 |
M-10 Booker |
FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: 70 km/h
Alcance máximo: 565 km.
Motor: Um motor diesel MTU 8V199 TE23 com 800 Hp de potência.
Peso: 38 Toneladas.
Comprimento: 6,85 m.
Largura: 2,4 m.
Altura: 3,65 m.
Tripulação: 4 tripulantes.
Inclinação frontal: 60º.
Inclinação lateral: 40º.
Passagem de vau: 1,5 m
Obstáculo vertical: 0,8 m.
Armamento: Um canhão M35 de 105 mm, uma metralhadora M-240B em cal 7,62x51 mm, uma metralhadora pesada M2HB em calibre 12,7 mm e 16 granadas lançadoras de fumaça.
DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
Entre 1969 e 1997, o Exército dos Estados Unidos (US Army), empregava em suas fileiras um veículo de combate de assalto chamado M-551 Sheridan, que tinha por objetivo entrega uma boa capacidade de fogo, em um veículo leve que pudesse ser facilmente aerotransportado. No entanto, durante sua vida operacional, que incluiu operar no solo do sudeste asiático, durante a guerra do Vietnam, foi experimentado problemas de confiabilidade do "exótico" canhão de M81E em calibre 152 mm, com cano curto e que era capaz de lançar o míssil MGM-51 Shillelagh, guiado por comando infravermelho (não confundir com o sistema de busca por calor infravermelho dos mísseis atuais) e que permitia atingir um alvo inimigo à distancia de 2000 metros até 3000 metros, nas suas versões aprimoradas.
Foi buscado pelo US Army, a substituição desse carro de combate, e chegou-se a desenvolver um novo veículo de assalto de combate chamado M-8 AGS (Armored Gun System), no entanto, devido a custos elevados, o Pentágono mandou cancelar seu desenvolvimento, levando o US Army a aposentar o M-551 sem que houvesse um substituto sob medida para ele.
Para dar uma solução paliativa para essa lacuna deixada pela aposentadoria do M-551, o US Army, acabou adotando o veículo sobre rodas M-1128, que é uma versão armada com um canhão de de 105 mm, do veículo de transporte de tropas Stryker, cujo projeto, também deriva do bem sucedido LAV III. O M-1128, foi aposentado em 2022, em favor de um novo projeto conhecido como Mobile Protected Fire Power (MPF), que visava um veículo de assalto, sobre lagartas (como no M-551), mas armado com um canhão de 105 mm. O resultado do programa MPF foi o novo M-10 Booker, desenvolvido e fabricado pela General Dynamics Land Systems (GDLS), e classificado como veículo blindado de apoio de infantaria.
 |
O M-1128, carro de combate que foi substituído pelo M-10 Booker, do programa MPF (Mobile Protected Fire Power), tinha desvantagens de não poder operar nos mesmos terrenos que um veículo sobre lagartas é capaz de operar. Na verdade, ele foi uma solução paliativa para ocupar o vácuo deixado pela aposentadoria do velho M-551 Sheridan. |
O M-10 Booker, pesa 38 toneladas, o que é um valor bem mais leve que um MBT como o M-1 Abrams, cujo peso bate nas 69,5 toneladas. Essa característica é fundamental para um dos objetivos do Booker que é a alta mobilidade permitindo que aeronaves de transporte C-17 possam transportar dois veículos por vez para o campo de batalha, e fornecendo, mais rapidamente, uma capacidade de suporte de fogo para a infantaria já engajada em combate. A título de comparação, o C-17 consegue transportar apenas um M-1Abrams por vez, devido ao elevado peso do Abrams.
 |
Pesando pouco mais da metade do que pesa um MBT M-1Abrams, o Booker pode ser transportado em dupla por uma aeronave de transporte C-17 Globemaster III. |
Ainda tratando de sua mobilidade, O Booker é propulsado por um motor diesel MTU 8V199 TE23 com 800 Hp de potência que permite ao Booker desenvolver uma velocidade máxima de 70 km/h em estrada, sendo que seu alcance é de 560 km, também em estrada. O sistema de transmissão instalado é o Allison 3040 MX que opera como sistema "Cross-Drive" que atua nas acelerações, manutenção da velocidade constante em estrada e no diferencial para mudança de curso do veículo.
O Booker tem uma tripulação de quatro pessoas, uma na torre e três no casco, “com um arranjo de tripulação e sistemas de torre semelhantes ao M1 Abrams.
 |
O motor diesel MTU 8V199 TE23 entrega 800 hp de potencia para o Booker, garantindo agilidade e alta velocidade. |
O baixo peso, embora traga vantagens importantes na mobilidade, também tem seu preço a pagar. A desvantagem é que a proteção blindada é mais leve. Assim, os exemplares do lote inicial do Booker estão sendo entregues com a blindagem que é capaz de proteger a tripulação e mesmo a sobrevivência do próprio veículo, contra disparos de munições calibre 12,7x99 mm (50 BMG) nos arcos frontal e laterais e contra munições 7,62x51 mm no quadrante traseiro. Além disso, o Booker foi projetado para suportar detonações de IEDs (Dispositivos Explosivos Improvisados) contra seu assoalho.
Por ser um veículo cujo desenvolvimento pela GDLS se deu baseado no veículo ASCOD II, já em uso em vários países, e com provisões para instalações de kits de proteção extra, bem mais abrangentes, é possível que o Exército dos Estados Unidos, na medida em que precisar, solicite a instalação de proteção extra, que pode vir, até mesmo na forma de blindagem reativa (ERA), que permitiria ampliar significativamente a sobrevivência do Booker em um teatro de operações de média ou de alta intensidade, como seria uma guerra contra a Rússia na Europa, ou na Asia contra a China.
Também para proteção, o Booker tem 16 granadas fumígenas instalado numa configuração de 8 unidades de cada lado da torre. O Booker é equipado para operar em ambientes QBM (químico, nuclear e biológico).
 |
O nível de proteção do Booker é inferior ao de um MBT. Nas laterais e na frente, ele suporta disparos de munição 12,7x99 mm (50BMG), e na traseira, disparos de munição até o calibre 7,62x51 mm. |
O Booker está armado com um canhão em calibre 105 mm de baixo recuo modelo M35, montado em uma torre que é baseada na torre do MBT M-1 Abrams. Embora seja um canhão com menor poder de fogo do que o potente canhão de 120 mm usado no Abrams, o canhão M35 do Booker vai entregar capacidade de causar sérios danos em qualquer carro de combate inimigo, e ainda de prestar apoio de fogo contra bunkers e edificações inimigas. É importante destacar que este canhão é apoiado por um sistema de controle de fogo derivado do sistema empregado na moderna versão do Abrams, a M-1A2 SEPv3, que certamente garante altas chances de acerto logo no primeiro tiro, mesmo com o veículo em movimento. Além do canhão, o Booker está armado com uma metralhadora coaxial M-240B (MAG) em calibre 7,62x51 mm e uma metralhadora pesada M-2HB, calibre 12,7x99 mm (50 BMG) para o comandante, na parte de cima da torre.
 |
O canhão M35 em calibre 105 mm instalado no Booker vai garantir eficiência para apoio de fogo direto para a infantaria. |
Na parte eletrônica, se destaca o sistema de mira panorâmica de longo alcance PASEO CITV (Commander's Independent Tactical Viewer) que possui, além da câmera infravermelha, um telêmetro laser com alcance de 7 km. Esse equipamento garante uma maior consciência situacional no campo de batalha, que impacta nas chances de sobrevivência da tripulação e o sucesso em combate.
A mira primária do artilheiro é uma Raytheon (FLIR de 2ª geração). Já o motorista está equipado com Driver Vision Enhancer-Wide dianteiro e traseiro da Leonardo (imagens térmicas de 2ª geração), complementado por um periscópio térmico, provavelmente o DVE-A ou uma mira similar.
 |
O Exército dos Estados Unidos vai receber 504 unidades do M-10 Booker. |
A entrada em serviço do Booker reflete uma nova abordagem doutrinária do Exército dos Estados Unidos que está focando na mobilidade para responder o mais rápido possível à ocorrências num momento da história que as tensões entre ocidente e oriente aumentaram à níveis que não se via desde o período mais tenso da guerra fria. Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia tem servido de uma enorme laboratório para se testar armas e táticas ocidentais frente às forças de combate russas. É muito provável, e até necessário, que as lições aprendidas sejam internalizadas na doutrina do Exército dos Estados Unidos para lidar as ameaças que já aparecem no horizonte.
 |
Infográfico com as características do M-10 Booker. |