domingo, 27 de setembro de 2015

XM-307 - Atualização Full Metal Jacket


Conheça o projeto que visou substituir a famosa metralhadora ".50" M-2 e o lança granadas MK-19 nas forças armadas dos Estados Unidos.

sábado, 19 de setembro de 2015

MITSUBISHI HEAVY INDUSTRIES TYPE 10. O samurai peso pesado!


FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: 70 Km/h em estrada.
Alcance máximo: 400 Km (em estrada).
Motor: Motor diesel V-8 com  1200 hp de potência. 
Peso: 48 Toneladas (carregado e equipado).

Comprimento: 9,40 m (contando o canhão)
Largura: 3,20 m.
Altura: 2,30 m.
Tripulação: 3 tripulantes.
Inclinação frontal: 60º.
Inclinação lateral: 30º.
Passagem de vau: 1 m; (estimado)
Obstáculo vertical: 1,25 m.(estimado)
Armamento: Um canhão Japan Steel Works 120 mm Alma Lisa e carregador automático; 1 uma metralhadora pesada modelo M-2HB calibre .50 (12,7 mm) e uma metralhadora Tipo 74 em calibre 7,62X51 mm; 8 granadas lançadoras de fumaça.

PREFÁCIO
Por Edilson Moura Pinto
Matéria produzida em parceria com o site Plano Brasil.
O carro de combate TK-X, também conhecido como o Type 10, é o mais recente desenvolvimento das forças terrestres japonesas no tocante aos MBT. Este novíssimo veículo de combate “peso leve” que junto com o Sul Coreano K-2 formam na atualidade os únicos MBT 4ª Geração em estágio operacional, são as referencias mundiais para  o desenvolvimento de carros de combate, embora, para alguns críticos, a primazia de tal feito seja creditada ao modelo japonês em função das suas reais características.
O Type 10 é a resposta japonesa para a guerra centrada em rede em ambiente no cenário do futuro e certamente é um divisor de águas no que tange ao desenvolvimento das novas famílias de carro de combate mundo a fora ao inaugurar uma nova era para os MBT. significativamente mais leves que seus concorrentes.
Segundo alguns especialistas, o veículo foi projetado para ser mais leve, a fim de cumprir as leis e normas das estradas japonesas. O novo MBT pode ser transportado em veículos de transporte comerciais e dispõe de modernos sistemas opto eletrônicos que o resguardam de uma capacidade muito superior aos veículos Type 90 os quais, vieram substituir.
O Type 10, destaca-se em inúmeros fatores, as capacidades incluídas no projeto, que se por um lado não eram objeto principal do programa, por outro, resultaram em características excepcionais ao veículo, tais como: mobilidade e agilidade, dimensionamento para combates em perímetros urbanos e casco projetado para aumentar os índices de reflexão balística com o mínimo de emissões reflexão Infravermelho e RCS.
Todas essas qualidades o garantem um maior índice de sobrevivência no campo de batalha moderno que agora enfrenta em outro campo um adversário nas decisões políticas e estratégicas da defesa japonesa, ameaçando a sua supremacia frente aos potenciais adversários regionais. Neste artigo como em todos da série MBT Brasil apresentaremos o Type 10 a mais nova arma das unidades de cavalaria blindada japonesas.


A ORIGEM.

Em 15 de dezembro de 2001, o governo japonês aprovou um novo plano de aquisições de médio prazo para a Força Terrestre de Auto Defesa Japonesas (JGSDF - Japan Ground Self-Defense Force). O montante de recursos totalizava cerca de US 223,6 bilhões.
Os projetos de pesquisa foram planejados para execução em cinco anos e, neles era incluindo o desenvolvimento de um novo MBT (Main Battle Tank- Carro de Combate Principal)  com capacidades de sobrevivência em teatro de operações apto a executar comando e controle avançados, C4I.
De ressalto, a Mitsubishi Heavy Industries (MHI) foi contemplada como a principal contratante para o desenvolvimento do novo veículo até então chamado TK-X, cuja produção prevista teria inicio em 2010-2011. Tal projeto contava com a participação de um grupo de cerca de 1300 companhias japonesas.
O custo de desenvolvimento a partir de 2008 foi avaliado em aproximadamente US$ 447 milhões e cada veículo custaria algo em torno de US$ 6,5 milhões. Segundo o livro branco da defesa japonesa o custo unitário dos veículos para o ano fiscal de 2014 circundava a casa dos US$8,5 milhões, valor considerado adequado em vista do corte na produção que reduziu o número de pedidos do MBT pelo JGSDF.
Acima: TK-10, protótipo apresentando no ato da execução dos ensaios de campo.
O desenvolvimento do novo MBT foi iniciado pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (TRDI) em 2002. Um protótipo do veículo foi completado em 2006 e muitos dos sistemas embarcados no Type-10 tiveram seus desenvolvimentos iniciados uma década antes (1990), enquanto outros, em  2000, de forma independente por seus produtores.
O veículo, só foi revelado pela primeira vez ao público em 2008 e segundo as informações do JGSDF, em 2010 o Ministério da Defesa Japonês havia ordenado à aquisição de 13 veículos e os testes de corrida foram realizados ao longo de 2007 e 2008.
Nesse mesmo período foram realizados  ensaios de disparo e combate em ambiente coordenado em redes. O TRDI completou o desenvolvimento do veículo  em 2009 e este começou a ser produzido em série a partir de 2010.
As informações do Ministério da Defesa Japonês atestam que o JGSDF reconheceu formalmente o Type 10 Hitomaru-shiki sensha, em dezembro de 2009 e em 2010, as diretrizes orçamentárias e o plano de renovação da JGSDF previam a  aquisição de 600 veículos do modelo.
As primeiras unidades entraram em serviço nas JGSDF em meados de 2012, substituindo os envelhecidos MBT Type-74 e completando as unidades compostas pelo mais recentes Type 90. Devido às restrições impostas pelas leis japonesas remanescentes dos acordos pós – Segunda Guerra Mundial, o Japão não poderá exportar esse veículo de combate.
Talvez a mais notável característica do veículo seja creditada a sua manobrabilidade e sua leveza. O Type 10 é o mais leve veículo  de combate de sua categoria e o segredo para tal feito, reside na blindagem que compõe o casco.
Embora o Type-90 fosse considerado um MBT adequado para o seu tempo, o JGSDF encontrava uma grande dificuldade para operá-lo, especialmente quando se tratava da mobilidade das colunas de blindados. Segundo relatos, em certas condições as torres dos Type 90 tinham que ser removidas para se adequarem ao transporte sobre rodas e mesmo a malha férrea japonesa.
Para o cenário previsto de crescente ameaça chinesa, que passava por uma reestruturação de suas forças blindadas com o desenvolvimento e expansão das suas unidades no final dos anos 90, o Japão se via impelido em responder de forma contundente a uma hipotética ameaça e para tal necessitava de uma arma blindada móvel, leve e capaz de reagir prontamente em qualquer parte do seu território. Adicionalmente, o novo veículo deveria possuir a capacidade de combate centrado em redes.
O programa era pautado na premissa de que as Forças japonesas de então, seriam por si só, superiores as do seu maior adversário regional e potencial, a China.  Acreditava-se que uma força compacta de cerca de 600 novos MBT a frente de forças mais robustas, compostas de veículos Type-90, seriam suficientes para conter o hipotético avanço de forças mecanizadas chinesas em seus territórios.
Julgava-se que ao possuir a capacidade de projetar-se em determinadas regiões do pacífico se assim o fosse necessário, o Japão manteria a superioridade frente a China, e foi nesse contexto que se desenhou o Type-10 e suas especificações respondiam ao cenário projetado pelos estrategistas japoneses.
Acima: A evolução da arma blindada japonesa, ao fundo o Type 74, ao meio Type 90 e a frente o novíssimo Type 10.

SISTEMAS DE ARMAS
Seguindo uma tendencia mundial, o MBT japonês seria equipado com uma arma principal de alma lisa de 120 mm e como esperado, a escolha foi feita em função do consagrado canhão Rheinmetal L-44  de 120 mm produzido sob licença pela Japan Steel Works. A arma é a mesma usada nos MBT Leopard 2 e M1A1 / A2, porém, o fabricante atesta que a versão japonesa possua melhoramentos.
A MHI afirma ainda que a arma pode ser substituída futuramente pelo mais novo canhão L-55 da Rheinmetal sem necessidades de grandes modificações, caso o JGSDF opte por essa decisão.
A arma é idealizada para disparar todo o tipo de munições modernas como os APFSDS, munições perfurantes de blindagens (pearcing armour), HEAT-MP.
A carga explosiva é a mesma adotada pelo canhão JM33 que equipava os Type 90 entretanto, apesar de utilizar a mesma carga no cartucho, o rendimento do canhão fornece perfurações mais eficientes por reduzir a perda de energia cinética no disparo, além de aumentar a precisão da munição, reduzindo a sua perda de momento ao longo da trajetória. O carro transporta 14 cargas armazenadas na seção traseira da torre, porém, munições adicionais são armazenadas no interior do casco do blindado.
Relatos de especialistas  que manusearam o MBT no estágio de treino na escola de blindados japonesa, afirmam que o comando da torre elétrica pode ser acionado pelo simples movimento do dedo sobre o monitor colorido touch screen semelhante ao de um tablet ou celular, segundo informações dispostas, o operador de armas pode inclusive promover o zoom de uma imagem para efetuar reconhecimento com a mesma facilidade que um usuário seleciona a sua foto e zoom em uma selfie.
O carregador pode ser acionado enquanto o veículo efetua o movimento sobre o terreno e mesmo quando o cano executa uma varredura angular para posicionamento e novo disparo. Esta capacidade reduz o tempo de recarga e tiro aumentando a letalidade do veículo em movimento.
Acima: canhão Rheinmetal L44 de 120 mm foi o escolhido para o projeto, entretanto a MHI afirma ser possível a conversão para o L55 sem substanciais modificações no projeto.
O veículo é habilitado à disparar qualquer tipo de munição padrão OTAN atualmente empregada nos carros de combate ocidentais equipados com L-44. Entretanto, os japoneses desenvolveram uma nova carga denominada Type 3 APFSDS, da qual, até a finalização deste artigo, não fora especificado se trata-se de um penetrador de Tungstênio ou de Urânio empobrecido. Independentemente disso, o Japão possui a licença para fabricação dos APFSDS de tungstênio alemães.
Os diferentes tipos de munição disponíveis para a arma  são:
  • Armor Piercing (AP);
  • Armor Piercing Discarding Sabot (APDS);
  • High Explosive Anti Tank (HEAT);
  • High Explosive (HE).
A torre acionada eletricamente, possui capacidade de giro de 360°. O sistema de carregamento é automático. A torre possui ainda um sistema duplo de atenuação de movimento que lhe permite o giro em alta velocidade, segundo informações a taxa de giro seria superior à dos MBT russos T 90MS, considerados uma das mais elevadas taxas de giro até então. Segundo as fontes japonesas o Type 10 consegue efetuar uma rotação completa de sua torre em menos de 9 segundos, durante este tempo o carro efetua a busca e seleção dos alvos enquanto carrega o canhão e efetua dois disparos em alvos estáticos posicionados em lados opostos, inclusive contra alvos em diferentes inclinações de terrenos.
Tudo isto, combinado com a incrível a agilidade do veículo em movimentar-se em marcha ré, lhe garantem a capacidade de ser quase impossível flanqueá-lo sem que este seja capaz de responder ao fogo, neutralizando o seu adversário.
Acima: Utilizando as munições APFSDS o Type consegue índices de perfuração de blindagem muito superior ao seu antecessor o Type 90.
O armamento secundário que equipa o carro, consiste de uma metralhadora pesada HMG-M2 de 12,7 mm montada na estação do comandante do carro enquanto a arma  coaxial de 7,62 mm(Type-74) é posicionada à direita do veículo. isto significa que o comandante do veículo necessita expor o seu corpo ao exterior do veículo caso queira acionar a arma.
Esta deficiência foi constatada ao longo do desenvolvimento do carro e análises de operações das forças blindadas de Israel e Síria, bem como Ucrânia, levaram a TRDI a desenvolver uma proposta alternativa ao uso destas armas. Nos três conflitos citados , comandantes de carro foram alvejados por atiradores habilidosos devido a sua exposição desnecessária.
Como resposta, encontra-se em desenvolvimento pela TRDI de um sistema de torre giro-estabilizada, comandada remotamente, sanando esta deficiência. Adicionalmente,  a torre também é equipada com lançadores de granada de fumaça para proteção do carro.
Corrigindo distorções presentes no projeto do Type 90, os quais os visores dos comandantes apresentavam em certas circunstâncias, problemas com a sua linha de visão semi-bloqueada pelo visor do artilheiro, no Type 10, o visor é posicionado em maior elevação de modo que lhe garante uma visada de 360 ​​º completamente desobstruída.

Acima: 
A baixa silhueta e o desenho de sua torre e casco foram projetados para otimizar o desvio de energia cinética das munições anti carro e compõe um importante item de proteção balística do Type 10.

C 4I & OPTO ELETRÔNICOS
O projeto enfatizou a capacidade de combate C4I (Comando Controle, Comunicações e Inteligência), prevendo melhorias na capacidade de consciência situacional da tripulação, capacidade de comandar grupos de combate, receber e enviar dados para outros veículos em tempo real. Mas também se focou na mobilidade e capacidade de aumentar o desempenho e poder de fogo.
Tanto o atirador como o comandante possuem visores infravermelhos independentes com capacidade de visão 360º capacitados a realizar busca e reconhecimento. As imagens captadas pelos visores são apresentadas num monitor de tela plana que permite aos seus operadores selecionar, ampliar e cravar imagens de modo a permitir o seu reconhecimento e registro quando necessário.
Com o movimento dos dedos o atirador pode selecionar alvos distintos e executar o ataque sequenciado após a escolha destes alvos, a torre e arma serão, então, movimentadas automaticamente  para efetuar os disparos.
O carro é  equipado com um sistema de controle de fogo capaz de rastrear e neutralizar alvos fixos e móveis, o telêmetro laser permite a correção do disparo quando o veículo estiver em movimento ou em giro de sua torre.
Sensores desenvolvidos pela empresa francesa Thales são posicionadas no cano de modo a corrigir distorções ao longo dos disparos. Um sensor atmosférico é posicionado na ré da torre, lhe conferem igualmente a correção ao longo das operações.
A estação do comandante está equipado com um visor panorâmico montado à direita da torre. Ele fornece ao comandante a  situação do terreno exterior de  dia e noite.
Segundo informações oficiais, o veículo possui capacidade de tiro em movimento, porém apenas em condições de movimento linear, nas marchas frontais e ré, embora possa efetuar disparos com variações de elevações de relevo ao longo da corrida.

Acima: 
Em destaque o sistema de detecção de emissões laser logo abaixo do periscópio. Estes sensores estão dispostos em cada canto da torre do veículo.
O MBT está equipado com um sistema de gestão digital do campo de batalha (BMS), que proporciona maior consciência situacional por exibir as informações necessárias aos tripulantes. O carro inaugura a introdução de sistemas avançados e sensores  sofisticados que o posicionam na era do C4I. Assim sendo, o Type 10 é dotado de equipamentos que lhe permitem comunicar e compartilhar informações com outros veículos em rede, ou ainda, tropas de infantaria mobilizadas no terreno ou em conjunto com regimentos de Sistema de Controle de Comando (CER) durante operações de combate integrados.
Futuramente o Type 10 será capaz de receber e enviar dados aos helicópteros de ataque AH-64 Apache e  helicópteros de escolta armada OH-1. Atualmente um MBT pode rastrear e “plotar” o alvo para outro veículo e o disparo pode ser feito coordenado por um ou dos dois, ou mesmo por qualquer outro Type 10 que esteja no alcance dos alvos.
Caso o veículo esteja danificado ou queira se ocultar no relevo, o disparo pode ser feito por qualquer sistemas de armas que compartilhe as informações emitidas pelo veículo. Ataques de saturação por mais de 3 veículos podem ser coordenado por um único veículo que assuma a posição de comando, isto aumenta a letalidade dos ataques e a mudança de posto de cada veículo é feita apenas com um simples toque no visor, transferindo o comando para outro veículo que estiver em rede.

Acima: 
Na imagem o telêmetro laser e corretor de disparos alocados na lateral e seção superior do canhão., na posição direito o periscópio do tirador é exibido

MOBILIDADE
O Type 10 apresenta melhorias significativas em suas capacidades de manobra, proteção, potência e desempenho de fogo, em relação a todos os veículos da geração anterior. O veículo comporta uma tripulação de três integrantes compostas pelo comandante do carro, artilheiro e motorista. A automação reduziu a necessidade de  um quarto tripulante que pode ser integrado ao veículo sempre que desejável.
Relatórios de eficiência operacional coletados em recentes exercícios, apontam que a carga de trabalho do Type 10 é elevada para os três tripulantes especialmente quando os veículos efetuam operações de reconhecimento e ataque coordenado. O volume de informações aliado a necessidade de coordenar e efetuar disparos exige a presença de um quarto tripulante, que entre outras atividades alivia a tripulação nos períodos de manutenções dos veículos em campo de batalha.
O veículo possui um comprimento de 9.4 m, largura de 3,2 m e 2,3 m de altura. Sua baixa silhueta completa o conjunto de medidas de proteção balística e é desenhada para refletir os disparos de armas anticarro desviando do interior do veículo.
A massa bruta é de apenas 44 ton sendo a massa que combate pode chegar a 48 ton quando acrescidas as blindagens adicionais e o carregamento das munições. Estas características o tornam um veículo facilmente transportável por rodovias e linhas férreas, bem como, por unidades aéreas e até mesmo, por caminhões de transporte comerciais. O quesito transportabilidade é inigualável por qualquer um dos modernos carros de combate existentes na atualidade.
Esta capacidade lhe permite ser implantado em uma grande variedade de missões, incluindo a guerra anti-carro, ataques móveis (Aerotransportado), ataques em conjunto com forças especiais e outras contingências.
O veículo possui um sistema de transmissão continuamente variável (Continuously Variable Transmission (CVT)), equipado com suspensão hidropneumática ativa, o que lhe permite ajustar a sua posição. Com isso o Type 10 pode”sentar”, “permanecer”, “ajoelhar-se” ou “inclinar-se” em qualquer direção. Esse recurso oferece uma série de vantagens em relação a  adequação do terreno, giro da torre e disparo da arma em situações de inclinações críticas.

Acima: O motor do Type 10 fica posicionado na parte traseira do veículo, justamente a parte mais vulnerável. Isso tem sido foco de criticas ao projeto.
O veículo é impulsionado por um motor diesel V8, que desenvolve cerca de 1200hp, conferindo-lhe uma  impressionante relação peso/potência de 27 hp / ton.  Acoplado à CVT, o sistema de propulsão do veículo lhe permite efetuar corridas de até  70 km / h à ré, um  impressionante desempenho para o carro em situação de fuga. A autonomia do veículo é de 400 km em estrada pavimentada.
A vantagem adicional fica por conta da capacidade do veículo fugir da ameaça mantendo a sua seção frontal mais blindada, como proteção, ao mesmo tempo que executa a corrida em marcha ré.
O motor está localizado na extremidade traseira do veículo e é bastante grande, alguns especialistas apontam falhas no projeto pois alegam que este é deveras exposto ao fogo inimigo, especialmente a partir da retaguarda onde é mais vulnerável. A TRDI trabalha atualmente no desenvolvimento de um sistema de proteção para o motor do veículo ajustando-se as novas realidades do combate moderno.
Para alguns especialistas, a motorização associada a transmissão e suspensão do Type 10 o tornam um veículo único. Totalmente carregado, o Type 10 desenvolve velocidades de cerca de 65 a 70 km por hora mesmo em relevo acidentado.
A sua aceleração também é  impressionante, permitindo o arranque do veículo parado para a velocidade máxima em pista em questão de segundos (alguns afirmam se tratar em 12 outros 15 segundos).
Uma outra característica surpreendente é a grande agilidade, o que torna possível flanquear qualquer tipo de veículo adversário da atualidade. O veículo possui apenas 5 roletes, número muito inferior ao normalmente encontrado nos MBT modernos, porém esta redução é vista como benéfica pois diminui as necessidades de manutenção dando de acréscimo ao carro, a capacidade de se mover em locais apertados.
Acoplado ao sistema de suspensão dinâmica (hidropneumática), a transmissão/suspensão proporcionam ao Type 10 uma boa estabilidade no disparo da arma e na corrida em terreno acidentado, reduzindo a fadiga do veículo e da tripulação.

Acima: Poder 
“sentar”, “ajoelhar” são algumas das capacidades providas pelo sistema de suspensão do veículo e garantem inúmeras vantagens no campo de batalha moderno.

BLINDAGEM E PROTEÇÃO
A seção frontal da torre  e o caco do veículo são protegidos por um tipo de blindagem cerâmica cujas especificações permanecem em segredo. Julga-se se tratar de materiais compostos nano-estruturados que garantem a proteção à elevados níveis. Estima-se que as laterais do casco e da torre sejam protegidos por blindagem em aço.
O veículo é equipado com “saias de proteção” aos roletes cuja parte inferior é composta por um tipo especial de borracha que atua reduzindo a assinatura infra vermelha do veículo, a seção blindada da saia oferece proteção adicional contra armas anticarro leves, protegendo o sistema de roletes e suspensão do veículo, fato este igualmente questionado pelos especialistas por alegarem uma exposição desnecessária dos roletes.
Painéis de  dispersão para explosões são montados sobre a torre garantindo o direcionamento dos gases super aquecidos para fora do veículo, aumentando as chances de sobrevivência da tripulação caso a torre seja atingida e as cargas explosivas acionadas na sua arca de proteção.
O carro possui diferenciados tipos de proteção para as diferentes seções as quais variam de proteção com grades, metal e cerâmicas especiais. Adicionalmente, uma blindagem modular pode ser adicionada ao veículo aumentando a sua massa total em cerca de 4 toneladas. Seguindo a filosofia vigente na guerra fria, o veículo possui proteção NBC,  foi desenvolvido para sobreviver à guerras químicas, biológicas e nucleares.
O veículo possui sistema de detecção de emissões Laser (LWS) em cada canto de sua torre, os quais acionam automaticamente o lançamento de granadas 7,66m de fumaça e dispersantes de luz.

Acima: 
Em detalhe os detectores de emissões laser. uma vez detectado o acionamento das granadas de fumaça é automático de modo a protegê-lo.

CONTRATEMPOS

Mal os protótipos do veículo encerravam a suas campanhas de testes, o JGSDF se viu frente a um novo desafio e o Type 10 enfrentava agora um adversário interno. Passada uma década do início do desenvolvimento do veículo, em 2013 o governo do Japão encaminhou ao parlamento um novo plano estratégico de defesa que se atualizava frente as ameaças reais e ao direcionamento de recursos para o desenvolvimento e aquisição de armas para as próximas décadas.
O JGSDF reduziu na metade o número de MBT a ser adquiridos, segundo o plano orçamental a força receberá de 2016-2018 o último lote de veículos de um total de 300 encomendados. Apenas duas divisões e o regimento escola de treinamento de blindados serão equipados com o novíssimo MBT.
Quando tal anúncio foi feito, inúmeras críticas surgiram na mídia japonesa e internacional, em geral pautadas ou apenas em questões técnicas (apontando falhas no projeto), ou tão somente sobre a ótica da economia de recursos (cortes orçamentais).
O fato é que no caso do MBT japonês, a decisão de redução das unidades blindadas se deveu muito mais a uma mudança de filosofia e estratégica na defesa do Japão. A nova doutrina se pautou na nova realidade que se desenvolveu ao longo da primeira década do século e diz respeito a revisão de capacidades e necessidades da JGSDF.
Os relatórios emitidos pela defesa japonesa demonstravam um avanço significativo nas competências chinesas, que agora desenvolviam freneticamente a capacidade de promover ataques múltiplos e simultâneos ao território japonês. Os analistas agora se viam frente a uma realidade a qual a sua doutrina não mais se enquadrava.
A china implementou um amplo programa de atualização e renovação da sua força blindada, novos MBT chineses são capazes de fazer frente até mesmo aos mais modernos carros ocidentais, além disso a superioridade numérica e a capacidade de implementá-los, ganhou força com a ampliação da Marinha do PLA e suas capacidades anfíbias.
A China adquirira em uma ou duas décadas o poder de virar a mesa e conseguir atacar ao Japão neutralizando as suas forças. Um novo planejamento passava agora  por uma doutrina de reação rápida e dissuasão, para tal, as unidades blindadas deveriam ser leves, aerotransportadas e de custo operacional mais baixo. Seu intuito agora (JGSDF) é causar dano ao inimigo invasor, retirar-se rapidamente quando possível e atacar novamente sempre que possível.
Neste contexto, as divisões mais pesadas, formam a linha da retaguarda e avançam a medida que a defesa consegue se recompor. Tal conceito não é novidade e se baseia na doutrina italiana que pautou o desenvolvimento do veículo blindado sobre rodas 8×8 Centauro, armado com um canhão  105 mm.
A estratégia de dissuasão, agora pauta-se na capacidade de responder a eminente ameaça e não mais impedi-la, a sutil diferença leva em conta que o inimigo já possui a capacidade de ultrajar a soberania. respondê-la é a ação a partir de agora. Curiosamente esta teria sido a razão para o desenvolvimento do Type 10, porém os especialistas apontam que as mudanças recentes exigiram uma revisão destes requisitos.

Acima: 
Ainda não validados para a produção em massa os veículos Type 89 são esperados para compor as unidades de cavalaria japonesas.
Críticos apontam ainda que o JGSDF ainda  não provou que o veículo Type 89 (APC- Armoured Personnel Carrier) possua armamento, mobilidade e auto proteção suficiente para apoiar os Type 10 no campo de batalha. Apenas 68 exemplares haviam sido produzidos até janeiro de 2014.
Adicionalmente, os veículos Type 96  (WAPC- Wheeled Armoured Personnel Carrier) não possuem proteção e armamento suficiente para fazer frente aos novos MBT chineses ou coreanos que foram desenvolvidos desde então. Além disso, os Type 96 não possuem a capacidade de seguir os Type 10 em terreno acidentado.
Atualmente as unidades que deveriam receber os Type 10 são equipadas com o novo veículo (MCV- Manoeuvre Combat Vehicle) 8×8 armado com o canhão de 105 mm, o qual possui uma massa de 26 toneladas muito mais leve e distante das capacidades do Type 10 planejado.
A única variante existente do veículo (Type-10) é o Type 11 um veículo de recuperação CVR- Crawler Vehicle Recovery) que foi desenvolvido em finais de 2013 e que possui o mesmo sistema de suspensão, capaz de tracionar veículos de 45 toneladas e içar veículos de 23 toneladas.
Seja como for, a revisão doutrinária foi interpretada de forma errônea pelos críticos e especialistas, uma vez que em momento algum esta desconsidera as capacidades do MBT, mas sim, se deve ao fato de uma mudança no emprego da força blindada. Muito provavelmente o veículo sofrerá programas de atualização corrigindo o projeto e o adaptando as novas realidades.

Acima: 
Os MCV serão o futuro da força blindada japonesa que apesar de críticas, deve se juntar aos Type 10 compondo as forças de combate do JGSDF.


ABAIXO TEMOS UM VÍDEO COM UM MBT TYPE 10 EM AÇÃO.



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segunda-feira, 14 de setembro de 2015

CLASSE SLAVA. O poderoso legado soviético na marinha russa de hoje.

FICHA TÉCNICA
Tipo: Cruzador lança mísseis.
Tripulação: 529 homens.
Data de comissionamento: Janeiro de 1983.
Deslocamento: 12500 Toneladas (carregado).
Comprimento: 186,4 mts.
Calado: 8.4 mts.
Boca: 20.8 mts.
Propulsão: 4 turbinas a gás M8KF que produzem 108800 hp de potencia, 2 turbinas auxiliares a gás M-70 que produzem 11000hp de potencia e duas hélices.
Velocidade máxima: 32 nós (59,3 km/h).
Alcance: 12100 Km  em velocidade de cruzeiro baixa (18 nós).
Sensores: Radar de busca aérea 3D MR-800 Voshkod (Top Pair) com 555 km de alcance; radar de busca 3D MR-710 Fregat-MA (Top Plate 3D) com alcance de 370 km, radar de controle de tiro Top Dome, Sonar de casco MG-332 Tigan-2T Bull Horn, Sonar rebocado tipo Platina/ Horse Tail.
Armamento: SSM: 16 mísseis SS-N-12 Sandbox (P-500 Bazalt); SAM: 8 lançadores verticais para 8 mísseis SA-N-6 Grumble (S-300F) (64 mísseis), 2 lançadores duplos SA-N-4 Gecko (OSA-M) um canhão duplo de 130 mm modelo AK-130, 6 canhões AK-630 de 30 mm e 6 canos rotativos. ASW: 2  tubos M-57 para 5 de torpedos de 533 mm, 2 lança foguetes com 12 foguetes RBU-6000 Smerch 2 cada.
Aeronaves: 1 helicóptero anti-submarino Kamov Ka-27PL ou Ka-25RT.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S.Junior
O grande cruzador lança mísseis classe Slava, (Project 1164 Atlant) foi projetado para a marinha soviética entre o fim dos anos 60 e início dos 70  como uma solução para os altíssimos custos envolvidos na aquisição e manutenção dos cruzadores de batalha da classe Kirov, (Project 1144), o maior navio de batalha em serviço atualmente no mundo, e já descrito nesse blog. O primeiro navio desta classe, o Slava (depois do fim da União Soviética, foi rebatizado de Moskva) entrou em serviço janeiro de 1983 e ao todo foram construídos três navios desta classe. Um quarto navio, que estava em propriedade da marinha ucraniana nunca foi terminado devido a falta de recursos financeiros para o término deste navio e acabou virando sucata.
Mesmo menor que o Kirov, o Slava é um navio de tamanho acima da média tendo 186,4 m de comprimento e boca de 20.8 metros, este navio possui um deslocamento de 12500 toneladas, mostrando números que superam o do cruzador Ticonderoga da marinha dos Estados Unidos.
Para movimentar esse gigante a propulsão é do tipo COGOG (combinação de propulsão a gás com gás, ou seja, com dois modelos diferentes de turbinas a gás), onde são usadas quatro turbinas a gás M8KF e outras duas turbinas a gás M-70 que juntas garantem mais 108800 hp de potencia. Com essa força toda, o Slava atinge uma velocidade máxima de 32 nós (59,3 km/h), o que pode ser considerado muito bom para um navio com esse deslocamento. Seu alcance, como esperado para um navio desse porte, é grande, chegando a 7500 milhas náuticas (12100 km).
Acima: Com dimensões impressionantes, o Slava tem espaço de sobra para instalação de antenas, sensores e armamentos.
De cara, quando se olha um navio da classe Slava, a primeira coisa que se nota são seus 16 grandes lançadores de mísseis SS-N-12 Sandbox (P-500 Bazalt) dispostos em 8 unidades de cada lado do navio. O aspecto desse pesado armamento montado daquela forma causa uma sensação de incrível poder de fogo. Esses enormes mísseis de cruzeiro anti-navio possuem desempenho de voo supersônico, podendo atingir um alvo a 550 km de distancia. Sua ogiva de 1000 kg é potente e capaz de causar um seríssimo estrago no casco de grande navio como um super porta aviões da marinha norte americana. No inicio da carreira deste poderoso míssil, algumas unidades eram equipadas com ogivas nucleares de 350 kt (kiloton) de potência usadas para atacar as formações dos grupos de batalha inimigos. Continuando a falar do armamento, que é o aspecto mais notável deste grande cruzador, o Slava é armado, também, com 8 silos  (lançadores verticais) octoplus para mísseis antiaéreos SA-N-6 Grumble (S-300F) que possui um alcance de 90 km e pode destruir um alvo a 25 Km de altitude. Ao todo são transportados 64 mísseis desse tipo no Slava. Seu sistema de guiagem se dá por sistema semi ativo, onde um radar do navio ilumina o alvo para que o míssil o atinja. Ainda para guerra antiaérea existem 2 lançadores duplos de mísseis SA-N-4 Gecko (OSA-M) com alcance de cerca de 15 km e guiado por comando de radio. O Slava está equipado com um canhão duplo de 130 mm modelo AK-130 de uso antiaéreo e anti-superfície. O alcance deste canhão chega a 23 km. Para defesa anti-aérea de ponto existem 6 canhões automáticos AK-630 de 30 mm com 6 canos giratórios que proporcionam uma cadencia de 4000 tiros por minuto. Para guerra anti-submarino o Slava está armado com dois lançadores de torpedos M-57 com 5 tubos de 533 mm cada e 2 lançadores de foguetes anti submarinos RBU-6000 Smerch 2 com alcance de 4300 metros. Ainda é operado um helicóptero anti-submarino Ka-27PL Helix, dando uma suíte de combate anti-submarino bem completa.
Acima: Observem os dois homens no canto direito dessa foto onde um poderoso míssil P-500 Bazalt (SS-N-12 Sandbox) é carregado no Slava. O míssil é do tamanho de um caça!
Para poder usar todo esse pesado armamento instalado, o Slava conta com uma suíte de sensores de grande desempenho composto por um radar tridimensional (3D) de busca aérea e de superfície MR-800 Voshkod (denominado pela OTAN como Top Pair) cujo alcance é de 450 km para alvos aéreos e 50 km para alvos de superfície. Este radar opera de forma integrada a outro radar tridimensional de busca do modelo MR-710 Fregat-MA (Top Plate 3D), com alcance de 300 km. Para controle de tiro e designação de alvos para o sistema de mísseis SA-N-6 há um radar de controle de tiro especifico chamado Top Dome, usado também pelo Kirov. O Slava tem um sonar de casco MG-332 Titan-2T Bull Nose que faz busca ativa e passiva e com um alcance de 5,5 km. O outro sonar transportado no Slava é o Platina/ Horse Tail que é do tipo rebocado e opera ativa e passivamente em baixa frequência e tem um alcance de 40 km.
Acima: A antena mais alta é do sistema de radar MR-800 Voshkod (Top Pair) e o segundo, montado logo atrás e mais baixo é o sistema de radar MR-700 Fregat (Top Steer). Nos navios desta classe que foram construídos posteriormente, esse radar foi substituído pelo MR-710 Fregat MA (Top Plate).
Mesmo sendo um navio com mais de 30 anos de serviço e com sua tecnologia ultrapassada quando comparado com os modernos projetos ocidentais, o Slava é ainda um navio muito capaz devido s seu enorme poder de fogo. Ele deverá permanecer em serviço por mais alguns anos uma vez que não existe um substituto para ele num horizonte visível. A marinha russa esteve, durante muito tempo, acostumada a operar grandes e caros navios de guerra e fica a dúvida de como será o futuro da frota russa quando os atuais cruzadores desta potência militar tiverem que dar baixa.
Acima: Os navios da classe Slava devem permanecer por muitos anos na ativa ainda. Seu grande poder de fogo lhe permite ser respeitado pelo inimigo, mesmo mais moderno.


ABAIXO PODEMOS VER O PODER DE FOGO DO SLAVA EM AÇÃO.


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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

FAIRCHILD REPUBLIC A-10 THNDERBOLT II. O assassino de tanques

FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: Mach 0,68 (839 km/h).
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,59 (728 km/h).
Razão de subida: 1800 m/min.
Potência: 0,49 (só com combustível interno e desarmado).
Carga de asa: 71,06 lb/ft².
Fator de carga: ,7,33 G.
Taxa de giro instantânea: 25º/s.
Razão de rolamento: 220º/s.
Teto de serviço: 13700 m.
Raio de ação/ alcance: 460 km sem reabastecimento aéreo em missão de apoio aéreo aproximado/ 4150 km (máximo).
Empuxo: 2 motores turbofan General Eléctric TF-34-GE-100A com 4111 kgf de empuxo máximo cada.
DIMENSÕES
Comprimento: 16,26 m.
Envergadura: 17,53 m.
Altura: 4,47 m.
Peso: 11321 kg.
Combustível Interno: 11000 lb.
ARMAMENTO
capacidade total: 7260 kg de carga externa divididos por 11 pontos fixos entre asas e fuselagem.
Ar Ar: AIM-9L/M Sidewinder.
Interno: Canhão General Electric GAU-8A Avenger de 30 mm com 511 munições.
Ar Terra: Míssil AGM-65 Maverick, Bombas guiadas a laser da família Paveway (GBU-10, 12,16,24 e 27), Bombas dispensadora de sub-munições de vários modelos CBU-52/ 58/ 71/87/89/97. Bombas da família JDAM, guiadas por GPS, Bombas de queda livre da família MK-80, casulo lançador com 19 foguetes LAU-61/LAU-68 calibre 70 mm, Casulo lançador  LAU-10 para 4 foguetes de 127mm.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S.Junior
O jato de ataque A-10 Thunderbolt II, foco desse artigo, está envolto a uma das grande polêmicas da atualidade. A polêmica é a intenção da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) em aposentar essa aeronave e usar seu novo e avançado caça F-35 nas operações de apoio aéreo aproximado e interdição do campo de batalha, que são executadas com maestria pelo velho e lento A-10, uma vez que ele foi projetado especificamente para essa missão. Na verdade, o A-10 é um dos últimos aviões especializados em serviço atualmente. A absoluta maioria das armas aéreas do mundo estão procurando inserir aeronaves multimissão em seus inventários por uma questão de diminuição de custos e de facilidade logística. A ideia de uma aeronave multimissão é ótima! O Brasil mesmo vai e beneficiar desse conceito em breve quando seus modernos caças Saab JAS-39E Gripen chegarem nas bases da Força Aérea Brasileira FAB. Porém algumas missões exigem uma aeronave especial, dedicada com características muito especificas. O nosso enfocado, o A-10 Thunderbolt II é um desses casos. Uma aeronave especial para uma missão bastante específica.

Acima: O velho avião a pistão Douglas A-1 Skyraider teve uma participação valiosa em apoio aéreo aproximado na guerra do Vietnã. Sua retirada de serviço obrigou a USAF a buscar um substituto para essa missão.
A história do A-10 começa ainda na guerra do Vietnã. Nessa guerra, as tropas norte americanas foram colocadas em enrascadas com grande frequência, necessitando de ajuda vinda dos céus. Quem fazia essa tarefa era o velho e bem armado A-1 Skyraider, uma relíquia da guerra da Coreia, mas que aguentava levar muitos tiros e ainda voltar para a base, além de despejar muitas bombas e "chumbo" nas posições inimigas fazendo um "senhor" estrago. O problema era que, o A-1 era uma aeronave fora de linha e reabrir sua linha de produção seria antieconômico. A partir destes fatos, a USAF decidiu que precisava de uma nova aeronave de ataque de baixo custo e que fosse desenvolvida especificamente para apoio aéreo aproximado. Em 1967 foi emitido um  pedido de propostas para um aeronave de ataque que preenchesse os requisitos de alta manobrabilidade, baixa velocidade (jatos rápidos não servia para essa missão), ser resistente a danos graves podendo ainda voltar voando para a base, mesmo que gravemente danificada, e de ter um canhão  muito potente. Na verdade, até para o desenvolvimento do canhão houve uma concorrência em paralelo onde a General Electric, fabricante dos canhões M-61Vulcan em calibre 20 mm apresentou uma proposta contra seu concorrente Philco-Ford. Pode-se dizer que de certa forma o avião todo foi construído envolta desse canhão. O vencedor dessa disputa do armamento orgânico do A-10 foi a General Electric com seu modelo GAU-8 Avenger em calibre 30 mm do qual tratarei mais afrente.
Voltando a origem do A-10, as empresas selecionadas dentre 6 que responderam o pedido de informação para uma aeronave de ataque e apoio aéreo aproximado, apenas a Fairchild com seu modelo YA-10 e a Northrop com seu YA-9, foram escolhidas para construir seus protótipos e testarem seus jatos para que a USAF pudesse escolher a melhor alternativa a suas necessidades.

Acima: O protótipo YA-10 já apresentava um desenho muito próximo do que seria adotado em definitivo caso o modelo vencesse a concorrência para ser o novo jato de apoio aéreo aproximado da USAF.
Em janeiro de 1973 a Fairchild Republic foi declarada vencedora pelo pela USAF e foram encomendados  os novos A-10A Thunderbolt II através de uma decisão que teve como um dos principais argumentos, o fato do modelo YA-10 se aproximar muito do modelo definitivo que a empresa entregaria, e a maior facilidade demonstrada em manter a aeronave.
Falando sobre a aeronave em si, o A-10 tem algumas características que, na verdade acabaram sendo suas marcas registradas. Uma é o canhão, como mencionei acima; suas asas retas que permitem alta sustentação, boa manobrabilidade e agilidade mesmo em baixas velocidades (ideal para a missão de apoio aéreo aproximado), e a posição de seus motores que ficam montados externamente a fuselagem presos nem uma posição alta. essa posição tem uma interessante vantagem que poucas pessoas percebem. Vindo de frente, um observador que esteja no chão, não conseguirá ver ou mirar seus motores pois as asas estão bem na frente. Os motores só ficam expostos com o A-10 bem em cima do observador. Depois que ele passa, os estabilizadores entram na frente dos motores de novo, dificultando mirar nele por traz e abaixo.  Além disso, os gases que saem do escape dos motores acaba sendo resfriado pelos estabilizadores, devido a sua posição, o que dificulta o engajamento por armas guiadas a calor.
A propulsão do A-10 é fornecida por dois motores turbofans General Electric TF-34-GE-100A que produz 4111 kgf de empuxo máximo cada um. A velocidade máxima do A-10 é de 833 km/h porem, sua missão é executada com cerca de 60 ou 70% desse desempenho. Sua taxa de giro é alta, chegando a 25º/seg. Com esse desempenho nas baixas velocidades que o A-10 voa, seu raio de curva é muito curto. Seu raio de ação em uma missão de apoio aéreo aproximado é de 460 km com reserva para se manter sobre o alvo por 10 minutos. Para um leitor menos avisado, pode parecer que a aeronave é desqualificada simplesmente por ter velocidade pequena e um raio de ação limitado, porém, aeronaves supersônicas foram testadas nessa missão, inclusive o excelente caça F-16, e o resultado não foi tão bom como o apresentado pelo A-10.

Acima: A qualidade de voo do A-10 é excepcional. Voando a velocidade bem lentas, adequadas a missão de apoio aéreo aproximado, ele consegue manter uma agilidade espetacular.
O A-10 é um aeronave projetada para levar tiro. Pode parecer uma maluquice total esta afirmação, mas o fato é que de fato ele foi projetado para sofrer pesados danos de combate e ainda continuar voando. A fuselagem do A-10 tem diversos pontos onde foi colocado placas de blindagem para suportar impactos diretos até de munição de canhão calibre 23 mm, principalmente na parte do cockpit, onde o piloto fica sentado em uma verdadeira banheira em titânio. Os componentes da aeronave que são responsáveis pelos comando de voo, além de duplicados, também receberam titânio em suas estruturas para diminuir as chances de serem destruídas. A bolha do cockpit aguenta impactos de armas leves como fuzis. O A-10 consegue se manter em voo mesmo se perder algumas de suas partes como metade de sua asa, um de seu estabilizadores e uma cauda. É um tanque voador!
Esse tipo de qualidade relacionada a sua resistência de combate, não tem igual no mundo e creio que esse aspecto deveria ser observado com maior objetividade para os responsáveis pelas decisões de reequipamento da USAF.
Além dessas proteções passivas mencionadas acima, o A-10 é equipado com um casulo de interferência eletrônica ALQ-84 que interfere nos radares de defesa antiaérea inimigas dificultando ou inviabilizando que possam apontar mísseis para ele no campo de batalha. O A-10 conta também com lançadores de chaffs e Flares SUU-42A/A que despistam mísseis guiados a calor ou a radar lançados contra ele.

Acima: O A-10, provavelmente, é o mais resistente avião de combate da atualidade. A aeronave pode continuar voando com metade de uma asa, a perca de uma cauda e sem um dos estabilizadores. 
O A-10 é uma aeronave projetada para ser extremamente simples. Por isso ele não tem um radar ou uma aviônica sofisticada como encontramos em aeronaves de alta performance. Na verdade para a missão de apoio aéreo aproximado ou anti tanque, ele precisa ser extremamente resistente (e incontestavelmente ele é) e ter um arsenal de armas adequadas para essa tarefa. O aviônico que mais chama a atenção é casulo detector de laser Lockheed Martin AN/AAS-35 Pave Penny montado junto a fuselagem perto do cokpit do lado direito. Este sensor recebe o sinal do laser emitido por tropas em terra ou por outras aeronaves que iluminam o alvo com designadores a laser. os dados que o Pave Penny recebe é transmitido ao HUD do piloto, que por usa vez transmite os dados aos armamentos guiados a laser para que possam atingir seus alvos. Observem que o Pave Penny não emite o laser. Ele apenas recebe o reflexo de designadores externos. Para o A-10 poder designar os alvos sozinho, ele precisa usar um casulo designador a laser Lockheed Man Sniper que emite um feixe laser sobre o alvo e fornece os dados de posicionamento a serem usados nas armas, além de fornecer detecção destes alvos a distancias estendidas. O Sniper é o designador mais recente integrado aos sistemas do A-10, porém o A-10 pode usar um outro casulo designador um pouco mais antigo mas muito eficiente, chamado AN/AAQ-28 Litening desenvolvido pela Rafael Corporation e pela Northrop Grumman. O Litening faz a designação do alvo através do feixe de laser e mesmo por GPS..

Acima: O cockpit do A-10 é blindado com capacidade de parar munição de canhão de 23 mm, muito comum na época em que o A-10 foi projetado. Porém atualmente os inimigos dos Estados Unidos adotaram o mais potente calibre 30 mm em suas armas antiaéreas. O painel de instrumentos é básico e com muitos mostradores analógicos revelando a idade do projeto.
Embora o armamento do A-10 seja bem variado, a estrela do arsenal dele é, sem sombra de duvidas o poderosíssimo canhão General Electric GAU-8 Avenger que dispara 4200 tiros por minuto. A munição em calibre 30X173 mm é a mais potente munição de 30 mm do mundo. Uma das munições usadas é a PGU-14  perfurante de blindagem e incendiária constituída de urânio empobrecido, uma material extremamente denso. Outra munição usada é a PGU-13, fragmentadora incendiaria. Normalmente o canhão é armado com um mix dessas munições. Como o ataque do A-10 vem de cima, essas munições são capazes de penetrar o teto de todos os carros de combate conhecidos. A blindagem dos tanques é, normalmente, mais fina nessa parte, porém, a maioria dos carros de combate não consegue impedir a penetração mesmo em suas laterais dessa munição. 
Um outro armamento muito comum nas asas do A-10 é o potente míssil AGM-65 Maverick projetado para ser usado em missões de apoio aéreo aproximado destruindo posições reforçadas do inimigo assim como seus veículos blindados e bunkers. Sua ogiva é váariavel dependendo do modelo, pois esse míssil foi construído com uma grande diversidade de modelos, sendo porém,sempre uma ogiva pesada, a menor com 57 kg de alto explosivo e a maior com 130 kg. Normalmente um tanque de guerra não continua inteiro depois de ser atingido por este míssil. O alcance do Meverick chega a 22 km e sua guiagem se dá por TV, infravermelho (IR), ou laser. O A-10 pode ser armado com bombas de queda livre da série MK-80, bem comuns, bombas guiadas a laser da família Paveway, Bombas incendiárias e bombas de fragmentação de vários tipos como as CBU-87, MK-20, CBU-52 entre outras. O A-10C, versão modernizada do Thunderbolt II, recebeu suporte para operar armamento guiado por GPS e por isso ele pode ter as bombas JDAM integradas na aeronave. Ainda, o A-10 opera com um par de mísseis ar ar AIM-9M Sidewinder para seua auto defesa, caso ele precise enfrentar alguma aeronave hostil. O Sidewinder é io míssil ar ar de curto alcance mais difundido no mundo, tem seu sistema de guiagem baseado em um buscador infravermelho IR e seu alcance situa-se em torno de 15 km.

Acima: Nessa foto podemos ver melhor o canhão GAU-8 Avenger montado bem no bico do A-10 para a redução dos efeitos de seu elevado recuo na estabilidade da aeronave. Observem, também, o tamanho do A-10, bem maior que alguns caças.
O A-10 Thunferbolt II, também apelidado de Warthog (Javali), devido a seu aspecto bruto como deste animal, possui qualidades muito específicas e perfeitamente adequadas ao uso em apoio aéreo aproximado. Os membros da infantaria dos Estados Unidos e mesmo de aliados, tem uma grande admiração por esta aeronave devido a sua capacidade de prover apoio de fogo e além disso, por sua resistência a danos recebidos no campo de batalha. A muitos anos atrás a USAF estudou usar uma versão do eficiente caça F-16 para a mesma tarefa que o A-10 executa, e o avião não foi bem na execução das missões. Hoje, no seculo XXI, a USAF está com problemas de caixa para manter seus programas de aquisição e modernização de sua frota de aeronaves de combate e tem intensão de aposentar os A-10, economizando alguns milhões de dólares, e colocar no seu lugar o avançado caça F-35, já apresentado nesse site. Independentemente do F-35 ser um bom avião de ataque graças a certas características como invisibilidade ao radar, ser mais rápido e ter sensores sofisticados, ele não sobreviveria no campo de batalha voando baixo e dando apoio as tropas em terra. Sua capacidade de armamento é menor que a do A-10 também, e mesmo que os representantes da USAF argumentem a favor do F-35 afirmando que as armas inteligentes que ele transporta permitem a ele, o mesmo nível de sucesso que o A-10, acredito que essa afirmação não seja uma verdade. O elemento mais importante em uma missão de apoio aéreo aproximado é sua consciência situacional. Isso, mesmo com sensores modernos, não é conseguido a distancias maiores. O A-10 pode operar próximo do inimigo provendo uma eficaz ação de apoio graças a consciência situacional que essa pouca distancia permite. Seu armamento é mais numeroso o que, também, representa uma vantagem, e por ultimo, mas não menos importante, existe um efeito psicológico positivo na mente das tropas aliadas e extremamente negativo nas tropas inimigas que temem o A-10 devido a sua letalidade.

Acima: A USAF tem 280 jatos de ataque A-10C em seu inventário. A ideia do comando da Força Aérea dos Estados Unidos e substituir esses A-10 pelo novo caça multimissão F-35A até 2028.










ABAIXO PODEMOS ASSISTIR UM VÍDEO COM O A-10 USANDO SEU CANHÃO GAU-8 

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