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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

CLASSE LE TRIOMPHANT. Dissuasão ala francesa



FICHA TÉCNICA
Tipo: Submarino estratégico lançador de mísseis balísticos.
Data de comissionamento: Março de 1997.
Comprimento: 138 m.
Largura: 12,50m.
Calado: 10,60 m.
Deslocamento: 14335 toneladas (Submerso e totalmente carregado).
Velocidade máxima: 25 nós (47 Km/h submerso).
Profundidade: 400 m.
Armamento:  4 Tubos para torpedos de 533 mm para torpedos ECAM L-5 Mod 3, Mísseis anti-navio SM-39 Exocet, e 16 mísseis SLBM M-45 ou o novo M-51.
Tripulação: 111 homens.
Propulsão: Um reator nuclear Type K-15 com 41500 Hp. Propulsão auxiliar é feita por um motor elétrico alimentado por 2 alternadores diesel elétrico SEMT-Pielstick 8PA-4 V200 que produzem 950 Hp cada.


DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S.Junior
O submarino francês da classe Lê Triumphant representa o que há de mais moderno na industria naval francesa em termos de submarinos lançadores de mísseis balísticos. Ele é o responsável pela dissuasão nuclear francesa nos dias de hoje e será por muitos anos ainda. O Lê Triomphant foi desenvolvido para substituir o submarino da classe Lê Inflexible, que usava os mísseis M-45.
Inicialmente o Lê Triomphant, também foi armado com 16 desses mísseis M-45, cuja capacidade é de transportar 6 ogivas nucleares com 150 Kilotons cada a uma distancia máxima de 6000 km. Essa ogivas são do tipo MIRV (Multiple independently targetable reentry vehicle, ou veículos de reentrada independentemente direcionados) e tem uma margem de erro (CEP) de cerca de 500 m. Para quem não compreende o que significa isso, eu explico da seguinte forma. Um míssil M-45 transporta 6 bombas nucleares que são programadas para destruir 6 alvos distintos como 6 cidades por exemplo. Atualmente, este submarino tem sido armado com o mais novo míssil M-51 que entrou em serviço em 2010. Este míssil é, efetivamente, muito mais poderoso que o M-45, pois seu alcance é de de 8000 km e ele transporta de 6 a 12 ogivas MIRVs com 100 kilotons cada. O CEP do M-51, é secreto mas pode-se estimar algo em torno de 10 m a 50 m.
Acima: O míssil balístico M-51 é a arma estratégica mais poderosa fabricada na Europa. Seu alcance chega a 8000 km e ele pode transportar de 6 a 12 ogivas nucleares MIRV com 100 kilotons cada uma.
Além destas armas nucleares, o Lê Triomphant é equipado com armas convencionais. Uma delas é o míssil MBDA SM-39 Exocet. Este é a versão lançado de submarino deste que é um dos mais populares mísseis anti-navio do mundo, graças a seu sucesso na guerra das Malvinas. O SM-39, tem um alcance de 50 km e usa uma ogiva de 165 Kg que é detonada por aproximação ou por retardo após o impacto, sendo que essas opções são configuráveis na hora do lançamento, que é feito pelos tubos de torpedos do Submarino. E falando em torpedos, o Lê Triomphant é armado com 4 tubos de 533 mm que lançam o torpedo ECAN L-5 Mod 3, com um alcance de 7 km e que carrega uma ogiva de 150 kg a uma velocidade de 65 km/h, usando um sonar ativo e passivo para se guiar até o alvo. O Lê Triomphat, transporta 18 desses torpedos pesados.
Acima: O Le Triomphant possui tubos de torpedos pesados de 533 mm, estando dois tubos de cada lado da proa do submarino. Estes tubos operam torpedos ECAN L-5 Mod 3 e mísseis anti-navio SM-39 Exocet.
O Lê Triomphant é equipado com um sonar DMUX-80 fornecido pela Thales Underwater, que permite determinar de forma passiva o alcance do alvo para sua interceptação. Um sonar rebocado DSUV-61B de baixa frequência que opera na banda I permite a identificação de alvos a longa distancia. Além dos sonares, existe o componente de guerra eletrônica, representado pelo sistema de apoio eletrônico DR-3000U. Este sistema é um receptor alerta de radar que opera nas bandas C e J que fica na ponta do mastro, separado da antena de alerta do periscópio. Para navegação é usado um pequeno radar Racal Decca. O Le Triomphant opera 3 computadores de que fazem a alimentação de dados para o armamento empregado pelo submarino. São eles o SAD (Systeme d'Armes de Dissuasion) para os mísseis balísticos; e o SAT (Systeme d'Armes Tactique) para os mísseis anti-navio SM-39 e DLA-4A para os torpedos L-5.
Acima: Com 4 submarinos da classe Le Trimphant, a França possui uma das mais poderosas forças de resposta estratégica do planeta.
O Lê Triomphant é um submarino movido a energia nuclear propulsado por um reator de pressão de água Type  K-15 que providencia 150 MW e 41500 HP de força e que precisa ser reabastecido a cada 20 anos (vinte anos mesmo meu caro leitor. Você não leu errado). A propulsão auxiliar é do tipo diesel elétrica com um motor elétrico alimentado por 2 alternadores a diesel SEMT-Pielstick 8 PA-4 V200. O submarino chega a velocidade máxima de 25 nós (47 km/h) quando submerso e 20 nós (37 Km/h) na superfície. è interessante observar que o Le Triomphant usa um sistema de hidro-jato onde as hélices giram dentro de um duto. esse sistema permite maiores velocidades que com as hélices convencionais. O tempo de submersão é de 60 dias e a profundidade máxima chega aos 500 metros.
Acima:O sistema de propulsão do Le Trimphant agrega a potência de uma planta nuclear com um sistema de hidro-jato que garante um otimo desempenho para um submarino com o grande deslocamento que um SSBM possui.
O Lê Triomphant, comissionado em março de 1997, foi o primeiro submarino desta classe que possui 4 submarinos: (S-616) Lê Triomphant, (S-617) Lê Temeraire ,(S-618) Lê Vigilant. Todos os 4 submarinos já foram comissionados. O Lê vigilante foi comissionado em novembro de 2004. O quarto submarino, (S-619) Lê Terrible foi comissionado em 2010. Com isso a França tem atualmente uma força de dissuasão estratégica que será, principalmente, baseada em 4 submarinos com 16 mísseis nucleares (SLBMs) e em seus aviões de combate Rafale e Mirage 2000N que transportam o míssil de cruzeiro ASMP-A, com uma ogiva de 300 kilotons, mantendo esta nação como a mais poderosa da Europa.
Acima: Um submarino da classe Le Triomphant no dique seco durante final de sua construção.


ABAIXO TEMOS UM DOCUMENTÁRIO SOBRE O LE TRIOMPHANT.
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quarta-feira, 13 de novembro de 2019

BOEING F/A-18E/ F SUPER HORNET. O ferrão da marinha dos Estados Unidos

FICHA TÉCNICA DE DESEMPENHO 
Velocidade de cruzeiro: mach 1
Velocidade máxima: mach 1,9
Razão de subida: 13680 m/min.
Potência: 0,92.
Carga de asa: 92,96 lb/pé².
Fator de carga: 7,5 Gs, podendo atingir 10 Gs por pequenos espaço de tempo.
Taxa de giro instantânea: 18º/s. 
Razão de rolamento: 240º/s.
Teto de Serviço: 15000 m. 
Raio de ação/ alcance: 1750 km (Missão ar ar)/ 3300 km. 
Alcance do radar: Raytheon AN/ APG-79 com 160 km (RCS 5m2).
Empuxo: 2 motores F-414 GE-400 com 10000kgf de potencia com pós combustor.
DIMENSÕES
Comprimento: 18,31 m.
Envergadura: 13,62 m.
Altura: 4,88 m.
Peso: 14552 Kg.
Combustível interno: 14400 lb.
ARMAMENTO
Ao todo o Super Hornet é capaz de transportar até 8050 kg de cargas externas que podem ser tanques de combustível, casulos de sensores e armas.
Ar Ar: Míssil AIM 120 Amraam, AIM 9L/M/X Sidewinder, AIM 7 Sparrow.

Ar Terra: Míssil AGM65 Maverick, AGM88 Harm, AGM84H Slam ER, AGM154 JSOW GBU31/32 JDAM, GBU24.
Interno: Canhão M61A2 Vulcan 20mm.

(obs: A marca * significa que o valor está estimado).


domingo, 6 de setembro de 2020

Essas aquisições e atualizações podem dar à Força Aérea da Grécia uma vantagem formidável sobre a Turquia

Exemplo de um caça a jato multifuncional francês Dassault Rafale. A Grécia pode buscar adquirir esses caças em um futuro próximo.
(Clemens Vasters via Wikimedia Commons)

Por Paul IddonAerospace & Defense, 3 de setembro de 2020.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 6 de setembro de 2020.

Os objetivos da Grécia de adquirir novos caças e atualizar sua força aérea existente podem fazer com que a Força Aérea Helênica (HAF) alcance uma vantagem qualitativa formidável sobre seu rival turco no final da década de 2020.

A Grécia e a Turquia estão atualmente presas em um impasse cada vez mais tenso e perigoso no Mar Egeu e no Mediterrâneo Oriental sobre os direitos de perfuração de hidrocarbonetos e a delimitação de suas fronteiras marítimas.

Em meio a essas tensões, Atenas está em negociações com sua aliada França sobre futuros negócios de armas que podem incluir a aquisição de formidáveis jatos franceses Dassault Rafale de 4,5 geração. A posse grega de tais jatos pode representar um desafio significativo para os jatos turcos sobre o Mar Egeu e o Mediterrâneo.

“Estamos em negociações com a França, e não apenas com a França, a fim de aumentar o potencial de defesa de nosso país”, disse um funcionário grego à Reuters no início de setembro, acrescentando que essas negociações incluem “a compra de aeronaves”.

A mídia grega afirmou anteriormente que os dois países já haviam fechado um acordo para a venda de 18 jatos Rafale, embora isso não seja confirmado e pareça bastante duvidoso por enquanto.

A HAL já opera uma pequena frota de Mirage 2000-5 de fabricação francesa.

É importante notar que esta não é a primeira vez neste ano em que a Grécia mostrou interesse em atualizar substancialmente sua força aérea com jatos mais modernos.

Um F-16C Block 52+ da Força Aérea Helênica em demonstração sobrevoando Tessalônica pelo Capitão Giorgos Papadakis durante o desfile militar em 28 de outubro de 2018, o "Dia do Oxi" que comemora a rejeição da Grécia ao ultimato feito pelo ditador italiano Benito Mussolini em 1940.
(Foto de Nicolas Economou / NurPhoto via Getty Images)

O ministro da Defesa grego, Nikos Panagiotopoulos, disse em janeiro, após uma visita do primeiro-ministro do país Kyriakos Mitsotakis a Washington, que a Grécia planeja adquirir pelo menos 24 caças F-35 Lightning II furtivos de quinta geração dos Estados Unidos por US$ 3 bilhões.

Panagiotopoulos espera que o longo processo de aquisição comece após 2024. O ministro da defesa foi mais longe e disse que a aquisição de caças F-35 pela Grécia ajudaria a obter "superioridade aérea sobre a Turquia" em um futuro não muito distante. Ele foi repetido pelo jornalista turco Haluk Özdalga, que chegou a dizer que os os F-35 da HAL poderiam permitir que a Grécia transformasse o Egeu em um “lago grego”.

Além disso, disse Özdalga, os F-35 gregos significariam "os equilíbrios podem ser virados de cabeça para baixo no Mediterrâneo Oriental e no Oriente Médio, incluindo o Chipre". Atenas também está em processo de atualização do estoque existente de sua força aérea.

A Grécia tem pouco mais de 150 caças F-16, enquanto a Turquia tem 245. Em dezembro, Panagiotopoulos disse que 84 caças F-16 da HAL serão atualizados para o mais moderno padrão Viper até 2027 como parte de um acordo de US$ 1,5 bilhão com a fabricante Lockheed Martin.

Concluir essa atualização sem dúvida daria a essa grande parte da frota de F-16 da Grécia uma vantagem qualitativa sobre sua contraparte turca quantitativamente superior, que opera as variantes Block 30, 40 e 50 daquele caça icônico.

De acordo com a Lockheed Martin, após a conclusão deste programa de atualização, “Os caças F-16V da HAF serão os F-16 mais avançados da Europa”. A Grécia também assinou contratos com empresas aeroespaciais francesas para atualizar sua frota menor de Mirage 2000-5 durante o mesmo período. O valor dos contratos é estimado em € 260 milhões (aproximadamente US$ 300 milhões). Tudo isso ocorre em um momento em que a Turquia está enfrentando problemas para adquirir novas aeronaves e atualizar sua frota existente.

Os Estados Unidos suspenderam a Turquia do programa F-35 Joint Strike Fighter por causa da sua aquisição de sistemas avançados de mísseis de defesa anti-aérea S-400 russos, em 2019. A Turquia provavelmente não receberá o jato a menos que remova completamente os S-400 do seu território, o que provavelmente não acontecerá. Além disso, é improvável que a Turquia consiga concluir seu caça stealth (furtivo) TAI TF-X de quinta geração até 2030 nem adquirir caças de quinta geração de outros países, como a Rússia, no mesmo período.

Um avião F-16 pertencente às Forças Aéreas Turcas é visto no céu durante o tour de imprensa do treinamento OTAN Tiger Meet 2015 no 3º Comando da Base Principal de Jatos de Konya, em Konya, na Turquia, em 12 de maio de 2015. França, Itália, OTAN, Polônia , Suíça, Holanda e as forças armadas turcas participaram do tour de imprensa do exercício OTAN Tiger Meet 2015. As Forças Aéreas Turcas participaram do exercício com seus dezesseis aviões F-16.
(Foto: Orhan Akkanat / Agência Anadolu / Imagens Getty)

A Turquia pode até achar que terá dificuldade em adquirir caças de 4,5 geração para servir como caças provisórios até que possa finalmente colocar em serviço jatos de quinta geração. E, além de tudo isso, Ancara pode muito bem descobrir que terá dificuldade para atualizar sua frota existente de caças.

Foi recentemente revelado que o Congresso bloqueou secretamente negócios de armas para a Turquia desde 2018, supostamente incluindo um contrato para a Lockheed Martin para atualizar estruturalmente 35 dos antigos caças F-16 Block 30 da Turquia para prolongar sua vida operacional. Durante o mesmo período, a Turquia começou a estocar peças sobressalentes para seus caças F-16 com medo de enfrentar uma série de sanções dos EUA por sua compra do S-400.

Consequentemente, podemos ver uma situação se desdobrar em que a Turquia acha cada vez mais difícil manter sua grande frota de caças de quarta geração, enquanto a Grécia, em contraste, atualiza e aprimora sua frota com sucesso e obtém caças mais sofisticados.

Nesse cenário, o poder aéreo turco ficaria significativamente aquém do de seu vizinho grego e Ancara pode achar cada vez mais difícil contestar militarmente suas várias disputas marítimas com Atenas.

Bibliografia recomendada:

On Spartan Wings:
The Royal Hellenic Air Force in World War Two,
John Carr.

Leitura recomendada:

Turquia vai testar o seu sistema S-400 contra seus caças F-1626 de novembro de 2019.

A luta da Turquia na Síria mostrou falhas nos tanques alemães Leopard 226 de janeiro de 2020.

Modernização dos tanques de batalha M60T do exército turco completos com sistema de proteção ativo incluído14 de julho de 2020.

GALERIA: Carros de combate Leopard 2 HEL gregos na neve7 de fevereiro de 2020.

FOTO: Soldado grego sobre um tankette italiano7 de abril de 2020.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

ENTENDENDO O POLÊMICO F-35. Uma análise sobre o que esperar do novo caça leve dos Estados Unidos

MUDANÇA NO EQUILÍBRIO MILITAR MUNDIAL
Por Carlos E.S Junior
Os Estados Unidos é a maior democracia do mundo e dentre vários aspectos que marcam a personalidade dessa nação está sua grande capacidade militar. Seu orçamento de defesa é, de longe, o maior do mundo. Na verdade o orçamento de defesa dos Estados Unidos, algo em torno de U$ 600 bilhões de dólares, tem a representatividade de mais de 40% de todo o gasto com armamentos do mundo. Por isso, suas forças armadas, além de contarem com recurso humano e material extremamente numerosos, ainda costuma  dispor de um elevado nível de qualidade e capacidade de seus meios. Todo mundo se acostumou a ouvir que determinado equipamento de fabricação norte americana era o melhor que se tinha no mundo, ou que estava entre os mais eficazes sistemas de armas.
Acima: Caças F-16C e F-15C da USAF reinaram como as melhores aeronaves de combate aéreo por quase duas décadas. Com o fim da primeira guerra fria, russos, chineses e europeus diminuíram muito a desvantagem e em alguns casos, até superaram esses modelos americanos.

UMA NOVA REALIDADE PARA A USAF
Desde o fima da primeira guerra fria (digo primeira, pois entendo que estamos revivendo uma corrida armamentista atualmente, porém com a participação de um novo ator, no caso aqui, é a China), muita coisa mudou e países europeus, russos e chineses, melhoraram drasticamente a qualidade e capacidade de seus equipamentos militares de uma forma geral. No campo da arma aérea, a aviação de combate destes países tirou o atraso em relação ao que se encontravam frente a moderna industria aeroespacial norte americana e conseguiram igualar, e muitas vezes superar o equipamento de fabricação norte americano. Se compararmos caças de 4º geração, veremos que os caças europeus delta canards como o Rafale, da França, o Typhoon do consórcio europeu Eurofighter, ou o russo Sukhoi S-35S Flanker E, apresentaram superioridade de desempenho e capacidade de combate frente aos caças da mesma geração dos Estados Unidos. Isso não é de se espantar uma vez que os norte americanos chegaram na quarta geração a cerca de 40 anos, e todos os outros países, a cerca de 25 anos, agregando em seus projetos de 4º geração muitos avanços indisponíveis na época em que os caças F-15, F-16 e F/A-18 dos Estados Unidos. Até ai, tudo bem. Você, leitor mais atento e atualizado vai argumentar: "Mas os Estados Unidos já operam caças de 5º geração!". Realmente isso é um fato. A Força Aérea norte americana (USAF) opera desde 2005 o poderoso F-22A Raptor, um caça de 5º geração, considerado o melhor avião de combate do mundo em termos de letalidade. O F-22, projetado inicialmente pensando-se em um substituto para o extremamente bem sucedido super caça F-15 Eagle acabou sendo uma aeronave de elite com apenas 195 unidades produzidas, devido a seu custo elevado mesmo para o grande orçamento de defesa dos Estados Unidos. Ele é uma espécie de "bala de prata" da USAF. Não é o ideal e muito menos, o que o comando da USAF desejava. Mas é o que ocorreu. F-22 e F-15 operam juntos atualmente e isso deve permanecer assim por muitos anos.
Acima: O F-22 (em primeiro plano) foi projetado para ser o substituto do F-15 (o avião que está curvando), porém o custo extremamente alto do do F-22 inviabilizou concretizar os planos da USAF. Atualmente ambas as aeronaves operam juntas e isso deve permanecer assim até a entrada em serviço de uma nova geração (a 6º geração) de caças em 2030.

EM BUSCA DE UM NOVO CAÇA
A USAF começou a projetar, em novembro de 1996, um novo caça de 5º geração que seria um avião mais leve que o F-22, e que deveria substituir duas de suas aeronaves de combate: O F-16, um ágil caça multifuncional capaz de realizar pesados ataques a alvos de superfície, assim como superar muitos dos caças inimigos contemporâneos na arena ar ar; e o avião de ataque A-10C Thunderbolt II como aeronave de apoio aéreo aproximado. Como o corpo de fuzileiros navais estava precisando de um substituto para seus velhos jatos Jumpjet AV-8B Herrier II, a única aeronave de combate VSTOL de asas fixas em operação e a marinha dos Estados Unidos, precisavam de um sucessor de seus caças F/A-18C para operações de ataque embarcados, decidiu-se pela fusão dos respectivos programas de desenvolvimento com o da Força Aérea, criando o Joint Strike Fighter (Caça de ATAQUE conjunto) também conhecido pelo acrônimo JSF. Nesse ponto que começa a solução de um dos maiores erros que observo nos conceitos que as pessoas tem sobre o F-35. O programa JSF pediu uma aeronave de combate furtiva (invisível aos radares), supersônica e que tivesse um grande raio de ação com combustível interno e que fosse, antes de qualquer coisa, um avião de ataque a alvos de superfície e que, tivesse uma capacidade SECUNDÁRIA para combate ar ar, fazendo uso de sua furtividade e de armas de médio/ longo alcance, para vencer o inimigo a longa distancia. Vendo os dois protótipos que concorreram para o programa JSF, a ausência da exigência de que a aeronave fosse um super caça ultra manobrável e ágil como é um F-16, estava bem clara. Não se requereu uma aeronave com super desempenho de voo.
Acima: A esquerda temos o Boeing X-32 e a aeronave da direita é o Lockheed Martim X-35, vencedor do programa JSF. Observem que não são aeronaves de aerodinâmica complexa desenhada para alto desempenho manobrado.
O F-35, da Lockheed Martin, venceu a concorrência através da apresentação de seu protótipo X-35 que se mostrou mais confiável que o X-32 da Boeing. Começa ai a fase de desenvolvimento, onde os aprimoramentos do projeto são instalados na aeronave para que ela atinja todos os requisitos estabelecidos pela cliente, o serviço militar dos Estados Unidos. Muita coisa deu errada e dificuldades marcaram essa fase do programa JSF. Problemas graves de rachaduras na raiz das asas, excesso de peso, falhas de motor, problemas com o software do sistema de armas e com o capacete HMDS. Tudo isso encareceu muito o programa que já era considerado o mais caro programa de aquisição de um avião de combate de toda a história, e ainda levaram a um grave atraso na entrada de serviço destas aeronaves. Hoje, a grande maior parte dos problemas que ocorreram foram resolvidos e a aeronave está se tornando amadurecida e a versão F-35B, de decolagem curta e pouso vertical que será usada pelas fuzileiros navais americanos, deverá sua ter capacidade operacional inicial (IOC) declarada no começo do segundo semestre de 2015. Curiosamente esta versão do F-35, foi a que mais problemas apresentou devido a natural complexidade de seus sistemas, pois é a versão que faz decolagens curtas e pouso vertical.
Acima: O F-35B pousando verticalmente no navio de desembarque anfíbio WASP. Esta versão será a primeira a ser declarada operacional, o que deve ocorrer no começo do segundo semestre de 2015.

MISSÃO DO F-35.
O F-35 foi projetado, como já disse, para ser um caça de ataque contra alvos de superfície. Ele vai fazer o que o F-117, primeira aeronave de combate furtiva ( stealth) fazia, porém com muito maior velocidade que o velho jato negro, e com capacidade de se defender de aeronaves inimigas através de seus mísseis de médio/ longo alcance AIM-120C/D Amraam, capacidade, esta, que o F-117 não tinha. Em nenhum momento, ou em nenhuma fase do projeto JSF se exigiu que o F-35 fosse mais manobrável ou ágil que seu predecessor F-16. A missão dos dois caças não é a mesma. Uma analogia que gosto de usar para que você, leitor, compreenda para que serve um F-35, é comparar com nosso avião de ataque A-1 AMX. Muita gente considera, equivocadamente o AMX um caça. Ele não é isso. Ele até tem seus mísseis ar ar nas pontas das asas, mas ele é, essencialmente um avião de ataque com limitada capacidade de combate aéreo de curto alcance. O F-35 é um avião de ataque mas com maior capacidade de combate ar ar que o A-1 AMX. É evidente para mim, que os Estados Unidos tem uma ideia bastante forte de que a guerra aérea das próximas décadas será vencido de uma forma diferente da que eles fariam nos anos 80 e 90. Desta vez, os Estados Unidos estão apostando alto na capacidade de seus F-22 como aeronaves de supremacia aérea (é um conceito superior ao de superioridade aérea), e na capacidade de sobrevivência de seus F-35 que devem entrar em espaço aéreo inimigo sem serem visto, destruir seus alvos com extrema precisão e voltar sem ser atacados.
Acima: F-35A de produção já com boa parte dos problemas que marcaram o desenvolvimento desta aeronave, resolvidos. 

CONCLUSÃO
Por isso que o F-35 não é tão rápido, manobrável ou ágil quanto um F-16. A USAF não solicitou uma aeronave com essas características. A Lockheed está entregando um produto muito próximo do que foi requisitado. Se é ou não, um erro o desenvolvimento desse caça, com essas características, o culpado é a USAF que emitiu uma lista de requisitos específicos para esse projeto. Eu, particularmente, acredito que a USAF deveria ter exigido uma aeronave com desempenho de voo, no mínimo, idêntico do F-16. É um pensamento que muitos podem pensar ser de uma pessoa conservadora, mas quando lidamos com aeronaves de centenas de milhões de dólares, não há margem para apostas arriscadas. prefiro adotar uma postura mais segura, e um caça que é ágil, funciona bem quando a tecnologia do inimigo se desenvolve e iguala a nossa. Quando a tecnologia stealth puder ser detectada de longe por outras aeronaves de combate, e isso estão bem próximo de se tornar uma realidade, o F-35 não será um caça capaz de sobreviver em um ambiente de média e alta intensidade. Os caças atuais de 4º geração, e os de 5º geração em desenvolvimento na Rússia e China contam com sensores de detecção passiva infravermelha IRST que detectam o alvo pelo calor a dezenas de quilômetros, anulando a capacidade furtiva dos caças stealth como o F-35. 
Os estudos para um caça de 6º geração da Marinha e da Força Aérea dos Estados Unidos já foi iniciado, e os erros que ocorreram no programa F-35 deverão ser estudados a fundo para se evitar o enfraquecimento das forças armadas norte americanas depois de 2030. Pelos poucos desenhos publicados sobre essa futura geração de caças, já é claro que o desempenho de voo voltou ao centro da lista de requisitos.
Acima: O F-16C supera o desempenho de voo do F-35, tanto em manobras quanto em velocidade, porém, o objetivo do F-35 nunca foi vencer seu antecessor nesses aspectos. Em uma guerra real, um caça como o F-16 seria derrubado pelo F-35 (abaixo) sem perceber o que o atingiu na maioria absoluta das vezes.


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quinta-feira, 23 de julho de 2020

Dez milhões de dólares por miliciano: A crise do modelo ocidental de guerra limitada de alta tecnologia


Pelo Coronel Michel Goya, Revista Politique Étrangère, primavera de 2007.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 22 de julho de 2020.

Em julho-agosto de 2006, apesar do engajamento do equivalente ao exército e da força aérea franceses, os israelenses falharam em derrotar alguns milhares de homens no Líbano, entrincheirados em um retângulo de 45km sobre 25km. Esse é um resultado tático surpreendente e, como tal, provavelmente anunciador de um novo fenômeno. Quinze anos antes, foi o esmagamento do exército de Saddam Hussein pela coalizão liderada pelos EUA que surpreendeu. A Primeira Guerra do Golfo começou uma era de guerras limitadas, dominadas pela alta tecnologia ocidental. O fracasso de Israel no sul do Líbano sem dúvida anuncia o fim desta era.

O revelador libanês

Em 12 de julho de 2006, por razões ainda misteriosas, a milícia do Hezbollah (Partido de Deus) montou um ataque notável de profissionalismo contra um posto militar israelense. O governo de Ehud Olmert reagiu engajando sua aviação em uma guerra à distância de alta tecnologia. Por medo de um novo impasse no sul do Líbano, as forças terrestres são alinhadas na fronteira, mas não a atravessam.

Artilharia israelense em ação, 2006.

O Tsahal* então descobre que seus adversários se adaptaram perfeitamente ao fogo aéreo, desenvolvendo uma versão de "baixa tecnologia" de furtividade, combinando redes subterrâneas, fortificações e - acima de tudo - misturando-se com a população. Após uma semana de incursões, a campanha aérea, regulamentada como um mecanismo de relojoaria notável, neutralizou a ameaça de mísseis de longo alcance (reconhecidamente a mais perigosa), mas acabou sendo totalmente impotente para esmagar o Partido de Deus. Apesar (ou por causa) da morte de 2.000 civis libaneses e de 12 bilhões de dólares em danos, a campanha também não conseguiu dobrar o governo em Beirute. Não apenas o governo libanês não se moveu para desarmar o Hezbollah, mas conseguiu convencer organismos internacionais a iniciar um processo de imposição de um cessar-fogo. O governo israelense não podia mais economizar uma operação terrestre na tentativa de eliminar seu adversário. [1]

*Nota do Tradutor: Acrônimo em hebraico para "O Exército de Defesa de Israel" (Tsva ha-Hagana le-Yisra'el), as Forças de Defesa de Israel (IDF/FDI), compondo-se de marinha, exército e aeronáutica. Foi criado oficialmente em 1948.

[1] Sobre a guerra entre Israel e o Hezbollah, consulte o documento do Centre de doctrine d’emploi des forces (Centro de Doutrina para o Emprego de Forças), La guerre de juillet (A guerra de julho).

Militantes muçulmanos em uniformes pretos durante um desfile.

Após a ineficiência da campanha aérea, é então a perda de conhecimento (savoir-faire) e a inadequação dos materiais do exército do Tsahal que vêm à tona. O Hezbollah está ligeiramente equipado, mas domina perfeitamente seu arsenal, especialmente anti-carro, em uma luta descentralizada, como os finlandeses contra os soviéticos em 1940. Ele também pratica uma guerra total, tanto pela aceitação de sacrifícios quanto pela estreita integração de todos os aspectos da guerra no coração do povo. Ao contrário, o exército israelense se envolve em uma atmosfera de "zero mortes", e falha. No total, Israel perdeu 120 homens e 6 bilhões de dólares, ou quase 10 milhões de dólares por inimigo morto, e isso, sem conseguir derrotar o Partido de Deus. A esse preço, teria sido taticamente mais eficaz oferecer centenas de milhares de dólares a cada um dos 3.000 combatentes profissionais do Hezbollah em troca do exílio no exterior...

O economista Schumpeter caracterizou a crise econômica pela queda nos resultados obtidos pelo uso constante de recursos. Por esse critério, o exército israelense, tão bem sucedido no passado, está sem dúvida em uma crise tática. A impotência dos Estados Unidos no Iraque, apesar de dez milhões de dólares gastos por hora por mais de três anos, e a da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) - que representa 80% do orçamento militar mundial - incapaz de impedir o retorno do Talibã ao sul do Afeganistão, sugere que todo o modelo ocidental de guerra está entrando em crise.

A nova guerra de laços

O Marechal Duque de Villars lidera suas tropas durante a Batalha de Denain, em 1712.
Típico exemplo das guerras de laços.

As raízes do problema atual remontam à corrida americana de alta tecnologia para uso militar na década de 1970. Era então uma questão de confiar nos avanços industriais do momento para desenvolver um arsenal de munição extremamente precisa, possibilitando atingir a profundidade máxima do dispositivo adversário. Esperava-se, assim, que uma ofensiva do Pacto de Varsóvia fosse interrompida na Alemanha Ocidental, atingindo postos de comando, fluxos logísticos ou retardando a chegada de reforços soviéticos. Por extensão, foi possível ir além dos objetivos táticos para imaginar a destruição dos centros econômicos ou do poder político de um país inteiro, o que antes era inconcebível, com eficiência semelhante, apenas pelo uso de armas nucleares táticas.Impulsionados por orçamentos que representavam 3% a 4% do produto interno bruto (PIB), os exércitos ocidentais seguiram esse caminho, apenas para permanecer "interoperáveis" com o aliado americano. Acreditando serem obrigados a participar dessa corrida armamentista de alta tecnologia, os soviéticos se exauriram. [2]

Soldado russo na Chechênia queimando dinheiro soviético, completamente sem valor, em 1995.

[2] A escola soviética de pensamento da "revolução técnico-militar", liderada pelo Marechal Ogarkov na década de 1970, foi a primeira a conceituar os efeitos das novas tecnologias sobre a arte da guerra, mas na economia da A União Soviética, à beira da exaustão, foi incapaz de torná-los realidade.

Na estratégia nuclear, falava-se de uma capacidade de "primeiro ataque" quando podia-se devastar um país oponente sem medo de uma resposta atômica. Com o desaparecimento do Pacto de Varsóvia em 1991, os americanos se viram nessa situação de “primeiro ataque”, mas no domínio convencional. Eles podem se dar ao luxo de esmagar qualquer exército do mundo sem medo de reações realmente perigosas, e isto sem sofrer baixas pesadas. A era da dissuasão do fogo clássico sobrepõe-se assim à dissuasão nuclear. A primeira Guerra do Golfo é o revelador desse novo paradigma. O exército iraquiano, às vezes apresentado como o quarto do mundo, é exterminado após um mês de ataques aéreos, depois de apenas 100 horas de guerra terrestre. As perdas da coalizão são pelo menos cem vezes menores que aquelas dos iraquianos. A tese sustentada na década de 1970 de que as novas tecnologias da informação poderiam gerar uma "Revolução nos Assuntos Militares" (Revolution in Military AffairsRMA) parece encontrar ali uma demonstração marcante.

Tipo 69-II iraquiano capturado pela Divisão Daguet na Guerra do Golfo (1991).

Uma nova organização das relações internacionais começou então a se aproximar dos vários "concertos de nações" que se sucederam na Europa após os Tratados da Vestfália (1648) ou o Congresso de Viena (1815). Armado com esse "primeiro ataque", os americanos e seus aliados estão em uma situação de oligopólio militar que lhes permite toda a ousadia política de impor essa "nova ordem mundial". Se o instrumento militar é herdado da Guerra Fria, os objetivos que lhe são dados permanecem, no entanto, limitados: restaurar ou impor a paz em um Estado "falido", conter as ambições de um "malfeitor", "diminuir a violência" interpondo-se entre dois beligerantes, etc.

Como os territórios nacionais das potências ocidentais não estão mais ameaçados de invasão, as ações militares agora são realizadas de longe, através de projeções de força. Essas expedições combinam a ação do arsenal de ataque à distância com o estoicismo das forças terrestres que não são manobradas, mas que são colocadas na zona de ação para ocupar o solo após os fogos (Kosovo) ou, grande novidade, mesmo antes dos fogos, em um estado intermediário entre a paz e a guerra (Bósnia). Não falamos mais de guerras, mas de operações, e a noção de combate está se tornando quase obsoleta.

Soldado francês cobre uma mulher no famoso "Sniper Alley" em Sarajevo.

Essa forma de empregar forças terrestres exige a presença de soldados de um tipo específico para poder servir equipamentos de alta tecnologia e, acima de tudo, imersos em ambientes físicos e humanos muito diferentes, a curtíssimo prazo, muito rapidamente e de uma maneira repetitiva. Eles não são solicitados ou raramente matam, muito menos morrem, mas devem ser pacientes, estoicos, disciplinados e, às vezes, designar alvos aos fogos aéreos. Todas essas características impõe a escolha de tropas profissionais.

Objetivos limitados, exércitos profissionais, evasão de combates, preocupação em evitar perdas: a época lembra o Iluminismo, pouco antes da Revolução Francesa reintroduzir a noção de guerra total e varrer os soldados das "guerras de laços".

O retorno da guerra total

Operadores delta durante a Operação Anaconda (2001).

Os ataques de 11 de setembro de 2001 e a "Guerra Global ao Terror" (que desde então se tornou "Guerra Longa") que eles desencadearam acabaram com a ilusão dessa nova Era do Iluminismo. Os Estados Unidos reintroduziram objetivos muito mais ambiciosos do que restaurar a paz ou ajudar uma população martirizada. Agora é uma questão de estabelecer a democracia em países muito distantes dela.

Para atingir esses objetivos, os Estados Unidos mantiveram a ferramenta da Guerra Fria e o espírito de guerra limitada. No Afeganistão, em 2001, a queda do Talibã foi alcançada sem a intervenção do Exército dos EUA, pela única ação combinada de fogo aéreo e forças especiais. Mais delicada, a invasão do Iraque, de março a abril de 2003, demonstrou mais uma vez as capacidades das armas modernas multiplicadas pela chegada de novas tecnologias da informação. Dessa vez, atuando simultaneamente com uma intensa campanha aérea, foram suficientes 19 dias a quatro divisões americanas e uma britânica para tomar Bagdá partindo do Kuwait. Este resultado espetacular foi obtido ao preço da morte de 148 soldados americanos e 23 britânicos.

Fuzileiros americanos, do 1º Regimento de Fuzileiros Navais, escoltam prisioneiros-de-guerra iraquianos em 21 de março de 2003.

Mas, ao introduzir objetivos globais, os americanos também criaram novos adversários. Em abril de 2003, Bagdá foi tomada em dois dias, já que aqueles que estavam prontos para morrer por Saddam Hussein eram raros. Um ano depois, são necessários meses e um envio maciço de forças para derrotar os poucos milhares de rebeldes mal-equipados entrincheirados em Fallujah. Obviamente, os adversários dos americanos mudaram, não por seus equipamentos, mas por sua visão da guerra. Para os rebeldes xiitas iraquianos, afegãos, palestinos e libaneses, a guerra é total; eles empregam, portanto, meios "totais", como o combate-suicida. Esses adversários são chamados assimétricos porque praticam métodos radicalmente diferentes daqueles dos exércitos ocidentais, mas a principal diferença não está nos métodos: ela é acima de tudo moral.

Mais sério: esses adversários não estão apenas prontos para morrer, mas estão lutando cada vez melhor. O caso Hezbollati ou dos rebeldes afegãos foi mencionado em 2006, mas poderia descrever o exército Mahdi do aiatolá Moqtada al-Sadr. Ao integrar perfeitamente todos os aspectos políticos, midiáticos, sociais e militares de sua ação, este último ainda existe, apesar dos golpes que sofreu em 2004. Inclusive ele se permitiu o luxo, com seus combatentes, geralmente adolescentes mal-equipados, de humilhar o contingente espanhol, de repelir duas vezes um batalhão de elite italiano e depois derrotar a política britânica em Basra. Moqtada al-Sadr, um dos piores inimigos dos americanos, podia circular livremente no Iraque. [3]

[3] Sobre a guerra de guerrilha no Iraque, consulte "Les armées du chaos" (Exércitos do Caos) e a Edição Especial da revista Doctrine (Doutrina), "La guerre après la guerre" (A Guerra Após a Guerra), do Centro de Doutrina para o Emprego de Forças.

Combatentes do exército Mahdi desfilando abertamente por ruas iraquianas em 2014.

O exército Mahdi perdeu milhares de homens em combate, mas pôde contar com os bairros xiitas mais miseráveis do Iraque, e como os guerrilheiros sunitas, com uma "base de recrutamento" de um milhão de homens em idade suficiente para portar armas. Estes são, para usar as palavras do conde de Guibert em sua Tese Geral de Tática (Essai général de tactique [4])"nações em armas" enfrentando "exércitos de príncipes". Os primeiros unicamente, segundo Guibert, são capazes de ir além do quadro de guerras limitadas.

[4] Publicado anonimamente em 1770 na Holanda, este trabalho foi re-editado sob o nome do autor em 1772: J. de Guibert, "Essai général de tactique" (Tese Geral de Tática) precedido por um "Discours sur l’état actuel de la politique et de la science militaire en Europe" (Discurso sobre o estado atual da política e da ciência militar na Europa), com o plano de um trabalho intitulado: La France politique et militaire (A França política e militar), Londres, Les Libraires associés, 1772 (nota do editor).

Fuzileiros navais americanos da Força-Tarefa Tarawa revistam um CLAnf destruído atrás de pedaços humanos e outros ítens pessoais na cidade iraquiana de Nasiriyah, em 29 de março de 2003.

A luta desses movimentos é facilitada pela dificuldade desses "exércitos de príncipes" de se adaptarem. Os últimos estão descobrindo que não são tão convincentes quanto pensavam. Eles descobrem também que são fraturados.

A fratura tática


Uma hora de vôo de um caça-bombardeiro moderno custa várias dezenas de milhares de dólares (50.000 para um Rafale [5]), e os projéteis que carregam representam várias dezenas de milhares. [6] Na guerra do verão de 2006, os israelenses realizaram mais de 10.000 missões de caças-bombardeiros, 9.000 missões de outros tipos (drones, transporte etc) e lançaram cerca de 10.000 bombas e 7.000 mísseis. A campanha aérea, portanto, custou no total entre um e dois bilhões de dólares. A fatura poderia ter sido ainda mais pesada se o Hezbollah tivesse um arsenal antiaéreo eficaz. [7] Em uma situação semelhante àquela de outubro de 1973 (114 aviões destruídos e 236 danificados em 19 dias de combate [8]). e na taxa atual de 100 a 150 milhões de dólares por caça-bombardeiro, apenas as perdas aéreas teriam custado a Israel 1% do PIB por dia de guerra.

[5] Os valores para o custo do equipamento francês são retirados do relatório nº 27 da Comissão de Defesa Nacional e das Forças Armadas e do relatório à Assembléia Nacional nº 385.


[6] Cada uma das 2.000 sortidas aéreas francesas sobre a Sérvia e o Kosovo em 1999 custou uma média de 51.000 dólares, mas apenas 420 missões realizaram um tiro efetivo. Os 718 projéteis lançados (a maioria dos quais eram bombas lisas não-guiadas menos onerosas) custaram 60 milhões de dólares. Relatório de informação nº 1775, apresentado pela Comissão de Finanças, Economia Geral e Planejamento, sobre o custo da participação da França nas operações para solucionar a crise no Kosovo.

[7] As perdas aéreas na guerra Israel-Hezbollah são limitadas a uma aeronave F-16 I, três helicópteros de ataque Apache e um helicóptero de transporte.

[8] P. Razoux, La Guerre israélo-arabe d’octobre 1973, Paris, Economica, 1999.

Coluna de carros de combate Leclerc no sul do Líbano.

Os armamentos terrestres não são deixados de fora, em outra escala, já que um helicóptero de ataque de última geração custa 25 milhões de dólares e um carro de combate como o Leclerc chega a 20 milhões de dólares. Como cada nova geração de equipamentos é duas a oito vezes mais cara que a anterior [9], e como os orçamentos militares estão em declínio relativo há mais de quinze anos, certas tensões são inevitáveis.

[9] O custo de um caça Rafale é aproximadamente o dobro daquele do Mirage 2000D (colocado em serviço em 1993), o quádruplo daquele das primeiras versões do Mirage 2000 (1984) e pelo menos seis vezes aquele do Mirage F1 (1974, ainda presente no ordem de batalha). O custo de um tanque Leclerc é cerca de três vezes aquele de um AMX-30. O Veículo Blindado de Combate de Infantaria (véhicule blindé de combat d’infanterieVBCI), que entrará em serviço em 2008, custa pelo menos seis vezes mais do que o AMX-10P que substituirá. A proporção é aproximadamente a mesma entre o helicóptero Tiger, na versão anti-tanque, e seu antecessor, ou entre o futuro helicóptero de transporte NH90 e o Puma. Esses números vêm de várias fontes, incluindo o site http://www.obsarm.org; relatórios à Assembléia Nacional n° 385 e 1775, disponíveis em http://www.assemblee-nationale.fr.

F-22 Raptor da Lockheed Martin.

Sendo todas as outras coisas iguais, a primeira consequência desse aumento de custos é a redução das frotas disponíveis. O número de tanques no exército francês cai de 2.150 em 1976 para 400 atualmente. Em 1977, levando essa lógica ao limite, Norman R. Augustine, presidente da Lockheed-Martin, estimou que em 2050 todo o orçamento do Pentágono só poderia comprar um único avião. Este seria atribuído três dias por semana à Força Aérea, três dias à Marinha e o sétimo ao Corpo de Fuzileiros Navais...

Mas as coisas não são iguais em outros lugares. Os custos crescentes esgotariam os recursos de certos equipamentos em detrimento de recursos considerados secundários. No verão de 2006, os israelenses lamentaram amargamente não ter renovado seus veículos de combate de infantaria datados da década de 1970, e se tornaram muito vulneráveis às modernas armas anti-carro do Hezbollah. Os reservistas, por sua vez, descobriram que estavam menos bem equipados individualmente do que os milicianos que enfrentavam.

Treinamento de baioneta do Exército Britânico.

O empobrecimento não é apenas material, é também humano. Os efetivos dos exércitos ocidentais diminuíram constantemente desde o início dos anos 1990, e não apenas como resultado da profissionalização que de repente torna os soldados escassos e caros. Os efetivos do Exército dos EUA (profissionalizado desde 1973) diminuíram em um terço entre 1991 e 2001. Nos encontramos assim, em proporção à população, com menos combatentes americanos no Iraque do que policiais nas ruas de Nova York e um contingente da coalizão no Afeganistão quatro vezes menor em número que aquele dos soviéticos na década de 1980.

Mas um exército não é uma simples justaposição de homens e de materiais, ele é também um "portfólio de habilidades". No entanto, o savoir-faire que não pode ser mantido por meio de treinamento sustentado e realista, ou por meio da ação, murcha. Ao reduzir o treinamento de combate de alta intensidade por falta de recursos financeiros ou de tempo (também uma conseqüência de fracos efetivos em alta demanda), introduzimos um primeiro empobrecimento de competências. Ao reservar o combate a uma elite de forças especiais ou recursos de tiro à distância, ambos considerados mais seguros, esse empobrecimento é acentuado, impedindo a experiência de compensar a falta de treinamento.

Fuzileiros navais do Brasil e do México durante o exercício UNITAS Anfíbio 2015.

Após a guerra de julho, um general israelense observou amargamente que o custo de apenas um dos 250 aviões F-16 da força aérea israelense era igual ao orçamento anual de treinamento dos 300.000 reservistas do país, os quais, por economia, viram o seu período anual de mobilização e treinamento passando de 30 para 14 dias. Ele também notou que o exército da ativo não sabia mais fazer nada além de operações de guarda, controle de multidões e guarnição de postos de controle. As ações ofensivas nos territórios ocupados foram quase inteiramente realizadas por caças, helicópteros e comandos. Ao longo dos anos, sob o efeito desses vários fenômenos, o exército israelense se dividiu em três: um exército de guerra à distância centrado em torno da força aérea e das forças especiais; um exército terrestre da ativo que perdeu algumas das suas habilidades e cujo equipamento não foi completamente renovado; e um exército de reserva completamente negligenciado.

Soldados britânicos e iraquianos se preparam para destruir granadas de artilharia abandonados para que não possam ser transformados em artefatos explosivos improvisados.

A conjunção desse fracionamento, os custos crescentes dos equipamentos modernos, sem um aumento proporcional de eficiência, a adaptação dos adversários e a assimetria moral das guerras atuais, levam à queda nos rendimentos, sinônimo de crise, identificada por Schumpeter. O caso da Organização Conjunta para Derrota de IED (Joint IED Defeat Organization, JIEDDO) é emblemático dessa queda de eficiência. A JIEDDO é a organização americana responsável pela luta no Iraque contra dispositivos explosivos improvisados (Improvised Explosive Devices, IED). Em 2004, seu orçamento era de 100 milhões de dólares. Em 2005, subiu para 1,2 bilhão de dólares, depois para 3,4 bilhões em 2006. A luta contra os IED tornou-se, assim, um dos programas públicos mais importantes da história dos Estados Unidos, juntamente com o projeto Manhattan para fabricar a arma atômica, ou o projeto Apollo para conquistar a Lua. Tudo isso para combater a ameaça de dispositivos caseiros feitos de obuses, foguetes ou bombas de avião, cargas explosivas e de um meio de acionamento, ou seja, alguns milhares de dólares, tudo incluído. Apesar da enormidade das quantias gastas, o número de ataques por IED aumentou de 10 por dia no início de 2004 para 40 em 2006. Os estoques de obuses (granadas de artilharia) no Iraque podem permitir que ataques de IED continuem por quase 250 anos, enquanto 800 soldados americanos já foram mortos por este recurso.

Algumas lições para a França

A França foge desse fenômeno com uma nova exceção? Durante uma longa tendência, e sem voltar à era napoleônica, só podemos observar o declínio do nosso "peso militar relativo", em consonância com a evolução do nosso peso demográfico e econômico. Alguns franceses ainda se lembram de ouvir que seu exército era o melhor do mundo. Outros, mais numerosos, lembram que apenas 50 anos atrás, fomos capazes de engajar duas divisões em uma vasta operação anfíbia e aerotransportada no litoral egípcio, enquanto travávamos uma guerra na Argélia e assegurávamos uma forte presença no seio da OTAN. Seríamos no máximo capazes de lançar um batalhão por via aérea e desembarcar um outro na costa.

Paras franceses do 2e RPC (Régiment de Parachutistes Coloniaux), que saltaram no Porto Said, inspecionam um fuzil capturado dos egípcios, 1956.

Sem dúvida, a queda nos rendimentos também nos atinge igualmente, e talvez mais do que outros. Em um orçamento de defesa que passou de 3% do PIB em 1980 para 1,9% atualmente, a manutenção de grandes programas fornecidos pela indústria nacional (26 bilhões de euros para o programa Rafale, 7,7 bilhões para o porta-aviões Charles de Gaulle, 7 bilhões para o projeto de helicóptero franco-alemão Tigre, 5,7 bilhões para o tanque Leclerc) empobreceu mecanicamente o ambiente desses locais emblemáticos. Os veículos de transporte, como o avião Transall ou o helicóptero Puma, estão muito gastos depois de quase 40 anos de serviço. As frotas de combate e transporte dos regimentos do Exército estão apenas pela metade. O resto está em manutenção.

Transall C-160 lançando paraquedistas.

O empobrecimento é, também, humano; quantitativamente, uma vez que quase todas as companhias e esquadrões da França têm escassez de pessoal, mas também, sem dúvida, qualitativamente. Nossos soldados estão se saindo notavelmente bem em suas missões atuais, mas e se nossas forças estivessem envolvidas em combates de alta intensidade e em larga escala? Exceto durante a primeira Guerra do Golfo, não enfrentamos o problema seriamente. E, novamente, neste caso, exceto por nossos aviões Jaguar que sofreram muito em seu primeiro emprego, a oposição era muito fraca. Portanto, achamos difícil avaliar a nós mesmos.

Algumas pistas podem nos ajudar a ver com mais clareza. Em novembro de 2004, para esmagar 3.000 rebeldes entrincheirados em Fallujah, uma cidade do tamanho de Montpellier, os americanos reuniram o equivalente a um terço do corpo de batalha aeroterrestre do exército francês. Deve-se lembrar que eles também tiveram a experiência de um primeiro cerco da cidade em abril, e anos de treinamento intensivo em combate urbano e em cooperação inter-armas e inter-exércitos. De maneira mais ampla, o Corpo de Fuzileiros Navais americano, o equivalente ao nosso Exército e Força Aérea, mobilizou cerca de 30.000 homens na província de Al-Anbar, oeste do Iraque, desde 2004, sem conseguir pacificá-la. Mais de 700 fuzileiros já tombaram lá. Vimos que, para enfrentar o Hezbollah (cerca de 10.000 homens), o exército israelense havia enviado oito brigadas e 400 tanques, ou seja, mais ou menos a nossa ordem de batalha terrestre e o equivalente a nossa força aérea, perto de suas bases, sem conseguir vencer. Diante de um inimigo altamente motivado, bem adaptado ao fogo moderno e no terreno, agora só podemos esperar derrotar uma milícia de alguns milhares de homens.

Fuzileiros navais americanos de baionetas caladas lutando de casa-em-casa em Fallujah, 2004.

Segundo Schumpeter, a solução para a crise envolve necessariamente uma maneira diferente de usar os recursos. Essa realocação de recursos, em termos de homens, habilidades e equipamentos, é no entanto delicada e não pode prescindir de debates e escolhas políticas. Nos Estados Unidos, o debate é acalorado entre os "iraquianos" e os "chineses". Os primeiros, aqueles que estão lutando no Iraque, querem vencer a guerra atual e pedir homens e materiais adaptados ao seu combate diário. Os últimos desdenham a contra-guerrilha, pensam na guerra futura e encontraram no novo "perigo amarelo" um novo provedor de orçamentos.

Exército vermelho chinês durante manobras conjuntas com a Mongólia e a Rússia.

Não podemos ignorar esses debates na França. O custo de uma avião Rafale é equivalente ao de um regimento de infantaria (equipamentos e salários do pessoal incluídos na vida útil de uma aeronave). Entre os 300 Rafale (ou os dois outros modelos de caça de que dispomos) e os 20 regimentos de infantaria existentes, é óbvio que, a curto prazo, serão os últimos que serão os mais utilizados. Eles já estão fornecendo a maior parte dos nove grupos táticos que atualmente nós engajamos em operações (Líbano, Afeganistão, Costa do Marfim, Kosovo, Plano Vigipirate) e os outros oito que mantemos fora da metrópole, próximos a áreas de crise. Eles também fornecem a esmagadora maioria das perdas que tivemos em operações nos últimos 20 anos, [10] enquanto nenhum homem foi perdido em combate aéreo, combate naval ou combate tanque contra tanque.


[10] Ou seja, cerca de 200 mortos e 1.000 feridos por atos hostis.

Uma lei econômica antiga considera que, quando o custo de um dos dois fatores de produção, capital ou trabalho, aumenta, torna-se preferível investir no outro. Como o "capital", isto é, a alta tecnologia, fica muito caro, torna-se lógico investir em "trabalho", isto é, nas pessoas. Além disso, trata-se de um simples problema de eficiência. A guerra agora ocorre quase exclusivamente entre as populações; Nesse contexto, o melhor sistema de armas, capaz de atirar com precisão sem causar "danos colaterais", de dialogar, de fornecer assistência humanitária, de buscar inteligência etc, permanece o combatente terrestre. O Exército dos EUA não se enganou, que agora considera que sua principal fonte de eficácia reside mais nos sargentos-chefes de grupos de infantaria do que na guerra centrada em informações (network centric warfareNCW). Desde 2003, a infantaria americana aumentou sua força em 10% a cada ano.

Homens do 13e RDP correm para os helicópteros durante a Guerra da Argélia.

No entanto, não é um efeito pêndulo do retorno ao exército da Guerra da Argélia, mas sim de conceber um modelo equilibrado. Mesmo ao investir em mão-de-obra, os soldados profissionais são "trabalhadores qualificados" que permanecerão escassos e caros. Para serem eficazes, eles devem estar equipados com equipamentos eficientes. Para isso, não é preciso necessariamente jóias tecnológicas, mas de veículos aéreos ou terrestres cada vez mais numerosos e mais adaptados. De longe, a aeronave mais eficiente atualmente no Iraque e no Afeganistão é o avião de ataque AC-130, uma aeronave de transporte convertida em uma fortaleza voadora repleta de canhões disparando de janelas e dotada de eletrônicos de última geração. Por um quinto do custo do programa de caças F-22, os americanos estão construindo sete brigadas de 3.000 homens montados em veículos Stryker. Essas unidades combinam equipamentos comprovados (o Stryker é derivado de um veículo existente), muito mais homens do que as brigadas anteriores (a torre do Stryker é deliberadamente reduzida para poder embarcar mais soldados de infantaria) e alta tecnologia, graças ao instrumentos de digitalização que equipam todos os veículos. [11]

[11] Os instrumentos de digitalização combinam geolocalização e transmissão de dados.

Para alguns, no entanto, privilegiar o "trabalho" sobre o "capital" apresenta o risco de perder certas habilidades industriais estratégicas, que podem estar extremamente ausentes no futuro mais distante. Em resumo, a menos que o orçamento seja aumentado, é uma questão de escolher entre uma certa vulnerabilidade no curto prazo e uma outra, possível, no longo prazo. Não fazer escolha alguma é condenar-se à impotência em todas as frentes.

Michel Goya, tenente-coronel e editor do Centro de Doutrina de Emprego de Forças (Exército), é responsável por fornecer feedback das operações francesas e estrangeiras na região da Ásia/Oriente Médio. Ele é o autor de La Chair et l'Acier (Paris, Tallandier, 2004), que se concentra no processo de evolução tática do exército francês durante a Primeira Guerra Mundial. Este livro foi traduzido como A Invenção da Guerra Moderna pela Bibliex. Goya também foi o autor do livro Sous le Feu: La mort comme hypothèse de travail (traduzido no Brasil como Sob Fogo: A morte como hipótese de trabalho).

Bibliografia recomendada:

Concrete Hell: Urban warfare from Stalingrad to Iraq.

Por um Exército Profissional.

Sous le Feu:
La mort comme hypothèse de travail.

Operation Phantom Fury:
The assault and capture of Fallujah, Iraq.

The Operators.

Leitura recomendada: