sábado, 16 de setembro de 2023

ÍNDICE ARMAS DE FOGO


FB MSBS GROT - Uma solução independente para a infantaria polonesa.


MSBS GROT
FICHA TÉCNICA
Tipo: Fuzil de assalto.
Miras: Dispositivos mecânicos ou ótico, fixado no trilho picatinny.
Peso (vazio): 3,65 kg
Sistema de operação: A gás com pistão de curso curto com trancamento rotativo do ferrolho.
Calibre: 5,56 x 45 mm.
Capacidade: 30 munições.
Comprimento Total: 90 cm (versão básica com coronha estendida); 67 cm com c coronha dobrada.
Comprimento do Cano: 16 polegadas.
Velocidade na Boca do Cano: 890 m/seg.
Cadência de tiro: 700 a 900 tiros/ min.

Por Carlos Junior
Durante as décadas que se seguiram ao fim da II Guerra Mundial, a criação do Pacto de Varsóvia, a Polônia, um dos países dessa organização que antagonizou suas forças com as da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) até o fim da União Soviética  em 1991, devido a forte influencia soviética, usava muitos dos mesmos armamentos desenvolvidos pelos russos. E quando não eram armas russas, eram armas de projeto polonês com forte influencia da tecnologia russa.
Depois muitos acontecimentos geopolíticos que aconteceram depois da queda da cortina de ferro, a Polônia se tornou membro da OTAN (um importantíssimo membro, diga-se de passagem), e até os dias atuais ainda se vê alguns armamentos que são bastante influenciados pela época  do Pacto de Varsóvia. O fuzil padrão da infantaria do exército polonês é o Beryl, uma arma baseada na plataforma AK, mas com varias modificações incorporadas pela indústria local. Esse fuzil está em fase de substituição pelo mais moderno fuzil GROT do qual trataremos a partir de agora.
O fuzil BERYL M762, um derivado do AK-74, é o fuzil padrão da infantaria polaca atualmente. Até o final da década de 20 deverá estar aposentado pelo GROT.

A transição da doutrina soviética para a doutrina ocidental empregada dentro do âmbito da OTAN tem norteado a modernização das forças armadas polonesas como um todo. São carros de combate de origem russa T-72 dando lugar a tanques M-1 Abrams, K-2 Black Panther e Leopard 2. Na força Aérea Polonesa, caças MIG-29 e Su-22 estão dando lugar para caças F-16 e F-35, de fabricação norte americana. Assim, a infantaria polonesa também precisou de um novo armamento  mais alinhado com o que é empregado por seus novos aliados.
O projeto do novo fuzil se deu a partir de 2007, pouco depois da entrada da Polônia na OTAN e a ideia foi a de ter um armamento nacional com características alinhadas com o padrão OTAN para esse tipo de arma. A empresa encarregada de projetar o novo fuzil foi a Fabryka Broni Radom (FB). Os primeiros protótipos foram apresentados em 2009 e em 2012, o ministério da defesa da Polônia adquiriu uma pequena quantidade de fuzis Bushmaster ACR e a partir desse momento, muitas mudanças no projeto original do GROT foram implantadas, tornando a arma visivelmente inspirada no modelo norte americano. 
O projeto do GROT foi norteado pelo conceito de modularidade como muitas armas modernas assim são projetadas. 
A FB produziu duas versões, uma configurada como um bullpup chamada de  MSBS-5.56B Radon-B e outra com uma configuração tradicional, com o carregador a frente da empunhadura, chamada de MSBS-5.56K Radon-K. 
Aqui temos dois protótipos do MSBS Grot. Observem a versão bullpup em cima. Esta versão, embora não tenha sido adotada pelas forças militares polacas, ainda está disponível para futuros usuários.
Em 2016, as forças armadas polacas adotaram a versão tradicional e a arma foi batizada de MSBS Grot. Os exemplares dos lotes iniciais foram entregues a soldados com menor experiência para que eventuais problemas do projeto fossem expostos, o que de fato acabou acontecendo, sendo que muitas falhas, notadamente de controle de qualidade, levaram a uma sequencia de diversos problemas como uma tendência do regulador de gás, simplesmente soltar e cair da arma. Quebras da coronha em polímero, assim com danos na estrutura do poço do carregador  também aconteceram gerando insatisfação nos militares que usaram o armamento. No entanto, a ideia era exatamente essa, encontrar problemas com este armamento de projeto novo e desenvolver ele para que o armamento a ser produzido em massa fosse o mais perfeito possível. Atualmente o Grot teve todas essas fragilidades resolvidas e o armamento está sendo entregue a tropa e se tornará o fuzil padrão da infantaria polaca até o final da década de 20.
Aos poucos os fuzis Grot está chegando às mãos dos soldados do exército da Polônia.
O Grot opera através da ação de gases que empurram um pistão de curso curto (como no ACR da Bushmaster e no HK-416), o que garante um funcionamento mecânico extremamente resiliente, com baixíssimo índice de panes de tiro. O trancamento se dá por ferrolho rotativo com 7 "dentes". A tecla seletora de tiro/ segurança possui 3 posições: Safe (travada), Tiro (intermitente) e Auto (rajada). Não há opção para rajada curta, um recurso que aparentemente, tem sido abandonado nos novos fuzis. Todos os controles da arma são ambidestros. A janela de ejeção pode ser trocada de lado apenas desmontando a culatra e trocando a tampa da janela de lado. O regulador de gás é manual e a alavanca de manejo do ferrolho está montada dos dois lados da arma e ela não é recíproca (não se move durante o trabalho de ciclagem da arma no disparo).
Muitos componentes do fuzil Grot apresentaram problemas de projeto e de qualidade no primeiro lote. Os problemas foram solucionados no projeto e os novos lotes estão sendo entregues com as melhorias.

O fuzil Grot possui trilho picatinny 22 mm montado integralmente sobre sua parte superior da arma e em um trilho menor na parte de baixo do guarda mão. Além disso, nas laterais e na parte de baixo do guarda mão, também há  encaixes de acessórios no padrão M-Lock que estão sendo bastante comuns e permitem além de um bom sistema de acoplamento de equipamentos, uma ventilação para o cano.
O fuzil pode usar miras de aço dobráveis que são removíveis, fixadas no trilho superior picatinny. Miras óticas como red dot (reflexivas) e lunetas podem ser instalados também junto com as miras de aço dobráveis.
O Grot pode usar carregadores STANAG 4179 que são os mesmos dos fuzis M-16/ AR-15 e que se tornaram um elemento padronizado em muitos modelos de fuzis ocidentais. No entanto, o modelo de carregador que é fornecido com o Grot é produzido em polímero com acabamento translucido. Esses carregadores são produzidos com capacidade para 10, 30, 60 e 100 tiros.
A coronha do Grot é dobrável, e telescópica. Existe um apoio para a cabeça que se levanta  também, para dar maior conforto para disparos com uma visada mais cuidadosa.
Além da Polônia, as forças de combate nas linhas de frente contra a invasão russa da Ucrânia estão recebendo fuzis Grot também.
A FB possui versões do Grot configuradas para munições russas em calibre 7,62X39 mm e está em desenvolvimento um modelo projetado para usar a potente munição 7,62X51 mm. Essa ultima está sendo chamada de Grot 762N que será um fuzil destinado para emprego por atiradores designados. Por isso esta versão será exclusivamente semi- automática. Essa versão foi adquirida pelo exército polaco em fevereiro de 2023 para substituir os velhos fuzis da era soviética  Dragunov SVD para seus atiradores designados.
Acima temos o novo fuzil Grot 762N para uso de disparos de precisão.

Além da Polônia, a Ucrânia recebeu 10000 unidades do fuzil Grot para ajudar em sua guerra contra a Rússia o que vai ajudar a avaliar o desempenho da arma em condição de combate real. A Polônia encomendou 184 mil fuzis para suas tropas que devem estar entregues até o final de 2026.
Fuzil Grot padrão com cano de 16 polegadas
       
Versão carabina com cano encurtado para 10 polegadas

Fuzil Grot equipado com lançador de granadas de 40 mm

       
                    

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

A Grã-Bretanha Seleciona Novo Fuzil de Assalto Para Tropas de Elite


Knight's Armament Company KS-1 (L-403A1)
A Grã-Bretanha selecionou o fuzil de projeto norte americano Knight's Armament Company KS-1 como a nova arma individual para os novos batalhões de Rangers e os Royal Marines Commandos. A exigência para o novo rifle foi divulgada em agosto de 2021. 
O Projeto Hunter do Reino Unido foi lançado para selecionar uma nova Arma Individual Alternativa (AIW) para substituir a série de rifles SA80/L85 e os Colt Canada L119 em serviço com os Rangers e Comandos RM. O KS-1 do Knight foi designado como L403A1, vencendo a concorrência relatada de Heckler & Koch, SIG Sauer, Daniel Defense e Glock.
Um dos requisitos básicos para o novo fuzil foi a de haver um supressor de ruído instalado de fábrica. Esse requisito tem se tornado cada vez mais frequentes em programas de aquisição de fuzis ocidentais.

O contrato de £ 90 milhões (US$ 110 milhões) prevê a entrega de 10.000 novos rifles na próxima década. Um pedido inicial de £ 15 milhões para 1.620 sistemas AIW foi feito ao Exército Britânico, colocando-os em campo com a Brigada de Operações Especiais do Exército, com a expectativa de que a brigada receba os primeiros rifles até o final de 2023. As 'companhias de ataque' dos Royal Marines e O Esquadrão de Vigilância e Reconhecimento também estará entre os primeiros a receber o L403A1.
A mira ótica Vortex associada a uma mira reflex (red dot da Aimpoint, também são fornecidas de série com o novo fuzil L-403A1.

O comunicado de imprensa do Ministério da Defesa do Reino Unido enfatiza que, sendo um rifle com padrão AR, o L403A1 “compartilha muito em comum com os sistemas de rifle usados ​​por muitos dos aliados do Reino Unido. Dado o seu papel especializado e a tarefa crítica de trabalhar com e ao lado de muitos dos aliados do Reino Unido, a plataforma permitirá à ASOB partilhar competências e exercícios de forma eficiente.”
A seleção do L-403A1, uma arma com a configuração da plataforma AR, para as forças de elite britânicas pode sugerir uma tendência para o futuro fuzil padrão de infantaria para o exército do país que pretende substituir seus cansados fuzis L-85 a partir de 2025 através do projeto Grayburn em andamento atualmente.