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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

MCDONNELL DOUGLAS F-15C EAGLE. A destemida aguia da América


FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: 1000 km/h.
Velocidade máxima: 2650 km/h.
Razão de subida: 15240 m/min.
Potência: 1,15.
Carga de asa: 73,1 lb/ft².
Fator de carga: 9 Gs
Taxa de giro instantâneo: 21º/s 
Razão de rolamento: 240º/s
Teto de Serviço: 20000 m
Raio de ação/alcance: 1967 km/ 5550 km (com tanques conformais e 3 tanques externos)
Alcance do radar: AN/ APG-63(V)3: 230 Km contra alvos aéreos de 5m2 de RCS
Empuxo: 2 X Pratt and Whitney F-100-220 com 10810 kgf de empuxo com pós combustor.
DIMENSÕES
Comprimento: 19,43 m
Envergadura: 13.05 m
Altura: 5,63 m
Peso vazio: 12700 kg (vazio)
Combustível Interno: 13448,2 lb
ARMAMENTO
Ar Ar: Míssil AIM-120C Amraam, AIM-9M/ X Sidewinder.
Ar terra: Bombas JDAM (todas), Bombas paveway (todas).
Interno: 1 canhão General Electric M61A1 de 6 canos de 20X102 mm.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S.Junior
O caça F-15 Eagle representa um marco na história da aviação de combate e se tornou uma lenda viva. Sua história começa nos anos 60 do século passado quando surgiram as primeiras informações de um "novo" caça soviético que foi chamado de MIG-25 Foxbat. As informações que se tinham eram escassas mas davam conta que era uma aeronave extremamente rápida (mach 3) e seu desenho sugeria (equivocadamente) que poderia se tratar de um caça com boa capacidade de manobra. Essa descrição vinda de fontes de inteligencia causou pavor no departamento de defesa dos Estados Unidos que já estavam tendo graves problemas com seus complexos caças F-4 Phanton na guerra do Vietnã, onde o modelo estava sofrendo com a manobrabilidade maior de caças simples e bem mais leves fornecidos pelos soviéticos ao Vietnã do Norte, como os MIG-17 e MIG-21. A Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) solicitou que as industrias aeronáuticas norte americanas apresentassem  propostas de um novo caça que preenchesse os seguintes requisitos em relação a seu antecessor F-4 Phanton
  • Tivesse velocidade maior;
  • Que fosse bem mais ágil e manobrável;
  • Tivesse maior alcance sem necessidade de ser reabastecido; 
  • Tivesse razão de subida muito maior;
  • Aceleração mais rápida.
Como se pode ver pelos requisitos, o comando da USAF queria um super caça, algo que pudesse superar com folga qualquer caça soviético e mesmo de outros países por muitos anos. O nome desse programa de desenvolvimento foi FX e foram selecionados para esta concorrência a McDonnel Douglas, a Fairchild Republic e a North American Rockwell, sendo que o vencedor acabou sendo a poderosa McDonnell Douglas com seu caça F-15 Eagle. Logicamente o resultado de uma aeronave com tantas qualidades não saiu barato e o F-15 se tornou uma aeronave muito cara o que levou a USAF a buscar uma aeronave mais leve e simples que acabou se tornando o F-16 já descrito neste site.
Acima: Um dos primeiros protótipos do F-15A Eagle. Nessa época o Eagle já representava um salto qualitativo importantíssimo na letalidade da aviação de combate norte americana.
A versão do Eagle que tratarei nessa matéria é o F-15C, versão destinada a superioridade aérea e com diversas modernizações que tem permitido ao Eagle ser uma plataforma de armas válida mesmo nessa segunda década do século XXI. 
O F-15C Eagle representa um dos mais importantes meios de superioridade aérea da USAF com 159 unidades operacionais. O modelo está equipado com dois motores Pratt & Whitney F-100-PW-220 que fornecem uma potência de 10810 kgf com pós combustor e 6655 kgf com empuxo seco. Esse motor é uma versão do modelo original F-100-PW-100, que tem como melhoria a operação de um controle eletrônico digital do motor DEEC que aumenta a confiabilidade e eficiência. Com essa propulsão, e um peso de 18800 kg apenas com o combustível interno, a relação empuxo peso supera a unidade chegando a 1,15, o que permite uma aceleração bastante rápida, assim como acelerações mesmo em subida vertical. Em termos de manobrabilidade, o F-15C foi na epoca de sua entrada em serviço começo dos anos 80, uma das mais manobráveis aeronaves do mundo, porém, hoje, seu desempenho é inferior a os caças delta canards europeus (JAS-39C Gripen, Dassault Rafale e Eurofighter Typhoon), aos caças russos MIG-29 Fulcrum e  poderoso Sukhoi Su-27/ 30 e 35S Flanker. Assim, sendo, sua taxa de giro instantânea é de 22º/seg a velocidade de mach 0,7 (850 km/h) e puxando uma curva de 9 Gs (seu limite estrutural). Por outro lado, a razão de subida do F-15C que atinge 15240 m/min é, ainda, um parâmetro de comparação para novos caças.
O F-15C Eagle foi o primeiro dentre todas as versões desta família de caças a poder receber os tanques de combustível conformais (CFT) com capacidade para 3215 litros, mais bem conhecidos na versão mais recente chamada F-15E Strike Eagle dedicado a missões de bombardeiro, além de ter a capacidade de transporte de combustível interna ampliada em relação ao modelo F-15A em bem vindos 825 litros de querosene JP8. Isso permitiu um alcance de translado de cerca de 5550 km quando com mais 3 tanques externos com 2271 litros de combustível cada.
Acima: Os dois motores P&W F-100-PW-220 fornecem juntos 21620 kgf de força ao F-15 que com peso menor de 20000 kg consegue uma relação peso potência que excede a unidade. Por isso o F-15 decola rápido e com pouca pista (275 metros).
O F-15C está equipado com um sistema de intercambio de dados (Data Link) MIDS-FDL (Multifunctional Information Distribution System: Fighter Data Link ), fornecido pela BAE Systems, que permite ao Eagle interoperabilidade total com o sistema Link 16, padrão da OTAN. Dessa forma, o piloto pode receber e enviar dados do alvo, posição dos aviões aliados e dos inimigos aumentando a sua consciência situacional sobre o campo de batalha. O F-15C teve, inicialmente, um radar AN/APG-63 PSP (programmable signal processor) e logo na sequência começaram a receber uma versão melhorada deste radar chamado de APG-63(V)1 que permitiu maior facilidade de modernizações, maior confiabilidade e maior capacidade de lidar com alvos múltiplos. Posteriormente, 18 F-15C receberam uma versão deste radar com antena de escaneamento eletrônico ativo (AESA) conhecido como AN/APG-63(V)2 que elevou ainda mais a capacidade de combate além do alcance visual do F-15C. Porém, a ultima versão deste radar a entrar em operação e que deve se manter como o radar definitivo dos F-15C que serão usados até 2035 é o AN/APG-63(V)3, que usa a mesma tecnologia de escaneamento eletrônico ativo encontrada no moderno radar do caça naval F/A-18E/F Super Hornet (bem conhecido de nós por causa do programa FX-2 da Força Aérea Brasileira). Este poderoso radar tem alcance de 230 km contra um alvo do tamanho de um caça (5m2) e pode engajar até 8 alvos simultaneamente. usando mísseis AIM-120 Amraam de gerações mais recentes dos quais falarei mais abaixo quando tratar do armamento do F-15C.
Para guerra eletrônica, o F-15C está equipado com um sistema interno de interferência ativa conhecido como AN/ALQ-135 que atua contra os sensores hostis dificultando que os radares inimigos consigam travar no F-15. Este sistema também é usado pela versão F-15E Strike Eagle. Também está instalado no F-15C um sistema de alerta de radar (RWR) AN/ALR-56 que além de informar o piloto quando seu caça estiver sendo rastreado por um radar hostil, também o classifica como amigo ou inimigo (função IFF) e tem capacidade de apontar o provável tipo de inimigo que está na espreita.
O F-15C, como a grande maioria dos caças modernos, tem um lançador de iscas flares e chaffs para despistar mísseis guiados a calor e a radar, respectivamente.. No caso do F-15C, o lançador é um AN/ALE-45.
Acima: O novo radar AN/APG-63(V)3 de escaneio eletrônico ativo (AESA) aumentou significativamente a capacidade do F-15C Eagle na arena fora do alcance visual.
Acima: O cockpit dos F-15C é o mais analógico dentre todas as versões operacionais do Eagle. Existem programas de modernizações disponíveis para substituir todos esses instrumentos por uma tela única touchscreen mas por enquanto a USAF não adotou essa configuração.
O F-15C é usado para missões ar ar como interceptação e escolta. Para isso, seu armamento é específico para esse tipo de situação e você não vai ver um modelo "C" armado com armamento ar superfície como bombas, foguetes ou mísseis de ataque terrestre. Para isso há a versão de bombardeiro F-15E Strike Eagle. Sendo assim, o arsenal disponível para o F-15C começa com seu canhão com 6 canos rotativos General Electric M-61A1 Vulcan em calibre 20 X 102 mm, capaz de "descarregar" 6000 (seis mil) tiros por minuto sobre o alvo. Esse armamento é empregado a distancia de menos de 1000 metros o que em combate aéreo pode ser considerado a "queima roupa". Para engajar alvos não tão próximos, mas ainda dentro do alcance visual, são empregados o famosíssimo míssil AIM-9X Sidewinder que é guiado pelo calor do alvo. A versão AIM-9X é a ultima deste bem testado armamento ar ar e possui um alcance máximo (cinético) de 26 km, porém é mais comum ser empregado entre 2000 a 15000 metros de distancia do alvo. O sensor de calor é capaz de buscar alvos a 90º de abertura para cada lado, o que lhe dá uma das melhores capacidade off boresight dentre todos os mísseis com essa capacidade. O sensor do míssil opera integrado ao visor montado no capacete do piloto (HMD) de modelo JHMCS, que pode selecionar o alvo apenas com o movimento da cabeça, sem necessidade de manobrar a aeronave para alinhar contra a aeronave alvo. Para combates de médio alcance, ou além do alcance visual (BVR) como é chamado esse tipo de engajamento, o F-15C está armado com o míssil AIM-120C AMRAAM (todas as variantes deste modelo) e a mais moderna e capaz versão, chamada de AIM-120D. A família AMRAAM é guiada por radar ativo, ou seja, ele pode ser lançado contra um alvo com dados pré-gravados em seu sistema inercial antes do lançamento e quando está a uma determinada distancia do alvo, o  míssil liga seu próprio radar e vai de encontro ao alvo permitindo com que a aeronave lançadora possa se evadir assim que faz o lançamento. Isso é o que se chama de "dispare e esqueça". O alcance do AMRAAM varia de acordo com sua versão. A versão AIM-120C, por exemplo, tem alcance de 105 km, enquanto que a ultima versão, a AIM-120D tem alcance aumentado para 180 km.
O uso de mísseis mais antigos como o velho e ineficiente AIM-7M Sparrow, de guiagem semi- ativa (exige que o radar do F-15 ilumine o alvo até seu impacto) podem ocorrer, porém, isso está se tornando a cada dia mais improvável.
Acima: Embora o antigo míssil AIM-7M Sparrow  lançado de um F-15C Eagle tenha sido substituído pelo mais moderno AIM-120 AMRAAM, ainda é possível ver alguns F-15 operando com essas armas.
A caça F-15C é um projeto que já passa dos 40 anos de idade e teve muitas melhorias significativas para se manter combativo frente a impressionante evolução da aviação de combate tradicionalmente adversária dos Estados Unidos (Russia e China). Porém é claro que a garantia de se atingir superioridade aérea que os Estados Unidos sempre almejaram com seus caças e aeronaves de apoio e inteligencia como seus E-3C Sentry (AWACS) ficou seriamente comprometida com os avanços conseguidos pela engenharia russa e chinesa nos últimos 15 anos. O encerramento prematuro da linha de montagem do poderoso caça F-22 Raptor, que deveria ser o substituto do F-15 foi um erro crasso para a manutenção da capacidade de superioridade aérea norte americana em teatros de operação de alta complexidade que seria a hipótese de conflito contra chineses e russos. 
O comando da USAF, todavia, tem o entendimento que com o uso do F-15C e do F-22 juntos, de forma integrada em uma estratégia de engajamento contra caças de alta performance como os aviões da família Flanker e os novos caças de 5º geração que devem entrar em serviço na Rússia e China nos próximos anos como o Sukhoi T-50 Pak Fa e o J-20, ambos com claras soluções para furtividade (em especial o modelo russo) possa ser a resposta a esse tremendo avanço de seus adversários.
O modelo F-15C ultima versão especializada desse extremamente bem sucedido projeto continuará em serviço na USAF junto com o F-22 Raptor, pelo menos até 2035, quando deverá entrar em serviço um novo caça de 6º geração resultado do programa FX que substituirá tanto o F-15C quanto o F-22.

Acima: Em primeiro plano temos um F-15C junto com o F-22 Raptor, caça que deveria ter substituído o F-15. A dupla F-15/ F-22 vão operar por mais 20 anos antes de começarem a ser substituídos.

Acima: O capacete JHMCS elevou a consciência situacional do piloto a níveis inéditos na história da aviação de combate.

Acima: Uma dupla de F-15C escolta um avião de patrulha marítima Tupolev Tu-142 Bear. Esse tipo de encontro sempre foram muito comuns no histórico operacional do Eagle. 
Acima: A capacidade de manobra do F-15 pode ser considerada "comportada" para os padrões atuais. Mas modernizado e com armamentos de nova geração, é bom não subestimar a velha águia da USAF.

Acima: Uma rara foto com dois F-15C voando em formação com dois caças Su-30 Flanker indianos.

ABAIXO TEMOS UM VÍDEO COM O F-15 EAGLE.

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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

SAAB JAS -39 GRIPEN E. O guerreiro viking para a Força Aérea Brasileira

FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: Mach 2.
Velocidade de cruzeiro: Mach 1,2.
Razão de subida: *15240 m/min
Potência: 0,84.
Carga de asa: 71 lb/ft²
Fator de carga: 9 Gs
Taxa de giro instantânea: 30º/s
Razão de rolamento: 220º/s
Teto de serviço: 15240 m
Raio de ação/ alcance: 1300 km/ 4070km
Alcance do radar: Leonardo ES-05 Raven: 120 Km
Empuxo: Um motor General Eléctric F-414G com 9800 kgf de empuxo máximo.
DIMENSÕES
Comprimento: 15,2 m
Envergadura: 8,6 m
Altura: 4,5 m
Peso: 8000 kg (vazio).
Combustível Interno: 7495 lb
ARMAMENTO
capacidade total: 7200 kg de carga externa divididos por 10 pontos fixos entre asas e fuselagem.
Ar Ar: Míssil AIM-120 Amraam, Meteor, AIM-9 Sidewinder, Iris-T, Python 4, Python V, A-Darter, AIM-132 Asraam, Míssil Derby, MICA.
Interno: Canhão Mauser BK-27 de 27 mm com 120 munições.
Ar Terra: Míssil AGM-65 Maverick, RBS-15F antinavio, Bombas guiadas a laser da família Paveway (GBU-10, 12 e 16), Bomba dispensadora de submunições DWS-39 planadora, Bombas da família JDAM, guiadas por GPS (GBU-31, 32, 38), míssil antinavio RBS-15, míssil Taurus KEPD 350, Bomba guiada por GPS Spice, Bombas de queda livre da série MK-80.

domingo, 22 de janeiro de 2017

DASSAULT AVIATION MIRAGE 2000-5MK2. O ultimo representante da dinastia Mirage.

FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,9 (1190 km/h).
Velocidade máxima: Mach 2,2 (2350 km/h).
Razão de subida: 17100 m/min.
Potencia: 0,91 (somente com combustível interno).
Carga de asa: 69 lb/ft².
Fator de carga: 9 Gs.
Taxa de giro instantânea: 22º/s.
Razão de rolamento: 270º/s.
Teto de serviço: 17600 m.
Raio de ação/ alcance: 1530 km (com 3 tanques externos)/ 3335 km.
Alcance do Radar: Thales RDY com 111 km (alvo de 5m² de RCS como um caça MIG-29).
Empuxo: Um motor Snecma M53-P2 com 9706 kgf com pós-combustão.
DIMENSÕES
Comprimento:14,36 m.
Envergadura: 9,13 m.
Altura: 5,2 m.
Peso vazio: 7500 Kg.
Combustível interno: 6966,60 lb.
ARMAMENTO
Mísseis Ar-Ar: Médio alcance: MBDA MICA RF / IR
Ar-Superfície:  Bombas AASM Hammer 250, BGL 1000/ 400/ 250, Bomba guiada a laser GBU-12 Paveway II
Interno: 2 canhões DEFA 554 de 30 mm

DESCRIÇÃO
Por Carlos E. S. Junior
O nome "Mirage" representa uma das mais bem sucedidas dinastia de caças na história da aviação militar. Os franceses, através de sua talentosa empresa Dassault Aviation, (inicialmente Avions Marcel Dassault), desenvolveram a família Mirage desde 1953 produzindo modelos, como o Mirage III e o Mirage 5, que obtiveram tanto sucesso comercial quanto em batalhas. O ultimo e mais moderno membro da família foi o Mirage 2000, uma aeronave desenvolvida com estabilidade relaxada, que dependia de um sistema de controle FBW (Fly By Wire) para voar, o que lhe garantia alta agilidade e a solução de todos os inconvenientes que a configuração de asa em delta apresentava em modelos anteriores, e que entrou em serviço na Força Aérea Francesa em 1984 com a versão inicial "Mirage 2000C" que era uma aeronave bastante especializada, limitada a operações de interceptação e combate aéreo. A partir dai, versões de ataque e treinamento foram sendo desenvolvidas aumentando o leque de opções dentro deste projeto. Em 1991 a Dassault apresentava a versão Mirage 2000-5, que trouxe melhoramentos importantes em seus sistemas permitindo ao caça de 3º geração operar como uma aeronave multimissão, atacando alvos no ar e na superfície. Esta versão foi adquirida pela Força Aérea Francesa que modificou quase 40 aeronaves do modelo C de seu acervo para o novo padrão "-5" e vendeu outros exemplares para mais 4 países.
O modelo que será foco deste artigo, a partir de agora, é o Mirage 2000-5MK2, que representa a ultima e mais moderna aeronave da dinastia Mirage.
Acima: O Mirage 2000C é um modelo especializado em missões ar ar, e foi necessário desenvolver novas capacidades para o modelo para torna lo mais flexível em combate, e tornar ele mais atrativo para o mercado internacional.
O Mirage 2000-5MK2 tem em seus sensores e armamentos, suas atualizações chave que trouxeram um aumento significativo de sua capacidade de combate quando comparado com as versões anteriores do Mirage 2000. Com relação a estes sensores, o mais importante foi a substituição do radar RDM, um sensor especializado para missões ar ar, pelo muito mais capaz e flexível RDY-2. Além do aumento do alcance de 85 km do RDM, para 111 km no RDY -2, o novo sensor permitiu o rastreio de 24 alvos simultâneos com engajamento de 4 deles simultaneamente. O RDY, trouxe também, uma capacidade inexistente anteriormente na versão C, que é a capacidade de rastrear e engajar alvos de superfície, tornado o Mirage 2000-5MK2 em uma aeronave de combate multi-missão. O avião recebeu a integração de um casulo (ou pod, como alguns preferem), para designação de alvos Damocles, fabricado pela Thales, que é composto por um designador a laser, um FLIR e um sistema de imagem de alta resolução que permite identificar um carro de combate inimigo no solo  a 27 km. O Mirage 2000-5 MK2 está equipado com um HUD (Head Up Display) Thales VEH 3020 de grande angulo, que permite uma melhor visualização do cenário de batalha aérea. Porém, a mira montada no capacete, a chamada "HMD (Helmet Monted Displau), não foi integrado ao Mirage. Esse recurso ficou para o seu sucessor natural, o poderoso e moderno Rafale, já descrito nesse site.
Acima: O radar RDY-2 é um dos pilares das capacidades do Mirage 2000-5MK2. Seu alcance é de cerca de 111 km contra um avo do tamanho de um caça e 4 alvos podem ser engajados simultaneamente.
O cockpit do Mirage 2000-5MK2 possui um painel com 3 telas multifunção coloridas que permitem um gerenciamento da navegação e missão mais fácil para o piloto. O layout dos controles no cockpit é do tipo HOTAS (Hands On Throttle-And-Stick) uma característica presente em todos os caças que foram projetados no fim da década de 70 para cá, e que também permite ao piloto um maior controle das ferramentas e recursos da aeronave sem ter que tirar as mãos do manche e do manete. O cockpit é, também, compatível com o uso de óculos de visão noturna.
No campo da defesa eletrônica, o Mirage 2000-5 está equipado com uma suíte de guerra eletrônica integrada Thales ICMS MK-2 que opera junto com um sistema de alerta de míssil Damir DDM que informa o piloto quando um míssil inimigo é lançado contra o seu caça.
Acima: O painel de controle do Mirage 2000-5MK2 tem o lay out típico dos caças de 4º geração, mesmo sendo uma aeronave de 3º geração. 
O Mirage 2000-5MK-2 é equipado com um motor turbofan Snecma M53-P2 que fornece a potência máxima com pós combustor de 9706 kfg de empuxo, dando uma relação empuxo/ peso, considerando o caça armado com 6 mísseis ar ar MICA e um tanque externo de combustível montado no cabide central da fuselagem, de 1300 litros, de 0,77. Não é um desempenho formidável, porém, a baixa resistência aerodinâmica permite ao Mirage 2000 um desempenho de aceleração consistente. A uma altitude de 10973 m, voando a velocidade de mach 0,9 (1190 km/h), acelera até mach 1,85 (2000 km/h) em apenas 120 segundos. A sua razão de subida é espetacular, chegando a 17100 m/min, o que corresponde a um desempenho melhor que o do F-15 e F-16 norte americano, e comparável ao do Su-27 e MIG-29 russos. Já no campo de manobrabilidade, a estabilidade relaxada, onde o centro de gravidade da aeronave é deslocado de sua posição natural,  e controlada pelos controles FBW (Fly By Wire), permite ao Mirage 2000, uma desempenho de curva muito bom, sem a característica perda de energia de aeronaves com configuração em delta possuem nessas curvas mais fechadas. A taxa de giro instantânea, a velocidade de mach 0,7 é de 22º/seg, o que pode ser considerado bom quando comparado com aeronaves de sua época.  para os padrões atuais, no entanto, esse desempenho não representa um valor tão bom. O moderno caça Rafale, já descrito no WARFARE, seu sucessor na força aérea francesa, atinge 31º/ seg em velocidade igual.
Acima: O Mirage 2000-5MK2 tem um bom desempenho de manobra. Se o compararmos com aeronaves de sua geração, ele se destaca positivamente nesse quesito.
O armamento do Mirage 2000-5MK2 é composto pelos mísseis ar ar de médio alcance MICA que tem alcance de 60 km e com total capacidade de combate de combater a curta distancia também, graças a sua vetoração de empuxo que lhe garante alta agilidade em manobras. O MICA pode ser equipado com um sistema de guiagem por radar ativo (RF) ou por um sistema de guiagem por infravermelho (IR). É interessante notar que esta ultima versão tem uma vantagem de emprego contra aeronaves stealth, que embora não reflitam bem as ondas de radar, não conseguem esconder a assinatura térmica com a mesma eficiência. Para missões contra alvos de superfície, pode-se transportar bombas guiadas AASM  Hammer 250, que podem ser lançadas a 15 km do alvo, sendo guiadas por um sistema de GPS ou com um tipo de guiagem dual, onde a arma faz uso de um sistema de GPS com suporte de um sistema de infravermelho, ou a laser, o que garante uma precisão com margem de erro de apenas 1 metro . As bombas guiadas a laser de fabricação francesa BGL, que são similares a família Paveway dos Estados Unidos, também podem ser empregadas em todas as suas versões pelo Mirage 2000-5MK2. Alias, a bomba GBU-12 Paveway II pode ser usada também no Mirage 2000.
Acima: O míssil MIKA é o principal armamento ar ar do Mirage 2000-5. Ao todo podem ser transportados 6 unidades, sendo 4 deles guiados a radar ativo, e dois deles por infravermelho.
Para ataque contra navios de guerra inimigos, o Mirage 2000-5MK2 usa o míssil AM-39 Block 2 Exocet guiado por radar ativo e com alcance de 70 km. Este míssil tem uma ogiva de 165 kg de explosivos e é capaz de produzir estragos significativos a navios do tamanho de um destróier. Outro armamento integrado ao Mirage é o míssil de cruzeiro multinacional SCALP EG (Storm shadow) fabricado pela MBDA e desenvolvido anteriormente pela Inglaterra Itália e França tendo um alcance 500 km. O sistema de guiagem do SCALP EG se dá  por uma combinação de sistemas INS, GPS e TERPRON que permite ao míssil voar rente ao solo seguindo o contorno do terreno dificultando sua detecção pelos sistemas de radares inimigos. Na fase final do ataque, o SCALP usa um sistema infravermelho.  A ogiva do SCALP EG, também difere do Apache. No SCAPL EG ela é unitária de penetração com 450 kg de alto explosivo. O objetivo é a destruição de alvos reforçados como um Bunker, por exemplo.
O armamento orgânico do Mirage 2000-5MK2 continuou sendo os mesmos dois potentes canhões DEFA 554 em calibre 30 mm, com 125 munições cada um, capazes de uma cadência de 1800 ou 1200 tiros por minuto, configuráveis por um controle do piloto.
Acima: O míssil SCALP EG montado no cabide central deste Mirage 2000-5B permite uma capacidade de atacar alvos fora do alcance dos seus sistemas de defesa (capacidade stand off). 
Embora o projeto do Mirage 2000 seja antigo, datando da década de 80 do século passado e já haver um sucessor em operação (o Rafale), é inegável que a capacidade de combate do Mirage 2000-5 MK2 ainda é bastante relevante. Bem armado, com bom desempenho de voo, e com sensores eficientes, ele está no mesmo nível que um F-16C Block 50 e pode operar com uma capacidade crível por mais 15 anos, pelo menos. O mercado de caças, no entanto produz pesado lobby junto as autoridades militares e políticas para forçar a substituição dos equipamentos de combate em uso por novos produtos, mantendo a saúde da industria bélica. Para nações como Emirados Árabes Unidos, Grécia, Catar e Taiwan, a manutenção de uma frota de Mirages 2000-5, faz bastante sentido ainda e deverão manter seus caças operando até 2030.
Acima: Embora o Mirage 2000 seja um projeto antigo e com seu sucessor já operacional, suas boa capacidades permitirão a continuidade de seu uso operacional por mais 15 anos pelo menos.



VÍDEO


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terça-feira, 5 de novembro de 2019

SUKHOI SU-57 FELON. O caça russo de 5º geração.

SU-57 Falon em demonstração na feira aeroespacial russa MAKS 2019
FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: 1800 km/h (supercruzeiro)
Velocidade máxima: 2500 km/h.
Razão de subida: 21660 m/min.
Potência: 1,24.
Carga de asa: 91 lb².
Fator de carga: 9 Gs.
Taxa de giro instantâneo: 29º/s.
Razão de rolamento: 200º/s.
Teto de Serviço: 20000 m.
Raio de ação/alcance: 1500 km/ 3600 km (em velocidade subsônica)
Alcance do radar: N036 Byelka: 400 Km contra alvos aéreos de 5m2 de RCS
Empuxo: 2 motores turbofan NPO Saturn AL-41F1 (Izdeliye 117S) com 17500 kgf de empuxo com pós combustor.
DIMENSÕES
Comprimento: 22 m
Envergadura: 14.2 m
Altura: 5,3 m
Peso vazio: 18500 kg (vazio).
Combustível Interno: 22700 lb.
ARMAMENTO
Ar Ar: Míssil R-77M de longo alcance, R-74M2.
Ar terra: Bombas KAB 250 e 500, mísseis táticos Kh-38M, Kh 58UShK, míssil anti navio KH-35 e míssil anti radar KH-31 e sua versão anti navio também.
Interno: 1 canhão 9-A1-4071K de 30 mm.

terça-feira, 3 de junho de 2014

LOCKHEED MARTIN/ BOEING F-22 RAPTOR. A Receita da Supremacia Aérea dos Estados Unidos!

FICHA TECNICA
Velocidade de cruzeiro: Mach 1,5 (1852 Km/h).
Velocidade máxima: Mach 2,25 (2778 km/h).
Razão de subida: * 15240m/min.
Potência: 1.12.

Carga de asa: 73 lb/ft².
Fator de carga: 9 Gs
Taxa de giro instantânea: 30º/s
Razão de rolamento: 240º/s.

Teto de Serviço: 20000 m.
Raio de ação/alcance: 700 km/ 3300 km.
Alcance do radar: Nothrop Grumman AN/APG-77 com 270 Km de alcance.
Empuxo: Dois motores Pratt & Whitney F-119 PW-100 com 15600 kgf de potência máxima cada.
DIMENSÕES
Comprimento: 18,92 m.
Envergadura: 13,56 m.
Altura: 5 m.
Peso vazio: 13608 kg.
Combustível Interno: 18200 lb.
ARMAMENTO
Ar Ar: Míssil AIM-120C Amraam, AIM-9M/ X Sidewinder.
Ar terra: Bombas GBU-31 JDAM, Bombas GBU-39 SDB.
Interno: 1 Canhão General Electric M-61 A2 de 20 mm.

Obs: * significa que o dado é estimado

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S.Junior
A forte superioridade da qualidade dos aviões de combate norte americanos frente ao equipamento em uso pelo bloco soviético teve início após os combates da guerra do Vietnam, onde a força aérea vietnamita, armada com caças leves e simples de origem soviética deu muito trabalho aos grandes, complexos e caros caças norte americanos, notadamente o F-4 Phanton que teve 528 unidades perdidas no Vietnam, sendo a grande maioria em combate. Depois da guerra do Vietnam, em meados da década de 70, uma nova geração de caças como o F-14 Tomcat, F-15 Eagle foram desenvolvidos tendo em vista as lições aprendidas nos céus do sudeste asiático. Esses caças pesados foram seguidos por caças leves F-16 Fighting Falcon e F/A-18 Hornet, no fim da década de 70 e inicio da de 80. Essas aeronaves foram consideradas “super caças” devido a o desempenho espetacular nas guerras do oriente médio onde Israel utilizou seus F-15 e F-16 contra as forças aéreas árabes, equipadas com caças soviéticos MIG-21, MIG-23 e MIG-25, sendo que o F-15, especificamente, conseguiu um índice de 55 vitórias ar ar contra apenas uma perda, não admitida por Israel, enquanto que o F-16 conseguiu 44 vitórias sem nenhuma perda. Porém, a força aérea da antiga União Soviética não ficou parada e colocou seus engenheiros para construir dois caças, um leve e outro pesado, para fazer frente a os, então, novos caças ocidentais. O resultado dos esforços da criativa engenharia russa foram os caças Mikoyan Gurevich MIG-29 Fulcrum, um caça bimotor com dimensões de um caça F/A-18 A Hornet, e o famoso super caça russo Sukhoi Su-27 Flanker, um caça de maior porte, típico caça interceptador de longo alcance russo, caracterizado por uma capacidade de manobras impensável para os caças a qual ele teria que enfrentar como o F-14, F-15, F-16 e F/A-18. Assim, já no final da década de 80, fim da chamada guerra fria, já chegavam relatos de que esses novos caças russos seriam um páreo duro para os caças norte americanos.
Acima: O Mikoyan Gurevich MIG-29 Fulcrum, trouxe a capacidade de combate aérea da União Soviética a um novo patamar que forçou os Estados Unidos a darem uma resposta para suas necessidades de superioridade aérea.
Demonstrações do MIG-29 na Finlândia causaram uma forte impressão, devido a manobras extremamente agressivas. Depois da queda do regime soviético, a abertura da cortina de ferro para o ocidente permitiu ter a presença destas aeronaves de combate em apresentações históricas na feira aérea de Le Bourget em 1989, quando o Su-27 confirmou todos os boatos e até superou as expectativas de desempenho dos ocidentais deixando todos os expectadores de queixo caído com suas manobras como, por exemplo, a manobra conhecida como Cobra, onde o avião, sem mudar de curso, abre um ângulo de ataque elevando seu bico a um ângulo que chega a 120 º, ficando por alguns instantes voando de “ré” e depois se recuperando perfeitamente. Esses caças russos já estavam sendo desenvolvidos em meados da década de 70 e os objetivos deles eram de se opor aos caças americanos que estavam sendo desenvolvidos, porém estes modelos entraram em serviço no inicio da década de 80.
Acima: O super caça Sukhoi Su-27 Flanker, irmão maior do MIG-29 Fulcrum, é um dos responsáveis pela necessidade dos Estados Unidos investirem bilhões de dólares em desenvolvimento para se chegar a um caça tão capaz como o F-22.
Assim o cenário da balança da capacidade de combate aéreo tinha acabado de ficar equilibrada novamente, uma situação onde os Estados Unidos se sentiram desconfortáveis uma vez que teriam dificuldade em conseguir a superioridade aérea usando seus caças, contra a União Soviética em hipótese de guerra com aquele país. O departamento de defesa estadunidense decidiu iniciar em 1981 o desenvolvimento de um novo caça sob o programa que ficou conhecido como Advanced Tactical Fighter (ATF) ou simplesmente, caça tático avançado. As principais empresas de construção aeronáutica dos Estados Unidos apresentaram propostas para satisfazer os requisitos para o novo caça. Inicialmente a maior parte das propostas apresentava um desenho de caças enormes, capazes de velocidade de super cruzeiro (capacidade de manter velocidade supersônica sem pós-combustor por muito tempo). Os desenhos lembravam bem o jato supersônico de reconhecimento Lockheed SR-71 Blackbird. Algumas outras propostas apresentavam aeronaves com asas de enflechamento negativo (FSW), configuração, esta, que permitiria uma maior instabilidade aerodinâmica e consequentemente, muito maior agilidade e manobrabilidade. Porém, estudos mais profundos, mostraram que essa configuração não era ideal em condição de voo supersônico.
Acima e abaixo Podemos ver dois desenhos de propostas para um caça do programa ATF. O de cima, lembra o avião de reconhecimento Lockheed SR-71 Blackbid, enquanto que o desenho e baixo mostra uma aeronave com canards e asa em delta, uma configuração otimizando a manobrabilidade.
Em 1986 foram selecionados dois construtores, a Lockheed Martin e a Northrop Grumman, para construir e apresentar seus protótipos que seriam avaliados para que o melhor modelo fosse escolhido para ser o novo caça de superioridade aérea da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Quando esses construtores mostraram seus protótipos, veio a tona um dos requisitos que não fazia parte das configurações originais do programa: O novo caça deveria ser stealth (difícil de ser detectado por radares). O primeiro caça a ser apresentado foi o Northrop YF-23 Black Widow II. Este modelo deixava claro que o principal objetivo dos seus projetistas era de que o caça fosse muito difícil de ser detectado por radares e que tivesse uma alta velocidade de cruzeiro. Seu desenho não tinha superfícies de controle vertical, a chamada “cauda”. Essa configuração é chamada de “tailless” (sem cauda) e era muito avançado. Já a Lockheed, apresentou seu protótipo, chamado de YF-22 Lightning, alguns meses depois, mostrando um desenho bem mais conservador, sendo que o modelo parecia ser uma evolução natural dos modelos em uso, como o F-15. Isso deixou claro que a proposta da Lockheed se preocupou em manter um baixo risco de projeto. Finalmente, em 23 de abril de 1991, o departamento de defesa dos Estados Unidos e a Força Aérea Norte americana anunciaram a Lockheed com seu modelo YF-22 Lightning vencedor do programa ATF.

Acima: O caça Northrop Grumman/ Mc Donnell Douglas YF-23 Black Widow II (o avião da direita) foi o primeiro concorrente do programa ATF a ser apresentado. Suas linhas futuristas o colocam como um ícone em termos de design de aeronaves de combate até os dias atuais. O protótipo do Lockheed/ General Dynamics/ Boeing YF-22 Lightning  ( o da esquerda) foi apresentado oficialmente pouco depois do YF-23. Com um desenho mais convencional, era evidente que os projetistas se preocuparam mais com a capacidade de manobra, do que com os outros requisitos do programa.

NASCE O RAPTOR
A partir desse momento, o modelo da Lockheed passou a se chamar F-22 e o apelido Lightning foi substituído por “Raptor”, ave de rapina, como tradicionalmente são apelidados os aviões de caça da USAF. A Lockheed passou a desenvolver o modelo de produção que se mostrou, quando pronto, consideravelmente diferente dos dois protótipos YF-22. As modificações visaram corrigir deficiências observadas no período de teste e avaliação. Assim as modificações mais visíveis foram o recuo da entrada de ar dos motores para que não mais atrapalhasse a visão do piloto para baixo, já que no YF-22 essas entradas ficavam na mesma posição da cabine, a diminuição das dimensões das superfícies verticais (cauda), pois as originais causavam alguma turbulência além de não favorecer a furtividade, e por ultimo o desenho geral do avião foi modificado, incluindo os tailerons, para diminuir sua assinatura de radar que estava acima dos requisitos da USAF. Nesse ponto é interessante informar que o protótipo da empresa concorrente, a Northrop YF-23 Black Widow II, era mais furtivo que o YF-22.

Acima: As mudanças no desenho do F-22 Raptor em relação ao YF-22 trouxeram maior furtividade e capacidade de manobra ao projeto. A visibilidade do piloto a partir da cabine melhorou também.
O F-22 Raptor demonstrou uma capacidade de manobra consideravelmente superior a de seu antecessor, o F-15 Eagle (e ao F-16 também), sendo que o F-22 pode ser considerado o mais ágil caça norte americano a entrar em serviço em toda a história mesmo sendo uma aeronave de grandes dimensões (18,92 m de comprimento e 13,56 de envergadura) que normalmente não favorece a aeronave nesse aspecto. Esse excelente desempenho, que muitos tinham duvidas até o Raptor se apresentar pela primeira vez em um show aéreo, no caso em Edwards AFB em 25 de outubro de 2003 deixando todos os presentes perplexos, é resultado de um avançado sistema de controle de voo FBW quadriplex (se um falhar, sobram três funcionando e assim por diante) desenvolvido pela empresa Lear Astronics (hoje BAe Systems) que somado a uma aerodinâmica avançada e a sua elevadíssima relação empuxo peso permitiram ao F-22 atingir níveis de manobra equivalentes ao do Sukhoi Su-27 Flanker. A taxa de giro instantâneo do F-22 chega a ,30º/seg em velocidade de mach 0.7, típica velocidade observada em combates de curta distancia. Esse índice só é superado, por pequena margem, pelos caças europeus delta canards como o Rafale, Typhoon e Gripen, cuja configuração aerodinâmica foi projetada para alta capacidade de giro. Na verdade, o F-22 Raptor é um dos mais potentes caças que já entrou em serviço na USAF. Sua relação empuxo/ peso é de 1.12 (apenas com combustível interno). Traduzindo este dado, significa dizer que a propulsão do F-22 empurra pouco mais de uma vez o seu próprio peso. Esse nível de potencia permite que o F-22 decole em 470 metros de pista somente e assuma uma posição de subida vertical (90º) e acelerando (ganhando velocidade). Poucos caças conseguem esta façanha.

Acima: Um caça F-15C Eagle sai da formação com seu sucessor, o F-22 Raptor. Embora seja semelhantes, a verdade é que o F-22 supera o F-15 de forma absoluta em mais de 90% dos aspectos de desempenho.

USINA DE FORÇA DA PRATT & WHITNEY
O motor usado no F-22 e que lhe dá toda essa potencia descrita, também é resultado de uma concorrência paralela feita ao do caça tático avançado ATF. Como dito no começo deste artigo, cada um dos dois fabricantes teve que construir dois protótipos de seus aviões, sendo que cada protótipo estaria usando uma motorização diferente, onde os fabricantes de motores aeronáutico General Electric e a famosa Pratt & Whitney concorriam entre si para o fornecimento do grupo propulsor para o vencedor da concorrência do ATF. Os motores eram o YF-119 da Pratt & Whitney e o YF-120, fabricado pela General Electric. O modelo da Pratt & Whitney venceu essa parte do programa de desenvolvimento do ATF e se tornou o fornecedor do motor do caça escolhido F-22 Raptor. A partir daqui o motor passou a ser chamado de F-119 PW-100. Este motor produz 15600 kg de empuxo, que representa um desempenho 30% maior que o que o motor Pratt & Whitney F-100, usado no caça F-15, e também considerado muito potente. Um detalhe importante sobre o motor F-119 PW-100 é que ele dispõe de vetoração bidimensional de empuxo no bocal de saída dos gases. Assim, duas palhetas localizadas na boca de escape mudam o fluxo da saída dos gases para cima e para baixo em um ângulo 20º, auxiliando nas manobras em baixa velocidade. Esse recurso não é usado em velocidade subsônica alta e supersônica por ser pouco efetivo na mudança da inércia do vôo. É interessante observar, também, que o motor F-119 foi usado como base para o motor F-135 instalado no caça F-35 Lightning II que substituirá o F-16 na USAF.
Acima: O moderno confiável motor Pratt & Whitney F-119 PW-100 representa um nova fase na história dos propulsores para aeronaves de combate norte americanas. Este motor é base para o propulso F-135 que impulsiona o caça F-35 Lightining II que deverá substituir o F-16 e o F/A-18C Hornet. Notem que esta foto é sobreposta e pode-se observar dois momentos da saída do jato direcionado para cima e para baixo.
O F-22 consegue voar em regime de super cruzeiro (sem o pós queimador), a velocidade de mach 1.5 (1650 km/h). Para ter mais uma comparação, o caça F-5EM usado pela FAB voa a 1700 km/h em com toda a sua potencia (pós queimadores ligados). Se o F-22 acionar o pós queimador, a velocidade pula para mach 2.25 (2410 km/h) em altas altitudes. O pós queimador no F-22 é usado exclusivamente para conseguir acelerações extremas após manobras de combate aéreo, quando se perde muita energia, exigindo que o caça ganhe velocidade rapidamente para não ficar exposto a um contra ataque inimigo.
O F-22 tem oito tanques de combustível internos que perfazem a capacidade de 8200 kg. Com esse volume de combustível, o F-22 tem um alcance de travessia de 3219 km, ou um raio de combate de 759 km. Essa capacidade é consideravelmente maior que a do seu antecessor F-15 Eagle que precisa de tanques de combustível externos para conseguir igualar esse desempenho. O F-22 pode, ainda, ter ampliado esses números com a instalação de até quatro tanques de combustível externos nos cabides sob as asas, porém com sacrifício da sua capacidade invisível.
Acima: Um F-22 decola com potência máxima de seus dois motores P&W F-119 PW-100. Esses motores proporcionam ao Raptor uma disponibilidade de potência bastante alta, garantindo acelerações extremamente rápidas.

VISÃO ALÉM DO ALCANCE
O F-22 é uma aeronave “stealth” ou de baixa probabilidade de detecção, assim, os traços de seu desenho foram feitos para desviar as ondas de radar inimigo para longe da antena emissora, dificultando sua detecção ao máximo. Os pontos de seu desenho que não puderam ter um ângulo adequado para desviar essas ondas foram revestidos de material absorvente de radar RAM. A sessão cruzada RCS do F-22 é de cerca de 0,025 m2 (um caça normal tem cerca de 5 m2 de RCS). Traduzindo esses dados, em linguagem vulgar, seria como se o F-22 tivesse o tamanho de uma bola de baseball para os radares inimigos. É importante notar, porém, que nenhum avião é 100% invisível ao radar. Se o F-22 se aproximar demais de uma antena de radar inimiga, ele poderá ser detectado. Porém, o nível de aproximação necessária para que isso ocorra é improvável sendo que o avião inimigo teria sido destruído por mísseis de médio alcance do Raptor muito antes de ter qualquer noção sobre a presença dele.
A suíte eletrônica instalada no F-22 representava o estado da arte em sistemas e sensores na industria dos Estados Unidos na época de sua entrada em serviço. Seu radar é o Nothrop Grumman AN/ APG-77 do tipo AESA (Active Electronically Scanned Array) ou varredura eletrônica ativa. Nesse radar existem 1500 pequenos dispositivos, como células, chamados módulos de transmissão e recepção (TRM) que emitem feixes de radar em diversas direções, simultaneamente, e recebem os reflexos dessas emissões, permitindo uma varredura de 120 º isenta de intervalos como ocorre com os radares de varredura mecânica que emitem apenas um feixe de sua antena que fica se movendo para poder fazer o rastreio de toda a área frontal do caça. Assim a precisão da localização do alvo é muito maior, e ainda, de quebra, há uma maior capacidade de rastrear alvos com pequena assinatura de radar. O alcance do APG-77 é de 330 km contra alvos grandes como um bombardeiro Tu-95 voando alto e de cerca de 190 km contra um alvo do tamanho de um caça convencional (5m2) de RCS (sessão frontal cruzada). Caças de 4º geração como o Rafale, Typhoon ou Gripen tem um RCS de 1 m2 e eles podem ser detectados pelo APG-77 a 81 km de distancia.
Acima: Esta foto foi uma das primeiras do radar AN/APG-77 usado no F-22 Raptor. Esse tipo de radar é um dos ingredientes que tornam o F-22 um avião de combate perigoso. Além de buscar alvos e fornecer os parâmetros de lançamento de armas, o APG-77 é usado para interferência eletrônica.
Esse radar é classificado como LPI (Low Probability of Intercept), ou “baixa probabilidade de interceptação”, pois emite menos radiação que os radares de varredura mecãnica usados no caças de geração anterior. Assim é mais difícil de alertar os sistemas de defesa dos alvos inimigos como o RWR (Radar Warning Receiver) usado para alertar o piloto quando sua aeronave está sendo rastreada permitindo medidas eletrônicas evasivas. Outra capacidade especial do radar APG-77 é que ele pode ser usado para interferir nas emissões de radares inimigas, sendo um eficaz elemento da suíte de guerra eletrônica do F-22. Além disso, os radares AESA, como o APG-77, podem executar a varredura ar ar e ar terra simultaneamente ampliando sua flexibilidade tática.
Outro sensor avançado do F-22 é o sistema Sanders/ General Electric AN/ALR-94 RF, que permite receber as ondas de radar inimigas (detecção passiva), ou seja, em completo silencio eletrônico, classificando-as e podendo mirar armas contra o ponto emissor, sem alertar o inimigo de que ele está sendo atacado. Este sistema é composto por cerca de 30 antenas espalhadas pelo F-22 recebendo os sinais de todas as direções. O ALR-94 permite que o F-22 seja usado em missões SIGINT (inteligência eletrônica) para rastrear e classificar a capacidade de radar inimiga e assim poder preparar estratégias mais eficazes contra o inimigo. A capacidade do ALR-94 permite que detecte os sensores inimigos que estão emitindo seus sinais, a distancia que superam a do próprio radar APG-77 (450 a 500 km) e com esses dados, se pode carregar os parâmetros de lançamento para os mísseis AIM-120 Amraam sem o uso do radar APG-77, uma vez que o ALR-94 opera de forma passiva.
Foi instalado no Raptor um avançado sensor de alerta de aproximação de mísseis chamado AN/AAR 56 MLD (Missile Launch Detector), desenvolvido pela Lockheed Martin, que envia um alerta ao piloto quando um míssil tiver sido lançado contra o F-22 podendo disparar as iscas antimísseis Chaff ou Flare automaticamente para evitar o impacto.
O F-22 é uma aeronave totalmente integrada no conceito de guerra centrada em redes sendo por isso equipado com um novo tipo de sistema de intercambio de dados de banda larga conhecido como IFDL (Inter/intra Flight Data Link) que permite a troca de dados com outros caças F-22. A capacidade desse sistema é tão ampla que o F-22 pode, através desse sistema, saber dados como combustível disponível nas aeronaves da esquadrilha, armas disponíveis nos outros aviões e ainda poder designar alvos para que um míssil do outro F-22 possa encontrar e destruir seu alvo. É importante mencionar aqui que esse sistema, atualmente, só se comunica entre os caças F-22, devido a uma incompatibilidade do sistema IFDL com outros sistemas de data link, como link 16, em uso pelos caças de geração anterior como o F-15, F-16 e mesmo aeronaves de alerta antecipado E-3C AWACS. A incompatibilidade desses sistemas tem origem no requisito de maior segurança que vigorou durante o desenvolvimento do IFDL para que os dados trocados entre as aeronaves não fossem interceptados ou sofram interferência externa de guerra eletrônica que o inimigo possa vir a usar. Em 2013 começou a instalação do MADL (Multifunction advanced data Link), que melhorará a capacidade de troca de dados com os novos caças F-35 Lightning II e os bombardeiros B-2 Spirit.
O F-22 está equipado com dois sistemas de navegação LN-100F fornecido pela empresa Litton. Este sistema é composto por um giroscópio laser e uma antena receptora de GPS/ INS, fornecendo dados extremamente precisos sobre o posicionamento do F-22.
O barramento de dados usado pelo F-22 é do tipo IEEE 1394 B que permite a comunicação com computadores comuns (PCs), para facilitar a manutenção e integração de novos hardwares. Esse barramento é uma versão do usado em aeronaves comerciais, será instalado, também no novo caça F-35 Lightinig II. Todos os sistemas aviônicos do F-22 descritos aqui são gerenciados por dois processadores de integração geral CIP e que facilitam a integração de novos sistemas em futuras modernizações sem ter que substituir o hardware original.
Acima: Nesta foto tirada no primeiro deslocamento de caças F-22 para fora do território norte americano, podemos ver dois tanques de combustível em cabides externos nas asas. Uma imagem bem rara, na medida em que normalmente o F-22 não transporta cargas externas.
A Cabine do F-22 Raptor é um dos lugares mais desejados do mundo para um piloto de combate, seja ele de onde for. Lá o piloto fica sentado sobre um moderno e eficiente assento ejetavel Aces II do tipo zero zero (O piloto pode ejetar com a aeronave em altitude zero e velocidade zero) fabricado pela Mc Donnell Douglas. Este assento pode ser ejetado da cabine do F-22 a uma velocidade máxima de 1111 km/h. O painel de controle foi desenvolvido para ser de fácil operação e tendo como base quatro grandes displays LCD coloridos multifuncionais e mais 2 mostradores menores. Certamente que o painel do F-22 é moderno, porém já há painéis mais modernos que o dele, como o do F-35 Lightning II que usa o sistema touch screen, que facilita ainda mais as operações. O cockpit do F-22 usa a configuração HOTAS (hands on throttle and stick) ou “mãos no manete e no manche” já usado em caças anteriores como o F-15 e F-16, onde o piloto mantém as principais funções do caça sob controle dos interruptores incorporados ao manete e no manche do caça. Foi estudado instalar comando de vós DVI (direct voice imput) no F-22, mas como a tecnologia deste sistema era relativamente nova, o risco de ocorrer problemas foi considerado alto e por isso descartado. O F-22 foi projetado para ser fácil de voar e de se aprender a pilotar, tanto que não há uma versão de conversão para pilotos novatos. Os futuros pilotos do F-22 saem do simulador, direto para a cabine da aeronave.
Acima: O painel de instrumentos do F-22 não é o mais moderno existente, mas ainda sim, mantém a característica de automação e facilidade de operação encontrada em caças de ultima geração.
Atualmente o F-22 usa um HUD (Head Up Display), como nos caças de geração anterior, para fazer a mira e navegação do avião. Esse HUD instalado tem um grande ângulo de visão cobrindo 30º horizontalmente e 25º verticalmente e é fornecido pela empresa GEC Marconi Avionics. Mesmo com a entrada em serviço dos capacetes com miras integradas os HMD (Head Monted Display) em muitos caças F-15, F-16 e F/A-18, o F-22 ainda não está integrado a este sistema que em tese substitui o HUD. O motivo informado para este fato é de que o F-22 prioriza a destruição dos seus alvos com armas de médio e longo alcance (BVR-Beyond Visial Range) “além do alcance visual” sendo que a capacidade para combates a curta distancia é secundaria. Porém o F-22 será integrado a o novo capacete JHMCS, desenvolvido pela Vision Systems International (VSI), no futuro.
Para auxiliar na diminuição da carga de trabalho do piloto, foi instalado um sistema de apoio chamado ICAW (Integrated Caution Advisory and Warning System) que mostra no mostrador frontal 12 ocorrências ligadas a falhas de motores, nível de combustível, falhas elétricas, etc, permitindo que o piloto possa manter a atenção na parte tática da missão enquanto a navegação é monitorada pelo computador do F-22.

Acima: O capacete JHMCS que substituirá o HUD na navegação e aquisição de alvos no futuro está sendo integrado neste momento. Quando este sistema estiver em operação o F-22 poderá ser armado com os mais modernos mísseis da família Sidewinder, o modelo AIM-9X.

DENTES PONTUDOS
O F-22 é um caça projetado para impor o domínio aéreo. O conceito de “domínio aéreo” é diferente do conceito de superioridade aérea. No domínio, o alcance do seu controle sobre o campo de batalha é mais amplo. Assim, o F-22 é, primariamente, uma caça de combate aéreo. Para essa missão, o F-22 está armado com um canhão General Electric M-61 A2 Vulcan com 6 canos rotativos em calibre 20 mm embutido na raiz da asa direita. Este canhão está alimentado com 480 munições estocadas em um tambor abaixo do canhão. O canhão fica oculto sob a raiz da asa direita até o momento do disparo, quando uma portinhola se abre para expor os canos. Essa configuração é necessária pra preservar as linhas furtivas do F-22. A cadência de tiro atinge 6600 tiros por minuto, capaz de rasgar qualquer alvo que cruze seu caminho até uma distancia de 800 metros (distancia onde a precisão dos disparos ainda é valida).

Para manter a furtividade o F-22 possui 3 compartimentos de armas internamente, sendo um de cada lado das entradas de ar do motor e um compartimento de maior dimensão sob a fuselagem. Os compartimentos laterais são pequenos e por isso abrigam, apenas, um míssil de curto alcance Raytheon AIM-9M Sidewinder. Este míssil de 3º geração é guiado por calor podendo alcançar um alvo a 15 km de distancia possuindo grande resistência a contramedidas infravermelhas como as iscas flares lançadas pelas aeronaves inimigas. Já o compartimento maior, sob a fuselagem, pode ser armado com até seis mísseis de médio alcance Raytheon AIM-120C-7 Amraam guiados por radar ativo e com alcance de 105 km. Versões anteriores do AIM-120 foram usadas em combate nos céus do Iraque e da antiga Yugoslavia com um índice de acerto de 90%, considerado espetacular nessa categoria de armamento. Futuramente o F-22 receberá a nova versão AIM-120D que terá 50% mais alcance, maior resistência a contramedidas eletrônicas e uma probabilidade de acerto (PK) ainda maior que a já muito boa demonstrada nas versões atuais do Amraam. No futuro, quando o capacete JHMCS for integrado ao F-22, o míssil AIM-9M será substituído pela mais avançada versão AIM-9X Sidewinder, que será apontado pelo próprio capacete do piloto que, ainda irá mostrar os dados de navegação projetados na viseira do capacete. O AIM-9X é capaz de atacar alvos que estejam fora da linha de visada do avião lançador (capacidade off boresight) a até 90º. Um exemplo radical, porém possível com o AIM-9X seria um lançamento contra um caça inimigo localizado ao lado do avião lançador. Nesse caso, o piloto com o capacete JHMCS gira sua cabeça para o alvo, seleciona o alvo para o míssil, e aperta o gatilho. Nesse momento o míssil AIM-9X é lançado e executa uma violenta curva para a lateral e abate seu alvo em um ângulo de até 90º em relação ao nariz do avião lançador. O AIM-9X é imune a contramedidas infravermelha, pois um computador interno consegue distinguir as iscas flares do avião alvo.
Acima: Nesta foto podemos ver os três compartimentos de armas do Raptor abertos. Internamente o F-22, em missões ar ar, transporta a carga típica de mísseis usada no F-15 Eagle, ou seja, 6 mísseis de médio alcance mais dois de curto alcance.
Com os custos do F-22 nas nuvens e o congresso dos Estados Unidos questionando a necessidade de se adquirir um caça tão caro (O F-22 é o mais caro caça já concebido), foi decidido pela USAF que o F-22 deveria incorporar alguma capacidade de ataque a superfície aumentando o valor agregado pago por cada F-22. Assim a Lockheed Martin integrou a bomba Boeing GBU-32 JDAM (Joint Direct Attack Munition) de 450 kg no F-22. Duas destas modernas bombas podem ser transportadas no compartimento maior, sob a fuselagem, junto com mais dois mísseis AIM-120 Amraam. A GBU-32 é guiada por GPS possuindo um alcance máximo de 28 km quando lançada em alta altitude e possui uma margem de erro circular (CEP) de 11 metros do ponto previsto.
Acima: Nesse gráfico podemos ver o esquema de armamento do F-22 além de ter uma ideia dos tipos de armas que ele transporta.
A nova bomba Boeing GBU-39 SDB (Small Diameter Bomb) de129 kg, representa a ultima palavra em armamento tático ar superfície e já está integrado ao F-22. Esta bomba de pequenas dimensões tem uma precisão tão acentuada que dispensa o uso de cargas explosivas mais potentes usadas nas bombas de geração anterior. A GBU-39 é uma bomba planadora guiada por GPS cujo alcance chega a 110 km quando lançadas em altas altitudes. Sua margem de erro circular (CEP) é de 5 metros do ponto previsto permitindo uma maior segurança contra os famosos “efeitos colaterais” que ocorrem quando o alvo está no meio de uma cidade. Dado a suas pequenas dimensões, a GBU-39 pode ser transportada em numero de 8 no compartimento central do Raptor.
Embora o F-22 tenha esses compartimentos de armas internos visando permitir sua furtividade (armamento transportado em cabides externos são altamente reflexivos para o radar), quando a furtividade não for um fator critico, o Raptor poderá usar cargas externas divididas em 4 cabides externos que podem ser instalados em suas asas. Cada cabide pode transportar uma carga de até 2268 kg, e normalmente seria usado no transporte de tanques de combustível extras e mísseis ar ar.
A capacidade de ataque do Raptor foi considerada suficiente para que a USAF aposentasse seus caças F-117 Nighthawk em março de 2008. O F-22 é tão furtivo quanto o F-117, porém muito mais rápido e com capacidade de vencer um combate aéreo contra qualquer ameaça conhecida atualmente caso ele venha a ser visto.
Acima: O F-22 representa a bala de prata da Força Aérea dos Estados Unidos. Os novos projetos de aviões de combate da Russia e China visam dar capacidade de enfrentar o Raptor, pois seus caças atuais não são capazes de lidar com ele com segurança.

CONCLUSÃO
A previsão da USAF era construir 750 unidades do F-22, porém o altíssimo custo do programa (U$ 62 Bilhões) sendo que cada aeronave atingiu um custo unitário de U$ 330 milhões, acabou por derrubar o numero de encomendas firmes para 187 unidades. O ultimo lote foi entregue no final de 2011. O governo americano tem sido consultado sobre a possibilidade de exportar o F-22 para alguns países. O Japão e Israel são as nações que mais pressão tem feito nesse sentido, porém sem que houvesse sido liberado a venda deste poderoso sistema de armas. Os Estados Unidos oferecem os seus caça F-35 para as nações que pediram o F-22, porém a capacidade ar ar do F-22 é superior a qualquer caça que esteja em serviço no momento atual. Trata-se de um super caça cuja capacidade permitirá aos Estados Unidos manter o controle de qualquer campo de batalha aéreo por muitos anos ainda. O novo caça russo PAK FA T-50 apresentado oficialmente em 2011, deverá equilibrar a capacidade de combate aéreo entre russos e americanos, porém não se sabe ao certo quando o novo caça de 5º geração russo entrará em serviço, sendo que provavelmente deverá se tornar operacional por vota de 2018.
Acima: O F-22 escolta uma aeronave de reabastecimento aéreo KC-135 Stratotanker.
Existem trabalhos levados a cabo por engenheiros e pesquisadores da área da ciência para se aprimorar os sistemas de detecção com novos meios ou melhorar os sistemas de radares já existentes para que estes possam detectar aeronaves furtivas como F-22 Raptor a distancias seguras. O radar tipo AESA, usado no F-22, é usado por outros caças também, como o Rafale francês, F/A-18E Super Hornet norte americano, e o Su-35BM Super Flanker russo. Estes radares têm um desempenho melhor em lidar com aeronaves furtivas, mas ainda falta muito para que estes caças possam detectar o F-22 a distancias seguras para dar combate a ele. O F-22 apresenta, também um custo operacional extremamente alto e recentemente vazou para a imprensa que a furtividade do Raptor fica comprometida em caso de o avião pegar chuva. Essa deficiência já havia sido mencionado a respeito do bombardeiro estratégico B-2 Spirit e no antigo avião de ataque invisível F-117 Nighthawk. A restauração da furtividade do F-22 após ser molhado é o item que mais contribui para elevar o preço de sua manutenção. Outro problema com a manutenção do F-22 é que ele precisa de 30 horas de manutenção para cada hora voada fazendo com que a disponibilidade para combate fique em 55%, considerado muito baixo para uma aeronave de nova geração. Provavelmente esses pontos negativos devem ter sido cruciais para a decisão de se terminar o programa F-22 nos 187 exemplares entregues. Os recentes problemas relacionados ao seu  sistema de oxigênio, que deixaram a frota quase 6 meses no chão, já foi solucionado, embora tenha manchado um pouco a imagem do super caça.
O F-22 é um marco na capacidade de combate aéreo da Força Aérea dos Estados Unidos, mesmo com esses problemas recentemente apresentados, e deverá ser um ícone do poderio aéreo daquele país por muitos anos ainda.
Acima: O F-22 representa o resultado de muito esforço da engenharia aeronáutica norte americana e de uma grande quantia em dinheiro que foi investido em pesquisa e desenvolvimento com o objetivo em fornecer o melhor avião de combate que a indústria poder fornecer na época de sua concepção.

ABAIXO TEMOS UM VÍDEO PROMOCIONAL DO F-22 RAPTOR

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