sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Castello Branco: o homem, o chefe militar, o estadista


​Pelo Gen Bda Luiz Eduardo Rocha Paiva

Em 2005, a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) completou um século de existência. Na época, eu a comandava e propus, ao Comandante do Exército, que ela recebesse a denominação histórica de "Escola Marechal Castello Branco". Para respaldar a proposta, elaborou-se um documento, no qual foram ressaltadas as qualidades morais, éticas e profissionais do cidadão, chefe militar e estadista, bem como sua forte relação com a Escola. O texto, a seguir, tem o citado documento institucional como fonte, não havendo, portanto, autor específico.

Castello Branco – O homem

Nasceu em Messejana (CE), em 20 de setembro de 1900, filho do Capitão Cândido Borges Castello Branco (mais tarde, General de Brigada) e de Antonieta Alencar, descendente do escritor José de Alencar. Foi educado segundo sólidos princípios e valores morais e éticos, que forjaram caráter íntegro e firme. Esse atributo, a invulgar inteligência, o raciocínio ágil e lúcido e a diferenciada visão estratégica alicerçaram o respeito e a admiração dos que com ele conviveram ou daqueles que estiveram sob sua liderança, no meio civil e na carreira das armas.

Em 1922, casou-se com Argentina Viana, de tradicional família mineira, com quem teve dois filhos - Antonieta e Paulo. Um ano antes de assumir a Presidência da República, quando comandava o IV Exército em Recife (PE), sua esposa faleceu.

Castello Branco – O chefe militar
Foi declarado oficial de Infantaria em 1921 e, desde cedo, segundo o General Octávio Costa, "firmou-se frente aos subordinados pelos valores morais, capacidade intelectual, tenacidade, dedicação integral à missão e competência profissional". Teve longa passagem na Escola Militar do Realengo, formando os cadetes. A primeira vez, na função de instrutor; na segunda, comandando o Curso de Infantaria.

A participação de Castello Branco na Força Expedicionária Brasileira (FEB), desempenhando a função de E3 da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, consolidou sua ascendente trajetória profissional. Na Itália, sob pressão extrema, manteve estabilidade emocional e planejou, com habilidade, as grandes vitórias da FEB nos Montes Apeninos e no Vale do Rio Pó. Assim, consolidou seu já elevado conceito entre subordinados, companheiros e chefes militares, brasileiros e estrangeiros.

Foi instrutor, diretor de ensino e comandante da ECEME, conduzindo a elaboração do Manual de Estado-Maior e Ordens e do Regulamento de Operações; e a atualização do Método de Trabalho de Comando. Orientou a evolução da doutrina de concepção francesa, da 1ª Grande Guerra para a norte-americana, emergida nos anos 1940. Teve o mérito de adaptar essa última às características e aos desafios futuros do Exército Brasileiro.

Cultuava a tradição, mas suas palavras mostram que sabia distingui-la de rotina: "A rotina é a tradição corrompida, deturpada e morta, ao passo que a tradição é a conservação do passado vivo. É a luta contra a morte do passado. É a entrega, a uma geração, dos frutos da geração passada. Separar o que merece durar. Deixar sair o que merece perecer".

Castello Branco – O estadista

No cenário conturbado que levou ao vitorioso Movimento Civil-Militar de 31 de Março de 1964, foi o líder naturalmente escolhido pelos pares e acolhido, no nível político, para conduzir os destinos do País, ao ser eleito presidente pelo Congresso Nacional, mantido aberto pelo Comando Revolucionário. Sua atuação na Presidência da República estabeleceu as bases para o extraordinário desenvolvimento que elevou o Brasil, nos anos seguintes, da 48ª para a 8ª economia mundial. Por outro lado, foi exemplo do que deve ser o caráter de todos os que ascendem à liderança em qualquer instituição ou nação.

Seu discurso de despedida da Presidência da República revela um verdadeiro estadista:
"Não quis nem usei o poder como instrumento de prepotência. Não quis nem usei o poder para a glória pessoal ou a vaidade dos fáceis aplausos. Dele nunca me servi. Usei-o, sim, para salvar as instituições, defender o princípio da autoridade, extinguir privilégios, corrigir as vacilações do passado e plantar com paciência as sementes que farão a grandeza do futuro [...]. E se não me foi penoso fazê-lo, pois jamais é penoso cumprirmos o nosso dever, a verdade é que nunca faltaram os que insistem em preferir sacrificar a segurança do futuro em troca de efêmeras vantagens do presente, bem como os que põem as ambições pessoais acima dos interesses da Pátria. De uns e outros desejo esquecer-me, pois a única lembrança que conservarei para sempre é a do extraordinário povo, que na sua generosidade e no seu patriotismo, compreensivo face aos sacrifícios e forte nos sofrimentos, ajudou-me a trabalhar com lealdade e com honra para que o Brasil não demore a ser a grande nação almejada por todos nós."

Este é um pequeno resumo do que foi Castello Branco - o homem, o chefe militar e o estadista.
Que falta faz um cidadão desse naipe na liderança política, nesse cenário conturbado e ameaçador como o vivido no Brasil de hoje!

5 comentários:

  1. Elogiar Castelo Branco é elogiar ao mesmo tempo os Governos Militares da época chamada de "ditadura".
    Dizem que gaúcho são "caras machos tchê", mas não vejo nenhum desses machos hoje, apesar de termos dois representantes gaúchos nas nossas Forças Armadas, um do Exército e outro da Aeronáutica, mas que estão absortos em relação ao que acontece no País e tudo por causa de um único artigo da Constituição, só que se esquecem que existe outro artigo que fala justamente ao contrário da posição deles em relação ao sistema que se apresenta no País. A segurança, a soberania nacional e o estado de direito são esquecidos. Cometem-se crimes de lesa pátria a todo instante e não estão nem ai para o que acontece.
    Não são, para mim, legítimos representantes do Brasil, mesmo tendo suas carreiras sido as mais brilhantes possíveis com condecorações dos mais altos níveis, mas em relação ao cenário nacional estão deixando a desejar.
    Não podemos hoje fazer comparações com os Generais de antigamente, porque estão praticamente obsoletos em relação até mesmo pelos antigos que já se foram.
    Que acordem para seus nomes ficarem no rol dos Oficiais Generais mais importantes do País.

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  2. O primeiro de um longa linhagem de ditadores militares. Isso aqui é um blog de ativismo politico pró-ditadura militar, de extrema-direita, camuflado como blog de defesa. Nojento entrar aqui procurando informações técnicas e dar de cara com isso. Entrei e saí pra nunca mais voltar.

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    1. Então...
      " Goodbye goodbye goodbye !! Bye bye bye

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    2. Deixo uma frase boa para você: " Se não tens o que fazer, não venhas fazê-lo aqui !"
      Entendeu ?

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  3. Exército Brasileiro na história do Brasil não passou de açougueiro, assassinando, sequestrando, estuprando presas políticas, espancando os opositores, genocida como na Guerra do Paraguai, Canudos, um amontoado de milicos cheios de medalhas inúteis que sempre fizeram o serviço sujo para burguesia nacional, os capachos da burguesia.

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