quinta-feira, 26 de março de 2015

AIRBUS HELICOPTERS EC-665 TIGER. O feroz tigre voador europeu.


FICHA TÉCNICA 
Peso: 3060 kg (vazio).
Altura: 3,84 m.
Comprimento: 14,77 m.
Propulsão: 2 motores MTU Turbomeca Rolls-Royce MTR390 com 1464 hp de potência cada.
Velocidade máxima: 315 Km/h.
Velocidade de cruzeiro: 271 Km/h.
Alcance: 740 km com combustível interno e 1130 Km com combustível externo.
Razão de subida vertical: 642 m/min.
Fator de carga: +3.5/ -0,5 G.
Altitude máxima: 4000 m.
Armamento: Um canhão  GIAT-30M-781 de 30 mm com 450 tiros, Misseis antitanque AGM-114 Hellfire,  mísseis PARS-3LR, HOT-3 e Rafael Spike ER. Casulos lançadores de foguetes SNEB de 68 e 70 mm com opções para 7, 19 e 22 foguetes. Para autodefesa pode ser usado mísseis ar ar AIM-92 Stinger em dois lançadores duplos ou o modelo francês Mistral

ORIGEM
Por Carlos E.S.Junior em parceria com o site Plano Brasil
O avançado helicóptero  EC-665 Tiger desenvolvido pela Eurocopter GMBH, hoje Airbus Helicopter, é resultado de uma coincidência de necessidades entre franceses e alemães para uma nova geração de helicoptero de ataque dedicado. No fim dos anos 60 do século passado a França estava em busca de um helicóptero com capacidade antitanque cujo projeto foi chamado de Helicoptere Anti-Char (HAC) (helicoptero antitanque) e através de sua empresa Aérospatiale se juntou com a Westland, uma das maiores empresas britânicas no setor aeronáutico para desenvolver uma variante do excelente helicóptero LYNX. Porém, os franceses pularam fora desse projeto que acabou sendo cancelado com sua saída. Nesse momento, a Alemanha estava atrás de um helicóptero de ataque de segunda geração sob o projeto PanzerAbwehr Hubschrauber 2 (PAH-2) que iria substituir os BO-115 que equipava o exército alemão. Em 1984, a Alemanha e a França assinaram um memorando de entendimento em que os dois países desenvolveriam em conjunto o helicóptero HAC/ PAH-2. Depois de algumas dificuldades e uma suspensão de quase um ano entre 1986 e 1987, o projeto foi repensado e seguiu para a produção de protótipos sendo que o primeiro voo do Tiger se deu em 27 de abril de 1991. Pouco depois desta data, já em 1992, houve a criação da Eurocopter, através da fusão da Aerospatiale, MBB e outras empresas, o que ajudou na consolidação do Tiger. Os dois países colocaram uma encomenda de 160 exemplares dos Tiger em 3 versões sendo ela a UH Tiger alemã,  usado como helicóptero de ataque multi-missão; Tiger HAP francês para escolta e apoio de fogo e a versão HAD que é uma versão de apoio e ataque desenvolvido seguindo algumas mudanças solicitadas pelo exército espanhol que usa uma motorização com 14% mais potencia e melhor proteção balística. Esta versão também é usada pela França e a Espanha foi o primeiro cliente externo do Tiger.  Posteriormente uma quarta e ultima versão, a ARH, foi projetada e construída. Esta versão opera em missões de reconhecimento armado e foi desenvolvido para um pedido feito pelo governo australiano para seu exército. Esta versão é, essencialmente um modelo da versão HAP francesa com modificações no motor, um designador a laser e a integração de mísseis antitanque de origem norte americana AGM-114 Hellfire. Ao todo, os quatro operadores do Tiger somam 208 unidades do modelo em operação.
Acima: O protótipo do Tiger HAP francês em testes de voo. Cada operador do Tiger solicitou modificações que melhor atendessem os requisitos de cada força. O modelo HAP, porém, serviu de base para 3 das 4 versões
QUALIDADE DE VOO 
O Tiger é uma aeronave relativamente leve e sua versão básica UH Tiger alemã e a versão francesa Tiger HAP é propulsionada por dois motores MTR-390, fabricado pelo consórcio MTU (Alemanha), Turbomeca (França) e Rolls & Royce (Inglaterra) que desenvolve, segundo seu fabricante, 1464 hp de força e poderia, em situações de emergência, elevar essa força para até 1774 hp, porém, por estar fora da especificação, depois desse esforço, o motor teria que passar por uma revisão para avaliar possíveis danos ou desgastes excessivos. As versões desenvolvidas para a Espanha Tiger HAD e a australiana Tiger ARH receberam uma versão deste mesmo propulsor, com 14% mais potência, chegando a 1668 hp. Com essa propulsão, o Tiger voa a uma velocidade máxima de 315 km/ h e conseguem manter uma velocidade de cruzeiro de 271 km/ h. Sua relação potência peso, permite que o Tiger execute manobras complexas em segurança dando agilidade em voo. Seu alcance, apenas com o combustível interno, chega a 740 km, o que representam um desempenho superior ao encontrado no helicóptero de ataque pesado AH-64D Apache dos Estados Unidos, que é uma referência quando comparamos desempenho de helicópteros de combate. Este alcance pode ser ampliado para 1130 km se forem removidos os armamentos e instalados tanques externos.
Um ponto interessante a se observar na configuração do Tiger é o posicionamento de seu piloto, que, ao contrário dos helicópteros de sua categoria, fica posicionado na cabina da frente, enquanto o artilheiro  fica na cabine de trás. 
Acima: Leve e potente, o Tiger consegue mostrar uma capacidade de manobra surpreendente.
SENTIDOS APURADOS
As variantes do Tiger diferem entre si em sistemas de aviônicos e sensores. O modelo alemão UH Tiger, por exemplo, tem seu principal sensor montado acima do rotor principal. Trata-se do sistema multisensor SFIM Osiris que parece como a cabeça de um "ET" em cima do helicóptero. O Osiris é composto por uma câmera infravermelha CCD e um telêmetro laser. Este sistema é usado para aquisição  e designação de alvo para artilheiro do Tiger. Na frente do UH Tiger alemão existe um sistema FLIR que é usado pelo piloto para auxiliar a navegação em condições desfavoráveis de luminosidade e visibilidade. As outras variantes do Tiger usam um sistema multisensor como no modelo alemão, porém ele fica montado no teto do artilheiro, a frente dos motores do Tiger. O modelo desse sistema é o SFIM Strix que incorpora os mesmos componentes do sistema Osiris usado no Tiger alemão, porém com o incremento do FLIR na mesma torre.
A suíte de contramedidas eletrônicas instalada no Tiger é fornecida pela EADS Defense Eletronics e é composta por um sistema de alerta de radar RWR e um sistema de alerta laser LWR. A EADS DE fornece o sistema de detecção de lançamento de míssil MILDS que alerta o piloto que um míssil foi lançado contra a aeronave agilizando a tomada de decisão do piloto para tentar se evadir do ataque. A MBDA forneceu o sistema de contramedidas contra mísseis guiados por calor e radar Flare e Chaff, respectivamente, com o lançador SAPHIR-M. O sistema pode operar automaticamente integrado ao sistema MILDS agilizando a resposta e defesa, ou através do comando do artilheiro.
A tripulação do Tiger opera a aeronave usando um capacete com mira tipo HMS, porém de diferentes modelos sendo que o alemão usa um modelo inglês da BAe enquanto que os franceses usam um modelo TopOwl desenvolvido pela Thales Avionique.
Acima: sistema multisensor SFIM Osiris montado sobre o rotor principal da hélice pemite que alvos sejam rastreados mesmo quando o Tiger fica oculto atras de edificações ou copas de arvores.
DEFESA E ATAQUE
Na hora de mostrar os dentes, o Tiger faz jus a seu nome. Embora as versões do Tiger difiram levemente na configuração de armamento, o fato é que, invariavelmente, seu armamento é pesado. Dentre as 4 versões, a única a não estar equipada com um canhão móvel a frente do helicóptero é a versão UH Tiger alemã. As outras três versões estão armadas com um canhão GIAT-30M-781 em calibre 30X113 mm com cadência de 750 tiros por minuto e com alcance de carca de 2000 metros. A caixa de munição tem capacidade de transportar 450 munições deste potente canhão. O arsenal de mísseis que o Tiger pode usar é amplo porém representa uma das diferenças entre todas as versões pois cada uma está integrada a um tipo específico de míssil de acordo com a necessidade do cliente. O UH Tiger está armado com o míssil antitanque europeu Trigat LR, desenvolvido por um consórcio entre a Diehl BGT Defence e a MBDA Deutschland GmbH., ambas da Alemanha. O Trigat LR tem guiagem dual por infravermelho IR e câmera CCD, sendo seu alcance de 7 quilômetros. Sua ogiva tem 9 kg de alto explosivo e é capaz de superar blindagens reativas ERA ou até 1000 mm de blindagem de aço laminado. Os Tigers franceses e australianos estão integrados ao potente míssil antitanque norte americano AGM-114K Hellfire II guiado por laser e capaz de readquirir o alvo caso a iluminação a laser for perdida. Este míssil tem alcance de 8 quilômetros e sua ogiva é de 9 kg de carga moldada em tandem de alto explosivo. Não existe um carro de combate conhecido que sobreviva ao ataque deste míssil, atualmente. Já o Tiger espanhol usa o moderno míssil antitanque israelense Spike ER guiado por sistema IR e CCD passivo, para capacidade dispare e esqueça, com alcance que chega a 8 km. Nos três mísseis mencionados, a quantidade que pode ser transportada chega a 8 mísseis em dois cabides com quatro mísseis cada. Por ultimo, a Alemanha tem a opção de usar ainda o antigo míssil HOT 3, ainda em operação no exército alemão. O HOT 3 usa um sistema de guiagem conhecido como comando de linha de visada, onde o operador de armas do Tiger mantém o alvo sob um ponto em seu sistema de designação de alvos e envia o dado de posicionamento para o míssil através de um cabo de fibra óptica enquanto este se encontra voando contra o alvo. O alcance do HOT 3 é bem mais limitado que os outros mísseis antitanque mencionados nesse artigo, chegando a 4,3 km.
Acima: O Tiger HAP, HAD e ARH possuem armamento orgânico na forma de um potente canhão automático GIAT-30M-781 em calibre 30 X 113 mm capaz de impor pesados estragos a viaturas inimigas.
Ainda tratando do arsenal disponível para o Tiger, há diversos  tipos de lançadores de foguetes não guiados como o SNEB que pode ser de 7 ou 19 foguetes de 70 mm ou 22 foguetes de 68 mm, além do lançador de foguetes Hydra  de 70 mm com 19 foguetes. Esses foguetes, lançados em alta cadência, permitem saturar uma área relativamente grande, negando aquele ponto as tropas inimigas a distancias até no máximo de 8 km.
Para combate ar ar (sim, o Tiger pode ser empregado para destruir helicópteros ou aeronaves de baixo desempenho em voo) o Tiger pode ser armado com mísseis MBDA Mistral guiados por infravermelho (IR) com alcance de 6 km ou o modelo norte americano AIM-92 ATAS, versão ar ar do míssil antiaéreo lançado do ombro FIM-92 Stinger, que também é guiado por infravermelho, mas seu alcance é limitado a 4,5 km no máximo.
O Tiger foi projetado com uma blindagem composta de polímero reforçado com fibra de carbono, Kevlar, titânio e alumínio que permite ao Tiger sobreviver a impactos direto de munição calibre 23 mm. É interessante notar que essa capacidade de proteção acabou levando ao encarecimento do helicóptero a um nível particularmente alto. O Tiger está entre os mais caros helicópteros de combate do mundo, atualmente, com um preço de prateleira de U$ 50 milhões de dólares cada um. Caso você, caro leitor, não tenha ideia de quanto isso é caro, vamos usar como parâmetro o helicóptero de combate norte americano AH-64D Apache, cujo já elevado custo chega a U$ 41 milhões cada um, e reparem que o Apache é uma aeronave mais pesadamente armada que o Tiger. Outro parâmetro que pode ser usado é que o custo do Tiger sobre o preço de um caça F-16C block 50 que custa cerca de U$ 34 milhões cada um, considerando o preço da aeronave limpa, de prateleira.  O próprio desenho do Tiger, bastante fino quando observado pela frente, representa uma forma de defesa da aeronave também por dificultar o engajamento dele.
Acima: Quando visto de frente, o Tiger tem pouca área dado a sua pequena largura da cabine, o que o torna um alvo difícil de engajar quando atacado deste angulo. 
CONCLUSÃO
O mercado de armas está repleto de opções. Alguns segmentos, como o dos helicópteros de combate, particularmente se encontra saturado de opções. De certa forma, todos os helicópteros executam bem suas missões, cabendo a cada cliente  escolher o modelo mais adequado a suas necessidades baseando-se na facilidade de linha de apoio logístico, interesse político, transferência de tecnologia e off sets, que cada um possa exigir. Tecnicamente falando, focando apenas nas características da aeronave, o EC-665 Tiger é um moderno helicóptero de ataque, escolta e reconhecimento, capaz de infringir danos sérios a um inimigo bem equipado, fornecendo fogo pesado sobre o campo de batalha. Embora seu fabricantes seja um dos maiores players do mercado mundial em helicópteros e tenha um histórico altamente positivo de suporte e qualidade de serviços pós venda, é importante se pesar o fator custo benefício na hora de se optar pelo Tiger. Com um custo maior que de alguns aviões de caça, o Tiger acabou sendo um produto elitizado que cabe no bolso de poucos. Caso o exército brasileiro leve a cabo seu interesse de um dia ter um esquadrão de helicópteros de ataque dedicados, o Tiger, certamente seria um concorrente natural, uma vez que a Helibras, fabricante de helicópteros do Brasil, é uma subsidiária da Airbus Helicopters, fabricante do Tiger, porém, seria necessário se pesar os elevados custos relacionados a aquisição e operação do Tiger para um país onde o orçamento de defesa não é, exatamente, uma prioridade e sofre de contingenciamentos frequentes.
Acima: O cockpit da esquerda é o do piloto, disposto na frente do Tiger enquanto que o artilheiro fica na cabine traseira, mostrada no lado direito desta foto.




ABAIXO TEMOS UM VÍDEO DEMONSTRAÇÃO DO EC-665 TIGER.

ESPINGARDA AA-12 - ATUALIZAÇÃO FULL METAL JACKET


Olá amigos.
Mais uma atualização do blog Full Metal Jacket chega esta semana. Aqui vamos descrever a espingarda automática de combate AA-12 que é capaz de disparar a uma cadência de 300 vezes por minuto o potente cartucho calibre 12. Para conhecer melhor esta potente arma entre em: http://fullmetaljacketbr.blogspot.com.br/2015/03/gwa-aa-12-um-fuzil-uma-metralhadora-ou.html
Abraços

domingo, 22 de março de 2015

FUZIL STEYR AUG- ATUALIZAÇÃO FULL METAL JACKET


Olá amigos.
Hoje a atualização do blog Full Metal Jacket trás uma matéria sobre o clássico fuzil Steyr AUG, da Áustria. Esta arma é a mais bem sucedida comercialmente em todo o mundo dentre as de seu tipo (fuzil bullpup) . Para conhecer esta excelente arma entre em http://fullmetaljacketbr.blogspot.com.br/2015/03/steyr-mannlicher-aug-mais-uma-obra.html
Abraços

quarta-feira, 11 de março de 2015

FMA IA-58 PUCARÁ. A solução argentina para apoio aéreo aproximado.


FICHA TÉCNICA DE DESEMPENHO
Velocidade de cruzeiro: 430 km/h
Velocidade máxima: 500 km/h
Razão de subida: 5,5 m/min
Fator de carga: +6, -3 Gs
Raio de ação/ alcance: 350 km (Hi Lo Hi)/ 3710 km (travessia com maximo combustível)
Propulsão:  2 motores  Turbomeca Astazou  com 978cv cada
DIMENSÕES
Comprimento: 14,25m
Envergadura: 14,50 m
Altura: 5,36 m
Peso: 4020 kg (vazio)
ARMAMENTO
O Pucará pode transportar externamente até 1.500 kg (3.307 libras)  de armas que podem ser bombas da Família MK-81 e MK-82, lançadores de foguetes 70 mm LAU-68  e LAU- 69 lançadores de granada de 40 mm e pods equipados com canhões de 30 mm.
Interno: quatro metralhadoras FM M2-20 em calibre. 30 (7,62 mm) com uma carga de 900 munições cada. Dois canhões Hispano-Suiza HS.404 de 20 milímetros com uma carga de 270 munições cada.

HISTÓRICO DE DESENVOLVIMENTO
Por Anderson Barros
A experiencia de combate na guerra do Vietnam deixou bem claro que aviões de combate a reação não eram efetivas contra tropas em terra levando as empresas aeronáuticas a pesquisarem e desenvolver aeronaves que tivessem um perfil mais adequado a esse emprego. Dois exemplos de modelos que resultaram desse trabalho foram os modelos norte americanos OV-1 Mohawk, fabricado pela Grumman e o mais famoso OV-10 Bronco, da Rockwell. Em 1966, a Força Aérea Argentina através da DINFIA - Dirección Nacional de Fabricación e Investigación Aeronáutica estabeleceu parâmetros para o desenvolvimento de uma aeronave de ataque leve e de baixo custo que poderiam ser empregadas em missões de, apoio a infantaria, Apoio Aéreo Aproximado (CAS), contra-insurgência (COIN), e  funções de reconhecimento, sendo  capaz de operar a partir de aeroportos não convencionais ou pistas de pouso irregulares (pistas não pavimentadas) e levar uma carga bélica pesada de munições ar-terra. O projeto do novo avião ficou a cargo da Fábrica Militar de Aviones (FMA) e foi liderado diretamente pelo vice-diretor da estatal argentina o engenheiro Aeronáutico Hector Eduardo Ruiz.
Nota do editor: Nesse período a DINFIA já acumulava uma grande experiência na criação de aeronaves de combate. Em 1947 foi construído o primeiro avião de caça a jato na América Latina o I.Ae. 27 Pulqui I, concebidos pelo famoso designer francês Émile Dewoitine,  e em 1950, o designer alemão Kurt Tank (- ex-diretor técnico da empresa alemã "Focke-Wulf") juntamente com o Engenheiro argentino Norberto Morcchio  - construíram I.Ae. 33 Pulqui II – no qual era muito avançado para o seu tempo, o avião e desenvolveu nos testes a velocidade máxima de 1045 km.
Acima: O Pucará foi uma solução argentina para uma necessidade de um avião de apoio aéreo aproximado.

GESTAÇÃO
A pedido da Força Aérea Argentina a DINFIA acelerou o desenvolvimento da aeronave utilizando como base o projeto do FMA IA 50 Guaraní II (Um pequeno bimotor para transporte projetado pela DINFIA). Como o modelo seria baseado em um projeto de um avião civil a DINFIA decidiu em um design simples de tamanho intermediário, para ser alimentado por dois motores turboélice, com um cockpit para duas pessoas e Canopy em vidro. O programa começou em 1966. A fim de testar o layout proposto e a aerodinâmica, a DINFIA inicialmente construiu um veiculo planador não motorizado para testes, tendo voado rebocado por um Fokker F-27 da Força Aérea Argentina pela primeira vez em 26 de dezembro de 1967 sendo designado como AX-2 Delfin a aeronave não obteve o desempenho esperado. Para melhorar, o desempenho Após os testes com o Planador se iniciou a construção de um protótipo motorizado, dada à designação FMA IA 58 Delfin. A construção dos protótipos e testes em voo ficou a cargo da Fábrica Militar de Aviones (FMA) estatal Argentina responsável pela fabricação de aeronaves. O primeiro protótipo designado FMA IA 58 Delfin fez seu voo inaugural em 20 de agosto de 1969, Após testes em voo o mesmo passou por modificações sendo construído um segundo protótipo agora designado FMA IA 58 Pucará, voando em seis de setembro de 1970, seguido de um terceiro, protótipo/pré produção em 1973. As primeiras unidades foram entregues em 1975 à força aérea de Argentina sendo produzido até 1986.
Acima: Os primeiros Pucará entraram em serviço em 1975 e foi produzido por 11 anos antes do encerramento de sua linha de produção.

PROJETO
A estrutura do Pucará é quase toda em metal (principalmente alumínio) devido à necessidade de se manter um baixo peso. Sua fuselagem possui cauda em formato de “T”, os motores estão alojados nas asas e seu nariz possui um perfil inclinado.  O IA-58 possui uma cabine pressurizada fechada por uma única peça que abre para cima, possui um arranjo em tandem (um tripulante atrás do outro) com o piloto-comandante à frente e o navegador - WSO (Weapon System Operator - Operador do Sistema de Armas) à atrás a configuração da cabine permite aos pilotos um excelente campo de visão à frente e para os lados, enquanto o nariz propositadamente caído deu a tripulação uma boa linha de visão para o chão. O cockpit possui blindagem para proteger a tripulação e os sistemas eletrônicos da aeronave. Os tripulantes possuem assentos ejetáveis Martin-Baker Mk 6AP6A  do tipo zero/zero (zero altitude/zero velocidade) O púcara possui comandos duplos permitindo que o segundo tripulante (WSO) possa pilotar a aeronave em caso de uma eventual impossibilidade do piloto. Os sistemas da aeronave são analógicos, configuração típica dos anos 50/60 e a aeronave não possui HUD (Head Up Display), nem equipamentos de visão noturna e radar para operação em condições adversas. O programa do púcara previa operações em pistas curtas e irregulares para isso se escolheu uma configuração para o trem de pouso em triciclo retrátil possuindo uma roda frontal, sob a parte da frente, e rodas duplas nos traseiros, dispostos sob as asas alojados nas naceles dos motores. Os pneus são de baixa pressão para facilitar sua operação em pistas não preparadas enquanto as pernas do trem de pouso estão em uma posição mais altas em relação ao solo para dar espaço entre a fuselagem e o solo permitindo que o Pucará leve cargas externas.
Acima: O cockpit do Pucará é totalmente analógico acarretando uam elevada carga de trabalho para o piloto poder executar a missão.

PROPULSÃO
O primeiro protótipo, chamado AX-2 Delfin foi equipado com dois motores de origem americana Garret TPE-331- U-303 sua designação militar é T-76 (Esse motor foi projetado e fabricado pela Garrett AiResearch  e produzido atualmente pela Honeywell Aerospace ). Esse pequeno turboélice gera uma potencia de 900 HP. Porem esse motor não apresentou um desempenho ideal, pois a aeronave não obteve os requisitos esperados. Para melhorar, o desempenho, o segundo protótipo teve seus motores Garret substituídos pelos propulsores de origem francesa Turbomeca Astazou XVIG que gera uma potencia de cerca de 1000 HP cada. Com a adoção dos motores franceses os FMA IA-58 Pucará conseguiram um desempenho que permite o Pucará alcançar uma velocidade máxima de 500 km/h. e um alcance de 3.700 km (com tanques extras de combustível) e um alcance de 350 km com carga completa de armas.
Acima: A configuração bimotor do Pucará garante uma maior segurança, mesmo contra danos de combate, caso um motor seja atingido.

ARMAMENTO
O IA-58 Pucará tem como missão primordial o apoio a forças terrestres, combate anti-helicópteros e missões de contra-insurgência – COIN.  Seu projeto priorizou o uso de armamentos interno de tubo. Para isso o mesmo foi equipado com quatro metralhadoras FM M-2-20 em calibre. 30 (7,62 mm) com uma carga de 900 munições cada. Dois canhões Hispano-Suiza HS.404 de 20 milímetros com uma carga de 270 munições cada. Alem do armamento interno o Pucará pode transportar externamente até 1.500 kg (3.307 libras)  de armas que podem ser bombas da Família MK-81 e MK-82, lançadores de foguetes 70 mm LAU-68  e LAU- 69 lançadores de granada de 40 mm e pods equipados com canhões de 30 mm.  Vale ressaltar que a versão IA-58B foram equipadas com Dois Canhões de origem francesa DEFA 553 30 mm, em vez de 20 milímetros HS-804. Com isso a fuselagem inferior apresentou um inchaço para abrigar a câmara do canhão. É interessante que durante a guerra das Malvinas a Força Aérea Argentina, em colaboração com a Marinha através do Comando de Aviación Naval Argentina, COAN, modificou um dos protótipos (AX-04) com suportes para o transporte e lançamento para torpedos Mark 13. Objetivo era transformar o Pacurá em uma plataforma de transporte de torpedos afim de melhorar as capacidades antinavio e anti-submarino das forças Argentina. Porem a guerra terminou antes que fosse avaliado a viabilidade do projeto.
Acima: Aqui podemos ver as configurações de armamento do Pucará. Observem que ele faz extenso uso de cachos múltiplos em seus cabides para aproveitar melhor o espaço para armas.

MODERNIZAÇÃO
Durante a década de 1990 a Força Aérea Argentina analisou diversas possibilidades de modernização dos Pucará  que se encontravam em serviço. Os estudos para a modernização englobava a troca dos motores franceses Turbomeca Astazou XVIG por outros mais modernos e econômicos, além da inclusão de contramedidas e equipamentos eletrônicos. Entretanto não foi tomada nenhuma decisão nesse sentido sendo posteriormente abandonada por falta de fundo. Em 2009 a Força Aérea Argentina iniciou os planos para a modernização do seu inventario de Pucará e o projeto definido  abrange a atualização dos aviônicos como sistema de comunicações, HUD, comandos HOTAS, INS/GPS, Chaff. Flares, RWR, ECM. Instalação de novos armamentos como o canhão, DEFA 554, Revisão geral da estrutura do avião, substituição do antigo motor Turbomeca Astazou pelo mais moderno PT6A-62. Com essa modernização a Força Aérea pretende manter o Pucará no serviço ativo até 2045. Porem questões burocráticas e econômicas está atrasando a conversão de toda a frota. Nesse sentido a Força Aérea do Uruguai também demonstrou interesse no, programa de manutenção reparo e revisão (MRO) e instalação de novos motores oferecidos pela FAdeA. Falando no Uruguai o mesmo modernizou seus aviões no qual receberam novos sistemas de navegação e GPS alem de modificações estruturais visando o transporte de bombas MK-82 Snakeye e um novo tanque de combustível externo com capacidade de 1000 litros. Porem com a crise econômica que assola a Argentina e suas Forças Armadas fizeram que o projeto de modernização ficasse em estagio vegetativo
Acima: O Pucará desta interessante foto foi capturado pelas forças armadas britânicas durante a guerra das Malvinas e levado para testes.

VERSÕES
AX-2 Delfin – protótipo de testes;
AX-4 - protótipo de aeronave anti-submarino carregada com um torpedo Mark 45;
IA-58A - Primeira versão operacional, produzida em serie;
IA-58B - A aeronave era dotada de Dois Canhões DEFA 553 30 mm, em vez de 20 milímetros HS-804. Com isso a fuselagem inferior apresentou um inchaço para abrigar a câmara do canhão.
IA-58C - Muito melhorada a versão eliminava o cockpit dianteiro. Possuía um incremento na blindagem do piloto e nos tanques de combustível. No nariz havia a previsão para a instalação de um único canhão DEFA de 30 milímetros. Também seria equipado com um HUD mais moderno, capacidade de transportar mísseis Matra Magic ou sidewinder, além de mísseis ar terra Martin Pescador.
IA-58D - Modernização da versão A, Atualmente sendo implantada pela Força Aérea Argentina.
IA-66 - Modernização do IA-58A, com novos motores Garrett TPE331, voou em 1980.

CONCLUSÃO 
Por Carlos E.S.Junior
O Pucará foi uma interessante iniciativa da força aérea argentina e de sua industria para se conseguir uma solução de apoio aéreo aproximado nos anos 70 e 80 do século passado. Com sua simplicidade, o modelo poderia ser usado, naquela época sem grande resistência de um inimigo mal equipado. Porém, nos dias atuais, o emprego de mísseis MAMPADs altamente disseminado obriga a força aérea argentina a modernizar seu Pucará para que consiga ter alguma chance de sobreviver em um teatro de operações (TO) muito agressivo para aeronaves de baixa velocidade e altitude, justamente o perfil de emprego do Pucará.




ABAIXO UM VÍDEO DO PUCARÁ FAZENDO UM RASANTE.

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sexta-feira, 6 de março de 2015

CLASSE FREEDOM. O problemático navio de combate litorâneo dos Estados Unidos.

FICHA TÉCNICA
Tipo: Navio de combate litorâneo/ Corveta.
Tripulação: 50 tripulantes, porém há acomodação para 75 tripulantes..
Data do comissionamento: Novembro de 2008
Deslocamento: 3200 toneladas (totalmente carregado).
Comprimento: 118,6 m.
Boca: 17,5 m.
Propulsão: CODAG com 2 turbinas a gás Rolls Royce MT-30, 2 motores a diesel Colt-Pielstick que movem 4 propulsores jatos de água Rolls Royce que produzem, juntos 113600 hp de potência.
Velocidade máxima: 47 nós (87 km/h).
Alcance: 7408 Km em velocidade econômica
Sensores: 1 radar tridimensional de busca aérea e de superfície EADS TRS-3D com 180 km de alcance máximo, Sonar rebocado Lockheed Martin  AN/SQR-20.
Armamento: Um canhão BAE Systems MK-110 de  57 mm MK3, um lançador MK-49  para 21 mísseis antiaéreos RIM-116 RAM, Lançador de mísseis BGM-176 Griffin Block II B, dois canhões automáticos Bushmaster MK-44 em calibre 30 mm, 4 metralhadoras pesadas M-2HB calibre 12,7 mm.
Aeronaves: dois helicópteros MH-60R Seahawk ou uma composição de um MH-60R Seahawk e três UAVs MQ-8 Fire Scout.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S Junior
A Marinha dos Estados Unidos (US Navy), no início do seculo XXI solicitou uma nova classe de navio, com o porte de uma corveta, que serviria a missão de combate litorâneo com vistas ao aumento da guerra assimétrica para os conflitos que estava sendo delineados no horizonte previsível. Assim, um programa chamado LCS (Littoral Combat Ship) ou navio de combate litorâneo foi iniciado e dois concorrentes, a Lockheed Martin e a General Dynamics, ficaram responsabilizados para apresentar suas propostas e um protótipo  para avaliação onde, inicialmente, apenas uma delas seria escolhida e encomendada, nos mesmos moldes que vemos na força aérea dos Estados Unidos, onde esse tipo de concorrência é corriqueira. Porém, diferentemente do que vemos nessas concorrências da força aérea, a marinha dos Estados Unidos decidiu dar o contrato de produção aos dois concorrentes. O modelo do LCS que vou apresentar nesse artigo é o da classe  Freedom, modelo da Lockheed Martin.
Acima: O desenho do Freedom tem forte influencia da tecnologia stealth, com estruturas em ângulos para evitar o retorno do eco radar. 
Com o tamanho que se aproxima de uma fragata, mas com capacidade limitada a de um navio menor, no caso, uma corveta, o navio classe Freedom apresenta um diferencial em relação a outras embarcações de seu porte: Sua elevada velocidade. O navio consegue atingir 47 nós, ou cerca de 87 km/h, o que representa cerca de 36% mais velocidade do que outros navios de guerra da esquadra norte americana. Nada mau para um navio cujo deslocamento atinge, quando carregada, 3200 toneladas. Esse desempenho é conseguido com o uso de uma propulsão do tipo CODAG (combinação de motores a diesel com turbinas a gás) composta por duas turbinas Rolls Royce MT-30 com dois motores a diesel Colt-Pielstick que movem 4 sistemas de jatos de água fornecidos pela Rolls Royce. A autonomia do Freedom, em velocidade de cruzeiro econômico chega a 7408 km, dando assim, capacidade de operação oceânica.
Acima: O Freedom está entre as mais rápidas embarcações de seu porte em todo o mundo. Essa velocidade lhe dá uma vantagem tática importante.
O Freedom, assim como o Independence, o outro navio do projeto LCS que trataremos em uma outra ocasião, são navios projetados para operarem em apoio de outras unidades da esquadra, sendo que, devido a isso, tem seus sistemas eletrônicos e sensores, relativamente mais limitados do que encontramos em navios maiores da marinha norte americana. O Freedom está equipado com um sistema de apoio eletrônico Argon ST WBR-2000 que permite interceptar sinais de radares hostis, identificando estes sinais e fornecendo relatórios para aumentar o nível de consciência situacional da tripulação d navio. O Freedom está equipado, também, com um sistema de iscas para despistar mísseis guiados a radar e torpedos SKWS. O radar usado no Freedom é o modelo europeu TRS-3D fabricado pela EADS. Trata-se de um radar tridimensional de busca aérea e de superfície com alcance máximo de 200 km contra alvos de maiores dimensões voando alto (um avião patrulha, por exemplo). Por se tratar de um radar de alta precisão e que fornece dados do alvo instantaneamente, ele é usado para controle de fogo para os armamentos defensivos do navio, descartando a necessidade de um radar de controle de fogo dedicado.
A suíte de sensores conta, ainda, com um sistema de sonar rebocado AN/SQR-20 que faz busca passiva e ativa de submarinos inimigos.

Acima: O passadiço da Freedom é bastante moderno, embora o navio seja relativamente limitado em recursos de sistemas.
Uma das maiores diferenças entre os navios do programa LCS, do qual a classe Freedom faz parte, e os outros navios de guerra do mundo, é que o armamento do navio é modular. Você pode estar se perguntando o que significa isso, não é mesmo? Bom, vamos dizer que o navio pode ser configurado para 3 perfis de missão trocando seu módulo de missão. Cada módulo tem uma composição de armamentos. Esses módulos são o SUW, o ASW e o MCM e podem ser substituídos em apenas 24 horas. O módulo SUW (anti surface Warfare) ou guerra anti superfície, por exemplo, é composta por um lançador de mísseis MK-60 para mísseis BGM-176 Griffin Block II B guiados por laser, GPS ou INS, e com alcance de 6 km. Esta arma é usada contra pequenas e rápidas embarcações como as usadas por piratas. Nesse modulo também está incluso dois canhões automáticos MK-44 em calibre 30 mm que disparam a uma cadência de 200 tiros por minuto com alcance de 5000 metros. Os helicópteros MH-60R apoia a missão anti superfície fazendo buscas e podendo ser empregado em combate com até 8 mísseis AGM-114 Hellfire, contra pequenas embarcações, além de também estar armado com metralhadoras pesadas M-3 em calibre .50 (12,7 mm) ou metralhadoras de uso geral M-240 em calibre 7,62X51 mm.
Acima: Parte da capacidade ofensiva do Freedom é fornecida pelos seus dois helicópteros MH-60R Seahawk que podem ser armados com mísseis AGM-114 Hellfire, como o que está sendo lançado nesta foto.
Já o módulo ASW (Anti-Submarine Warfare) ou guerra anti submarino, tem uma configuração composta por sistemas eletrônicos dedicados a esse perfil de missão, sendo o sistema Lockheed Martin MFTA composto pelo sonar de operação ativa e passiva, rebocado AN/ SQR-20, seus sistemas de controle e diversos subsistemas. O sistema MFTA tem incorporado um subsistema de contramedidas torpédicas LWT (Light Weight Tow) para interceptar torpedos lançados contra o navio que recebe dados do subsistema de interceptação acústica ACI, também parte do sistema MFTA. O braço armado para ataque contra submarinos, nessa configuração é fornecido pelo uso do helicóptero MH-60R Seahawk que são armados, nesse caso, com o torpede leve MK-54 MAKO cujo alcance chega a 11 km e é guiado por sonar ativo ou passivo. É interessante observar que o helicóptero MH-60R, tem seus próprios sistemas de detecção de submarinos, podendo operar sem apoio do navio, se isso for necessário. E o terceiro módulo de missão é o MCM (Mine Countermeasures Mission) ou missão de contra minagem onde o objetivo é limpar a área de minas navais para que o grupo de batalha possa opera em segurança. Nesse módulo, a Freedon é configurada com o sonar caça minas AN/AQS-20A. São usados veículos multimissão remotamente controlados RMMVs e veículos de contramedidas anti minas SMCM UUV. O helicóptero MH-60R Seahawk, opera com um avançado sensor laser detector de minas ALMDS e um sistema de neutralização de minas AMNS.

Acima: O Freedom foi projetado para ser configurado em módulos de missão, que permitem uma especialização em três tipos de missão: Anti superfície, Anti submarino e anti minas.
Embora o navio tenha seus módulos de operação que acabam personalizando cada configuração de armamento, ainda sim, algumas das armas e sistemas são comuns a qualquer uma dessas configurações. Assim, o Freedom está armado com um canhão de fogo rápido BAE MK-110 em calibre 57 mm. Este canhão é capaz de disparar 220 tiros por minuto contra alvos distantes até 14 km. Outro armamento onipresente em todas as configurações do Freedom é o lançador de mísseis antiaéreos MK-49 com seus 21 mísseis RIM-116 RAM, que são usados contra ameaças de curto alcance, principalmente mísseis antinavio de cruzeiro que ataquem o navio. O míssil RIM-116 pode ser guiado por infravermelho de modo duplo, ou ainda uma combinação de infravermelho e comando por radio. O alcance é de 9 km. Além do helicópteros MH-60R, presente em qualquer uma das configurações de missão como apresentado anteriormente, o Freedom pode operar veículos aéreos não tripulados MQ-8B Fire Scout que podem ser usados para reconhecimento ou combate, armado com foguetes ou mísseis AGM-114 Hellfire.

Acima: O canhão MK-110 em calibre 57 mm é um dos armamentos que estão presente em qualquer uma das configurações de missão do Freedom.
Os dois navios do programa LCS apresentaram graves problemas relacionados a qualidade dos materiais usados em sua construção, assim como de projetos. No caso do Freedom, houve problemas relacionados a rachaduras em seu casco e também uma elevação nos custos de operação, algo que está pesando bastante para o orçamento de defesa dos Estados Unidos que hoje passa por profunda reformulação devido as condições financeiras desfavoráveis da economia norte americana. Ainda sim, eu considero que o armamento instalado no Freedom (e em seu irmão Independence) são fracos considerando as dimensões do navio que poderia receber mais armamentos ofensivos. Embora o objetivo dos navios do programa LCS esteja restrito a operações litorâneas e preveja que as embarcações sempre operem com apoio de um navio maior, ainda sim considero interessante que houvesse uma capacidade antinavio mais robusta, com pelo menos, 4 mísseis do porte do AGM-84 Harpoon, o que daria uma melhor capacidade de defesa contra navios de superfície. O departamento de defesa dos Estados Unidos, no entanto, solicitou uma revisão das capacidades do programa LCS tendo em vista a encomenda de navios mais capazes que os já entregues. A Lockheed martin, fabricante da Freedom, tem um projeto baseado no próprio Freedom, que hoje responde pela sigla SSC que possui capacidades similares a de uma moderna fragata e que, poderia ser operada dentro desse novo contexto.
Acima: O SSC é um projeto de maior porte e mais capaz que o Freedom que poderá ser usado pela marinha na revisão do programa LCS.
Acima: O Freedom tem um hangar capaz de operar dois helicópteros de médio porte MH-60R Seahawk ou uma combinação de um Helicóptero MH-60R mais três veículos aéreos remotamente pilotados MQ-8B Fire Scout.

ABAIXO UM VÍDEO PROMOCIONAL COM O USS FREEDOM. 

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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

CAC/ PAC JF-17 Thunder. Um moderno caça para orçamentos apertados.

FICHA TÉCNICA DE DESEMPENHO
Velocidade máxima: Mach 1.6
Velocidade de cruzeiro: Mach 0.90.
Razão de subida: 14000m/min.
Potência: 0,95.
Carga de asa: 74,71 lb/ft².
Fator de carga: +8,5 e -3,5.
Taxa de giro instantânea: 19º/s (instantânea).
Razão de rolamento: 240º/s.
Teto de serviço: 16920 m.
Raio de ação: 1352 km/ 3480 km.
Alcance do radar: NRIET KLJ-7 com 75 km de alcance.

Empuxo: 1 motor RD-93 com 8450kgf de empuxo com pos combustor.
DIMENSÕES
Comprimento: 14,97 m.
Envergadura: 9,46m.
Altura: 4,77m.
Peso: 6586 kg.
Combustível Interno: 5130 lb.
ARMAMENTO
Carga externa: 3629 kg
Ar Ar : Míssil de curto alcance AIM-9L/M Sidewinder, PL-5, PL-7, PL-8, MAA-1 Piranha e  PL-9. Míssil de médio alcance PL-12.
Ar Terra: Míssil AGM-65 Maverick, Míssil anti radar MAR-1, Durandal, Bombas guiadas a laser GBU-10 e GBU-12, LT-2, Bombas  MK-82/83/84, míssil anti navio C-802A, bombas guiadas por GPS LS-6 e bombas eletro-óptica H-2 e H-4.
Interno: 1 canhão GSH 23 de cano duplo e 23 mm.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S.Junior
No início de 2015, algumas notícias veiculadas na imprensa especializada em defesa, davam conta sobre a possibilidade da Argentina adquirir novas aeronaves de combate de fabricação chinesa. As notícias, sem confirmação na época de sua publicação falava na aquisição de caças J-10B ou de modelos mais simples, o JF-17, cuja produção é compartilhada entre China e Paquistão. A notícia em si causou um certo "alvoroço" pois como sabemos a força aérea argentina se encontra sucateada e ainda tem o agravante de que o país reivindica sua soberania sobre as Ilhas Falklands (Malvinas, do ponto de vista argentino)  sob a bandeira Inglesa que manteve sua soberania sobre as ilhas depois de uma breve, mas violenta guerra com os argentinos em 1982.
Voltando ao foco deste artigo, vamos tratar sobre um dos modelos que apareceram nessas notícias, o caça JF-17 (FC-1 na nomenclatura chinesa).
Acima: O J-7F é a aeronave do qual o JF-17 deriva. Assim, de certa forma, o JF-17 é o ultimo membro da extensa família do MIG-21 soviético.
A história sobre o JF-17 começa em um empreendimento da empresa chinesa Chengdu que estava desenvolvendo, em 1986, um caça derivado de seu J-7 (versão local do MIG-21) sob o nome Super 7. Este desenvolvimento tinha apoio da empresa norte americana Grumman (fabricante do super caça F-14 Tomcat) e seria um produto conjunto. A Grumman, porém, se retirou desse projeto devido aos acontecimentos na praça da paz celestial causando um massacre de civis chineses e que tinha colocado a China sob embargo internacional. A Chengdu manteve o programa independentemente nos anos seguintes, quando o Paquistão identificou que esse projeto poderia servir a suas necessidades de uma aeronave de combate cuja produção seria compartilhada com sua industria e que se tornaria isenta de embargos de fornecedores norte americanos que haviam causado problemas sérios aos paquistaneses com embargos  por motivos políticos.
Assim, em 1995, China e Paquistão assinaram uma carta de intenção para o desenvolvimento conjunto do novo caça que passou a ser chamado JF-17 no Paquistão e FC-1 na China. O contrato definitivo para produção do JF-17 se deu em 1999 em que ficou definido que 50% do caça seria desenvolvido por cada um das nações envolvidas.  Mais tarde, em agosto de 2003, o primeiro protótipo fez seu primeiro voo. Durante a fase de testes, algumas modificações aerodinâmicas foram incorporadas ao projeto do JF-17 e o avião se tornou operacional na força aérea paquistanesa em março de 2007. A China optou por não adquirir o modelo, o qual foi considerado abaixo do desempenho que os chineses queriam para caças do mesmo tipo em sua força aérea.
Acima: Com um desenho convencional, aerodinamicamente. o JF-17 é um caça de baixo custo que traz um desempenho superior a de modelos desenvolvidos na década de 50 e 60 do século passado e que ainda estão em serviço em nações com orçamentos militares limitados.
O JF-17 é considerado uma aeronave de 3º geração (sim, você não leu errado. Ele não é de 4º e nem de 5º geração, como os últimos caças ocidentais), dado a sua maior simplicidade. O objetivo do projeto foi fornecer um caça supersônico capaz de executar missões ar ar e ar solo, sem as complexidades dos caças de 4º geração e com isto, conseguir um custo muito mais baixo (cerca da metade de um caça de 4º geração). Assim sendo, o JF-17 tem uma configuração aerodinâmica bem convencional com asas a frente, e tailerons, e uma deriva. A estabilidade, porém, é artificial, proporcionada por um sistema Fly By Wire, o que garante um desempenho de manobra bastante superior ao de uma aeronave naturalmente estável. O resultado dessas características somadas a uma relativamente baixa carga de asa de 106,61 lb/ft² levam a capacidade de curva instantânea de 19º/ seg. Esse valor reflete um desempenho de curva levemente inferior a da primeira versão do Falcon, o F-16A (e bem melhor do que consegue um caça F-5EM Tiger II usado pela força aérea brasileira (FAB) que atinge 14º/seg a baixa altitude. A fuselagem do JF-17 é capaz de suportar cargas de 8,5 Gs positivos ou até 3,5 Gs negativos em manobras, o que o coloca bem próximo da maioria dos caças de 4º geração também.
O motor instalado no JF-17 é de origem russa, o Klimov RD-93 que é uma versão de exportação do motor RD-33 usado no MIG-29, mas com algumas melhorias, como o aumento da potencia, por exemplo. O motor RD-93 atinge 8450 Kg de empuxo máximo com pós-combustão. O JF-17 é um caça com uma relação empuxo-peso de 1,05 quando estiver apenas com o combustível interno. Na pratica, quando se instalar misseis nele, esse valor cairá um pouco para algo em torno de 0,95, o que ainda é muito bom, e proporciona uma boa capacidade de aceleração. As entradas de ar do motor apresentam uma solução moderna, a diverterless Inlets, usada em caças de 5º geração para controlar o fluxo de ar turbulento em seus motores para melhorar o funcionamento do motor, principalmente em velocidades supersônicas O sistema pode ser usado para substituir os métodos convencionais de controle da camada limite de fluxo de ar durante o voo supersônico a velocidades de até Mach 2 e ainda, de quebra, fornece uma diminuição da seção reta de radar o que dificulta sua detecção a maiores distancias pelos radares inimigos. Nesse ponto, vale observar que o RCS do JF-17 é de 3m2, pouco abaixo da média para aeronaves de combate de sua geração. 
Em demonstrações acrobáticas que foram feitas em feiras aéreas internacionais, o JF-17 causou uma boa impressão geral, devido a sua agilidade, tipica de aeronaves de combate leves.
Acima: O JF-17 apresenta estabilidade relaxada, e o uso de um sistema FBW para garantir sua estabilidade. Assim, ele tem um desempenho acrobático particularmente surpreendente para um modelo tão simples.
O JF-17 está equipado com um radar NRIET KLJ-7, com alcance de 105 km contra um alvo do tamanho de um caça convencional (5m2 de RCS) voando alto e 85 km contra o mesmo alvo voando baixo. Este radar pode atacar 2 alvos simultaneamente além de rastrear 10 alvos ao mesmo tempo. A suíte de guerra eletrônica é particularmente completa e conta com um sistema de alerta de iluminação de radar RWR, um sistema de detecção de aproximação de mísseis MAWS que dá cobertura de 360º informando o piloto quando um míssil foi lançado contra a aeronave, a direção de onde vem e o tempo previsto de impacto, dando melhores condições para o piloto tomar medidas evasivas. A aeronave possui um sistema de lançadores de iscas chaffs e flares para desorientar os mísseis guiados a radar e a infravermelho. O avião tem a disposição um HUD (display na altura da cabeça) como quase todos os caças, porém existe a previsão de instalação de um sistema HMS (mira montada no capacete) está sendo instalado para permitir que o piloto engaje alvos fora da linha de visada com mísseis de 4º geração, e ainda mantenha a atenção nos dados de navegação, mesmo quando tiver que movimentar a cabeça. O cockpit é composto por 3 telas multifuncionais, típico de uma aeronave de 4º geração, não sendo, a ultima palavra em painéis de controle, mas ainda sim, muito mais fáceis de operar que os painéis analógicos típicos dos caças de 3º geração. Foi instalado um sistema de barramento de dados MIL-STD-1553B que facilita a integração de armamentos e sistemas ocidentais na aeronave. E por ultimo, o JF-17 pode receber um casulo WMD-7  de designação eletro/ óptico com apontador laser para guiagem de armamentos guiados a laser como bombas planadoras e mísseis.
Acima: O painel de controle do JF-17 segue a configuração de caças de 4º geração e promove uma boa diminuição de carga de trabalho para o piloto, para que ele possa focar nos elementos da missão.
O JF-17 pode transportar até 3629 kg de armas divididos em 7 pontos fixos entre asa e fuselagem. Há um canhão instalado de cano duplo GSH 23-2 de 23 mm que dispara 3600 tiros por minuto e é efetivo contra alvos a 1500 metros. Informações do fabricante dão conta de que este canhão poderia, caso o cliente assim quiser, ser substituído por um canhão GSH-30-2 de 30 mm.
O JF-17, é usado exclusivamente pelo Paquistão, atualmente, e mesmo tendo uma interface de dados para armamentos padrão MIL- STD 1760, que permite a integração de armas ocidentais com facilidade, por enquanto a maioria do armamento já integrado ao caça sino paquistanês é de origem chinesa e paquistanesa mesmo. Assim, para missões ar ar, o JF-17 pode ser armado com mísseis de curto alcance guiados a infravermelho PL-5 (versão chinesa do AA-2 Atoll) cuja eficácia é bastante questionável, tendo efetividade maior apenas nas ultimas versões o qual se aproxima do desempenho do míssil AIM-9L norte americano, também considerado uma arma ultrapassada; Os mísseis PL-7 e PL-8, ambos de curto alcance e derivados de de modelos como o R-550 francês e o Python III israelense, também podem ser usados no JF-17.Míssil de curto alcance PL-9, este mais sofisticado e com capacidade de engajamento off boresight (fora da linha de visada) de cerca de 60º. Para tanto, este míssil precisa ser operado em conjunto a um sistema HMS (mira montada no capacete). O PL-9 tem alcance de 18 km contra alvos se aproximando pelo setor frontal. O Brasil forneceu ao Paquistão o míssil de curto alcance MAA-1 Piranha, com capacidade de atacar uma aeronave inimiga a 10 km de distancia. O modelo, porém tem limitada capacidade de engajamento, sendo capaz de atacar o alvo apenas pelo quadrante traseiro. Para engajamento fora do alcance visual (BVR) o único armamento integrado é o míssil chinês PL-12, com desempenho similar a do norte americano AIM-120 Amraam, sendo guiado por radar ativo e com alcance de 70 km.
Acima: O JF-17 é capaz de transportar uma carga externa de 3629 kg entre armas, casulo de sensores ou tanques de combustível externos.
para missões ar superfície, pode ser usado o míssil anti radar MAR-1, fabricado no Brasil. O míssil segue o sinal do radar inimigo (guiagem passiva por radar) ou pode ser guiado pela fonte de interferência, caso algum sistema tente sabotar a guiagem do míssil (Home on jam). O alcance do MAR-1 é confidencial, porém, estima-se que o modelo de exportação, usado pelos paquistaneses, tenha um alcance de 60 km, entregando uma ogiva de 90 kg de alto explosivo. Embora não seja confirmado que o míssil AGM-65 Maverick esteja integrado ao JF-17, é bem provável que ele ainda venha a ser, pois o Paquistão usa este míssil em seus F-16. O míssil Maverick tem alcance de 27 km e sua guiagem varia de acordo com a versão podendo ser feita por TV , infravermelho e laser.. é uma arma muito usada para destruir alvos blindados como um carro de combate e bunkers reforçados. Para atacar navios, o míssil chinês C-802A está integrado ao JF-17 e permitirá ele afundar navios do porte de destróieres a distancias de 180 km. O míssil é guiado por radar ativo e transporta uma carga explosiva de 165 kg. 
Com relação a bombas, a variedade é ampla e o JF-17 é capaz de operar desde bombas burras da familia MK (todas), bombas guiadas a laser GBU-10 e GBU-12 e LT-2 (chinesa) de 570 kg, bombas guiadas por GPS LS-6 (chinesa) e bombas guiadas por sensor eletro óptico H-2 e H-4.

Acima: O JF-17 desta foto está armado com o míssil PL-12 de médio alcance. Observem como se assemelha ao modelo AIM-120 Amraam norte americano.
O caça JF-17 é uma aeronave de combate leve que tem um desempenho que excede com boa margem o encontrado em caças antigos como o F-5E Tiger II, MIG-21 Fishbed e o Mirage III. Se pensarmos em um custo unitário que pode variar de U$ 25 milhões a U$35 milhões de dólares (fonte: Deagel), temos um caça zero quilometro que custa metade dos caças de 4º geração e que representa uma solução interessante a nações com orçamentos muito reduzidos para sua defesa, mas que não abrem mão de ter uma capacidade de combate atualizada. Hoje só o Paquistão opera a aeronave com 49 unidades entregues e com um total de 110 exemplares encomendados. Para os argentinos, nação que foi protagonistas dos diversos boatos de compra de caças chineses que hora davam conta de ser o modelo JF-17, hora mencionavam o mais capaz J-10B, o modelo deste artigo seria uma solução legitima, pois a força aérea da Argentina está sucateada e necessita, urgentemente, de um caça mais atual para poder executar a defesa de seu espaço aéreo. Porém, duas ultimas observações devem ser feitas: Premeiro é que o JF-17 é incapaz de proporcionar capacidade crível para a Argentina tentar alguma aventura militar nas ilhas Falklands uma vez que a defesa aérea desta ilha está nas mãos de um dos melhores caças do mundo, o Typhoon II, muito superior em absolutamente todos os aspectos ao JF-17. E segundo lugar, a própria China optou por não usar o modelo, investindo seu orçamento em caças J-10, mais capazes e um  verdadeiro caça de 4º geração.
Acima: O JF-17 fornece uma solução cuja relação custo benefício é particularmente favorável, principalmente para países onde o orçamento de defesa for muito limitado.
Acima: Um JF-17 decola com potencia máxima. Seu motor RD-93 é uma versão do motor RD-33 usado no caça MIG-29 de fabricação russa.


ABAIXO PODEMOS VER UM VÍDEO COM A APRESENTAÇÃO DO JF-17.

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