domingo, 26 de junho de 2016

M-134 Minigun - Atualização Full Metal Jacket


Olá amigos. 
O blog Full Metal Jacket foi atualizado com um artigo sobre a poderosa metralhadora M-134 Minigun. para conhecer melhor esta popular arma  clique na foto.

Abraços

segunda-feira, 20 de junho de 2016

BAE SYSTEMS L-118 LIGHT GUN. Fogo pesado de um leve Obus.

FICHA TÉCNICA
Operadores: 6 homens.
Peso: 1,85 toneladas.
Comprimento: 8,80 m
Largura: 1,78 m.
Altura: 2,13 m.
Calibre: 105 mm.
Peso da granada: 16,1 kg (HE)
Cadência de tiro: Até 8 tiros por minuto.
Alcance: 17,2 km
Velocidade na boca do cano: 708 m/seg

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S. Junior
Existem alguns sistemas de armas que se tornam tão bem sucedidos que passam a fazer parte da história de várias nações por onde operaram. O obus britânico L-118 Light Gun  se enquadra nessa categoria de arma que se tornou parte da construção da história militar de muitos países. Projetado a mais de 40 anos pela Royal Ordnance para substituir o obus OTO Melara Mod 56, o Light Gun, como é melhor conhecido, continua em operação e não deverá sair de cena tão cedo.
Acima: O compacto obus Oto Melata Mod -56 apresenta uma deficiência séria de alcance, que colocava em risco sua guarnição. O L-118 foi projetado para manter sua facilidade de mobilidade, porém com quase o dobro do alcance.
O L-118 foi projetado para solucionar a limitação de desempenho em alcance que o velho Obus Oto Melara Mod 56 apresentava. O alcance máximo de 10 km que o modelo italiano conseguia com a granada de 105 mm não era suficiente para garantir a segurança do pessoal da artilharia, que era obrigado a se posicionar perigosamente próximo do alvo, dando margem para fogo de contra artilharia. Além disso, o novo Obus teria que ser tão leve quanto o modelo que seria substituído para garantir a mesma facilidade de mobilidade que o Oto Melara tem. Assim o L-118 Light Gun (canhão leve) foi produzido com metais leves e em uma configuração mais simples que o seu antecessor italiano que possuía, inclusive, uma placa de blindagem para proteger seus operadores mas que aumentava o peso total da arma.
Acima: O Obus L-118 faz uso da munição calibre 105 mm, amplamente produzida e usada no mundo todo.
A munição usada pelo L-118 também é em calibre 105 mm, porém, o cano do canhão é mais longo, o que reflete em um melhor aproveitamento da queima do propelente da granada levando a um maior alcance balístico. Assim, o L-118, podem atingir um alvo a 17,2 km, que representa um tremendo incremento em relação ao seu antecessor. O canhão possui um sistema de recuo hidropneumático com a culatra deslizante vertical. Embora  uma equipe normal de operação do L-118 tenha 6 homens, uma equipem minima de 4 homens pode operar a função de tiro e conseguir uma cadência de até 8 tiros por minuto. Os tipos de granadas que podem ser usadas são HE (alto explosivo) L31 e L50, HESH (Contra alvos blindados e reforçados) L42, PRAC (munição inerte para treinamento) L41 e  marcadora de alvo L37 e L38.
Acima: O L-118 opera, normalmente com uma guarnição de 6 homens, porém com 4 deles, já é possível operar o sistema e conseguir uma cadência de até 8 tiros por minuto.
Seu baixo peso permite  que sele seja rebocado por um veículo leve, como um jeep Hummer ou transportado por um helicóptero médio UH-60 Black Hawk com facilidade. Essa mobilidade é a chave da proposta conceitual do L-118 e que o tornou um sucesso de exportação com 20 países na lista de clientes do modelo, entre eles, o Brasil, Estados Unidos (M-119 fabricado sob licença), Espanha e Austrália. As qualidades de alta mobilidade através de seu baixo peso, simplicidade de operação, e bom alcance farão com que o L-118 continue em serviço por muitos anos ainda sem a necessidade de ser substituído.
Acima: Uma das vantagens chave do L-118 é sua mobilidade. Aqui um AW-101 da Força Aérea Britânica  (RAF) transporta um L-118. Helicópteros menos potentes como o UH-60 Black Hawk transportam esse Obus com a mesma facilidade.

Acima: Um L-118 do Exército Brasileiro durante uma exposição. O Exército Brasileiro opera cerca de 54 unidades desse armamento. O Corpo de Fuzileiros navais do Brasil, operam 18 unidades do L-118 também.

ABAIXO UM VÍDEO APRESENTA A FACILIDADE DE MOBILIDADE DO L-118 LIGHT GUN.


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domingo, 12 de junho de 2016

CLASSE HMS QUEEN ELIZABETH. O novo porta aviões a serviço de sua majestade

FICHA TÉCNICA
Comprimento: 284 m.
Calado: 11 m.
Boca: 73 m.
Deslocamento: 65600 toneladas.
Propulsão: 2 turbina a gás Rolls Royce Marine Trent MT-30 que produz 48000 Hp mais 4 motores a diesel Wartsila que juntos produzem 54600 Hp.
Velocidade máxima: 25 nós (46 km/h).
Autonomia: 19000 km.
Sensores: Radar de busca aérea: S-1850M com 400 km de alcance; Radar Type 997 Artisan tridimensional (3D) com 200 km de alcance;  Sistema eletro óptico Series 2500.
Armamento: 3 sistemas CIWS DSM-30 MK-2 calibre 30 mm
Aviação: 40 aeronaves a serem configuradas entre  caças Lockheed Martin F-35B e helicópteros multifunção Westland/ Agusta EH-101 Merlin.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S.Junior
A Real Marinha Britânica, ou simplesmente Royal Navy (RN), tem uma forte tradição em ser uma das mais poderosas marinhas do mundo. Porém, ao fim da guerra fria, a necessidade de manter uma frota numerosa e cara começou a incomodar o parlamento britânico, que começou a uma significativa redução do número de navios. Com o passar do tempo, a necessidade de aposentar os cansados porta aviões leve da classe de Invencible, começava a surgir no horizonte, e a indecisão sobre como deveria ser o substituto dos velhos porta aviões inglês atrasou bastante o processo de substituição. Com o ultimo navio da classe, o HMS Illustrious, tendo dado baixa no serviço em agosto de 2014, e o novo porta aviões britânico ainda em fase de construção depois de uma demorada tomada de decisão sobre sua configuração, a Royal Navy acabou ficando por algum tempo sem um navio desse tipo, diminuindo substancialmente sua capacidade de projeção de poder. Para tornar a situação mais séria, o adversário dos ingleses, no contexto da OTAN, organização do qual este país é um dos principais protagonistas, a Rússia, passou a ter uma postura perigosamente agressiva e continua no cenário internacional com intervenção na Ucrânia e Síria, assim como um aumento significativo no numero de patrulhas em espaço aéreo e mares internacionais com seus bombardeiros, caças de escolta e navios de guerra. Hoje, o movimento de declínio nos investimentos de defesa do ocidente passou a mudar de direção e vem subindo para pode fazer frente a ameaça que a Rússia tem apresentado para os interesses ocidentais.
Acima: O antigo porta aviões Invencible, navio que dá nome a classe com 3 navios, foi aposentado sem que seu sucessor estivesse pronto deixando uma lacuna importante na capacidade de combate da Royal Navy.
O navio que tratarei de apresentar a partir de agora é o novo porta aviões britânico, cujo nome da classe faz uma homenagem a rainha que mais tempo reinou sobre aquela monarquia, a rainha Elizabeth II. Assim o HMS Queen Elizabeth, navio que se encontra em estágio avançado de conclusão de sua construção no estaleiro da BAe Systems Surface Ships, será o primeiro de dois navios a assumirem a importante missão de projeção da força militar inglesa a partir de 2020, ano em que está planejado a entrada em serviço do navio que deverá passar por testes de mar a partir de 2017.
De cara, a classe Queen Elizabeth é o maior navio de guerra já construído para a Royal Navy. São 284 metros de comprimento e um deslocamento de 65600 toneladas. Para você, caro leitor, entender o quanto o Queen Elizabeth é grande, basta observar que o porta aviões da classe Invencible, que os ingleses usaram até 2014, tem 209 metros de comprimento e apenas 22000 toneladas.
Assim, para mover esse monstro dos mares, foi instalado uma configuração de duas turbinas a gás Rolls Royce Marine Trent MT-30 que produzem, juntas 48000 hp mais 4 motores a diesel Wartsila que juntos produzem 54600 Hp, permitindo ao navio atingir a velocidade máxima de 25 nós, o que equivale a 47 km/ h. A opção por uma propulsão convencional ajudou a manter o custo do navio em um patamar aceitável, além de diminuir a complexidade do projeto. Porém, a autonomia acaba sendo limitada a disponibilidade de combustível transportado, que no caso do Queen Elizabeth permite uma autonomia de 19000 km. Nada mal para um navio com propulsão convencional!
Acima: A Royal Navy optou por uma configuração de propulsão convencional com turbinas a gás ao invés de usar uma propulsão nuclear, muito mais cara e complexa de projetar. Mesmo assim, a autonomia de 19000 km do Queen Elizabeth  pode ser considerada excelente.
Os sistemas eletrônicos do Queen Elizabeth  são compostos por um radar de escaneamento eletrônico passivo de longo alcance  AMS UK S-1850M que fornece uma capacidade de rastreamento de 1000 alvos simultaneamente a um alcance de até 400 km. Além desse radar, foi instalado um radar tridimensional de médio alcance  Type 997 Artisan que presta apoio a indicação de alvos e para navegação também. O alcance é de 200 km sendo que pode ser monitorados até 900 alvos simultaneamente. Também foi instalado um sistema eletro-óptico S-2500 desenvolvido pela Ultra Eletronics. Este sensor multifunção fornece uma sofisticada capacidade de detecção passiva de alvos e controle de armamentos. E falando em armamentos, o Queen Elizabeth tem instalado sistemas CIWS DSM-30 MK-2 que faz uso de um canhão MK-44 da Bushmaster, norte americana em calibre 30 mm que dispara a 250 tiros por minuto. Eta arma é efetiva contra alvos a 3 km de distancia e seu objetivo é proteger o navio contra ameaças impostas por pequenas embarcações de forças irregulares ou mesmo, helicópteros ou drones.
Acima: O principal sensor do Queen Elizabeth é o radar de escaneamento passivo S-1850M. Este sensor é usado em outros modernos navios europeus como os destróieres da classe Type 45 e as fragatas da classe Horizon.
Houve várias mudanças de configuração do Queen Elizabeth, durante a faze de projeto. Chegou a ser decidido que ele seria um porta aviões que faria uso do sistema CATOBAR (Decolagem Assistida por Catapulta e Recuperação por Arresto), como nos super porta aviões norte americanos. Com isso, o caça a ser operado seria o F-35C, que foi projetado para ser lançado por catapultas e é a versão que será usada pela marinha dos Estados Unidos. Porém, ao se constatar o acréscimo dos custos (quase 2 bilhões de libras) de se mudar os dois navios, inicialmente projetados para a configuração STOBAR (Decolagem Curta e Recuperação por Arresto), ou seja, um navio que iria operar exclusivamente aeronaves de decolagem curta e pouso vertical e helicópteros, como seus antecessores, acabou ficando mantida a configuração original mesmo que fará uso de caças F-35B, versão VSTOL que substitui o consagrado caça "jump jet" Harrier. As aeronaves de asas fixas decolarão com auxilio de uma rampa, ou "sky jump" como é chamada.
Acima: Deste angulo, pode-se ver com clareza a rampa "sky jump" do Queen Elizabeth. O caça F-35B fara uso desse recurso para decolar do convés do navio
O Navio operará um grupo aéreo com até 40 aeronaves que podem ser 36 caças F-35B mais 4 helicópteros ou uma composição de menos caças e mais helicópteros dependendo do perfil da missão. O F-35B é um caça furtivo de decolagem curta e pouso vertical, e consegue voar em regime supersônico o que lhe garante alguma capacidade de interceptação e uma ótima capacidade de penetração em alta velocidade em ataques contra alvos em terra. A família F-35 já foi foco de um artigo dedicado no Warfare e se você tiver curiosidade de saber mais sobre ele, clique nesse LINK para ser direcionado para o artigo sobre ele. Os helicópteros que podem fazer parte do grupo aéreo do Queen Elizabeth são os Apaches, também já descritos nesse site (clique nesse LINK), um poderoso helicópteros de ataque com forte foco na missão anti-tanque; CH-47 de transporte pesado; o AW159 Wildcat, versão avançada do LYNX que pode ser usado para SAR e ataque a alvos de superfície e o moderno helicóptero AW-101 Merlin  para transporte e guerra anti-submarino. O navio faz uso de dois elevadores para levar as aeronaves do hangar para o convés.

Acima: O moderno caça F-35B será o principal vetor aéreo dos navios da classe Queen Elizabeth. Nesta foto podemos ver um F-35B do corpo de fuzileiros navais dos Estados Unidos se preparando para decolar de um navio de desembarque anfíbio.
Com uma incomum configuração onde foram instalados duas ilhas, sendo a da frente, onde é comandada as operações de navegação, e a de trás, onde se coordena as operações aéreas, o porta aviões Queen Elizabeth, e seu irmão, batizado de Prince of Wales devolverão à tradicional marinha britânica a capacidade de projeção de poder, que será, inclusive, maior que a que ela tinha quando operava os navios da classe Invencible.
Esses navios vem em boa hora uma vez que os adversários da OTAN, (e consequentemente da Grã-Bretanha) tem demonstrado um crescimento nas suas capacidades militares com a incorporação de novos e modernos meios de combate, e apresentado uma maior agressividade em suas ações internacionais, causando desconforto e uma certa insegurança nos países europeus.
Acima: A característica que mais chama a atenção quando vemos o Queen Elizabeth são suas duas ilhas no convés, onde normalmente só haveria uma.

Acima: O Queen Elizabeth tem quase o comprimento de um super porta aviões da classe Nimitz da marinha dos Estados Unidos.

Acima: O primeiro navio da classe, o próprio Queen Elizabeth está praticamente pronto devendo começar seus testes de mar em 2017.


ABAIXO TEMOS UM VÍDEO COM O QUEEN ELIZABETH.


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sexta-feira, 3 de junho de 2016

MAPO MIG-31BM. Capacidades Renovadas Para Um Veterano Guardião

FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: Mach 2,02 (2500 km/h).
Velocidade máxima: Mach 2,83 (3494,484 km/h).
Razão de subida: 9233 m/min.
Potência: 0,86.
Carga de asa: 97,2 lb/ft².
Fator de carga: 5 Gs.
Taxa de giro instantâneo: 5,6º/s.
Razão de rolamento: 200º/s.
Teto de Serviço: 20600 m
Raio de ação/alcance:1450 km/ 3000 km (em velocidade subsônica).
Alcance do radar: NIIP Tikhomirov 8BM Zaslon AM com alcance de 240 km contra um alvo de  5m2 de RCS.
Empuxo: 2 motores Soloviev D30F-6S com 15510 kg de empuxo máximo (pós combustor).
DIMENSÕES
Comprimento: 21,62 m.
Envergadura: 13,45 m.
Altura: 6,45 m.
Peso vazio: 21825 kg.
Combustível Interno: 16350 lb.
ARMAMENTO
Mísseis R-77, R-73, R-33 e R-37 e um canhão Gryazev-Shipunov GSh-6-23  em calibre 23 mm.

DESCRIÇÃO
Por Sergio Santana
Para entender adequadamente a história do MiG-31BM, versão modernizada do interceptador Mikoyan-Gurevich MiG-31 “Foxhound”, que tem sido frequente protagonista de missões de interceptação e escolta da renovada KVS russa contra aeronaves e nações ocidentais, é necessário retornar até à década de 1980. Em 1981 o “Foxhound” foi oficialmente introduzido na IA-PVO, a Aviação de Caça da Força de Defesa Aérea, uma das divisões da então VVS, a Força Aérea Soviética, como “Sistema de Interceptação MiG-31-33” (o último número sendo uma referência aos seus misseis R-33, codificados AA-9 “Amos” pela OTAN), alcançando capacidade operacional inicial dois anos depois, equipando o 786º Regimento de Aviação de Caça baseado em Pravdinsk.
A nova aeronave, cuja existência foi denunciada pelo Tenente Viktor Belenko ao fugir para o Japão em 1976 com um MiG-25 “Foxbat” e mencionar que “um Super Foxbat” estava sendo desenvolvido” (o que prontamente originou um livro, “O Roubo do MiG-31”, escrito por Craig Thomas no ano seguinte e adaptado para o cinema em 1982 como “Foxfire- A Raposa de Fogo”, estrelado por Clint Eastwood), trazia avanços até então inéditos para as forças soviéticas (como a capacidade de operar em ambientes sem cobertura radar) e mesmo para a aviação militar como um todo (tendo sido o primeiro avião de combate com um radar de varredura eletrônica passiva), foi produto de muitas mentes brilhantes, incluindo a do engenheiro eletrônico Adolf Georgievich Tolkachev, um dos projetistas-chefe do Instituto de Pesquisa de Engenharia de Radio, mais tarde conhecido como “Phazotron”.

Acima: O MiG-31, mostra seu avantajado tamanho. Esta é uma maquina impar no mundo. Sua grande velocidade, sua característica mais marcante, dão a Rússia uma capacidade de interceptação extremamente elevada.
Desiludido com a repressão soviética aos seus familiares, em janeiro de 1977 Tolkachev aproxima-se de altos funcionários do governo norte-americano em um posto de combustível em Moscou, reservado à diplomacia estrangeira, e depois de perguntar ao um dos motoristas em espera se ele era americano, discretamente lança um bilhete para dentro do carro.
Tem início então o que é considerada uma das mais abrangentes, benéficas ou danosas (para os soviéticos) operações de repasse de documentos secretos de todos os tempos, já que Tolkachev, sob o codinome “CKSPHERE”, entregou absolutamente todos os detalhes técnicos dos sistemas de armas e aviônicos de missão de todas as aeronaves projetados pela empresa em que trabalhava, incluindo, obviamente, os do MiG-31. Entretanto, isso foi descoberto apenas após a sua prisão em maio de 1985, provocando a sua execução no ano seguinte, apesar dos pedidos por clemência.
Como resultado direto da espionagem de “CKSPHERE” para a CIA, em 1987 o governo soviético determinou o desenvolvimento do MIG-31B, equipado com uma versão melhorada do radar Zaslon (“Escudo”), a Zaslon-A, caracterizada por nova antena e software aperfeiçoado, lançador de flares UV-3A, e o mais importante, uma variante com ogiva nuclear do míssil Vympel R-33 (AA-9 “Amos”), denominada R-33S (de “Spetsyalnaya”, especial), tornando o MiG-31B o único interceptador armado com misseis nucleares do planeta desde então.
A “nova” aeronave, denominada “Sistema de Interceptação MiG-31-33B”, começou a ser produzida em 1990 (mesmo ano do início da produção do R-33S, que durou até 1997) e foi oficialmente introduzida em serviço na ainda VVS em outubro de 1999.
Acima: Espionagem e traições obrigaram Moscou e modificar e modernizar seu interceptador de alta velocidade quando detalhes do MiG-31 caiu nas mãos do Pentágono, o departamento de defesa dos estados Unidos.

SURGE O MIG-31BM
Em janeiro daquele ano, contudo, um exemplar do MiG-31B, registrado “58”, foi apresentado como um demonstrador de uma proposta de modernização para o tipo, designada “MiG-31BM”, iniciais em russo para “Grande Modernização”. Mudanças na direção do projeto determinaram que o mesmo ressurgisse em 2001, com o MiG-31BM “58” voando pela primeira  vez em setembro de 2005, seguido por mais dois exemplares (“59” e “60”), que estabeleceram o padrão das mudanças a serem aplicadas nos MiG-31B.
Em 2007 o novo modelo foi aprovado nos testes estatais de aceitação e obteve autorização para a produção seriada, através de um contrato que cobriu as 12 primeiras aeronaves a serem modificadas até 2011; contratos adicionais assinados neste mesmo ano e em 2014 asseguraram a modernização de mais 60 e 53 MiG-31B, respectivamente, fazendo com que todos os exemplares operacionais sejam modificados para o novo padrão até 2018.
Os dois primeiros MiG-31BM concluídos foram entregues em março de 2008 para a conversão inicial de tripulantes. Em termos técnicos, o MiG-31BM abrange novo sistema de controle de fogo, sistemas de autodefesa e armamento.
Acima: Operando em grupo de 4 aeronaves interligadas por um sistema de intercambio de dados APD-518 (data link), uma linha de defesa formada por MiG-31BM seria um desafio e tanto para sair vivo. 
O sistema de controle de fogo, projetado pela instituição NIIP “Tikhomirov” e denominado “Zaslon-AM”, é composto pelo radar aperfeiçoado 8BM, computador Baget 55-06-08 e rastreador de infravermelho 8TK, a única peça “herdada” dos primeiros “Foxhound”.
O radar 8BM, do tipo Doppler e alta frequência de repetição de pulso, com ângulo de varredura em azimute de ± 60 graus e elevação de ± 35 graus, possui alcance máximo de 240 km e capacidade de rastrear, detectar, identificar e acompanhar exclusivamente alvos aéreos (no total de 24 e a seguir atacar oito deles ao mesmo tempo) nos seguintes modos: hemisférios dianteiro, traseiro, acima (look up) e abaixo (look down) da altitude de voo da aeronave, Iluminação e transmissão de rádio-correção da trajetória dos alvos aéreos com comandos para controlar mísseis semi-ativos, identificação amigo/inimigo, operação sob contra-contramedidas eletrônicas e ataque por medição das coordenadas de um interferidor (jammer). O dispositivo detecta, pelo hemisfério dianteiro, um bombardeiro com área de reflexão radar de 19m2 a distância máxima de 200 km, enquanto que um caça com área de 3m2 pode ser rastreado, a partir do hemisfério traseiro, a no máximo 35 km. O rastreador de radiação infravermelha 8TK tem alcance máximo de 56 km.
A capacidade de atuar em combate utilizando enlace de dados (data link) em coordenação com outras aeronaves foi outra das inovações do “Foxhound”. No MiG-31BM tal função é executada pelo dispositivo APD-518, capaz de conectar autonomamente quatro dessas aeronaves em uma barreira de 800 km de extensão (ou distante 2000 km de um posto terrestre de controle, ou, ainda, de uma aeronave AEW&C como o Beriev A-50 “Mainstay”). Alternativamente, três caças MiG-23 “Flogger”, MiG-29 “Fulcrum” ou Sukhoi Su-27 “Flanker” podem ser  guiados por um MiG-31BM, também atuando contra alvos situado entre 50 e 28.000 m de altitude. Um exemplo de ação de combate com o APD-518 seria a detecção de alvos por um MiG-31BM líder de uma formação e a transmissão da localização dos mesmos para os demais integrantes da esquadrilha, que a seguir disparariam para alvos diferentes, sem a necessidade de ativar os seus radares.
Acima: Uma das chaves da eficiência do MiG-31 como um sistema de armas é seu sistema de radar  de varredura eletrônica passiva capaz de acompanhar 24 alvos e atacar simultaneamente 8 deles.
De acordo com as últimas informações disponíveis a suíte de guerra eletrônica definitiva do MiG-31BM ainda não foi divulgada, embora seja de conhecimento público que há duas opções: a L370K1 “Vitebsk”, do fabricante Kret, e a “Kedr-29-31”, projetada pelo TsNIRTI.
A primeira será uma versão adaptada para o MiG-31BM de um equipamento já instalado ou em previsão de equipar uma variada gama de aeronaves como os helicópteros Mil Mi-8 “Hip”, Mi-26 “Halo”, Mi-28 “Havoc”, Kamov Ka-52 “Hokum-B” e os transportes Antonov An-72 “Coaler”, An-124 “Condor”, Ilyushin Il-76/476 “Candid”, Il-78 “Midas” e Il-112V. A “Vitebsk” permite o rastreio, a identificação e acompanhamento de ameaças que resultem em misseis disparados dentro de um raio de centenas de quilômetros, sejam guiados por calor ou laser, o que em seguida vai determinar a contramedida ativa a ser acionada. O principal componente do “Vitebsk” é o L-370-3S, um interferidor digital projetado para neutralizar misseis guiados a laser e por infravermelho.
Já a KEDR-29-31 é mais abrangente, pois foi projetada para atuar contra misseis ar-ar e superfície-ar guiados por radar e infravermelho. É composta por um receptor de alerta radar, uma estação compacta de interferência e um dispositivo de neutralização de misseis guiados por radar. Atua nas frequências D a J, apresentando as seguintes características: prover avisos de radiação; criar um ruído de mascaramento e simulação, bem como a interferência múltipla simulando chamarizes a diferentes velocidades, variedades e coordenadas angulares; troca de informações com o equipamento de bordo para otimizar a compatibilidade eletromagnética e a implementação de um sistema unificado de alerta e de monitoração; emissão de localização falsa contra  mísseis teleguiados; gerenciamento de armadilhas rebocadas e lançamento de chaffs e flares.
Acima: A cabine do piloto e do operador do sistema de armas (WSO) mantiveram poucos instrumentos analógicos depois da modernização para o padrão BM. 
O MIG-31BM (e as versões anteriores) é o avião de combate mais rápido do mundo hoje, com uma velocidade máxima de 3000 km/h (mach 2,85) e velocidade de super cruzeiro de 2500 km/h, o que faz dele um interceptador nato. Sua agilidade não é tão grande quanto a de um Flanker ou MIG-29, mas ele consegue puxar 5 Gs em manobras executadas em velocidade supersônica, o que representa um excelente desempenho nesse regime.
A estrutura é componente essencial para suportar as grandes variações térmicas resultantes da operação sob elevadas velocidades e altitudes, metade da qual é composta por aço inoxidável (das versões VNS-2, VNS-5, EI-703, EI-878, SN-3, VNL-3 e VL-1), enquanto 33% são formados por ligas de alumínio D-19 e VAL-10 e 16% integrados por titânio OT4-1, VT-20, VT-21L e VT-22. O 1% restante é a soma de outros materiais, a exemplo do Plexiglass tipos SO-200 e AO-120, que formam os painéis envidraçados.
Acima: Os dois motores Soloviev D30F-6S entregam, juntos, mais de 30000 kgf de empuxo dando ao MiG-31BM um desempenho de voo inigualável.
Por fim, no que diz respeito a armamento, o MiG-31BM conservou o canhão de seis canos rotativos e 260 munições em calibre 23 mm Gryazev-Shipunov GSh-6-23 que sempre armou o “Foxhound”, cuja cadência de 8.000 disparos/minuto é superior a uma arma similar, o General Electric M61 Vulcan de 20mm, que equipa a maioria dos caças ocidentais.
Mas os seus mísseis foram modernizados. Em adição aos R-33/R-33S, o MiG-31BM pode ser armado com os seguintes mísseis:
- Quatro Vympel K-37M/RVV-BD (AA-X-13 “Arrow”), que possui sistema de guiagem por comandos de rádio/inercial e depois por radar ativo, alcance de até 398 km contra alvos voando entre 15 e 25.000 metros de altitude e manobrando a 8G’s, a serem destruídos por sua ogiva de 60kg detonada por proximidade ou por contato direto.
- Quatro (ou dois) Vympel K-77-1/R-77-1 (AA-12 “Adder”), com o mesmo sistema de guiagem do K-37M, mas alcance entre 300 metros e 110 km, contra alvos voando em todas as direções, entre 20 e 25.000 metros de altitude e manobrando a até 12G’s, a serem destruídos por sua ogiva de 22.5kg detonada também por proximidade a laser e contato direto. Esta arma substituiu os Bisnovat R-40R/T (AA-6 “Acrid”), das primeiras versões do “Foxhound”.
- Quatro (ou dois) Vympel R-73 (AA-11 “Archer”), guiados por radiação infravermelha emitida pelo alvo, com alcance entre 300 metros (contra alvos no hemisfério traseiro) e 30.000 metros (alvos no hemisfério dianteiro), contra alvos voando entre 20 metros e 20.000 metros de altitude, manobrando a até 12G’s, a serem neutralizados por sua ogiva de 8 kg, detonada por proximidade a laser ou radar. Os “Archer” substituíram os Molniya R-60 (AA-8 “Aphid”) em serviço com os MiG-31 iniciais.
Embora o MiG-31BM possa ser facilmente reconhecido por um periscópio retrátil colocado sobre o cockpit do piloto, outras modificações incorporadas na aeronave são internas, como os rádios R800L, o sistema de navegação por satélite A737 e telas multifuncionais de cristal liquido (LCD) para o piloto e o operador de sistemas de armas/navegador. O conjunto de alterações aumentou o peso máximo de decolagem, elevando-o para 46.835kg, possivelmente influindo no alcance, em uma configuração desconhecida, de 1.242km e teto de serviço de 20.000m.
Acima: Na foto acima podemos ver o armamento composto por dois mísseis R-73 Archer de curto alcance, mais dois mísseis R-33S sob a fuselagem.cujo alcance chega a 304 km. Estes mísseis estão sendo complementados pelo mais moderno R-37M.
Com a vida útil do MiG-31BM estendida para 2024, o espaço aéreo russo, principalmente na região da Sibéria estarão a cargo deste poderoso interceptador por mais alguns anos. Muitos desdenham do grande jato de combate russo devido a ele ter um RCS grande, o que o torna um potencial alvo para sistemas de armas baseados nesse tipo de sensor a longas distancias, principalmente se seu adversário for um caça stealth, como o avançado F-22A Raptor, porém, as variáveis que precisam ser consideradas quando se faz esse tipo de avaliação, quando feitas de forma correta, mostram que mesmo o F-22 precisaria ser empregado com inteligencia, com uma estratégia de engajamento, pois poderia, sim, sofrer baixas frente as capacidades apresentadas pelo MiG-31BM.

ABAIXO UM VÍDEO COM O MIG-31


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