 talibãs, destruíram quatro estruturas e explodiram uma entrada de túnel do talibã.

Bibliografia recomenda:




Leitura recomendada:

Corpo de Comandos do Exército Nacional Afegão14 de julho de 2020.



FOTO: Policial iraquiano com AK4725 de fevereiro de 2020.


GALERIA: Exercício "Shamrakh 1"12 de março de 2020.

FOTO: Operadores paquistaneses21 de abril de 2020.

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

França: A longa sombra dos ataques terroristas de Saint-Michel

Por Andreas Noll, Deutsche Welle, 24 de julho de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 26 de julho de 2020.

Vinte e cinco anos atrás, a França foi abalada por um ataque radical islâmico que inspirou uma nova geração de terroristas. A trilha também levou a projetos de habitação desfavorecidos da França, colocando-os em foco nacional.

A bomba explodiu no coração de Paris às 17:30h, no auge da hora do rush pós-dia de trabalho. Uma bola de fogo gigante desceu correndo a plataforma da estação de metrô Saint-Michel-Notre-Dame depois que um contêiner de gás cheio de estilhaços explodiu em um vagão de trem na linha regional RER B. A explosão matou oito pessoas e feriu mais de 100, alguns gravemente.

Quando o primeiro-ministro Alain Juppé e o presidente Jacques Chirac correram para o local, eles não tinham como saber que 25 de julho de 1995 seria apenas o primeiro de uma série de ataques terroristas em todo o país.

Os investigadores sabiam desde o início que o Grupo Islâmico Armado (Groupe Islamique ArméGIA), uma organização islâmica radical, estava por trás do ato terrorista. Com o bombardeio, o grupo conseguiu levar a guerra civil em curso na Argélia, uma luta entre islâmicos e as forças armadas, ao ex-governante colonial do país.

Combatentes da GIA durante a Guerra Civil Argelina (1991-2002).

A França mobiliza todas as suas forças

O governo francês posteriormente mobilizou todo o seu aparato de segurança. Desse ponto em diante, milhares de policiais, soldados e oficiais da alfândega monitoraram de perto centros críticos, como estações de trem e aeroportos. As autoridades da cidade de Paris mandaram soldar milhares de latas de lixo - ou removidas completamente.

Algumas semanas depois, após uma maciça caçada humana, a polícia conseguiu capturar os indivíduos por trás do ataque, todos nascidos na Argélia. Os homens recrutaram Khaled Kelkal, que plantou a bomba, na banlieue de Lyon - um projeto habitacional socialmente desfavorecido semelhante àqueles de outras grandes cidades em todo o país.

Khaled Kelkal após trocar tiros com a polícia francesa.

Kelkal emigrou da Argélia para a França aos 2 anos de idade com sua família e frequentou a escola no leste de Lyon. Ele provavelmente se radicalizou enquanto cumpria pena na prisão. Kelkal, com 24 anos na época do ataque, foi baleado e morto perto de Lyon quando a polícia tentou prendê-lo. Os outros membros da célula terrorista foram condenados à prisão perpétua por tribunais franceses nos anos 2000.

A história de Kelkal trouxe as banlieues de volta ao foco público na França. A primeira agitação documentada nas áreas urbanas periféricas desfavorecidas ocorreu no verão de 1981. Depois do ataque a Saint-Michel, as banlieues começaram a ser vistas como um possível criadouro para o terrorismo.

Uma linha direta de Saint-Michel para o Charlie Hebdo

Em 7 de janeiro de 2015, duas décadas após os ataques de Saint-Michel em 1995, ficou claro que o terrorismo interno continuava sendo um problema sério na França. Naquele dia, dois homens atacaram a redação da revista satírica Charlie Hebdo, matando um total de 12 pessoas. Como os perpetradores de Saint-Michel, os dois agressores, os irmãos Said e Cherif Kouachi, tinham raízes argelinas - no entanto, eles não eram imigrantes, mas sim nascidos na França.

Abdelhamid Abaaoud, marroquino nascido na Bélgica, com o alcorão e a bandeira do Estado Islâmico na Síria. Ele foi o principal planejador do ataque ao Charlie Hebdo em novembro de 2015.

Um dia após o ataque ao Charlie Hebdo, Amedy Coulibaly, uma jovem francesa de ascendência malinense - e amiga dos Kouachis - continuou a onda de terror atirando em um policial e tomando várias pessoas como reféns em um supermercado kosher em Paris. Coulibaly, 32, cresceu em uma das banlieues mais conhecidas de Paris, La Grande Borne.

Coulibaly e Cherif Kouachi foram investigados pela polícia francesa em 2010 por tentarem libertar da prisão o atacante de Saint-Michel, Smain Ait Ali Belkacem. Em 2015, as autoridades francesas não tinham dúvidas: os autores do ataque de 1995 ajudaram a radicalizar uma segunda e terceira gerações de islâmicos na França, tanto por meio de redes quanto de contato direto.

O fardo de um passado colonial

O General de Gaulle durante as manifestações de Argel, 1958.
A faixa diz "França Forte/ Argélia Francesa".

Mas de onde vem o ódio pelo ex-governante colonial?

Stefan Seidendorf, do Instituto franco-alemão dfi de Ludwigsburg, vê o passado como a chave para responder a essa pergunta. Ao contrário de outras colônias, a Argélia estava intimamente ligada à França e foi a única colônia a ser incorporada à França continental e até mesmo dividida em departamentos, as regiões administrativas usadas em toda a França.

As viagens e trocas livres que surgiram naturalmente entre "a França nas duas costas do Mediterrâneo" chegaram ao fim em 1962 com a independência da Argélia. Os indivíduos de ascendência argelina que então quiseram permanecer na Europa tiveram que criar raízes permanentes longe do seu país de origem.


É possível falar amplamente sobre a história de imigração bem-sucedida da França, disse Seidendorf, mas muitos cidadãos franceses de terceira ou quarta geração de ascendência argelina que falam apenas um francês pobre, se é que falam algum, continuam a lutar pela vida na França.

“Muitos nesta geração realmente não tiveram sucesso em garantir os empregos mais interessantes no mercado de trabalho ou em desfrutar do cumprimento da promessa de promoção social da República: a promessa de que as coisas serão melhores para eles do que para seus pais [imigrantes], que a mobilidade ascendente pode ser alcançada através da educação, independentemente da origem ou das condições materiais, e que assim se pode fazer parte da República Francesa. Esta discrepância entre a promessa e a realidade é uma grande parte do problema", disse Seidendorf.

O que aconteceu aos atacantes?

Soldados franceses na patrulha Vigipirate em frente ao Louvre, em 20 de outubro de 2007.

Até agora, a política tem sido amplamente ineficaz para resolver o problema da integração. Apesar de governos de todas as tendências políticas decretarem numerosos programas de educação e infraestrutura para para as banlieues desde os anos 1980, as perspectivas econômicas de longo prazo para os habitantes ainda não melhoraram. Depois, há também a situação desoladora de segurança. Mais recentemente, os protestos durante a quarentena do coronavírus levaram a violentos distúrbios nesses conjuntos habitacionais de baixa renda.

Enquanto isso, os idealizadores do ataque de 1995 continuam na prisão. Há dois meses, o advogado de Boualem Bensaid, que passou 25 anos atrás das grades, entrou com um pedido para que seu cliente fosse libertado e deportado para a Argélia. Os tribunais ainda não tomaram uma decisão, mas os observadores afirmam que o homem de 52 anos e outros ex-membros da célula terrorista permanecerão nas prisões francesas por muitos anos.

Ataques terroristas na França desde 2015

Um soldado da Vigipirate patrulha ao redor do Centro da Comunidade Judaica de Paris, depois que três soldados foram atacados ali por um homem brandindo uma faca, em fevereiro de 2015.

11 de dezembro de 2018: Tiroteio em Estrasburgo

Um atirador abriu fogo em um mercado de Natal na cidade oriental de Estrasburgo, sede do Parlamento Europeu. Pelo menos duas pessoas foram mortas e 12 feridas. Os promotores abriram uma investigação de terrorismo. A França imediatamente elevou seu alerta de segurança nacional ao seu nível mais alto em antecipação a ataques de imitadores.

12 de maio de 2018: Ataque a faca em Paris

Um homem empunhando uma faca atacou espectadores em um bairro central de Paris, matando uma pessoa e ferindo outras quatro. Os promotores franceses abrem uma investigação de terrorismo sobre o ataque, citando relatos de testemunhas de que o agressor gritou "Allahu akbar" ("Deus é o maior"). O grupo militante "Estado Islâmico" (EI/ISIS) assume a responsabilidade pelo ataque, chamando o homem com a faca de um dos seus "soldados".

Homens da Polícia Judiciária em ação após o ataque em Paris.

23 de março de 2018: Crise de reféns de Trèbes

Um atacante* reivindicando fidelidade ao EI perpetrou uma série de crimes violentos na cidade de Trèbes, no sul, durante a manhã. Ele mata um homem enquanto rouba um carro e depois atira em policiais antes de entrar em um supermercado Super U, onde faz reféns. A polícia mata o agressor. Quatro pessoas são mortas, incluindo o policial Arnaud Beltrame.

Flores depositadas pelos cidadãos nas grades do grupamento de gendarmeria departamental de Aube, em homenagem ao gendarme Arnaud Beltrame.

Tenente-Coronel Arnaud Beltrame.
Postumamente promovido a coronel e condecorado com a Legião de Honra.

*Nota do Tradutor:

 Trata-se do terrorista Redouane Lakdim, marroquino de 25 anos naturalizado francês em 2004. Reivindicando pertencer ao Estado Islâmico e exigindo a libertação do terrorista Salah Abdeslam, o único sobrevivente dos ataques de novembro de 2015. Ele tomou refém a operadora de caixa Julie V., de 40 anos. O então Tenente-Coronel Arnaud Beltrame (44 anos) da Gendarmeria Nacional, se ofereceu para trocar de lugar com a refém em preparação para o assalto do GIGN ao supermercado. Beltrame recebeu disparos de 9mm do terrorista e quatro ou três disparos da equipe do GIGN, mas a causa da morte foi uma facada no pescoço, quando já estava ferido, desferida pelo terrorista Lakdim. Beltrame morreu na noite de 23 para 24 de março.

Elevado imediatamente a herói nacional e celebrado por toda a França, Beltrame foi homenageado por diversas autoridades e artistas nacionais e estrangeiros. O presidente Emmanuel Macron o descreveu como merecedor do "respeito e admiração de toda a nação". O Palácio do Élysée pediu aos franceses que honrem a memória daquele que caiu "como um herói". O Ministro do Interior, Gérard Collomb, declarou que "a França jamais esquecerá seu heroísmo, sua coragem, seu sacrifício". Os jornais franceses publicaram capas com títulos tais como "O luto unânime de uma nação", e ruas foram batizadas in memorium com o nome do gendarme sacrificado. O semanário cristão La Vie faz um paralelo entre o sacrifício de Beltrame àquele de São Maximiliano Kolbe, que voluntariamente tomou o lugar de um deportado para Auschwitz e foi executado em 1941 pelos nazistas.

Marianne, a personificação da França republicana, retirando o seu chapéu (o gorro frígio, a representação da república) em sinal de respeito ao Coronel Beltrame. (Charge de Emmanuel Chaunu)

Charge representando o Coronel Arnaud Beltrame como um escudo protegendo Marianne, a república francesa. (Charge de Nagy desenhos)

No dia 25 de março, as bandeiras e estandartes da gendarmaria, como àquelas da Assembleia Nacional, foram colocadas a meio mastro. Muitas pessoas fizeram a viagem para colocarem flores, velas, desenhos ou outros objetos nas grades do grupamento de gendarmeria departamental de Aube. Em 26 de março, a Gendarmaria Nacional publicou uma coleção de condolências em seu site. Em menos de quarenta e oito horas, mais de 3.000 mensagens foram registradas. Nas redes sociais, homenagens vieram de todo o mundo. Muitas personalidades prestaram homenagem a ele, assim como a polícia nacional, a prefeitura de polícia, o corpo de bombeiros, o exército e outras organizações.

Em 25 de março de 2018, Stéphane Poussier, ex-candidato do partido de extrema-esquerda "La France insoumise" (A França Rebelada) no quarto distrito eleitoral de Calvados nas eleições legislativas de 2017, foi colocado sob custódia policial por apologia a atos terroristas. Poussier havia saudado, no Twitter e no Facebook, a morte do tenente-coronel da gendarmerie Arnaud Beltrame, escrevendo notavelmente: “Cada vez que um policial é morto, e não é todo dia, eu penso em meu amigo Rémi Fraisse [um ecologista radical que morreu em confronto com a polícia nos protestos contra a barragem de Sivens, em outubro de 2014], este é um coronel, que pé! Aliás, um eleitor a menos de Macron”.

Os líderes do La France insoumise condenaram imediatamente e com firmeza as observações de Stéphane Poussier como “vergonhosas e abjetas”. Este último foi imediatamente expulso do partido e seu nome foi retirado da lista de membros do La France insoumise, enquanto Jean-Luc Mélenchon anunciou a intenção do partido de registrar uma queixa contra seu ex-candidato. Em 27 de março de 2018, Stéphane Poussier foi condenado pelo tribunal penal de Lisieux a um ano de prisão, bem como à proibição de seus direitos cívicos e civis por sete anos.


O presidente Emmanuel Macron prestando suas homenagens em uma cerimônia em memória do coronel Arnaud Beltrame em Paris, 27 de março de 2018.

Na terça-feira, 27 de março, os restos mortais do oficial deixaram o aeroporto de Carcassonne em avião militar com destino à base aérea de Villacoublay, na região de Paris, onde lhe foram prestados tributos militares da gendarmaria na presença do Ministro do Interior Gérard Collomb, que relembrou sua bravura e heroísmo. O ministro condecorou Arnaud Beltrame postumamente com a medalha da Gendarmaria Nacional com palma de bronze por ter recebido uma citação na ordem da Gendarmaria, com a medalha de honra por ato de coragem e dedicação (ouro) e a medalha de segurança interna (ouro).

Livro "Arnaud Beltrame: o herói que a França precisa", de 13 junho de 2018.

Em 13 de junho de 2018, dois jornalistas do Paris Match - Jacques Duplessis e Benoît Leprince - publicaram o livro biográfico "Arnaud Beltrame : Le héros dont la France a besoin" (Arnaud Beltrame: o herói que a França precisa).

1º de outubro de 2017: Ataque a faca da estação de trem de Marselha

Um homem fatalmente esfaqueia duas mulheres na estação de trem de Marselha. O agressor, Ahmed Hanachi, é morto a tiros pela polícia em patrulha. O ISIS assume a responsabilidade pelo ataque em uma postagem da agência de notícias Amaq. Nela, eles chamam Hanachi de um dos "soldados" do grupo. Dois funcionários do Ministério do Interior renunciam depois que é revelado que Hanachi era um imigrante ilegal que eles falharam em deter.

Veículos de emergência em frente à Gare Saint-Charles em Marselha.

20 de abril de 2017: Tiroteio contra a polícia no Champs-Élysées

Um atirador abre fogo contra a polícia nos Champs-Élysées, a avenida mais icônica de Paris. Um policial é morto e dois indivíduos são feridos antes que a polícia atire no pistoleiro. Uma nota elogiando o ISIS é encontrada ao lado do corpo do atirador. O grupo terrorista também reivindica responsabilidade. O ataque ocorre poucos dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais francesas. A segurança é reforçada.

Polícia no Champs-Élysee.

3 de fevereiro de 2017: Atentado de facão no Louvre

Soldados disparam e ferem gravemente um homem* empunhando um facão do lado de fora do museu do Louvre, em Paris, depois que ele os ataca. Um soldado é levemente ferido. O atacante tinha mais dois facões na mochila. Uma investigação posterior revela que o cidadão egípcio havia viajado para a França de Dubai com um visto de turista válido. Uma conta no Twitter associada ao nome do homem se refere ao ISIS nas postagens.

*NT: Trata-se do terrorista Abdullah Reda Refaie al-Hamahmy. O governo francês confirmou que ele gritou "Allahu akbar" durante o ataque.

Soldados montando guarda no exterior do prédio, com um deles apontando em direção ao museu.

26 de julho de 2016: Assassinato de um padre da Normandia

Dois adolescentes entram em uma igreja em Saint-Étienne-du-Rouvray, Normandia e cortam a garganta de um padre de 85 anos na frente de cinco paroquianos. A polícia mata os jovens de 19 anos enquanto tentam sair. O ISIS assume a responsabilidade e publica um vídeo dos adolescentes prometendo lealdade ao grupo. Muitos muçulmanos franceses participam da missa do domingo seguinte para mostrar solidariedade aos católicos e condenar o ataque.

Um muçulmano presta homenagens na frente da igreja.

14 de julho de 2016: Ataque de caminhão em Nice

No dia da Bastilha, feriado nacional da França, um terrorista* dirigindo um caminhão passa por cima de multidões em Nice que se reuniram para assistir aos fogos de artifício em um importante passeio marítimo. Antes de ser morto a tiros pela polícia, o motorista mata 86 e fere mais de 400. O ISIS assume responsabilidade, afirmando que o atacante respondeu aos chamados do ISIS para mirar civis que vivem em nações da coalizão combatendo o Estado Islâmico na Síria e no Iraque.

Pessoas olham tributos de velas e flores no calçadão em Nice.

*NT: Trata-se do terrorista Lahouaiej-Bouhlel, tunisiano com visto de trabalho na França, problemas psiquiátricos de violência, incluindo violência doméstica e de depravação sexual com homens e mulheres. Ele era conhecido pela polícia francesa por cinco crimes anteriores; principalmente por comportamento ameaçador, violência e pequenos furtos. Durante o ataque, o terrorista também disparou uma pistola 7,65mm contra os transeuntes e contra a polícia. Além da pistola, foram encontrados na cabine do caminhão um carregador de munição, simulacros de pistola Beretta, de uma granada, de fuzis Kalashnikov e M16.

O terrorista tinha vínculos com a Frente Al-Nusra (AL-Qaeda do Levante) e em 16 de julho, dois dias depois do ataque, o Estado Islâmico reivindicou a autoria. No atentado, 1 brasileiro morreu e 3 ficaram feridos. A foto de uma garotinha morta teve a sua circulação bloqueada severamente pelo Facebook e outros meios de mídia na época. No total de dez crianças foram mortas no atentado.

A foto de uma das 10 crianças mortas no atentado.
Esta foto foi pesadamente censurada pelas mídias sociais na época.

Charge dos atentados consecutivos em Dijon e Nantes nos dias 21 e 22 de dezembro de 2014. No dia 20 de dezembro, um terrorista nascido em Burundi esfaqueou 3 policiais em Tours gritando "Allahu akbar". Estes três atentados seguidos foram os primeiros atentados do Estado Islâmico na França.

13 de novembro de 2015: Ataques de Paris

O ataque terrorista mais mortal da França: jihadistas do ISIS armados com armas automáticas e explosivos realizam ataques coordenados em Paris, incluindo o teatro do Bataclan, no estádio nacional e em vários cafés de rua. Os tiroteios em massa e os atentados suicidas matam 130 pessoas, ferindo centenas mais. A ISIS reivindica responsabilidade. O então presidente François Hollande chama isso de um ato de guerra do ISIS*.

Médicos atendendo às vítimas numa rua de Paris enquanto espectadores assistem.

*NT: Em 15 de novembro, a Força Aérea Francesa lançou o maior ataque aéreo da Opération Chammal, sua campanha de bombardeio contra o ISIS, enviando 10 aeronaves para lançar 20 bombas em Raqqa, cidade base do Estado Islâmico. Em 16 de novembro, a Força Aérea Francesa realizou mais ataques aéreos contra alvos do ISIS em Raqqa, incluindo um centro de comando e um campo de treinamento. Em 18 de novembro de 2015, o porta-aviões francês Charles de Gaulle deixou seu porto de origem, Toulon, rumo ao leste do Mediterrâneo para apoiar as operações de bombardeio realizadas pela coalizão internacional. Esta decisão foi tomada antes dos ataques de novembro, mas foi acelerada pelos eventos.

21 de agosto de 2015: Evitada a tragédia do trem de Thalys

Um ataque mortal é evitado: em um trem de alta velocidade de Amsterdã para Paris, um homem abre fogo com um fuzil de assalto que consequentemente trava. Outros passageiros do trem derrubam o homem, prevenindo violência mortal. Quatro são feridos, incluindo o atacante. O agressor* era conhecido pelas autoridades de segurança francesas por atividades e declarações anteriores relacionadas a drogas em defesa da violência islâmica radical.

*NT: Ayoub El Khazzani, marroquino, ele já havia sido marcado pelas autoridades francesas como ficha "S", ou seja, uma ameaça à segurança nacional. Ele embarcou no trem em Bruxelas sem documentos. Ele já era conhecido das autoridades espanholas, alemãs e belgas. Na Espanha, ele atraiu a atenção das autoridades depois de fazer discursos em defesa da jihad, frequentar uma mesquita conhecidamente radical e por se envolver com o tráfico de drogas. Ele lutou pelo ISIS na Síria antes do atentado. Khazzani alegou ser um mendigo que "achou" uma mala com o fuzil e a pistola e pretendia assaltar o trem pra comprar comida. Ele acabou admitindo ser um jihadista no tribunal.

Investigadores realizam busca no trem na plataforma da estação Arras.

26 de junho de 2015: Decapitação e explosão de caminhão perto de Lyon

Yassin Salhi decapitou seu chefe e exibiu a cabeça, junto com duas bandeiras islâmicas, no portão do lado de fora de uma usina de gás perto de Lyon. Ele também tenta explodir a fábrica, dirigindo sua van contra os cilindros de gás. A tentativa falha, mas desencadeia uma explosão menor, ferindo duas pessoas. As autoridades francesas reivindicam vínculos entre o homem e o ISIS. Ele cometeu suicídio na prisão.

Policiais em frente à fabrica de gás.

7-9 de janeiro de 2015: Charlie Hebdo, ataque a um supermercado judeu

Dois homens com armas automáticas* atacam os escritórios da revista Charlie Hebdo, matando 12 e ferindo outras 12. Um outro homem armado mata um policial no dia seguinte, e mais quatro durante uma tomada de reféns em 9 de janeiro em um supermercado kosher. A polícia acaba matando todos os três homens armados, mas não antes deles reivindicarem lealdade ao ISIS e à Al-Qaeda.

Pessoas carregam placas dizendo "Je suis Charlie".

*NT: Armas Zastava M70 AB2, submetralhadoras Škorpion vz. 61, escopetas e pistolas Tokarev TT, além de explosivos. Houve comoção internacional e repúdio aos atos terroristas, com o lema "Je suis Charlie" sendo repetido ao redor do mundo.

Cerca de 54 pessoas na França, que apoiaram publicamente o ataque à Charlie Hebdo, foram presas como "apologistas do terrorismo" e cerca de 12 pessoas foram sentenciadas a vários meses de prisão.

A maior expressão de comoção internacional foi o movimento "Je suis Charlie". (Charge de Emmanuel Chaunu)

A nova lei antiterror da França explicada

Restrição de movimento

Pessoas possuindo conexões com organizações terroristas podem ser proibidas de deixarem sua cidade ou residência e serem obrigadas a se reportar à polícia. Elas também podem ser banidas de locais especificados. Esta é uma atenuação da lei de emergência, que permitiu a prisão domiciliar parcial. Suas disposições foram usadas não apenas contra suspeitos de terrorismo, mas também para banir supostas manifestações de esquerdistas radicais.

Policiais bloqueando a rua para o teatro do Bataclan.

Buscas em residências

As autoridades poderão realizar buscas em residências, mas apenas para prevenir atos de terrorismo. Em contraste com os poderes de emergência, as buscas devem primeiro ser aprovadas por um juiz. Das 3.600 buscas domiciliares realizadas nos sete meses após a entrada em vigor do estado de emergência, apenas seis resultaram em processos criminais relacionados ao terrorismo, de acordo com um relatório da Human Rights Watch.

Um carro policial estacionado em frente à casa pertencendo à família Troadec, desaparecida Orvault.

Fechamento de locais de culto

As autoridades detêm o poder de fechar locais de culto onde ideias extremistas são propagadas, incluindo a promoção do ódio ou discriminação, bem como incitação à violência ou apoio a atos de terrorismo. Marine Le Pen, líder da Frente Nacional de extrema-direita, reclamou que a lei não foi longe o suficiente no combate à "ideologia islâmica que está travando uma guerra contra nós".

Policial armado montando guarda na entrada da Grande Mesquita de Paris.

Verificações de identidade em portos e aeroportos

As forças de segurança podem verificar a identidade de pessoas em um raio de 10 quilômetros de portos e aeroportos internacionais. O projeto de lei original do governo propunha um raio de 20 quilômetros. O Le Monde calculou que isso cobriria 67% da população francesa, incluindo 36 das 39 maiores cidades do país. Ao contrário dos outros poderes, este não expirará automaticamente em 2020.

Policial no aeroporto de Orly.

Perímetros de segurança em torno de eventos

Isso dá continuidade aos poderes de emergência sob os quais as forças de segurança podem realizar buscas em propriedades e revistar pessoas em eventos públicos importantes e próximos a eles que poderiam ser alvos de terroristas. Outras disposições incluem um funcionário público que trabalha em uma área relacionada à segurança ou defesa pode ser transferido ou demitido se ele ou ela tiver opiniões radicais. Os soldados também podem ser dispensados por motivos semelhantes.

Paraquedistas do exército francês patrulhando ao redor da Torre Eiffel.

Bibliografia recomendada:

Ficção sobre a França tornando-se um califado islâmico. Por ironia do destino, foi publicado no dia do ataque à revista Charlie Hebdo, 7 de janeiro de 2015.

Leitura recomendada:


O Estilo de Guerra Francês, 12 de janeiro de 2020.





FOTO: Fuga de Berlim Oriental

Guardas da Alemanha Ocidental e Oriental encaram-se depois que uma jovem atravessa a fronteira em Berlim.
Geralmente considerada uma foto real, é na verdade do filme "Oggi a Berlino" (1962).

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 2 de setembro de 2020.

Dirigido por Piero Vivarelli e lançado em 25 de abril de 1962 na Itália, Oggi a Berlino (Hoje em Berlim) é um drama sobre a Alemanha derrotada e recém-dividida entre dois sistemas capitalista e comunista. Conforme diz a sinopse no IMDB:

"A Alemanha derrotada acaba de ser dividida em duas zonas (soviética e aliada) quando Hans, um jovem habitante de Berlim, decide cruzar a linha de demarcação para se juntar à sua família."

A mulher na imagem é a atriz berlinse Nana Osten, nascida em 1º de julho de 1940.

"Após o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo foi dividido em dois: Leste e Oeste"

De 1945 até a unificação em 1989, a Alemanha foi dividida em quatro zonas: americana, francesa, britânica e soviética. Por conta do contínuo sangramento populacional devido ao êxodo da zona soviética para as zonas capitalistas, a Alemanha Oriental fechou as fronteiras e construiu o infame Muro de Berlim em 1961.

Nana Osten (centro) no filme "Blitzmädels an die Front" (1958).

Bibliografia recomendada:

The Berlin Wall.
A world divided, 1961-1989.
Frederick Taylor.

Leitura recomendada:

GALERIA: A revolta anti-comunista na Alemanha Oriental de 195326 de fevereiro de 2020.

O identidade da Stasi do Putin foi encontrada em arquivo alemão11 de março de 2020.

VÍDEO: Alemanha Ano Zero19 de maio de 2020.

Preocupações do Pacto de Varsóvia: A Polônia e Alemanha Oriental não eram exatamente os melhores dos "aliados"8 de abril de 2020.

VÍDEO: A Revolta Alemã de 1953, 23 de abril de 2020.

FOTO: Diensteinheit IX, unidade especial da Alemanha Oriental5 de março de 2020.

Os amantes cruéis da humanidade5 de agosto de 2020.

FOTO: O Exército Federal da Áustria11 de agosto de 2020.

FOTO: Centurions holandeses na Alemanha Ocidental1º de março de 2020.

FOTO: Enterro no Isonzo

Soldados austro-húngaros preparando-se para enterrar seus camaradas mortes no Isonzo, a Frente Italiana, em 1917.
(Colorização de WorriedMike99)

Foto original em preto e branco.

Bibliografia recomendada:

I Am Soldier:
War Stories from the Ancient World to the 20th Century.
Robert O'Neill.

Leitura recomendada:

FOTO: Metralhadora no Isonzo26 de março de 2020.

FOTO: A Face da Batalha na Chechênia28 de janeiro de 2020.