domingo, 13 de julho de 2014

DASSAULT RAFALE. O caro e sofisticado sucessor da dinastia Mirage.



FICHA TÉCNICA DE DESEMPENHO
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,95 (1150 km/h)

Velocidade máxima: Mach 1.8 (2000 km/h)
Razão de subida: 18288 m/min.
Potencia: 1.06.
Carga de asa: 41,8 lb/ft²
Fator de carga: 9 Gs.
Taxa de giro instantânea: 31º/s
Taxa de rolamento: 270º/s.
Teto de Serviço: 15235 m
Raio de ação/ alcance: 1850km/ 3700 Km (com 3 tanques externos).
Alcance do Radar: RBE2 AESA 200 km (alvo de 3m2 de RCS).
Empuxo: 2 X motores SNECMA M-88-2 com 7439 kgf de empuxo máximo cada.
DIMENSÕES
Comprimento: 15,30 m
Envergadura: 10,90 m
altura: 5,34 m
Peso vazio: 9850 kg
Combustível Interno: 10360 lb.
ARMAMENTO

Até 9500 kg de cargas externas distribuídos por 14 pontos fixos entre fuselagem e asas.
Ar Ar: Míssil Mica, R-550 Magic 2, Missil MBDA Meteor.
Ar terra: Bombas guiadas a laser GBU 12 Paveway II, Bomba AASM Hummer, mísseis Apache, AS-30. Missil SCAP-EG, Míssil antinavio AM-39 Block 2 Exocet.
Ao todo existem 14 pontos fixos para armamentos no Rafale baseado em terra e 13 pontos de cargas no Rafale naval.
Interno: Um canhão Nexter M-791 de 30 mm


DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S Junior
O Rafale é o caça multifuncional que está substituindo todos os aviões de combate franceses atuais, desde o Sepecat Jaguar de ataque até os Mirage 2000-5 de defesa aérea e ataque e os caças navais Super Etendard. Esse caça é uma amostra de como o desempenho dos caças pode evoluir de forma imprevisível. Digo isso porque a 20 anos atrás era impossível imaginar uma aeronave que pudesse superar as marcas de desempenho manobrado de um F-16 de forma tão absoluta como o Rafale foi capaz.
O Rafale foi produzido na versão Rafale M (naval) que é usada no porta aviões Charles De Gaulle e foi a primeira a entrar em serviço no ano de 2001, a versão Rafale C, que é a versão monoplace (um piloto) usada pela força aérea que tem o peso reduzido devido a ausência de alguns sistemas necessários para operações navais, e a versão Rafale B, biplace (2 tripulantes), que é usada para conversão (treinamento) e para ataques a alvos terretres, embora seja totalmente qualificada para combate aéreo.
Acima: O Rafale é um caça do porte de um F-16, porém, com capacidade que se assemelha a de um F-15, uma aeronave bem mais pesada e capaz.
Os Rafales atuais estão equipados com um radar de varredura sintética passiva Thales RBE-2 com um alcance de 135 km, um pouco menor que seu antecessor RDY do Mirage 2000, mas que é capaz de uma varredura aérea e terrestre simultaneamente, característica que é uma vantagem sobre os demais radares dos atuais caças que possuem a necessidade de mudar de modos ou ainda mesmo, ter que mudar alguns módulos do hardware em terra para poderem atuar em missões específicas. Esse radar, no modo ar ar, rastreia 40 alvos e pode atacar 4 alvos simultaneamente, com os mísseis MICA de alcance médio.
A versão F-3 do Rafale, que deve se tornar a versão padrão das forças armadas da França, tem um novo radar RBE-2 AESA (varredura eletrônica ativa) que além de ter o alcance aumentado para 200 km contra alvos com RCS de 3m², também será capaz de engajar 8 alvos simultaneamente. Esse radar tem melhor desempenho para detectar alvos de RCS reduzidos como aeronaves furtivas.
Acima: O novo radar RBE-2 AESA mostrado nessa foto permitirá um grande incremento na capacidade de combate do Rafale.
Além do radar, o Rafale é equipado com um poderoso sensor IRST OSF (Optroniques Secteur Frontal) fabricado pela Thales/Sagen que detecta de forma passiva, pela radiação infravermelha, um avião inimigo à até 80 km pelo quadrante frontal, ou até 130 km se o alvo estiver em fuga (com as saídas de escape dos motores expostas), que permite manter o radar desligado, dificultando para o inimigo sua identificação e ainda podendo monitorar a posição do seu adversário.
De fato o Rafale foi projetado para ser difícil de detectar, mas sem a capacidade furtiva do F-22. Mesmo assim, o Rafale tem maior poder de invisibilidade do que os outros caças de 4º geração. O RCS (Seção Cruzada de Radar) do Rafale é de cerca de 0,75 m2, que já é se mostra mais difícil de se detectar que um F-16 ou um F/A-18E Super Hornet, cujo RCS é de cerca de 1 m2.
O Rafale está equipado com um sistema de comunicação MIDS-LVT integrado ao link 16 que permite ao caça opera em uma rede NCW (Network- Centric Warfare) ou Guerra centrada em rede, onde os participantes do grupo de combate trocam informações em tempo real, com alta resistência a interferência sobre as posições dos inimigos no campo de batalha. Com esse sistema de datalink, o Rafale permite ao piloto ter expandida sua consciência situacional dando maior suporte a uma vantagem tática para vencer o combate.
Acima: O sistema de IRST OSF usado no Rafale tem desempenho superior a os seus similares russos, com alcance de detecção que chega a 130 km contra o alvo em seu quadrante traseiro.
Ainda o Rafale F-3 será equipado com um sistema DVI (Direct Voice Imput) onde muitas funções poderão ser executadas por simples comando de voz do piloto, agilizando e facilitando o trabalho de pilotar o caça durante uma tensa missão de combate.
A capacidade de guerra eletrônica, também foi pensada pelos projetistas da Dassault na concepção do Rafale. O sistema Spectra, desenvolvido pela Thales / MBDA, é um dos mais completos e eficazes sistemas de contramedidas eletrônicas ECM  já instalado em um caça. O Spectra fornece alerta de iluminação de radar hostil (RWR), assim como alerta de iluminação de laser (LWS) e alerta de aproximação de mísseis (MLWS). O Spectra ativa automaticamente o sistema de iscas flares e chaff assim que detecta a aproximação de um míssil.

Acima: Embora seja inegável que o painel do Rafale seja extremamente moderno, ele já se encontra atrás dos painéis com uma tela full touch screen que temos no F-35, e no JAS-39 Gripen E.
Os sistemas do rafale são integrados por um barramento de dados (databus) padrão MIL-STD 1553, que facilita a integração de sistemas e armamentos de outras origens.
Outro sistema projetado ara ser usado com o Rafale é o capacete com mira montada na viseira HMSD (Helmet Mounted Sight Display) Topsight-E que permite ao piloto visualizar informações de navegação e do alvo diretamente na viseira do capacete e ainda apontar os mísseis só com o movimentar da cabeça e olhos.
O painel de controle possui 3 telas de cristal liquido multifunção MFDs que fornecem todos os dados de navegação e combate como mapas e dados de radar. A arquitetura de comando é o HOTAS ou mãos no manete e no mache, onde o piloto tem os principais controles da aeronave em botões situados no manche e manete para agilizar e facilitar as operações de combate aéreo.
Acima: O Rafale B é a versão biplace usada preferencialmente para ataques a alvos de superfície, onde o oficial de trás, opera os sistemas de armas do avião, deixando o piloto a frente livre para pilotar.
O armamento do Rafale é formado pelo moderno e manobrável míssil MBDA Mica que tem alcance de 60 km e com total capacidade de combate de curta distancia graças a sua vetoração de empuxo que lhe garante alta agilidade em manobras de curto alcance, quando a queima do combustível ainda está ativa. O MICA pode ser equipado com um sistema de guiagem por radar ativo ou por um sistema de guiagem por infravermelho IR. É interessante notar que esta ultima versão tem duas vantagens de emprego. A primeira é contra aeronave stealth, que embora não reflitam bem as ondas de radar, não conseguem esconder a assinatura térmica com a mesma eficiência. A outra vantagem é que a versão IR não emite sinais, dificultando à aeronave alvo uma medida evasiva ou defensiva.
Logo, o Rafale, será homologado para lançar o novo míssil MBDA Meteor que terá alcance maior que a do míssil Mica (cerca de 100 Km.) e será guiado por radar ativo, sendo capaz, também, de combates a curta distancia. O míssil R-550 Magic 2 também pode ser transportado, mas esse míssil está sendo substituído pelo Mica IR. Para missões Ar Terra, o Rafale pode usar o míssil de cruzeiro Apache que é capaz de atingir o alvo a 140 km, com uma ogiva de submunições com 10 bombas Kriss anti pista com 50 kg cada. O míssil de cruzeiro multinacional SCALP EG (Storm shadow) fabricado pela MBDA e desenvolvido anteriormente pela Inglaterra Itália e França é uma arma mais capaz que o Apache, descrito acima, por ter maior alcance (500 km). A ogiva do SCALP EG, também difere do Apache. No SCAPL EG ela é unitária de penetração com 450 kg de alto explosivo. O objetivo é a destruição de alvos reforçados como um Bunker, por exemplo.
Acima: O Rafale dispõe de 14 pontos fixos para armamentos e cargas externas de apoio como tanques externos e pods de reconhecimento ou designação de alvos.
Outra arma disponível é o AASM Hummer, cujo alcance pode chegar a 55 km se o lançamento ocorrer a altas altitudes. Com guiagem inercial assistida por GPS/INS o Hummer foi idealizado para destruir alvos fortificados do mesmo tipo que o SCALP EG. Uma recente versão ainda tem apoio de guiagem a laser semi ativa na fase final do ataque. Que lhe garante ainda maior precisão.
O Hummer tem um peso unitário de 340 kg podendo ser transportado, e sua ogiva pode ser uma bomba MK-82 de 227 kg ou uma bomba penetradora BLU-11. A Hummer pode ser transportado  em cabides triplos no Rafale.
A bomba norte americana guiada a laser GBU-12 também faz parte do arsenal do Rafale. Esta arma foi bastante usada nas ações francesas no Afeganistão e na Libia.
Para ataque nuclear, o armamento usado é o míssil ASMP-A, um míssil de cruzeiro equipado com uma ogiva nuclear TN-81 co rendimento variável de 150 a 300 KT (quilotons). Para efeito de comparação, a bomba que explodiu em Hiroshima tinha 15 KT.  O alcance do ASMP-A é de 500 km e seu sistema de guiagem é inercial com um mapa carregado em um computador do míssil antes do ataque.
O Rafale pode atacar navios de guerra do porte de fragatas e destroieres com o míssil AM-39 Block 2 Exocet guiado por radar ativo e com alcance de 70 km. Este míssil tem uma ogiva de 165 kg de explosivos.
Um canhão Nexter M-791 de 30mm é o armamento orgânico do Rafale sendo especialmente eficaz contra veículos terrestres. Sua cadencia de tiro é de, até, 2500 disparos por minuto podendo ser diminuída para 1500, 600 ou até 300 tiros por minuto através de um controle disponível para o piloto.
Acima: O Rafale tem um excelente desempenho de voo, principalmente em curvas fechadas, onde poucos aviões do mundo rivalizam com ele.
O Rafale é propulsado por dois motores Snecma M-88-2, que rendem 7439 kg de empuxo com pós combustão. Trata-se de um motor confiável de 3º geração, em relação a os motores franceses. Este motor permite uma relação empuxo peso de 1,15, dando muito boa capacidade de aceleração ao Rafale. Segundo a Snecma, este motor produz menos calor que os motores anteriores contribuindo para uma discrição infravermelha. A boa relação empuxo peso somado a baixa carga alar (62,8 lb/ft2) , sua estabilidade artificial, e com canards ativos, dão ao Rafale uma capacidade de curva difícil de bater. Na verdade o Rafale e seus primos Typhoon e Gripen, são as aeronaves com melhor desempenho em curva dentre todos os aviões de combate do mundo. No caso do Rafale, ele consegue uma taxa de giro instantânea de 31º/ seg e uma taxa sustentada de 24º/ seg. Esses dados superam com folga a capacidade de curva do F-16, e mesmo do caças da família Flanker. Outro aspecto de desempenho que se destaca na qualidade de voo do Rafale é sua velocidade de ascensão. Ele consegue subir a 18288 m/min, ou seja, sobre como um foguete!  O F-16 que tem uma boa razão de subida também, sobe a 15240 m/ min. Esse aspecto dá ao Rafale uma vantagem em missões de interceptação
O insucesso do Rafale no mercado internacional se dá pelo preço elevado que é pedido por ele. Porém deve-se observar que ele é uma aeronave com capacidade elevada de combate que faz frente a aeronaves maiores. Certamente, porém, que se os requisitos de um cliente que seja muito exigente, o Rafale acabará sendo adquirido. O Rafale é uma solução bastante completa para uma aeronave de combate multifunção de alto desempenho.

Acima: O Rafale tem uma boa autonomia e graças a o sistema de reabastecimento em voo pode voar missões intercontinentais.


Acima: Um desenho em corte do Rafale B, versão biplace usado para missões de ataque a alvos terrestres e navais.
Abaixo: Um desenho em 3 vistas do Rafale B.




Acima: Nesse desenho podemos ver as armas já integradas ao Rafale.




8 comentários:

  1. O caça, mas capaz entre os concorrentes do já definido FX-2, mas seu preço realmente o torna um caça caro para um pais como o Brasil, sendo assim vejo, mas uma vez a decisão da FAB pelo Gripen a melhor opção no momento, parabéns Carlos.

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  2. Obrigado Rafael. Sem duvidas era o caça mais capaz naquela concorrência!
    Abraços

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  3. Se vendesse como os Mirage (que era o que a Dassault imaginava) seu preço iria cair bastante!

    Faltou escala de produção ao Rafale!

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  4. Flavio vamos ver agora que o contrato da India está para sair, 126 exemplares será uma escala até razoável e tem um país do oriente médio interessado em mais 36 aeronaves, assim pelas minhas contas o Rafale passará a ter uma escala maior que a do Gripen C/D, vamos se o preço do bicho cai ou não.

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  5. Qual a diferença do Fafael M para o modelo utilizado pela força aérea francesa?

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  6. O M possui motores levemente mais potente e trem de pouso reforçado para operações embarcadas.

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  7. Pq o Rafale M não tem asas dobráveis?as asas em delta trariam alguma impossibilidade técnica? Abrçs

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    1. Impossibilidade técnica é algo difícil de afirmar de forma categórica. Mas certamente tornaria a aeronave mais pesada, cara e complexa de fabricar e manter. Além disso, a aeronave não é grande em envergadura.

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