quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Assinatura do Contrato de Licenciamento do Radar M60, produto de defesa com tecnologia nacional.


Brasília (DF) – No dia 13 de dezembro, no Quartel-General do Exército, foi realizada a assinatura do contrato de licenciamento e certificação do Radar SABER M60, entre o Exército Brasileiro e a EMBRAER Defesa. A certificação é o resultado de uma parceria entre as instituições no desenvolvimento de tecnologia nacional de defesa para a criação de um equipamento destinado a integrar um sistema antiaéreo visando a proteção de pontos e áreas sensíveis.

Na presença do Comandante do Exército, General de Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas; do presidente da EMBRAER Defesa e Segurança, Jackson Schneider; e de oficiais-generais da Instituição; o Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército (DCT), General de Exército Juarez Aparecido de Paula Cunha, assinou o contrato de licenciamento do Radar SABER M60 com o presidente da Savis Bradar (empresa controlada pela EMBRAER), Nilson Santin.

“O Radar SABER M60 é, realmente, um caso de sucesso!”, afirmou o chefe do DCT, General Juarez. Já o presidente da EMBRAER Defesa e Segurança ressaltou o orgulho da parceria com o Exército e explicou que, a partir desse licenciamento, o radar será comercializado para outros países e a tecnologia gerada poderá ser aproveitada em prol do Brasil. “Hoje é um momento importante para a EMBRAER, para o Exército e para o País”, completou.

RADAR SABER M60
O SABER M60 é utilizado pelas tropas brasileiras desde 2012, e foi empregado inclusive nas operações em prol dos grandes eventos sediados pelo Brasil nos últimos anos. Ele permite rastrear alvos em um raio de 60 quilômetros, transmitindo informações em tempo real para um Centro de Operações de Artilharia Antiaérea (COAA). O equipamento também está integrado ao Sisdabra (Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro) da Força Aérea Brasileira. O radar foi desenvolvido pela BRADAR, empresa controlada pela EMBRAER Defesa e Segurança, em parceria com o Centro Tecnológico do Exército.

Leve, o M60 pode ser facilmente transportado para qualquer local do território nacional ou empregado em missões de paz no exterior. Sua instalação para entrar em operação pode ser feita em menos de 15 minutos e por apenas três pessoas. Outro ponto importante é que o radar pode ser integrado a sistemas de armas baseados em mísseis ou canhões antiaéreos.

O Radar SABER M60 possui baixo peso e elevada mobilidade, é acondicionado em caixas de transporte, podendo ser transportado por viaturas, aviões de pequeno porte, helicópteros, trens e embarcações, pode ser instalado no alto de edificações, e suporta a operação em todas as condições climáticas do território brasileiro. Estas características o tornaram indicado para emprego em operações de defesa externa, bem como em Operações de Garantia da Lei da Ordem e em Operações de Manutenção de Paz.
                                    

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

F-35A no Canyon de Star Wars em imagens sensacionais!

Cenas impressionantes do caça F-35A feitas por Dafydd Phillips no dia 1 de dezembro de 2017 no popularmente conhecido "Canyon de Star Wars", ou, mais precisamente no Death Valley Canyon, no estado da Califórnia, Estados Unidos. As sequencias foram feitas com dois caças F-35A holandeses que foram aos Estados Unidos. Degustem dessas lindas cenas!


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sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

ENGESA

Por General de Exército Armando Luiz Malan Paiva Chaves
O nome ou, melhor dizendo, o acrônimo ENGESA é muito mais do que o batismo de uma empresa. É o relato da obra de um empresário altamente dotado de inteligência, bagagem técnica e cultural, acurada visão de futuro e aptidão para selecionar valores humanos e que levou uma modesta firma de fabricação de componentes para exploração petroleira a se transformar num complexo industrial-militar, o qual disputou mercados com os maiores e mais tradicionais produtores de armamentos de alta tecnologia mundiais. Vencido pela concorrência por justa ambição de crescimento, que ignorou a ponderação no cumprimento de compromissos contratuais e bancários assumidos, esse empreendedor mergulhou na inadimplência, na concordata e na falência. Deixou de existir. Passou a ser uma história, a contar e lembrar.

Nascimento e evolução

Em 1958, a ENGESA (Engenheiros Especializados S/A) foi criada por José Luiz Whitaker Ribeiro. Em 1968, produzia componentes para a exploração de petróleo e os fornecia a Petrobras. Ao ter seus caminhões enfrentando estradas de terra e barro para chegarem ao destino no litoral, desenvolveu, "de motu próprio", uma caixa de transferência com tração total, aplicada com sucesso em seus veículos nacionais. Em 1970, o Exército interessou-se em testar o invento. Aprovado, passou a usá-lo.

Na época, estavam em desenvolvimento no Parque Regional de Motomecanização, da 2ª Região Militar, os blindados S/R Cascavel e Urutu. Convidada, a ENGESA aceitou associar-se à Força Terrestre e participar do empreendimento. Em 1974, a empresa tomou a iniciativa pioneira de oferecer à Líbia o blindado Cascavel, com canhão 90 milímetros. Foi um sucesso! A ENGESA começava a crescer com a exportação. Em poucos anos, vendeu esse blindado a 18 países localizados no Oriente Médio, na África, na América do Sul e no Mediterrâneo.
Acima: Veículo de transporte de tropas Urutu, um dos mais bem sucedidos produtos da Engesa.
Nos anos de 1980, iniciou o desenvolvimento em computador (hoje, AutoCad) doEE-T1 Osório, carro de combate (CC) armado de canhão 120 milímetros. Em 1985, a Arábia Saudita convidou Alemanha, Brasil, EUA, França, Grã-Bretanha e Rússia a levarem seus CC para demonstração. O Osório, já testado aqui, foi transportado de avião ao destino. Teve muito bom desempenho.

Em 1986, a ENGESA obteve financiamento de US$ 65 milhões pelo BNDES. No mesmo ano, assinou contratos com o Exército para grandes fornecimentos: 40 mil tiros de morteiro; 100 conjuntos de rádio; 51 blindados Urutu; 500 a 600 viaturas de 2 1/2 toneladas; 380 viaturas de 3/4 toneladas e 82 jipes. Apesar do subsídio, os recursos foram aplicados para a aquisição de fábricas, como a IMBEL, de Juiz de Fora, bem como para novos desenvolvimentos, como mísseis e helicópteros, que não chegaram a ser efetivados. O Exército exigiu e obteve uma Confissão de Dívida, porém, nada do contratado jamais foi entregue.

Plano inclinado descendente

Do exposto, deduz-se que 1986 foi o ano de entrada da empresa no plano inclinado descendente, que a levaria, mais adiante, à extinção. Em 1987, a Arábia Saudita convocou para segunda avaliação o Abrams norte-americano, o AMX 40 francês, o Challenger britânico e o Osório brasileiro, este, mais uma vez, transportado de avião. Pelo relato dos dirigentes da ENGESA, tudo indicava que seu produto foi o vencedor do certame. Prova disto é que foi assinado um pré-contrato para a aquisição de 316 carros de combate, por US$ 2,2 milhões.

Em 1989, o Departamento de Estado e o Departamento de Defesa norte-americanos apresentaram ao Congresso minucioso relatório defendendo a conveniência de o Abrams ser vendido à Arábia Saudita, tanto pelo que a fabricação representaria para a indústria nacional, como pelo que significaria a entrada de um novo fabricante (ENGESA) no mercado do Oriente Médio. A ação diplomática produziu seus efeitos e o Abrams foi vendido aos árabes, deixando a ENGESA "a ver navios".
Acima: O MBT Osório foi o mais sofisticado produto da Engesa.
Nos anos de 1990, a ENGESA pediu concordata. O Governo brasileiro autorizou o Tesouro Nacional a conceder à IMBEL NCz$ 30 milhões (de cruzados novos) para adquirir o acervo tecnológico da ENGESA, excluído o do Osório. A empresa vendedora teria três anos de prazo para recompra. Caso isto não ocorresse, o acervo tecnológico do Osório seria cedido à IMBEL por preço simbólico de NCz$ 1,00.

Deduz-se do parágrafo anterior que os méritos tecnológicos da ENGESA eram amplamente reconhecidos, seja pelo Exército, seja pelo mais alto escalão da administração pública. E que a inconsistência de sua política econômico-financeira vinha sendo severamente avaliada e mesmo sancionada, como o foi com a aquisição do acervo tecnológico.

Um Grupo de Trabalho criado na Presidência da República, ligado ao Gabinete Militar, reuniu representantes do Tesouro, do BNDES e do Banco do Brasil, para acompanhar a evolução do saneamento. Foi, inclusive, proposta a concessão de aumento de capital da IMBEL, pelo BNDES e BB, para que a ela fossem transferidas todas as garantias da ENGESA depositadas nos dois bancos. A IMBEL não aceitou a proposta, pois nada receberia em caso de falência. Em contraposição, propôs a entrega do acervo tecnológico, o que ocorreu, já que o prazo para recompra se esgotara. Os 30 milhões recebidos para a aquisição temporária do acervo tecnológico foram aplicados na recompra da Fábrica de Juiz de Fora, que voltou a ser propriedade da IMBEL.

Agonia

Em 1991, firmou-se um Protocolo de Intenções e Procedimentos. Nele, foi estabelecido que as ações dos controladores passassem ao domínio da IMBEL, a preço simbólico. A Fábrica foi credenciada para negociar com os credores redução de 90% das dívidas. O BNDES e o BB receberiam 53% do resultado da alienação de ativos não operacionais e os 47% restantes passariam para a IMBEL pagar parcialmente os credores. Seria criada nova empresa afim, com os recursos devidos aos trabalhadores, que virariam acionistas, com os valores desses recursos.

Em 1992, os ativos não operacionais não obtiveram preço. Em consequência, todo o plano falhou. Em 1994, o Gabinete Militar da Presidência apresentou proposta de desapropriação da ENGESA por interesse público. Na época, o Governo julgou temerária tal iniciativa e a arquivou.
Acima: Mesmo com vendas expressivas para o mercado internacional, a Engesa veio a falir devido a falhas de gestão.
Ainda naquele ano, o Presidente da IMBEL viajou à Grã-Bretanha para apresentar, ao Conselho de Administração da British Aerospace, uma proposta de associação com sua subsidiária Royal Ordnance para a copropriedade e a gerência conjunta da ENGESA, mediante investimento de US$ 125 milhões. Os britânicos disseram concordar com o valor da participação, porém, os recursos não poderiam ser aplicados para saldar dívidas tributárias, trabalhistas e bancárias. Mais uma tentativa frustrada de salvar a empresa.

Em 1995 decretou-se a falência da ENGESA. O juiz passou a tratar das alienações. Questionou a propriedade da IMBEL sobre o acervo tecnológico, que só foi assegurada com ganho de causa obtido na justiça. Todo o material do acervo foi transferido para a Fábrica de Piquete, à exceção dos planos do Osório, que não foram encontrados nem na fábrica, em São José dos Campos, nem no complexo administrativo de Barueri. Em 2005 a fábrica de São José dos Campos foi vendida à EMBRAER.


Considerações finais


A epopeia da ENGESA - da criação ao declínio, e deste à falência - é exemplo frustrante da aptidão criativa e tecnológica do empresariado brasileiro, bem como da carência de recursos financeiros governamentais para assegurar a regularidade de encomendas de que depende a sobrevivência das empresas. As motopeças, os blindados Charrua e Bernardini, e o carro de combate Tamoio reforçam a exemplificação.

Enquanto foi possível financiar demandas não entregues, a ENGESA foi largamente apoiada. Porém, seu ímpeto de produzir e exportar gerou compromissos financeiros que foram muito além do que o Governo brasileiro poderia apoiar. Veio-lhe a inadimplência e não houve como contorná-la, nem como moderar sua ambição. À frustração da venda do Osório somou-se o fracasso de novas iniciativas, como a de helicópteros e a de mísseis.

O Governo e o Exército Brasileiro, via IMBEL, procuraram caminhos para salvar a ENGESA, contudo, a cova que a enterraria já era muito funda, cavada por seu próprio Conselho de Administração. O Brasil perdeu uma empresa que lhe poderia dar autossuficiência em muitos itens de emprego militar, destruída pelas mãos de quem a criara e a quis maior do que lhe disponibilizavam os meios.

Não se tem notícia da utilização do acervo tecnológico guardado na Fábrica de Piquete, que poderia ser muito útil nos desenvolvimentos programados pelo Exército. Também não se sabe do acervo do Osório, sem dúvida muito valioso, que é propriedade da Força. Caberia uma ação, mesmo policial, para descobrir seu destino. Localizado, teria grande valor na orientação da fabricação de blindados brasileiros.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Tiro de Guerra: escola de civismo e cidadania



Por  Cb R2 Weverson Flávio Santana Nunes
"Se todos os cidadãos usufruem das benesses da Pátria, nada mais justo que todos participem da sua defesa." (Olavo Bilac).

Em 1902, foi criado, no Rio Grande (RS), uma sociedade de tiro ao alvo, voltada às atividades militares. A partir de 1916, com a contribuição direta de Olavo Bilac em proveito do Serviço Militar Inicial Obrigatório, essa sociedade transformou-se em Tiro de Guerra (TG), unidade militar cada vez mais participativa na comunidade e importante para a sociedade brasileira, responsável por formar cabos e soldados de segunda categoria, que se tornam reservistas do Exército Brasileiro.

Atualmente, existem mais de duzentos Tiros de Guerra no Brasil, espalhados pelas diferentes Regiões Militares. Além das instruções ministradas durante o Serviço Militar Inicial (SMI), o TG contribui com outras práticas primordiais na vida do jovem, como a cidadania e o patriotismo, atributos que colaboram com a formação de cidadãos cônscios de seus direitos e, principalmente, de seus deveres no espaço em que atuam.

Um dos pontos positivos dos TG é a adequação das instruções, de modo que o futuro reservista consiga conciliar o SMI com o trabalho e o estudo. Além disso, um dos fatores motivacionais é a oportunidade de servir a seu País, com o acompanhamento familiar bem de perto, evitando que o jovem se desloque até outro Município ou Estado. Outro lado igualmente importante é a contribuição da organização militar na divulgação dos valores éticos, morais e patrióticos, que, uma vez inseridos na vida desses militares, ajudam na manutenção das famílias e na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Apesar do curto período de nove meses, os atiradores (assim são chamados os militares que servem nos Tiros de Guerra) passam por diversas experiências, que auxiliam na formação pessoal e profissional: operações de Garantia da Lei e da Ordem, ações cívico-sociais, treinamentos de ordem unida, desenvolvimento da liderança, trabalho em equipe, entre outras, marcam a vida do atirador. Mesmo não seguindo a carreira das armas após a prestação do Serviço Militar, atributos como liderança, disciplina e assiduidade são internalizados e aproveitados pelos jovens, particularmente no mercado de trabalho, fazendo com que se destaquem em qualquer instituição em que trabalhem.

Neste TG, ensina-se o jovem a ser SOLDADO e CIDADÃO". A frase está estampada nas paredes do Tiro de Guerra 01-007, em Colatina (ES), Unidade em que servi com muito apreço e admiração em 2012. Lá, eu acompanhava, diariamente, os atiradores, deixando bem claro que a principal função era conciliar as instruções militares com a cidadania. Era praticamente impossível não ler essa passagem, diariamente, quando chegávamos ao quartel; no caminho para as aulas e, até mesmo, no último dia do ano de instrução. De certa forma, o TG marca a vida de qualquer jovem que tem a honrosa oportunidade de passar por essa organização militar, seja nas atividades, seja no ciclo de amizades, o que torna seus integrantes uma família.

Por fim, os Tiros de Guerra contribuem para a integração dos atiradores com a realidade nacional, transformando-os em verdadeiros líderes democráticos, atentos aos ideais da nacionalidade brasileira. Desse modo, esses jovens, uma vez instruídos e incentivados, serão peças fundamentais na construção de nossa Pátria, que tem, no civismo e na cidadania, os pilares para o seu crescimento.

domingo, 19 de novembro de 2017

PROTEÇÃO BLINDADA. O que faz de um tanque, um tanque.

Por Neison Santos
Setembro de 1916, Primeira Guerra Mundial, Guerra de trincheiras, praticamente estática e defensiva, onde as infantarias não conseguiam progredir por causa dos obstáculos construídos do lado alemão e aliados.
Em 15 de setembro de 1916, tropas alemães esperavam os costumeiros ataques de infantaria, que dentro de suas trincheiras e cercas de arame farpado, teriam vantagem, pois a infantaria aliada, não conseguiria progredir e seria alvo fácil. Para surpresa geral, no horizonte surgiam dois artefatos nunca antes vistos para confusão e desespero dos alemães. Um correspondente de Guerra relatou o fato da seguinte maneira:
“Sobre as crateras vinham dois gigantes. Os monstros aproximavam-se hesitantes e vacilantes, mas chegavam cada vez mais perto. Para eles, que pareciam movidos por forças sobrenaturais, não havia obstáculos. Os disparos das nossas metralhadoras e das nossas armas de mão ricocheteavam neles. Assim, eles conseguiram liquidar, sem esforço, os granadeiros das trincheiras avançadas".
Esse dia entrou para história com o surgimento do maior armamento terrestre até os dias atuais, “O Rei do Campo de Batalha”, o Carro de combate ou “tanque” como é conhecido pela maioria dos países.
Acima: O britanico Mark I, primeiro Carro de Combate da história.
Os novos tanques de guerra desencadearam a situação mais fatídica ocorrida até então numa frente de combate. Os "monstros" superavam obstáculos, em função dos quais milhares de soldados tinham morrido antes. Armas, trincheiras ou cercas de arame farpado, nada conseguia deter os poderosos veículos.
Desde esse dia acontecem disputas de engenharia, uma maneira de furar suas couraças, quando se conseguia um armamento que conseguisse esse feito, estudos eram feitos para tornar a proteção do veículo resistente a esse armamento e assim até os dias de hoje, uma guerra entra armas anticarro e blindagens.

A EVOLUÇÃO DAS BLINDAGENS
As blindagens podem ser divididas em gerações:
  • Primeira geração: Homogênia com chapas de aço(1916-final de 1950) Ex.: Mark, T- 34, M4 Shermman, Panzers e M-41
  • Segunda geração: chapas de aço com face endurecida, bimetálicas ou homogênias de segunda solução(final de 1950- final de 1970) Ex.: M-60, Leopard 1, Cascavel, Urutu
  • Terceira geração: Materiais compostos, cerâmica, kevlar, titânio, etc. (final de 1970- dias atuais) Leopard 2, M1 Abrams, Challenger, EE T1/2 Osório
  • Quarta geração: São blindagens modulares reativas ativas ou passivas, colocadas sobrepostas a blindagem principal. Possuem a mais alta tecnologia em blindagem, como matérias compostos e material expansível que aumenta seu diâmetro quando impactadas. Ex.: Leclerc, Merkava Mk 4. Como são modulares podem ser colocadas em qualquer outro veículo, como por exemplo Leopard 2 A6, leopard C2 canadense(Leopard 1 A5).
1º GERAÇÃO
O Mark I possuía chapas de aço de aproximadamente 6 a  12 mm, que eram invulneráveis para as armas da época, que eram desenvolvidas para furar um corpo humano ou pequenas fortificações mas alguns foram tomados pelos alemães que devido a sua baixa velocidade, soldados de infantaria conseguiam subir em seu topo e atirar pelas frestas, matando seus tripulantes De posse da viatura, os alemães conseguiam identificar como eram feitos e a sua proteção, melhorando seus armamentos de maneira rápida.
Desde já, também os britânicos aperfeiçoaram seu projeto, melhorando os defeitos encontrados na primeira versão, e também a blindagem, desafios entre armamentos e blindagens que seguem até hoje e seguirão por muito tempo.
Acima: O Mark V, evolução do Mark I, II, III e IV, com melhor blindagem e chassi mais longo, para superar trincheiras alemães que foram aumentadas de tamanho para impedir a transposição dos Marks de versões anteriores. A evolução dos Marks foram até a versão X.
Notem que todas as evoluções a partir de agora seguirão com seus conceitos até os dias atuais.
Até o final da década de 30, não houve grandes mudanças nas blindagens que eram basicamente chapas de aço unidas por rebites, que após ser impactadas, rebites quebravam e eram projetados para dentro e matavam ou feriam seus tripulantes, até que os russos inventaram a blindagem inclinada e soldada, uma revolução na blindagem pois, com uma chapa inclinada, além de recochetearem com maior facilidade os projéteis, aumenta as dimensões, contando que os projéteis seguem uma trajetória paralela ao solo, por exemplo uma chapa de Aço de 5 cm, a um ângulo de 45 graus chega a uma superfície a ser penetrada de 14 cm e aumenta ainda mais quanto maior for a diferença de um ângulo reto de 90 graus (menor ângulo). A metodologia de blindagens inclinadas é um dos maiores fatores para uma blindagem bem sucedida até os dias de hoje.
Acima: O T-34/76 (1940) e T-34/85 (1943) e Abaixo, com a revolucionária blindagem  soldada, sem rebites inclinada que desenvolvia  7 cm  (70mm) no caso da torre da versão 75mm e 90mm na versão 85, graças a sua angulação.

Acima: Tiger I- O grande temor da Segunda Guerra Mundial, desenvolvia 100 mm de blindagem em seu peito, apesar de  não haver muita inclinação, e 200 de blindagem máxima na parte frontal da torre, dependendo do ângulo de incidência do projetil.


Acima: Tiger II, já incorporando uma blindagem mais angular no seu peito, desenvolvia 150mm de blindagem na parte frontal do chassi. As dimensõe da torre dependiam da fabricante,já que existia 2 fbricantes da torre, Porche e Henschel.

2º GERAÇÃO
Até o final da década de 50, o aço normal ou blindagem homogênica foi o principal material a ser utilizado em blindagens, e já era necessário melhorar a proteção dos veículos, a blindagem homogênica perde terreno para as de face endurecida, bimetálicas ou homogenias de segunda geração , cuja solução, consistia em duas chapas de aço soldadas, e após fundidas em forma de “sanduíche” de forma que a chapa frontal seja endurecida por processos térmicos e a segunda chapa, a interna desenvolvida com um aço com maior tenacidade, mais mole e deformável para absorver a onda de choque. Essa blindagem é a utilizada pelos carros de combate em uso no Exército Brasileiro, Leopard 1 A1 e M60 A3 TTS.  O Leopard 1 A5 além de possuir a blindagem de face endurecida como blindagem principal, possui uma melhoria na  blindagem da torre que veremos a seguir.

Acima: Leopard 1 do início da década de 60 com blindagem bi metálica de face endurecida
No final da década de 60, as munições explosivas do tipo HEAT e do eficaz RPG de fabricação russa, estavam tendo vantagem nas blindagens de face endurecida e como essas munições possuíam sensores de impacto na ponta de suas ogivas e o princípio do seu funcionamento era injetar um jato de alta velocidade de cobre derretido em um pequeno ponto da blindagem. Para se contrapor a essa técnica de ataque, os engenheiros inventaram a blindagem espaçada, que pode ser descrita como uma “sobre blindagem” ou “blindagem extra”, com um espaço de alguns centímetros da blindagem principal. A sua função era ao ser impactada, disparar precocemente sua carga através do sensor elétrico da ogiva da munição, e ao ser penetrada, desviar o jato, espalhá-lo ou deixa-lo com um ângulo menos favorável para perfurar a blindagem principal. Essa melhoria está acrescentada na torre do Leopard 1 A5 operado pelo Brasil.
Acima: O Leopard 1A5 com blindagem adicional espaçada na torre, eficiente contra munições explosivas de carga oca simples como HEAT e as primeiras versões de RPG.
Na década de 70, pela eficiência da blindagem espaçada, projetista de armamento anticarro, deveriam produzir uma munição eficiente contra a blindagem adicional, surgem assim as munições de dupla carga oca para armamentos portáteis, onde a primeira carga perfurava a blindagem adicional e a segunda carga perfurava a blindagem principal e para os Carros de Combate as munições de energia cinética (já existentes na segunda guerra mundial, apenas aperfeiçoadas na década de 70/80), onde os explosivos não tinham mais utilidade e sim a força bruta. Elas consistiam em dardos de metal muito densos, tungstênio ou urânio empobrecido, que ao ser impulsionados a grande velocidade pelos canhões dos CCs, geravam enormes ondas de choque e temperaturas elevadíssimas no impacto com um CC alvo, perfurando com facilidade blindagens com varias camadas,atravessando-os de lado a lado, inclusive mais de dois blindados se estiverem enfileirados.
Acima: Um T 72 destruído durante a primeira Guerra do Golfo por uma flecha de 120 mm. Reparem que ela atravessou de lado a lado da viatura e a onda de choque e a alta temperatura gerada pelo impacto, explodiu a munição armazenada no interior da torre, arrancando-a do chassi e desintegrando por completo sua tripulação.

3º GERAÇÃO
De conhecimento disso, engenheiros britânicos da cidade de Chobhan, desenvolveram uma blindagem composta de vários materiais mais leves e resistentes que o aço, como o Kevlar, cerâmica (óxido de alumínio), titânio, espaço com colmeias de borracha e outros materiais, lembrando que muitos materiais colocados em alguns blindados seguem em sigilo. Apesar de uso de outros materiais, principalmente cerâmicos foram incorporados pelos russos no T 64 na década de 60, esse tipo de método só tornou-se eficaz com o método britânico da década de 70.

Acima: Blindagem composta russa, à esquerda um módulo com material composto dentro de uma parte oca na parte frontal da torre. À direita “peitos” mostrando o “sanduiche” entre aço balístico e algum outro material, possivelmente cerâmico.
Muito eficiente também para munições de energia química, a blindagem composta tem a sua eficiência comprovada contra os dardos perfuradores de blindagem (flecha).
A  blindagem CHOBHAM  era basicamente uma torre principal normal de aço balístico como a do Leopard 1, M60, etc. com módulos  parafusados nela ( semelhante a espaçada do nosso Leopard 1 A5),  porém com placas de matérias compostos e na parte mais externa uma capa de metal,talvez alumínio que dá a forma onde conhecemos esses blindados.
Acima: Como se vê nas imagens acima em alguns  M1 ABRAMS destruídos, que existe uma torre principal, de aço balístico com módulos parafusados a ela, revestidos por um metal maleável, possivelmente alumínio balístico, semelhante aos usados por VBTPs e VBCIs. Na parte mais interna da torre principal, já no,partimento da tripulação, existe um revestimento de aramida,tipo Kevlar chamado Spall liner, para evitar estilhaçamento.
Abaixo: A torre principal de um Challenger 2 sem seus módulos de blindagem composta e o revestimento.

Acima: Esquema de uma blindagem composta comum
A cerâmica possui um ponto de fusão entre 2500 e 3000 graus. A energia e a onda de choque gerada no impacto da flecha pode chegar a 3000 graus se o projétil parar instantaneamente. A cerâmica, que é 70% mais leve que o aço e possui uma resistência balística (dureza) 5 vezes superior,  fica na parte externa de algumas viaturas para tentar quebrar a ponta do projétil e se o dardo não alcançar 3000 graus , não haverá derretimento e perfuração e sim a quebra da cerâmica. Se passar, o kevlar tentará segurá-lo e se passar por ele, haverá um espaço vago com colmeias de borracha. Essas borrachas servem para absorver a onda de choque e dispersar o calor (que seria o que iria pra dentro do CC e destruiria a munição estocada e a tripulação) e também fazer o primeiro conjunto de blindagem mover-se e amortecer o dardo evitando uma desaceleração mais brusca que libera mais calor (energia) e também serve como princípio de blindagem espaçada.  Depois, começará outra porção de blindagem, e certamente o dardo estará com muita pouca energia e deformado, não tendo condições de atravessar mais esse conjunto de blindagem.
Acima: Challenger 2 da Inglaterra com blindagem composta Chobham, desenvolvida na cidade britânica de onde a blindagem herdou o nome.

Acima: O M1 A2 Abrams Norte Americano, com Blindagem Chobham.Os M1 A1 antecessores possuíam nos módulos de blindagem com placas de urânio empobrecido que por causar muitos danos na saúde de seus tripulantes, foi extinto nas versões posteriores.

Acima: O Leopard 2 A4 do Exército do Chile com blindagem composta  Chobham de aproximadamente 80 cm no seu peito e parte frontal da torre (com a inclinação e ângulo de inserção do projétil) . Possui também uma camada de titânio entre as camadas de blindagem composta. Diferentemente do Abrams e Challenger,os módulos de blindagem são colocadas em “gavetas” ao redor da torre.

Acima: O esquema da torre do Carro de combate Indiano Arjun, muito semelhante ao processo de produção da torre do Leo 2, onde se vê uma vulnerabilidade do lado direito onde não há placas por causo do seu sistema de pontaria e observação.

BLINDAGENS DE IV GERAÇÃO
As blindagens de 4º geração são aquelas adicionais compostas de materiais de ultima geração facilmente parafusadas na blindagem principal, geralmente adquirido por pacotes de empresas de blindagens tipo IBD da Alemanha e Rafael de Israel ( Leopard C2, Sabra, Leopard 2 A5/A6) ou vindos direto de fabrica e sendo característico do design do veículo como Leclerc e Merkava Mk4. São blindagens facilmente substituíveis em caso de avarias. Compostas pelos mesmos materiais das principais blindagens compostas, mas algumas como do Leclerc e as MEXAS ou AMAP da IBD, são compostas por um material secreto que se expande , aumentando sua espessura com o impacto.

IV-a. Blindagem modular originais de fábrica.
Acima: Merkava Mk4 onde sua blindagem modular é parte integrante do veículo e de seu  design característico. Notem que o espaçamento sempre é utilizado.




Acima: As dimensões da blindagem do Merkava Mk4.

Acima: O AMX 56 Leclerc com blindagem modular. Notem que tanto o Leclerc quanto o Merkava Mk 4 possuem  suas blindagens modulares que são partes integrantes e fazem parte do design conhecido do veículo, saindo assim de suas linhas de montagem, sendo originais de fábrica.

Acima: Nessa imagem, fica evidenciada a eficiência dessas blindagens modulares que foi totalmente destruída por um RPG que ativou sua carga e se destruiu prematuramente, mas a blindagem principal e a tripulação do Merkava Mk4 nada sofreu. Após a substituição do módulo destruído, que leva poucos minutos,  o Merkava volta a ativa como se nunca fosse atingido.



IV-b. Blindagens modulares adquiridas como pacote de modernização.

Acima: Leopard 1  com sistema de blindagem modular expansível(MEXAS) que foi muito eficiente contra RPGs no Afeganistão. É um excelente pacote de modernização para os Leopards do Exército Brasileiro, pois sua blindagem principal de segunda geração, não dá proteção contra as ameaças da atualidade.

Blindagem modular MEXAS em forma de cunha de um Leopard 2 A5  é uma das poucas modificações para transformar  o Leopard 2 A4 na versão A5, acrescentando 1000 mm (1 metro) a mais na sua blindagem frontal da torre,além ser penetrada por um projétil perfurante, faz a munição mudar de direção forçando-a a incidir na torre com um ângulo favorável para que seja detida pelos módulos de blindagem composta.
Acima: Observem um MBT M-60 original e abaixo um M-60 SABRA III ) com blindagem adicional modular espaçada da empresa Rafael. Reparem que por baixo da blindagem adicional pode-se ver a torre original. Outro exemplo de pacote de modernização para os M 60 do Exército Brasileiro.

Acima: O Leopard 2 A4 SG de Cingapura com blindagem AMAP da IBD. Reparem a diferença de tamanho do Leopard 2 A4 original do reforçado com a AMAP. Abaixo temos o Leopard 2 revolution que é um pacote de atualização da Rheinmetall para o Leopard 2A4

OUTRAS BLINDAGENS
Blindagem gaiola:Muito visto nos blindados canadenses no Afeganistão, são blindagens espaçadas com a finalidade de barrar as ogivas de RPG dos afegãos sem disparar sua carga, pois os sensores que ficam na ponta, não batem em nada e o corpo da munição, mais largo que a ponta, fica presa na grade e assim não há detonação.
Acima: O Leopard 2 A6 do Canadá no Afeganistão que usa como proteção lateral contra os RPGs afegãos, a eficiente blindagem gaiola.

Blindagens Reativas (ERA)
São blindagens espaçadas  com explosivos com finalidade de explodir quando impactadas. Tem a mesma finalidade das espaçadas normais, mas como possuem explosivos, a explosão interage com o jato das munições, espalhando-o e não afetando a blindagem principal.


Acima: Um T 72 com blindagem adicional espaçada reativa.
A espessura real da blindagem é aproximadamente a metade da soma da resistência entre EC e EQ. Esse método não vale como regra para todos os veículos, pois depende muito da resistência dos materiais empregados.

ABAIXO TEMOS UMA TABELA COM AS DIMENSÕES/ RESISTÊNCIA  DAS BLINDAGENS DOS CARROS DE COMBATE DA AMÉRICA LATINA E DO MUNDO. 

TABELA DO PODER DE PERFURAÇÃO EM  RHe (BLINDAGEM COMPOSTA) DOS PENETRADORES DE ENERGIA CINÉTICA DO CANHÃO L7A3 105MM (LEOPARD 1) E DO CANHÃO L 44 ( LEOPARD 2 A4/A5).

VÍDEO


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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Operação Aço / 17 - 5ª Brigada de Cavalaria Blindada



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sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Castello Branco: o homem, o chefe militar, o estadista


​Pelo Gen Bda Luiz Eduardo Rocha Paiva

Em 2005, a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) completou um século de existência. Na época, eu a comandava e propus, ao Comandante do Exército, que ela recebesse a denominação histórica de "Escola Marechal Castello Branco". Para respaldar a proposta, elaborou-se um documento, no qual foram ressaltadas as qualidades morais, éticas e profissionais do cidadão, chefe militar e estadista, bem como sua forte relação com a Escola. O texto, a seguir, tem o citado documento institucional como fonte, não havendo, portanto, autor específico.

Castello Branco – O homem

Nasceu em Messejana (CE), em 20 de setembro de 1900, filho do Capitão Cândido Borges Castello Branco (mais tarde, General de Brigada) e de Antonieta Alencar, descendente do escritor José de Alencar. Foi educado segundo sólidos princípios e valores morais e éticos, que forjaram caráter íntegro e firme. Esse atributo, a invulgar inteligência, o raciocínio ágil e lúcido e a diferenciada visão estratégica alicerçaram o respeito e a admiração dos que com ele conviveram ou daqueles que estiveram sob sua liderança, no meio civil e na carreira das armas.

Em 1922, casou-se com Argentina Viana, de tradicional família mineira, com quem teve dois filhos - Antonieta e Paulo. Um ano antes de assumir a Presidência da República, quando comandava o IV Exército em Recife (PE), sua esposa faleceu.

Castello Branco – O chefe militar
Foi declarado oficial de Infantaria em 1921 e, desde cedo, segundo o General Octávio Costa, "firmou-se frente aos subordinados pelos valores morais, capacidade intelectual, tenacidade, dedicação integral à missão e competência profissional". Teve longa passagem na Escola Militar do Realengo, formando os cadetes. A primeira vez, na função de instrutor; na segunda, comandando o Curso de Infantaria.

A participação de Castello Branco na Força Expedicionária Brasileira (FEB), desempenhando a função de E3 da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, consolidou sua ascendente trajetória profissional. Na Itália, sob pressão extrema, manteve estabilidade emocional e planejou, com habilidade, as grandes vitórias da FEB nos Montes Apeninos e no Vale do Rio Pó. Assim, consolidou seu já elevado conceito entre subordinados, companheiros e chefes militares, brasileiros e estrangeiros.

Foi instrutor, diretor de ensino e comandante da ECEME, conduzindo a elaboração do Manual de Estado-Maior e Ordens e do Regulamento de Operações; e a atualização do Método de Trabalho de Comando. Orientou a evolução da doutrina de concepção francesa, da 1ª Grande Guerra para a norte-americana, emergida nos anos 1940. Teve o mérito de adaptar essa última às características e aos desafios futuros do Exército Brasileiro.

Cultuava a tradição, mas suas palavras mostram que sabia distingui-la de rotina: "A rotina é a tradição corrompida, deturpada e morta, ao passo que a tradição é a conservação do passado vivo. É a luta contra a morte do passado. É a entrega, a uma geração, dos frutos da geração passada. Separar o que merece durar. Deixar sair o que merece perecer".

Castello Branco – O estadista

No cenário conturbado que levou ao vitorioso Movimento Civil-Militar de 31 de Março de 1964, foi o líder naturalmente escolhido pelos pares e acolhido, no nível político, para conduzir os destinos do País, ao ser eleito presidente pelo Congresso Nacional, mantido aberto pelo Comando Revolucionário. Sua atuação na Presidência da República estabeleceu as bases para o extraordinário desenvolvimento que elevou o Brasil, nos anos seguintes, da 48ª para a 8ª economia mundial. Por outro lado, foi exemplo do que deve ser o caráter de todos os que ascendem à liderança em qualquer instituição ou nação.

Seu discurso de despedida da Presidência da República revela um verdadeiro estadista:
"Não quis nem usei o poder como instrumento de prepotência. Não quis nem usei o poder para a glória pessoal ou a vaidade dos fáceis aplausos. Dele nunca me servi. Usei-o, sim, para salvar as instituições, defender o princípio da autoridade, extinguir privilégios, corrigir as vacilações do passado e plantar com paciência as sementes que farão a grandeza do futuro [...]. E se não me foi penoso fazê-lo, pois jamais é penoso cumprirmos o nosso dever, a verdade é que nunca faltaram os que insistem em preferir sacrificar a segurança do futuro em troca de efêmeras vantagens do presente, bem como os que põem as ambições pessoais acima dos interesses da Pátria. De uns e outros desejo esquecer-me, pois a única lembrança que conservarei para sempre é a do extraordinário povo, que na sua generosidade e no seu patriotismo, compreensivo face aos sacrifícios e forte nos sofrimentos, ajudou-me a trabalhar com lealdade e com honra para que o Brasil não demore a ser a grande nação almejada por todos nós."

Este é um pequeno resumo do que foi Castello Branco - o homem, o chefe militar e o estadista.
Que falta faz um cidadão desse naipe na liderança política, nesse cenário conturbado e ameaçador como o vivido no Brasil de hoje!