sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Italianos da Divisão Brescia no Cerco de Tobruk

Ilustração de Steve Noon, Italian Soldier in North Africa 1941-1943.
(Osprey Publishing)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 28 de outubro de 2022.

Em 12 de abril de 1941, quando as forças italianas e alemãs começaram seu Cerco de Tobruk, a Divisão Brescia junto com o 3º Batalhão de Reconhecimento alemão capturaram o porto de Bardia, tomando várias centenas prisioneiros e uma grande quantidade de saque. Mas o ataque parou e Rommel foi forçado a pedir reforços. Na noite de 30 de abril, uma poderosa força ítalo-alemã ataca as defesas de Tobruk novamente, e a Ariete, Brescia, o 8º Regimento Bersaglieri e Guastatori (engenheiros de combate) envolveram e capturaram sete pontos fortes (R2, R3, R4, R5, R6, R7 e R8). Na noite de 3 de maio, os australianos contra-atacaram mas os italianos, na forma das Divisões Trento, Pavia e alguns Panzergrenadiers repeliram o ataque e os atacantes só conseguiram recuperar um ponto forte das tropas italianas defensoras. Na noite de 16 de maio, a Divisão Brescia retalia com a ajuda de dois pelotões do 32º Batalhão de Engenharia de Combate e abre uma brecha no perímetro defensivo dos 2/9º e 2/10º Batalhões. Com os obstáculos removidos, as tropas da Brescia envolvidas, que trazem equipes de lança-chamas e tanques, capturam os pontos fortes S8, S9 e S10.

Os australianos reagem e o Oficial Comandante dos Guastatori, o Coronel Emilio Caizzo, é morto em um ataque de mochilas explosivas (satchel) e ganha uma Medalha de Ouro por valor póstuma (Medalha de Ouro ao Valor Militar, mais alta condecoração italiana). Embora a História Oficial Australiana admita perder três posições, ela afirma que os atacantes eram "alemães". No entanto, uma narrativa italiana registrou:

"Com grande habilidade e velocidade, os Guastatori abrem três pistas nas minas e obstáculos para permitir passagem aos Fucielieri da Brescia. Lado a lado com as tropas de assalto da Brescia, eles infligem grandes perdas ao inimigo e tomam outros pontos fortes com explosivos e lança-chamas."

O historiador militar australiano Mark Johnston afirma que havia uma "relutância em reconhecer os reveses contra os italianos" nos relatos oficiais australianos.

O Major-General Leslie Morshead estava furioso e ordenou que os australianos ficassem mais vigilantes no futuro. Entre os objetivos inicialmente selecionados durante o planejamento da Operação Brevity estava a recaptura dos pontos fortes S8 e S9, mas isso foi abandonado quando descobriu-se que os australianos os recuperaram.

Em 24 de maio, a Divisão Brescia, que assumiu a frente ocidental de Tobruk, repeliu uma força de infantaria atacante, apoiada por tanques. Em 2 de agosto, um outro ataque foi lançado para recuperar os pontos fortes perdidos, mas as forças atacantes dos batalhões australianos 2/43º e 2/28º são repelidos. Este foi o último esforço australiano para recuperar as fortificações perdidas. Como parte das forças assediadoras em torno de Tobruk, a Brescia resistiu contra a ofensiva britânica de 24 de novembro de 1941 até 10 de dezembro de 1941, quando a 70ª Divisão Britânica (Brigada Independente de Fuzileiros dos Cárpatos polonesa capturou a posição de White Knoll) finalmente atravessou a retaguarda da Brescia e levantou o cerco de Tobruk durante a Operação Crusader. Avançando em plena luz do dia em 11 de dezembro, um batalhão da Brescia chegou a 50 jardas do 23º Batalhão da Nova Zelândia, mas foi cortado pelas metralhadoras dos neozelandeses. A retirada inicial foi para o Ayn al-Ghazalah. Em 15 de dezembro, a Divisão Brescia manteve a sua posição no Ayn al-Ghazalah (Gazala) contra a 2ª Divisão Neo-zelandesa e a Brigada Polonesa, permitindo que uma poderosa força blindada ítalo-alemã contra-atacasse e derrotasse o 1º Batalhão Britânico, The Buffs. Em 18 de dezembro, presa às forças britânicas e flanqueado pelo sul, a divisão começou a se retirar para Ajdabiya e chegou às posições planejadas em 22 de dezembro de 1941.

Uma veterana da Guerra da Abissínia, a Divisão Brescia lutaria ainda em Gazala e Mersa Matruh, e depois nas batalhas de El-Alamein. Depois que a Segunda Batalha de El Alamein começou em 24 de outubro de 1942, a Brescia foi capaz de manter suas posições contra as unidades blindadas britânicas até 4 de novembro de 1942. Com a frente já em desordem, recuou pela rota Deir Sha'la - Fukah. A falta de meios de transporte resultou em unidades aliadas alcançando e aniquilando os remanescentes da Divisão Brescia em 7 de novembro de 1942, à vista de Fouka onde outras unidades do Eixo despedaçadas já se reuniram. A divisão foi oficialmente dissolvida em 25 de novembro de 1942.

Bibliografia recomendada:

Italian Soldier in North Africa 1941-43.
P. Crociani e P.P. Battistelli.

Leitura recomendada:


FOTO: Guarda-bandeira da Brigada Franco-Alemã

Soldado francês escudado por alemães,
22 de janeiro de 2020.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 28 de outubro de 2022.

Guarda-bandeira binacional da Brigada Franco-Alemã, todos armados com fuzis FAMAS F1, o famoso bullpup francês. Os soldados usam camuflados dos seus respectivos países, manoplas brancas e a boina azul da brigada que é usada "à inglesa", com o distintivo do lado esquerdo.

Desfile da Brigada Franco-Alemã em Reims em homenagem ao 50º aniversário da amizade franco-alemã, 19 de outubro de 2012.

A criação da Brigada Franco-Alemã foi um dos gestos de aproximação entre a França e a Alemanha depois de quase um século de animosidade permanente. No dia 22 de janeiro de 1963, dezoito anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, o presidente Charles de Gaulle e o chanceler alemão Konrad Adenauer assinaram o Tratado do Élysée, estabelecendo a amizade franco-alemã.

A Brigada de mesmo nome foi acionada em 2 de outubro de 1989, sob o comando do General Jean-Pierre Sengeisen; o comando da brigada sendo alternado entre as duas nacionalidades. Seu atual comandante é o General Marc Rudkiewicz, e as tropas são - desde 2016 - provenientes da 1re Division Blindée francesa e a 10. Panzerdivision alemã, formando uma brigada de infantaria mecanizada de 5.980 homens. Seu lema é:

Le devoir d'excellence
Dem Besten verpflichtet
("O dever da excelência")

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

FOTO: T-72 ucraniano decapitado

T-72 ucraniano com a torre explodida na frente da Cracóvia, 17 de outubro de 2022.
(Повёрнутые на войне)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 21 de outubro de 2022.

Um carro de combate principal T-72 ucraniano decapitado com um dos tripulantes morto perto da vila de Yakovlivka, na frente de Kharkov (Cracóvia), em 17 de outubro de 2022. Uma das imagens do canal russo Повёрнутые на войне ("Virou na guerra"), que liberou o vídeo e as imagens do resultado da batalha de 16 para 17 de outubro em Yakovlika.

O T-72 tem um rolo de mina na frente. A torre foi lançada no ar com violência, caindo de ponta-cabeça. Isso é comum nos veículos de desenho soviético por causa do carrossel de munição.


O soldado morto teve as botas arrancadas por soldados russos, algo elementar na estação fria que se aproxima. Ter calçados de boa qualidade pode significar a vida ou a morte no leste europeu durante o inverno, porque  o congelamento e queimadura causadas pelo frio pode necrosar os pés dos soldados. Outras imagens mostram dois mortos numa toca e um transporte blindado destruído.

Soldados ucranianos mortos numa toca de dois homens.
É visível um fuzil Kalashnikov e algumas granadas.

Blindado de transporte ucraniano destruído.
O escudo da cúpula tem a insígnia do Exército Ucraniano com as cores amarelo e azul da Ucrânia.
A metralhadora é a DShK "Dushka".

Bibliografia recomendada:

T-72 Main Battle Tank 1974-93,
Steven J. Zaloga e Peter Laurier.

Leitura recomendada:

FOTO: Um T-64 sem cabeça, 1º de novembro de 2020.

sábado, 15 de outubro de 2022

OSHKOSH M-ATV - Um jeep com muito "esteroide"!


Oshkosh M-ATV
FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: 105 Km/h.
Alcance Máximo: 510 Km.
Motor:  Um motor Caterpillar C7 turbo diesel 6 cilindros em linha  com 370 Hp de potência.;
Peso: 14,74 toneladas.
Altura: 2,67 m.
Comprimento: 6,24 m.
Largura: 2,49 m.
Tripulação: 4+1.
Armamento: 1 metralhadora M-240 cal 7,62X51 mm ou uma metralhadora M-2HB cal .50 (12,7 mm), Um lançador de granadas MK-19 de 40 mm. As metralhadoras podem ser empregadas em uma torre remotamente controlada. Um lançador de míssil antitanque BGM-71 TOW ou um lançador de míssil antitanque Milan, 1 canhão M-230 Chain Gun de calibre 30 mm
Trincheira: 0,50 m
Inclinação frontal: 60º
Inclinação lateral: 40º
Obstáculo vertical: 0,50 m
Passagem de vau: 0,90 m

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
Durante a guerra no Afeganistão levada a cabo pelo governo dos Estados Unidos em resposta aos atentados de 11 de setembro de 2001, mostraram que os famosos veículos M1114 Humvee não forneciam a proteção adequada para os militares norte americanos em combate. Problemas com explosivos improvisados (IEDs) usados para destruir os veículos norte americanos em varias emboscadas e até mesmo perfuração da blindagem por tiros levaram a uma necessidade urgente de uma nova viatura que sobrevivesse a essas ameaças. Inicialmente foram projetados grandes veículos MRAP que se assemelham mais a um pequeno caminhão do que, propriamente a um "jeep" Isso acarretou veículos muito protegidos, mas pesados e com mobilidade reduzida. Esse tipo de veículo penou nas péssimas estradas afegãs e ao terreno montanhoso do país. Assim, em 2008, o Departamento de defesa dos Estados Unidos passou a estudar junto aos fabricantes militares um veículo que atendesse aos critérios de proteção MRAP, porém, que fosse mais leve para operar, justamente, no ambiente encontrado no Afeganistão.
Um veículo M-1114 Humvee a esquerda e o M-ATV a direita. Os incrementos na capacidade de sobrevivência deram uma boa "anabolizada" no veículo da Oshkosh.
A empresa Oshkosh, bastante famosa pelos seus excelentes caminhões militares empregados pelas forças armadas dos Estados Unidos e de vários países aliados, seguiu derrotando todas as ofertas para esse programa e abocanhou um contrato para o Exército dos Estados Unidos (US Army) e Corpo de Fuzileiros Navais (USMC) com seu M-ATV (MRAP All-Terrain Vehicle), com um contrato que já passou dos 6000 unidades entregues só para essas duas forças armadas americanas. Vários outros países também adquiriram o M-ATV posteriormente. Mais compacto que os grande MRAP, conforme mencionado, a tripulação do M-ATV é composto por 5 pessoas, sendo um deles, o artilheiro.
O M-ATV foi projetado pensando, especificamente, nas dificuldades que as forças armadas norte americanas encontraram em solo afegão durante a guerra ao terror.
Quando pronto para combate, o M-ATV pesa 14700 kg e é movido por um motor 7.2 litros Caterpillar C7 com 6 cilindros em linha que entrega 370 cv de potencia e uma relação peso potencia de 23 cavalos por tonelada. A velocidade máxima em estrada é de 105 km/h e ela é limitada eletronicamente para garantia de operação segura. E falando em segurança, a proteção blindada deste veículo foi projetada em parceria com a empresa Plasan, líder mundial no desenvolvimento de proteção para veículos aéreos, terrestres e navais. O habitáculo do M-ATV suporte impactos de munições de armas portáteis até calibre 7,62x51 mm. O assoalho do M-ATV, foi projetado em "V" para dissipar detonações de explosivos improvisados e minas terrestres (e é nesse ponto que o M-ATV supera os antigos Humvee). O motor foi projetado para conseguir seguir funcionando por, pelo menos um quilometro caso seja atingido por um disparo em calibre 7,62 mm e ocorra vazamento de óleo. Há um sistema anti-incendio no compartimento do motor. Além disso, pode ser instalado placas de blindagem que permitem ampliar a resistência até contra granadas propulsadas por foguete (RPGs).
Os pneus são do tipo run flat e podem se manter rodando por quase 50 km em caso de atingidos por tiros.
A excelente altura do solo que a suspensão do M-ATV possui, permite ele superar obstáculos de 0,50 m e inclinação frontal de 60º. 
O M-ATV pode receber diversas configurações de armamentos para sua defesa. Pode ser usado uma metralhadora de uso geral M-240 (nome que a nossa conhecida FN MASG recebe nas forças armadas norte americanas) em calibre 7,62X51 mm, ou uma metralhadora pesada M-2HB em calibre 12,7X99 mm (.50 BMG). Outras armas que podem ocupar o lugar dessas opções de fogo rápido é o lançador automático de granadas  MK-19 em calibre 40 mm capaz de disparar 360 granadas por minuto ou um lançador de mísseis BGM-71 TOW usado para destruir tanques. O TOW é uma arma bem conhecida e muito difundida entre nações aliadas dos Estados Unidos e que tem um alcance de 7350 metros, sendo guiado por fios (linha de comando) ou por radio frequência em suas versões sem fio. O míssil MILAN , de fabricação franco alemã, com alcance de 3000 metros (versão de alcance estendido ER) e guiado por comando de visão (fio).
Um exemplar do M-ATV armado com um canhão M-230 Chain Gun de calibre 30 mm montado em uma torre remotamente controlada tem sido vista em apresentações mas não há confirmação, por enquanto de que tenha sido adquirida essa configuração ainda. Aqui cabe observar que este é o canhão empregado no poderoso helicóptero de ataque AH-64 Apache, também já descrito aqui no WARFARE Blog
O M-ATV é bem maior que um Humvee. São quase 3 metros de altura (2,67 m).
Com a mudança na natureza da guerra e a mudança do campo de batalha para as áreas urbanas, um veiculo mais leve que um AVC (Armored Vehicle Carrier) e mais protegido que um Humvee ou um "jeep", cai como uma luva e por isso muitos países tem se interessado em adquirir esse tipo de viatura para sua infantaria. Hoje, especificamente o M-ATV é empregado em 12 países. Porém outros modelos de viaturas MRAP também foram desenvolvidas por outros países como é o caso do Dingo 2, já descrito nas paginas do WARFARE Blog, de fabricação alemã que atende aos requisitos MRAP.

 



FOTO: Combatentes voluntárias ucranianas treinando com fuzis Kalashnikov

Combatentes voluntárias ucranianas treinando com fuzis Kalashnikov para enfrentar as forças russas, Ucrânia, 5 de março de 2022.
(Lynsey Addario/The New York Times)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 15 de outubro de 2022.

Combatentes voluntários ucranianos treinando com fuzis Kalashnikov para enfrentar as forças russas, no início da guerra na Ucrânia, 5 de março de 2022.

Mãe ucraniana, Kalashnikov em bandoleira, atravessando a rua com sua filha, em 5 de março de 2022.

A Ucrânia, invadida pelos russos em 24 de fevereiro desse ano, fizeram uma verdadeira demonstração prática do conceito de "Povo em armas" durante a sua defesa. Foram distribuídos armamentos, especialmente fuzis de assalto do tipo Kalashnikov que os arsenais ucranianos possuem em grande quantidade.

O povo ucraniano se uniu contra o agressor estrangeiro, e em meio ao esforço de guerra foram mobilizadas também mulheres. Não em tão grande número quanto os homens, e também não em funções diretas de combate, mas ainda assim desempenhando trabalhos de apoio essenciais para a logística militar e controle civil, além de liberar mais homens para a batalha.

Voluntárias ucranianas falando com uma senhora, 4 de junho de 2022.
Uma delas porta um Kalashnikov nas costas.

Bibliografia recomendada:

AK-47:
A arma que transformou a guerra,
Larry Kahaner.

Leitura recomendada:

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

GALERIA: Snipers fuzileiros navais americanos em Quantico

Atirador e observador em Quantico, Virgínia, 1986.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 14 de outubro de 2022.

Dupla de atiradores de elite, conhecidos pelos fuzileiros navais americanos como Scout Snipers (Snipers Batedores), no Comando de Desenvolvimento e Educação (Marine Corps Development and Education Commanddo Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA em Quantico, na Virgínia, em 11 de junho de 1986. Os soldados estão camuflados com trajes ghillie e armados com fuzis M40, o Remington Model 700 que é modificado na base naval de Quantico.

A legenda original da primeira foto diz:

"Um fuzileiro naval camuflado aponta um alvo para um atirador durante um exercício de campo no Comando de Desenvolvimento e Educação do Corpo de Fuzileiros Navais." (DM-ST-86-11578)

As fotos foram tiradas pelo Cabo Kenneth M. Dvorak para os Arquivos Nacionais dos EUA, e mostram as operações de atiradores de elite em situações táticas em uma floresta demonstrando capacidades de movimento camuflado e observação.

Dupla de atiradores cruzam um riacho.
(DM-ST-86-11584)

Dupla de snipers fuzileiros navais vestindo trajes ghillie patrulham uma floresta. (DM-ST-86-11582)

Um franco-atirador percorre o riacho de maneira furtiva.
(DM-ST-86-11579)

O mesmo militar.
(DM-ST-86-11580)

O observador perscruta o ambiente com binóculos.
(DM-ST-86-11575)

Atirador se deslocando.
(DM-ST-86-11576)

Atirador e observador.
(DM-ST-86-11577)

Posição invertida.
(DM-ST-86-11583)

A dupla de franco-atiradores patrulha a floresta.
(DM-ST-86-11581)

Bibliografia recomendada:

SNIPER:
A History of the US Marksman,
Martin Pegler.

Leitura recomendada:


FOTO: Retorno de uma patrulha francesa em Kapisa

Retorno de uma patrulha francesa à base de operações avançada em Kapisa, em 24 de outubro de 2008.
(Philippe de Poulpiquet/ Le Parisien)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 14 de outubro de 2022.

Retorno de uma patrulha francesa à base de operações avançada (forward operating base, FOB) de Nijrab, na província afegã de Kapisa, em 24 de outubro de 2008. As fotos foram tiradas por Philippe de Poulpiquet, do jornal Le Parisien.

Os soldados estão armados com fuzis bullpup FAMAS e metralhadoras leves FN Minimi, e foram transportados em veículos VAB. A França foi uma dos países da Coalização liderada pelos Estados Unidos no Afeganistão, majoritariamente composta de contingentes da OTAN, e deixou o país em 2012 após repetidos incidentes de ataques a seus militares pelos aliados do Exército Nacional Afegão; "green-on-blue".


Bibliografia recomendada:

GUERRA IRREGULAR:
Terrorismo, guerrilha e movimentos de resistência ao longo da história,
Alessandro Visacro.

Leitura recomendada:

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

FOTO: Combatente curda do PKK capturada por soldados turcos

Combatente curda do PKK capturada pelos turcos,
18 de setembro de 2022.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 3 de outubro de 2022.

Combatente curda do grupo Partido dos Trabalhadores do Curdistão (پارتی کرێکارانی کوردستان / Partiya Karkerên Kurdistan, PKK) capturada por soldados do Exército Turco em 18 de setembro de 2022. Segunda a Turquia, o PKK é um grupo terrorista e não é reconhecido como uma força combatente legítima e, portanto, não é protegida pela Convenção de Genebra para o tratamento humano de prisioneiros de guerra (PG).

O PKK é uma organização política militante curda, de orientação socialista, e um movimento de guerrilha armada, que historicamente operava em todo o Curdistão, mas agora está baseado principalmente nas regiões montanhosas de maioria curda no sudeste da Turquia e no norte do Iraque. A organização é famosa internacionalmente por empregar mulheres nas suas fileiras, principalmente em funções de apoio e propaganda; o que faz incessantemente.

Guerrilheiras YBŞ e PKK no norte do Curdistão em 2017.
O homem na bandeira é Abdullah Öcalan.

A ideologia do PKK era originalmente uma fusão do socialismo revolucionário e do marxismo-leninismo com o nacionalismo curdo, buscando a fundação de um Curdistão independente. O PKK foi formado como parte de um crescente descontentamento com a supressão dos curdos da Turquia, em um esforço para estabelecer direitos linguísticos, culturais e políticos para a minoria curda. Após o golpe militar de 1980 na Turquia, a língua curda foi oficialmente proibida na vida pública e privada. Muitos que falaram, publicaram ou cantaram em curdo foram detidos e presos. O governo turco negou a existência de curdos e o PKK foi retratado como tentando convencer os turcos a serem curdos.

O PKK está envolvido em confrontos armados com as forças de segurança turcas desde 1979, mas a insurgência em grande escala só começou em 15 de agosto de 1984, quando o PKK anunciou uma revolta curda. Desde o início do conflito, mais de 40.000 pessoas morreram, a maioria civis curdos. Em 1999, o líder do PKK Abdullah Öcalan foi capturado e preso. Em maio de 2007, membros ativos e ex-membros do PKK criaram a União das Comunidades do Curdistão (KCK), uma organização abrangente de organizações curdas no Curdistão turco, iraquiano, iraniano e sírio. Em 2013, o PKK declarou um cessar-fogo e começou lentamente a retirar seus combatentes para o Curdistão iraquiano como parte de um processo de paz com o Estado turco.

O cessar-fogo foi rompido em julho de 2015 quando os turcos invadiram o Iraque para combater o Estado Islâmico e os Estados Unidos abandonaram os curdos. Tanto o PKK quanto o Estado turco foram acusados de se envolver em táticas terroristas e visar civis. O PKK bombardeou os centros das cidades e recrutou crianças-soldados, enquanto a Turquia despovoou e incendiou milhares de aldeias curdas e massacrou civis curdos na tentativa de erradicar os militantes do PKK.

Bibliografia recomendada:

A Mulher Militar:
Das origens aos nossos dias,
Raymond Caire.

Leitura recomendada:

COMENTÁRIO: A Lição Curda, 30 de junho de 2021.