FICHA TÉCNICA DE DESEMPENHO (F-14D)
Velocidade de cruzeiro: mach 0,72 (889 km/h).
Velocidade máxima: mach 2,2 (2320 km/h).
Razão de subida: 13740m/min.
Potência: 0,90.
Carga de asa: 129,03 lb/ft².
Fator de carga: 6,5 Gs.
Taxa de giro Instantâneo: 18,7º/s a mach 0,5(Instantâneo).
Razão de rolamento: 180 º/s (com as asas abertas) (estimado).
Teto de Serviço: 21000 m.
Alcance: 2573km.
Alcance do radar: Hughes AN/ APG-71 com 188 km (RCS 5m2).
Empuxo: 2X General Electric F-110 GE-400 12150 kgf
DIMENSÕES.
Comprimento: 19,10 m
Envergadura: 19,54 m.
Altura: 4,88 m.
Peso: 19776 Kg (vazio).
Combustível Interno: 7348 Kg.
ARMAMENTO
Ar Ar: AIM 9L/M Sidewinder, AIM 7F/M Sparrow, Míssil AIM-54 Phenix.
Ar Terra: GBU-31/32 JDAM, Bombas guiadas a laser GBU-10,12, 16 e 24 Paveway. Bombas de queda livre MK-82, 83 e 84 e bomba de fragmentação MK-20 Rockeye.
Interno: Canhão M61A2 Vulcan 20mm com 676 munições.
DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
No universo dos aviões de combate, muitos caças marcaram suas épocas devido a seu sucesso em combate ou por causa de suas capacidades diferenciadas. Porém, a condição de ser considerado uma lenda é algo para pouquíssimas aeronaves. O caça Grumman F-14 Tomcat pode ser considerado como um caça imortal na história da aviação de combate devido a suas capacidades extraordinárias e que o colocaram como sendo o primeiro avião de combate a poder ser classificado como “super caça”.
A origem do F-14 teve lugar no ano de 1966 quando a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) precisou de um sucessor do seu clássico caça F-4 Phanton II. Uma versão navalisada do gigante F-111 chegou a ser proposto e até fez alguns voos, mas seu desempenho foi muito ruim desagradando o pessoal da marinha que avaliava a aeronave. Além disso, a marinha dos Estados Unidos pediu que o novo caça fosse capaz de operar dentro do conceito de defesa da frota, usando um sistema de radar e armamentos capazes atacar alvos a longas distancias, um conceito que já estava em estudos antes da década de 60. Lançou-se, aqui, o programa VFX (caça naval experimental) em que concorreram a Grumman, McDonnell Douglas, General Dynamics, North American e a LTV. Em 1969 a Grumman foi declarada vencedora com seu projeto G-303B e a partir disso, o projeto foi rebatizado de YF-14.
O protótipo YF-14 fez seu primeiro voo em dezembro de 1970. Sua introdução em serviço se deu 4 anos depois, em setembro de 1974. |
O F-14A foi apelidado de Tomcat e esta versão, a primeira de produção, entrou em serviço em setembro de 1974 a bordo do super porta-aviões USS Enterprise, primeiro porta aviões movido a energia nuclear dos Estados Unidos. O F-14 tem algumas características que marcam sua personalidade. A mais importante, sem sombra de duvidas, é a sua asa de geometria variável. Isso significa que o enflechamento de suas asas muda de acordo com o regime de voo possibilitando máximo desempenho de voo em todas as velocidades. Embora o enflechamento das asas possa ser controlado manualmente, pelo piloto, normalmente é o sistema de controle automático a partir de um computador de controle de voo que movimenta as asas para garantir a melhor condição de resposta das superfícies de controle. O F-14 não é um caça para combates aéreo de curta distancia, pois ele não é tão ágil como os modelos contemporâneos dele como o F-15 e o F-16. Sua estrutura suporta cargas de 7,5 Gs, (podendo superar isso, segundo o manual, porém com comprometimento da célula) e sua taxa de giro instantânea é de 20º/seg a velocidade de mach 0,6. Em velocidades maiores esse desempenho cai muito.
SENTIDOS AGUÇADOS
Evitar um combate de curta distancia, para o F-14, não era uma tarefa tão difícil, pois seu maior talento, sem duvidas, era seu sistema de combate de longa distancia composto pelo potente radar Hughes AN/AWG-9 capaz de detectar um caça inimigo a 210 km, e um alvo maior, como um bombardeiro inimigo, a 330 km. Este radar rastreava 24 alvos simultaneamente e podia atacar com mísseis de guiagem ativa Hughes AIM-54 Phoenix até 6 alvos simultaneamente. A uma distancia de 97 km. Se for usado um modo pulse Doppler single target, com alvo único, o alcance é muito maior. Além do radar, o F-14 foi o único caça norte americano de sua época a ser equipado com um sistema de detecção passiva IRST AN/ALR-23, porém, devido a sua ineficiência, acabou sendo substituído por um sensor de TV Northrop AN/ AAX1 TCS (Television Câmera System), muito mais efetivo, sendo capaz de detectar e identificar um caça como um F-16 a 15 milhas (27,7 km).
O painel do piloto do F-14 mostra a quantidade enorme de trabalho que a dependência de mostradores analógicos, comum naquela época, apresentavam. |
O F-14A possui sistema de identificação amigo/ inimigo IFF AN/APX-72, extremamente necessário para se evitar lançar armas a longa distancia contra um aliado. O sistema de guerra eletrônica do F-14 possui um jammer (interferidor) AN/ALQ-126 usados para embaralhar o retorno radar do inimigo. Outro elemento deste sistema é o receptor de alerta radar RWR AN/APR-45 que avisa o piloto quando um radar hostil travou no F-14. Por ultimo, um lançador de iscas chaff (contra mísseis guiados a radar) e de Flares (contra mísseis guiados a calor IR), A N/ALE-29/39 está instalado na parte inferior da fuselagem. O F-14 usa um sistema de intercambio de dados JTIDS compatível com os sistemas de data link da força aérea e exercito dos Estados Unidos. Este sistema permite ao F-14 receber e transmitir dados de posicionamento dos alvos e das forças aliadas em tempo real aumentando a consciência situacional do piloto.
A antena plana, do velho, porém poderoso radar Hughes AWG-9 cujo alcance podia superar 300 km e que viabilizava o uso do míssil ar ar de longo alcance AIM-54 Phoenix. |
O F-14 teve a integração de um casulo de reconhecimento conhecido como TARPS (Tactical Air Reconnaissance Pod System) com uma câmera KS-87B e uma câmera KA-99, do tipo panorâmica, além de um sensor AN/ AAD-5 IR para coletar informações visuais e térmicas do alvo.
UM CAÇA ESPECIALIZADO
O Tomcat, inicialmente, em sua versão “A”, foi concebido como um caça especializado de interceptação, com foco em proteger o grupo de batalha naval norte americano de bombardeiros soviéticos com armamento antinavio. Por isso, seu armamento era direcionado para combate aéreo. Assim, o míssil de curto alcance foi o velho conhecido AIM-9L/ M Sidewinder, guiados por infravermelho e com alcance de 18 km. Este míssil podia ser lançado contra o alvo de frente, graças a sensibilidade de seu sensor que permitia usar o calor da fuselagem do avião pela fricção de ar em alta velocidade como referencia do alvo.
O míssil de médio alcance do F-14 A foi o AIM-7F/ M Sparrow, guiado por radar semi-ativo e capaz de destruir um caça inimigo a 50 km. Porém este míssil se mostrou pouco confiável com um percentual de acerto abaixo dos 40%.
Mas a grande estrela do armamento do Tomcat foi o míssil de longo alcance AIM-54 Phoenix. O único avião de combate do mundo capaz de lançar ele era o F-14 e sua capacidade, já demonstrada, era de destruir um avião inimigo a incríveis 212 km. O Phoenix usava um radar ativo que era acionado na fase terminal do ataque, e sua chance de acerto era de 88%, muito superior ao do AIM-7 Sparrow. Este super míssil operando integrado com os dados do radar de controle de fogo AWG-9 do F-14, permitia atacar 6 alvos simultaneamente. Pode-se dizer, que para aquela época, a combinação F-14/ míssil Phoenix tornava a defesa aérea de um porta aviões americano, intransponível. Por isso, ele foi considerado o melhor interceptador de sua época.
Para combate a curta distancia, além dos seus mísseis AIM-9 Sidewinder, o F-14 contava, ainda, com um canhão interno M-61A1 Vulcan com 6 canos rotativos em calibre 20 mm capaz de uma cadência de tiro de até 6000 tiros por minuto. O tambor de munição do F-14 comportava 676 munições.
Embora o F-14 não tenha sido projetado para ser um "dog fighter", ou seja, um combatente de curto alcance, seu desempenho, quando bem pilotado, dava trabalho para adversários mais ágeis. Estruturalmente, o F-14 podia suportar 7,5 Gs sem problemas. Mas em caso de necessidade, esse numero poderia ser superado, porém, necessitando de uma revisão estrutural posteriormente.
UM MOTOR PROBLEMÁTICO
O "calcanhar de Aquiles" do F-14, sem a menor duvida, foi seu motor Pratt & Whitney TF-30 P-412 e o P414 instalado no F-14A Tomcat. Este motor não podia ser acelerado de forma abrupta, pois corria o risco de haver uma pane no motor conhecida como estol do compressor que, quando ocorria, fazia o motor perder sua eficiência. Cerca de 30% das quedas de F-14 Foram atribuídas a falhas nesse motor. Além disso, outro ponto negativo sobre o motor TF-30 é que ele produzia um empuxo considerado baixo para o peso do F-14. Com pós-combustão, o TF-30 produzia 9400 kg de potencia, mas mesmo assim precisava ser acelerado com cuidado para evitar problemas. Para resolver este sério problema a empresa General Electric ofereceu o motor F-101 usado no poderoso bombardeiro B-1 e instalaram em um protótipo. O resultado dos testes mostrou uma significativa melhora no desempenho e na confiabilidade do Tomcat de forma que a marinha norte americana resolveu adotar este motor. Os caças que receberam este novo motor foram chamados de F-14B e muitos F-14A foram modificados para receberem este motor. Nisso o motor foi renomeado de F-110 GE-400. Este excelente motor tem um empuxo de 12150 kg de potencia e permitia que o F-14 decolasse do porta-aviões sem o uso do pós-combustor gerando uma economia de combustível.
Além dos novos motores, o F-14B teve substituído seu sistema de guerra eletrônica original pelo novo AN/ ALR-67.
Os motores originais do F-14 era o Pratt & Whitney TF-30. Muitos problemas ocorreram com esse motor devido a falta de confiabilidade. |
O SUPER TOMCAT
A ultima versão do Tomcat foi o F-14D, apelidado de Super Tomcat e entrou em serviço no final de 1990. Este modelo usa o motor F-110 GE 400 e o sistema de guerra eletrônica do F-14B, porém o radar original foi substituído por um bem mais moderno, o AN/ APG-71 com alcance de 189 km contra um alvo do tamanho de um caça, e 333 km contra um alvo do tamanho de um bombardeiro. Além disso, o F-14D recebeu o novo sistema IRST ao lado do seu sensor AN/ AAX1 TCS. Outra novidade foi que no F-14D, devido ao seu novo barramento de dados MIL STD 1553B, pode-se integrar armas ar terra a partir de 1992. As principais versões da bomba Paveway (GBU-10, 12, 16 e 24), guiadas a laser, as bombas guiadas por GPS GBU-31 e GBU-32 JDAM, bombas de fragmentação MK-20 e as bombas de uso geral MK-82, MK-83 e MK-84 foram integradas ao F-14 que usou esse seu novo talento na guerra da Iugoslávia com muito sucesso. Além do armamento, um casulo LANTIRN para detecção e designação de alvos para as bombas guiadas a laser também foi integrado ao F-14D. O painel de controle também foi modernizado com a instalação de dois displays multifunção que diminuíram a carga de trabalho do piloto. Uma curiosidade interessante é que esta versão do F-14 é quase uma tonelada mais pesada que o F-14A, e essa diferença, fez com que o modelo tivesse uma pequena redução em seu desempenho.
GOSTO DE SANGUE
Nas mãos dos pilotos norte americanos, o F-14 teve dois tensos momentos de combate real. O primeiro ocorreu em 19 de agosto de 1981 no Golfo de Sidra, onde dois F-14A baseados no porta-aviões USS Nimitz enfrentaram dois Sukhoi Su-22 Fitter da Força Aérea Líbia onde, segundo a versão norte americana, um dos Fitters disparou um míssil AA-2 Atoll contra os Tomcats, errando e dando início a um combate aéreo que culminou com a destruição dos dois Fitters por mísseis AIM-9L Sidewinders. Outro interessante incidente envolvendo os Tomcats norte americanos e a força aérea da Líbia ocorreu e 4 de janeiro de 1989, quando dois MIG-23 Floggers deram combate a dois F-14 e foram abatidos por mísseis Sparrow. O Iran, o único usuário que ainda usa os F-14 adquiridos em 1974, teve alguns combates com seus Tomcats durante a guerra Iran Iraque, porém os dados são pouco claros, de forma que se sabe 3 F-14 foram derrubados em combates de curta distancia contra caças MIG-21 e Mirage III iraquianos enquanto que alguns Mirages F-1 e alguns MIG-21 também foram abatidos pelo Tomcat.
O F-14 vai deixar muita saudade. Embora não seja correto um editor expressar sua opinião sobre os assuntos que escreve, eu vou quebrar o protocolo e dizer que o F-14, sem sombra de duvidas, é um dos melhores caças de todos os tempos. Em sua época, seria uma tarefa absurdamente complicada para um atacante superar o anel de defesa imposto por esquadrões de F-14 armados com mísseis AIM-54 Phoenix e apoiados por aeronaves E-2C Hawkeye.
O Iran, usa caças F-14, profundamente modificados com ajuda russa, que já descaracterizaram suas capacidades, uma vez que o aopio dos Estados Unidos ao Iran se encerrou com a queda do xá Reza Pahlevi vitimado por uma revolução islâmica que tornou o país hostil ao ocidente e inimigo dos Estados Unidos.
Mas para matar a saudade deste super caça, sempre resta as belíssimas imagens do filme Top Gun, Ases Indomáveis de 1986 onde o personagem Maverick encarnado pelo ator Tom Cruise, encantam os entusiastas de aviação militar. Mais recentemente, o F-14 também aparece em alguns momentos na sequencia do filme dos anos 80, lançados em maio de 2022 Top Gun Maverick, sendo, no entanto, que o avião principal desse novo filme é F/A-18E Super Hornet.
O F-14 foi usado de forma bastante importante durante a primeira guerra do Golfo Persico, quando as forças armadas do Iraque foram expulsas do Kuwait, após ter invadido esse país. |