FICHA TÉCNICA DE DESEMPENHO
Velocidade de cruzeiro: 430 km/h
Velocidade máxima: 500 km/h
Razão de subida: 5,5 m/min
Fator de carga: +6, -3 Gs
Raio de ação/ alcance: 350 km (Hi Lo Hi)/ 3710 km (travessia com maximo combustível)
Propulsão: 2 motores Turbomeca Astazou com 978cv cada
DIMENSÕES
Comprimento: 14,25m
Envergadura: 14,50 m
Altura: 5,36 m
Peso: 4020 kg (vazio)
ARMAMENTO
O Pucará pode transportar externamente até 1.500 kg (3.307 libras) de armas que podem ser bombas da Família MK-81 e MK-82, lançadores de foguetes 70 mm LAU-68 e LAU- 69 lançadores de granada de 40 mm e pods equipados com canhões de 30 mm.
Interno: quatro metralhadoras FM M2-20 em calibre. 30 (7,62 mm) com uma carga de 900 munições cada. Dois canhões Hispano-Suiza HS.404 de 20 milímetros com uma carga de 270 munições cada.
HISTÓRICO DE DESENVOLVIMENTO
Por Anderson Barros
A experiencia de combate na guerra do Vietnam deixou bem claro que aviões de combate a reação não eram efetivas contra tropas em terra levando as empresas aeronáuticas a pesquisarem e desenvolver aeronaves que tivessem um perfil mais adequado a esse emprego. Dois exemplos de modelos que resultaram desse trabalho foram os modelos norte americanos OV-1 Mohawk, fabricado pela Grumman e o mais famoso OV-10 Bronco, da Rockwell. Em 1966, a Força Aérea Argentina através da DINFIA - Dirección Nacional de Fabricación e Investigación Aeronáutica estabeleceu parâmetros para o desenvolvimento de uma aeronave de ataque leve e de baixo custo que poderiam ser empregadas em missões de, apoio a infantaria, Apoio Aéreo Aproximado (CAS), contra-insurgência (COIN), e funções de reconhecimento, sendo capaz de operar a partir de aeroportos não convencionais ou pistas de pouso irregulares (pistas não pavimentadas) e levar uma carga bélica pesada de munições ar-terra. O projeto do novo avião ficou a cargo da Fábrica Militar de Aviones (FMA) e foi liderado diretamente pelo vice-diretor da estatal argentina o engenheiro Aeronáutico Hector Eduardo Ruiz.
Nota do editor: Nesse período a DINFIA já acumulava uma grande experiência na criação de aeronaves de combate. Em 1947 foi construído o primeiro avião de caça a jato na América Latina o I.Ae. 27 Pulqui I, concebidos pelo famoso designer francês Émile Dewoitine, e em 1950, o designer alemão Kurt Tank (- ex-diretor técnico da empresa alemã "Focke-Wulf") juntamente com o Engenheiro argentino Norberto Morcchio - construíram I.Ae. 33 Pulqui II – no qual era muito avançado para o seu tempo, o avião e desenvolveu nos testes a velocidade máxima de 1045 km.
Acima: O Pucará foi uma solução argentina para uma necessidade de um avião de apoio aéreo aproximado.
GESTAÇÃO
A pedido da Força Aérea Argentina a DINFIA acelerou o desenvolvimento da aeronave utilizando como base o projeto do FMA IA 50 Guaraní II (Um pequeno bimotor para transporte projetado pela DINFIA). Como o modelo seria baseado em um projeto de um avião civil a DINFIA decidiu em um design simples de tamanho intermediário, para ser alimentado por dois motores turboélice, com um cockpit para duas pessoas e Canopy em vidro. O programa começou em 1966. A fim de testar o layout proposto e a aerodinâmica, a DINFIA inicialmente construiu um veiculo planador não motorizado para testes, tendo voado rebocado por um Fokker F-27 da Força Aérea Argentina pela primeira vez em 26 de dezembro de 1967 sendo designado como AX-2 Delfin a aeronave não obteve o desempenho esperado. Para melhorar, o desempenho Após os testes com o Planador se iniciou a construção de um protótipo motorizado, dada à designação FMA IA 58 Delfin. A construção dos protótipos e testes em voo ficou a cargo da Fábrica Militar de Aviones (FMA) estatal Argentina responsável pela fabricação de aeronaves. O primeiro protótipo designado FMA IA 58 Delfin fez seu voo inaugural em 20 de agosto de 1969, Após testes em voo o mesmo passou por modificações sendo construído um segundo protótipo agora designado FMA IA 58 Pucará, voando em seis de setembro de 1970, seguido de um terceiro, protótipo/pré produção em 1973. As primeiras unidades foram entregues em 1975 à força aérea de Argentina sendo produzido até 1986.
Acima: Os primeiros Pucará entraram em serviço em 1975 e foi produzido por 11 anos antes do encerramento de sua linha de produção.
PROJETO
A estrutura do Pucará é quase toda em metal (principalmente alumínio) devido à necessidade de se manter um baixo peso. Sua fuselagem possui cauda em formato de “T”, os motores estão alojados nas asas e seu nariz possui um perfil inclinado. O IA-58 possui uma cabine pressurizada fechada por uma única peça que abre para cima, possui um arranjo em tandem (um tripulante atrás do outro) com o piloto-comandante à frente e o navegador - WSO (Weapon System Operator - Operador do Sistema de Armas) à atrás a configuração da cabine permite aos pilotos um excelente campo de visão à frente e para os lados, enquanto o nariz propositadamente caído deu a tripulação uma boa linha de visão para o chão. O cockpit possui blindagem para proteger a tripulação e os sistemas eletrônicos da aeronave. Os tripulantes possuem assentos ejetáveis Martin-Baker Mk 6AP6A do tipo zero/zero (zero altitude/zero velocidade) O púcara possui comandos duplos permitindo que o segundo tripulante (WSO) possa pilotar a aeronave em caso de uma eventual impossibilidade do piloto. Os sistemas da aeronave são analógicos, configuração típica dos anos 50/60 e a aeronave não possui HUD (Head Up Display), nem equipamentos de visão noturna e radar para operação em condições adversas. O programa do púcara previa operações em pistas curtas e irregulares para isso se escolheu uma configuração para o trem de pouso em triciclo retrátil possuindo uma roda frontal, sob a parte da frente, e rodas duplas nos traseiros, dispostos sob as asas alojados nas naceles dos motores. Os pneus são de baixa pressão para facilitar sua operação em pistas não preparadas enquanto as pernas do trem de pouso estão em uma posição mais altas em relação ao solo para dar espaço entre a fuselagem e o solo permitindo que o Pucará leve cargas externas.
Acima: O cockpit do Pucará é totalmente analógico acarretando uam elevada carga de trabalho para o piloto poder executar a missão.
PROPULSÃO
O primeiro protótipo, chamado AX-2 Delfin foi equipado com dois motores de origem americana Garret TPE-331- U-303 sua designação militar é T-76 (Esse motor foi projetado e fabricado pela Garrett AiResearch e produzido atualmente pela Honeywell Aerospace ). Esse pequeno turboélice gera uma potencia de 900 HP. Porem esse motor não apresentou um desempenho ideal, pois a aeronave não obteve os requisitos esperados. Para melhorar, o desempenho, o segundo protótipo teve seus motores Garret substituídos pelos propulsores de origem francesa Turbomeca Astazou XVIG que gera uma potencia de cerca de 1000 HP cada. Com a adoção dos motores franceses os FMA IA-58 Pucará conseguiram um desempenho que permite o Pucará alcançar uma velocidade máxima de 500 km/h. e um alcance de 3.700 km (com tanques extras de combustível) e um alcance de 350 km com carga completa de armas.
Acima: A configuração bimotor do Pucará garante uma maior segurança, mesmo contra danos de combate, caso um motor seja atingido.
ARMAMENTO
O IA-58 Pucará tem como missão primordial o apoio a forças terrestres, combate anti-helicópteros e missões de contra-insurgência – COIN. Seu projeto priorizou o uso de armamentos interno de tubo. Para isso o mesmo foi equipado com quatro metralhadoras FM M-2-20 em calibre. 30 (7,62 mm) com uma carga de 900 munições cada. Dois canhões Hispano-Suiza HS.404 de 20 milímetros com uma carga de 270 munições cada. Alem do armamento interno o Pucará pode transportar externamente até 1.500 kg (3.307 libras) de armas que podem ser bombas da Família MK-81 e MK-82, lançadores de foguetes 70 mm LAU-68 e LAU- 69 lançadores de granada de 40 mm e pods equipados com canhões de 30 mm. Vale ressaltar que a versão IA-58B foram equipadas com Dois Canhões de origem francesa DEFA 553 30 mm, em vez de 20 milímetros HS-804. Com isso a fuselagem inferior apresentou um inchaço para abrigar a câmara do canhão. É interessante que durante a guerra das Malvinas a Força Aérea Argentina, em colaboração com a Marinha através do Comando de Aviación Naval Argentina, COAN, modificou um dos protótipos (AX-04) com suportes para o transporte e lançamento para torpedos Mark 13. Objetivo era transformar o Pacurá em uma plataforma de transporte de torpedos afim de melhorar as capacidades antinavio e anti-submarino das forças Argentina. Porem a guerra terminou antes que fosse avaliado a viabilidade do projeto.
Acima: Aqui podemos ver as configurações de armamento do Pucará. Observem que ele faz extenso uso de cachos múltiplos em seus cabides para aproveitar melhor o espaço para armas.
MODERNIZAÇÃO
Durante a década de 1990 a Força Aérea Argentina analisou diversas possibilidades de modernização dos Pucará que se encontravam em serviço. Os estudos para a modernização englobava a troca dos motores franceses Turbomeca Astazou XVIG por outros mais modernos e econômicos, além da inclusão de contramedidas e equipamentos eletrônicos. Entretanto não foi tomada nenhuma decisão nesse sentido sendo posteriormente abandonada por falta de fundo. Em 2009 a Força Aérea Argentina iniciou os planos para a modernização do seu inventario de Pucará e o projeto definido abrange a atualização dos aviônicos como sistema de comunicações, HUD, comandos HOTAS, INS/GPS, Chaff. Flares, RWR, ECM. Instalação de novos armamentos como o canhão, DEFA 554, Revisão geral da estrutura do avião, substituição do antigo motor Turbomeca Astazou pelo mais moderno PT6A-62. Com essa modernização a Força Aérea pretende manter o Pucará no serviço ativo até 2045. Porem questões burocráticas e econômicas está atrasando a conversão de toda a frota. Nesse sentido a Força Aérea do Uruguai também demonstrou interesse no, programa de manutenção reparo e revisão (MRO) e instalação de novos motores oferecidos pela FAdeA. Falando no Uruguai o mesmo modernizou seus aviões no qual receberam novos sistemas de navegação e GPS alem de modificações estruturais visando o transporte de bombas MK-82 Snakeye e um novo tanque de combustível externo com capacidade de 1000 litros. Porem com a crise econômica que assola a Argentina e suas Forças Armadas fizeram que o projeto de modernização ficasse em estagio vegetativo
Acima: O Pucará desta interessante foto foi capturado pelas forças armadas britânicas durante a guerra das Malvinas e levado para testes.
VERSÕES
AX-2 Delfin – protótipo de testes;
AX-4 - protótipo de aeronave anti-submarino carregada com um torpedo Mark 45;
IA-58A - Primeira versão operacional, produzida em serie;
IA-58B - A aeronave era dotada de Dois Canhões DEFA 553 30 mm, em vez de 20 milímetros HS-804. Com isso a fuselagem inferior apresentou um inchaço para abrigar a câmara do canhão.
IA-58C - Muito melhorada a versão eliminava o cockpit dianteiro. Possuía um incremento na blindagem do piloto e nos tanques de combustível. No nariz havia a previsão para a instalação de um único canhão DEFA de 30 milímetros. Também seria equipado com um HUD mais moderno, capacidade de transportar mísseis Matra Magic ou sidewinder, além de mísseis ar terra Martin Pescador.
IA-58D - Modernização da versão A, Atualmente sendo implantada pela Força Aérea Argentina.
IA-66 - Modernização do IA-58A, com novos motores Garrett TPE331, voou em 1980.
CONCLUSÃO
Por Carlos E.S.Junior
O Pucará foi uma interessante iniciativa da força aérea argentina e de sua industria para se conseguir uma solução de apoio aéreo aproximado nos anos 70 e 80 do século passado. Com sua simplicidade, o modelo poderia ser usado, naquela época sem grande resistência de um inimigo mal equipado. Porém, nos dias atuais, o emprego de mísseis MAMPADs altamente disseminado obriga a força aérea argentina a modernizar seu Pucará para que consiga ter alguma chance de sobreviver em um teatro de operações (TO) muito agressivo para aeronaves de baixa velocidade e altitude, justamente o perfil de emprego do Pucará.
ABAIXO UM VÍDEO DO PUCARÁ FAZENDO UM RASANTE.
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Carlos, seria viável o EXERCITO BRASILEIRO( visto que o EXB está analisando HELIS de Ataque) adquirir aeronaves Super Tucano para apoiarem as tropas em campo ou essa seria mas indicado para o CFN?
ResponderExcluirComo vimos na sua analise essa tipo de aeronaves e também helicópteros estão vulneráveis a ataque de mísseis MAMPADS, o que há de especial em uma tecnologia mas atual em aeronaves do tipo ST-29, HELIS de ataque puro sangue que aumenta a sua sobrevivência contra ataque com MAMPADS? (pois na Síria os Rebeldes tem conseguido abater helicópteros de transportes mas o mesmo não aconteci no Iraque pois o ISIS estão levando um pau do MI-28 do Iraque e esses não cai)
São muitas perguntas mas também muitas duvidas, aprecio muito suas postagem parabéns.
Olá Rafael.
ExcluirObrigado por prestigiar esse trabalho. O Super Tucano é bem mais ágil que o Pucará e tem dispositivos de despistamento de mísseis instalados, além do que, ele é capaz de empregar armamento inteligente com capacidade de ser lançado de distancias maiores o que por si só já lhe dá uma maior margem de segurança no campo de batalha, como as bombas GBU-12 guiadas a laser. Eu acho que o exercito e CFN, sim, poderiam e deveriam ter Super Tucanos para apoiarem suas tropas em terra. Não seria uma alternativa aos helicópteros de ataque, mas um complemento.
Abraços
Carlos,
ResponderExcluirMatéria interessante e peço uma opinião sua comparando-o com AT-29.
Quais destas anv possui os melhores requisitos para uma FA no campo da contra insurgência?
Olá Skill. sem, sombra de duvidas, o AT-29 Super Tucano é superior ao Pucará por ser mais flexível com relação a armamento, sistemas de defesa, e agilidade do avião.
ResponderExcluirAbraços