Para pessoas que procuram estudar, conhecer e entender os conceitos de como a aviação de combate tem executado suas missões tanto contra alvos aéreos como para alvos de superfície, tem se acostumado com a mania de ficar pensando sobre qual será o próximo passo na aviação de combate. No período pós II Guerra, até meados da década de 70, você podia esperar que a próxima geração fosse sempre mais rápida que a anterior. As aeronaves tinham que transporta mais armas, e estas, com maior alcance de engajamento. Podia esperar sensores mais complexos de operar, mas com maior alcance. Depois dessa fase, vimos uma mudança nos requisitos das novas aeronaves de combate. Agora, além da da boa velocidade e boa quantidade de armas, as aeronaves tinham que ser manobráveis e ágeis, e ter uma relação empuxo peso igual ou superior a unidade, para garantir boa aceleração, necessária a recuperação de manobras violentas em combate corpo a corpo. Essa dura lição que os americanos tiveram que aprender da pior forma no sudeste asiático, durante a guerra do Vietnã, serviu para o mundo todo, pois todos os grandes fabricantes desenvolveram aeronaves que traziam essas características em seus caças de 4º geração. A 5º geração é hoje representada por aeronaves que são difíceis de serem detectadas por radares a longas distancias. Alguns argumentam que a super manobrabilidade faz parte das características dos caças de 5º geração, porém o novo caça F-35 dos Estados Unidos tem manobrabilidade em um nível que fica entre o F/A-18 Hornet de primeira geração e os F-16. Ou seja, não tem super manobrabilidade. Os russos estão em fase de testes com seu Sukhoi T-50 Pak Fa, onde a aeronave se apresentou em duas MAKS, com presença de militares da força aérea dos Estados Unidos que puderam assistir in loco o novo caça russo que demonstrou um desempenho soberbo em manobrabilidade, sendo muito similar ao caça Su-35S Flanker E, referência nesse quesito para qualquer aeronave de combate atual ou em fase de desenvolvimento, com o detalhe de que o T-50 é uma aeronave furtiva. Porém, o próximo passo é a 6º geração, onde os Estados Unidos deram seus primeiros passos para uma nova geração de caças. Todavia, dado ao grande salto tecnológico que os adversários dos Estados Unidos deram, especificamente Rússia e China, os requisitos de capacidades que a 6º geração de aeronaves de combate aéreo ainda não foram claramente definidos, ainda que os três grandes fabricantes norte americanos andaram dando umas dicas de suas linhas de estudos. As outras nações. como Coreia do Sul, Índia e Japão, estão desenvolvendo suas aeronaves de 5º geração, sendo que em todas elas, é visível que o nível de furtividade é menor que nos caças americanos e russos e mesmo chineses do mesmo tipo, porém, focaram em agilidade ainda. Neste artigo vou apresentar os projetos que estão em andamento para as próximas décadas. Dois dos modelos que serão apresentados foram foco de um artigo especial nesse site, o F-35 dos Estados Unidos e o Sukhoi T-50, porém, por serem aeronaves que estão em fase final de desenvolvimento, considerei justo a menção deles nessa listagem. Farei algumas considerações de cunho pessoal sobre cada um dos modelos. Elenquei, também aeronaves de ataque, como os bombardeiros B-21 norte americano e o Pak Da russo.
SUKHOI T-50 PAK FA (Rússia)
A Sukhoi, famosa fabricante russa de aeronaves de combate como o Su-27 Flanker e seus derivados, está em uma avançada fase de testes do seu caça de 5º geração batizado de T-50 "Pak Fa" (Futuro Complexo Aéreo para as Forças Aéreas Tácticas). O modelo foi descrito em uma artigo dedicado a ele nesse site e quem quiser mais detalhe pode clicar AQUI que será direcionado ao artigo sobre o modelo.
Os russos deram uma resposta ao F-22 Raptor com o programa Pak Fa e estão desenvolvendo uma aeronave que inova em seus sensores, através de um sistema de radar com capacidade de varredura lateral, algo inédito e que aumenta fortemente o angulo de busca do avião. Colocaram esse recurso em uma aeronave de baixa detecção e altíssimo desempenho de voo. Por causa disso, a supremacia aérea desejada pelos Estados Unidos com seu poderoso F-22 acabou sendo desafiada. É claro que a força aérea dos Estados Unidos identificou o problema e já começou a flertar com os fabricantes de aeronaves militares para que comecem a pensar em como será o substituto do F-22 em meados de 2035.
TUPOLEV PAK DA (Rússia)
O projeto PAK DA está em sua fase inicial ainda e tem o objetivo de fornecer um novo bombardeiro estratégico com tecnologia de baixa detecção e voo subsônico. Na verdade as informações disponíveis sobre o programa são bastante escassas e muitas são conflitantes. O que se lê em sites e revistas hoje, sobre esse projeto, dá uma ideia sobre uma aeronave com grande autonomia e capacidade de transporte de grandes cargas de armas e com um RCS bem menor que de um bombardeiro comum, mas ainda menos eficiente neste ultimo quesito que o B-2 ou ou novo B-21 americano. O modelo pode estar em testes na próxima década e teremos que esperar para conhecer maiores detalhes. Os russos são muito bons em esconder os detalhes de seus projetos e só apresentam esse dados quando está próximo de iniciar os testes de voo de seus protótipos.
PAK DP (Rússia) - fabricante ainda não selecionado
O interceptador MIG-31BM, foco de uma recente modernização, também está na mira de um futuro sucessor. Os russos atribuem (justificadamente, diga-se de passagem) uma grande importância a seu poderoso interceptador Mach 3. Por isso o programa PAK DP, nome dado ao projeto que visa desenvolver um substituto para o MIG-31 e que, deverá ser ainda mais rápido do que o poderoso jato da MAPO MIG, deverá tomar seu lugar em algum momento na década de 2030. Por ser o programa em estágio mais inicial do que os outros, e que nem foi escolhido o fabricante que o desenvolverá, os dados ainda são bastante restritos.
F/A-XX (Estados Unidos - Marinha)
Os Estados Unidos estão estudando uma nova aeronave de combate multi-função para substituir os caças F/A-18E/F Super Hornet por volta de 2030. Este projeto é considerado como sendo uma aeronave de 6º geração e a Boeing foi a primeira a apresentar desenhos para este modelo. A Northrop Grumman mostrou um vídeo recentemente em que aparece um conceito desse um caça de 6º geração e uma coisa em comum entre todos os desenhos, dos dois fabricantes, é que se trata de uma aeronave sem cauda ou "tail less", o que revela que o nível de furtividade pretendida para o modelo é maior que dos caças stealths atuais. Outro ponto em comum em todos os conceitos que foram divulgados é que a aeronave é híbrida, pois permitirá operar de forma autônoma como um UCAV ou tripulado como nos caças atuais. Alias, é bem provável que essa seja uma característica que classifique a aeronave como de 6º geração. Por ultimo, o armamento pensado para esse projeto é baseado em um canhão laser interno. Para isso, os Estados Unidos estão com um projeto em andamento, cuja responsabilidade é da Northrop Grumman, que visa miniaturizar um canhão laser para instalar em um pod externo em caças atuais de 4º geração, sendo que um F-15 deverá testar esse armamento em 2018 segundo o cronograma. O F/A-XX é previsto ter uma arma laser orgânica como parte de seu armamento principal e isso é observável em alguns dos desenho apresentados pela própria Northrop Grumman e que deve se beneficiar deste projeto.
FX (Estados Unidos - Força Aérea)
Acima: Modelo conhecido como "Miss November" da Lockheed Martin para o programa FX.
O programa FX é o nome atual (isso pode mudar) para um programa da USAF (Força Aérea dos Estados Unidos) de caça de 6º geração com objetivo de substituir o F-22 Raptor em meados de 2030 e 2040. Dependendo dos acontecimentos esse cronograma poderá ser revisto e antecipado, uma vez que a quantidade de caças F-22 é pequena e o custo de se reabrir a linha de montagem do modelo é bem alto, além de que, os F-15, mesmo modernizados, podem não ter folego para chegar em 2030. Outro ponto é o custo operacional do F-22 e sua baixa disponibilidade (em torno de 65%) que representa um índice abaixo do que os outros modelos da USAF apresentam, e mesmo que o desejo desta solicitou. Até o momento, a Lockheed Martin, projetista do F-22, apresentou um desenho para esse projeto, e a Northrop Grumman , também mostrou um modelo, que aliás parece ser uma variante do seus F/A-XX da marinha, com modificações para a força aérea. Assim, sendo muito do que foi dito a respeito do F/A-XX acima, se aplica ao FX, principalmente no que tange a parte do armamento. A Boeing também chegou a mostrar um conceito para esse programa que traz uma aeronave com tailerons, mas sem deriva vertical.
Abaixo: Essa concepção foi apresentada em um vídeo pela Northrop Grumman e mostra uma ideia do fabricante de um modelo que pudesse ser usado no programa FX e no F/A-XX. Porém, é quase certo que os dois programas sigam em paralelo devido a todos os graves problemas que o programa F-35 apresentou.
Acima: Esta é a única imagem de um conceito artístico do que a Boeing tem em mente para o programa FX da USAF.
UCLASS (Estados Unidos - Marinha)
O programa UCLASS (Unmanned Carrier-Launched Airborne Surveillance and Strike) ou aeronave sem piloto lançada de porta aviões para vigilância e ataque que teve no programa UCAS-D uma de suas fontes de estudo para desenvolvimento de uma aeronave de combate com capacidade similar a de um jato de ataque tático, porém sem piloto operado de um porta aviões parece estar na iminência de ser cancelado para dar lugar a um projeto menos ambicioso, que é o de fornecer uma aeronave de reabastecimento aéreo sem piloto para apoiar aeronaves de ataque tripuladas para missões de longo alcance CBARS. Porém, é claro que muito foi aprendido e provado ser totalmente viável para operar através do jato X-47B. A era das aeronaves sem piloto está ainda no começo, mas certamente tomarão a maior parte das missões na segunda metade deste século.
F-35 Lightining II (Estados Unidos - Força Aérea, Marinha e Fuzileiros Navais)
O F-35 é um "velho" conhecido nosso por ter sido foco de duas matérias nesse site (para ler a matéria clique AQUI). O caça foi desenvolvido para assumir o lugar do F-16 e do A-10 na força aérea americana, do F/A-18A e C (Hornets da primeira e segunda geração) na Marinha e Fuzileiros Navais dos Estados Unidos e os AV-8B Harriers II dos Fuzileiros navais dos Estados Unidos. O F-35B, justamente a versão dos fuzileiros que substituirá os Harriers americanos e britânicos, já teve seu IOC (Initial operational capability ), ou capacidade operacional inicial declarada. Porém é fato conhecido que a aeronave apresentou sérios problemas que ainda não foram solucionados e ao que tudo indica, ainda demorará para serem resolvidos em definitivo. De qualquer forma, na segunda metade da próxima década, o F-35 será, certamente, o principal avião de combate da força aérea dos Estados Unidos e o de muitas nações aliadas dos norte americanos.
B-21 ( Estados Unidos - Força Aérea)
O novo bombardeiro da Northrop Grumman em desenvolvimento para a Força Aérea dos Estados Unidos deverá substituir os bombardeiros B-1B Lancer e o B-52, e possivelmente o próprio B-2 Spirit nos próximos anos. A aeronave deverá ser apresentada até o final desta década e a USAF planeja adquirir 100 unidades do modelo. O avião terá muita tecnologia já disponível para poder manter os custos em um patamar aceitável, embora um bombardeiro com tecnologia stealth nunca será algo que poderemos classificar como "barato". A aeronave será bimotor, algo incomum em se tratando de bombardeiros estratégicos norte americanos, onde se costuma usar 4 motores. Estuda-se a possibilidade de empregar o motor Pratt &Whitney F-135, usado nos caças F-35 comentados acima, para propulsar esta moderníssima aeronave de longo alcance. Assim que houver mais dados certos sobre o B-21 haverá uma matéria dedicada sobre ele no WARFARE.
FCAS (Inglaterra e França)
O FCAS é um projeto cujo estudo de viabilidade recém contratado de um avião sem piloto para missões de de ataque que deverá substituir alguns modelos de aeronaves tripuladas como os Tornados IDS GR4 ingleses e possivelmente alguns caças Rafales franceses em missões de ataque, principalmente. O projeto fará uso dos conhecimentos adquiridos nos testes dos protótipos Taranis desenvolvido pela BAe Systems, da Inglaterra e o nEUROn, projetado e desenvolvido por um consorcio composto pela França (fabricado pela poderosa Dassault Aviation), Grecia, Suécia (com a Saab), Itália, Espanha e Suíça. Se basearmos nos modelos Taranis e nEUROn, o FCAS terá velocidade na casa de mach 0,7 a mach 0,9, será uma aeronave stealth com RCS menor a dos aviões de 5º geração como F-22 e F-35 e terá capacidade de transportar duas bombas de 907 kg guiadas ou 8 pequenas bombas SDB GBU-39 em seu compartimento interno de armas.
J-20 Black Eagle (China)
O J-20 é o primeiro avião com características stealth desenvolvido na China e o primeiro caça de 5º geração desta nação. Embora poucos dados confiáveis tenham sido divulgados, é certo que a aeronave foi pensada para tentar fazer frente ao F-22 norte americano. O J-20 é um caça bombardeiro pesado e deverá ser capaz de executar missões ar ar e ar terra. Devido a sua baixa reflexão de radar, a entrada em serviço do J-20 vai implicar, de cara, com uma significativa redução da capacidade de impor superioridade aérea de adversários como a marinha dos Estados Unidos que dependerá do F/A-18E Super Hornet por pelo menos até 2030. Independentemente das qualidade do Super Hornet, o fato é que se trata de um caça de 4º geração e ele ficará em desvantagem séria frente a um caça de 5º geração na arena ar ar de médio e longo alcance. O J-20, como vários dos aviões citados nesta matéria deverão ser foco de artigo no futuro próximo aqui no WARFARE.
FC-31 Gyrfalcon (China)
O segundo caça de 5º geração chinês, inicialmente chamado de J-31 e posteriormente batizado de FC-31 é um caça que está sendo desenvolvido para exportação como foi feito com caça leve JF-17, projeto entre o Paquistão e China, do qual a China não adquiriu nenhuma unidade. O desenho do FC-31 é claramente influenciado por técnicas de redução de furtividade. O armamento pode ser transportado em um compartimento interno de armas ou externamente e existe uma certa semelhança com os modelos norte americanos F-35 e F-22, de uma forma geral.
XIAN H-20
Como todos os equipamentos militares chineses, o H-20 é cercado de mistério. As informações são classificadas, porém, sabe-se que os chineses, em busca de consolidar como uma super potência regional (e mundial), tem um programa de desenvolvimento de um bombardeiro de longo alcance com características stealth, hora chamado de H-20 que deverá entrar em serviço em 2025. Alguns desenhos deste projeto foram publicados, mas é quase certo que não devem se aproximar da real aparência que o modelo deverá ter. Os chineses são relativamente competentes em esconder seus projetos. Outros dados que foram publicados dão conta que a força aérea chinesa deseja uma aeronave com autonomia de 8000 km sem reabastecimento aéreo, capaz de transportar uma carga maior do que 10 toneladas de armamentos.
AMCA (India)
A Índia tem uma das maiores e bem preparadas forças armadas do mundo atualmente. Com sua rivalidade com a crescente super potencia chinesa, nada mais natural que eles procurarem se manter atualizados e independentes na medida do possível com relação a suas armas. O programa AMCA levado a cabo pela empresa estatal HAL busca desenvolver um caça médio de 5º geração para equipar a força aérea indiana. O modelo já teve varias modificações desde que começou a ser projetado e deve fazer seu primeiro voo no começo da próxima década. Trata-se de um caça de médio porte, com característica stealth, inclusive a capacidade de transporte de armas em compartimento interno. Ele deverá substituir o MIG-27, Mirage 2000 e o Sepecat jaguar na força aérea hindu.
ATD-X Shinshin (Japão)
A programa ATD-X está testando um protótipo de uma aeronave de combate stealth da qual, os conhecimentos adquiridos nessa fase serão usados no desenvolvimento de um caça de 5º geração japonês que deverá modernizar a força aérea japonesa, que hoje conta com bons caças, mas que estão em processo de envelhecimento. O ATD-X deve fazer seu primeiro voo ainda no primeiro semestre de 2016. A aeronave conta com vetoração tridimensional de empuxo com uma tecnologia empregada no antigo protótipo Rockwell/ MBB X-31, que usa 3 "pétalas" para direcionar o fluxo de saída de ar do motor para qualquer direção em um arco de 15 º que lhe garantirá alta manobrabilidade e bom controle a velocidades reduzidas.
KF-X (Coreia do Sul e Indonésia)
A Coreia do Sul está desenvolvendo um projeto com apoio da Indonésia de um caça de 4,5º geração que deverá tomar o lugar do F-5E Tiger II e os F-4E Phanton II usados pela sua força aérea. A Indonésia embarcou nesse projeto como parceira e vai aproveitar o know how da KAI para agregar conhecimento e transferência de tecnologia para um moderno caça leve que também deverá preencher as fileiras da força aérea da Indonésia. O modelo deverá ser um caça bimotor, monoplace, com duas derivas com desenho que lembra levemente o F-35. Na verdade, a Coreia do Sul, adquiriu um lote de F-35 e deve receber algumas tecnologias que muito provavelmente deverão ser empregadas no projeto de seu KF-X,