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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

CHENGDU J-10 FIREBIRD O delta canard chinês

FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: Mach 2.2
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,95
Razão de subida: 15240 m/min.
Potência: J-10A/B: 0,89; J-10C: 0,92  (só com combustível interno e desarmado).
Carga de asa: 80,26 lb/ft².
Fator de carga: +9 Gs e 3Gs
Taxa de giro instantânea: 26º/s.
Razão de rolamento: 270º/s.
Teto de serviço: 18000 m.
Raio de ação/ alcance: 550 km sem reabastecimento aéreo/ 1850 km (máximo).
Alcance do radar: J-10A: Type 1473: 120 Km ; J-10B/C: KLJ-10: 160 km.
Empuxo: J-10A e J-10B: Um motor Lyulka- Saturn AL-31FN com 12700 kgf com pós combustor ligado; J-10C: Um motor WS-10A com 13154 kgf com pós combustor ligado.
DIMENSÕES
Comprimento: 15,49 m
Envergadura: 9,75 m
Altura: 5,43 m
Peso: 9750 kg.
Combustível interno: 9921lb,
ARMAMENTO
Capacidade total: 7000 kg de carga externa divididos por 11 pontos fixos entre asas e fuselagem.
Interno: Canhão Gryazev-Shipunov GSh-23 com cano duplo em calibre 23 mm.
Ar Ar: Mísseis de curto alcance PL-8, PL-9, PL-10 e mísseis de médio alcance PL-11 e PL-12.
Ar Terra: Bombas guiadas a laser LT-2, Bombas de queda livre de 250 kg, Bomba guiada por TV KAB-500KR, Bombas planadoras guiadas por satélite  FT-1, LS-6, GB-3 e GB-2A  Misseis anti radar KH-31P/ YJ-91

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S Junior
A China vem demonstrado um incontestável objetivo em se tornar uma das grandes potências militares deste planeta e investe pesado para que essa ambição seja alcançada. A melhora nos processos de qualidade de sua industria tem sido observados, já a alguns anos e o país se tornou a segunda maior economia do planeta. Em meados dos anos 80 do século passado, a Força Aérea do Exército de Libertação Popular da China percebeu que precisava de uma nova aeronave de combate que fizesse frente ao caça russo MIG-29 e o caça norte americano F-16. A característica em comum mais proeminente dos dois modelos de avião de combate a serem enfrentados é a agilidade de voo, sendo assim, uma forma relativamente previsível de se conseguir esse objetivo é usar uma configuração aerodinâmica de asa delta com canards ativos. As autoridades envolvidas na tomada de decisão sobre este novo avião de combate entregaram a missão de transformar em realidade este projeto nas mãos da empresa Chengdu que através de 17 anos de estudos e desenvolvimentos a partir do projeto cancelado J-9 passaram a desenhar os traços do que deveria ser o caça tático leve da força aérea chinesa, o J-10. Assim, desde o começo, já se tinha em mente o modelo configurado com asas em delta e canards. Originalmente o J-10 receberia diversos componentes ocidentais, e parte do projeto foi bastante influenciada pelo programa israelense do IAI Lavi, porém, devido sanções impostas pelos Estados Unidos e pelos países europeus, acabaram por levar a China a procurar na Rússia o suporte para o projeto com diversos componentes de fabricação russa que resultou em mudanças no desenho da aeronave que se tornou mais longo do que era originalmente projetado.
Acima: Em primeiro plano, o modelo J-9 ao lado de um F-7M Airguard. O J-10 teve suas origens enraizadas no J-9, cujo projeto foi cancelado. Abaixo: O protótipo do caça israelense IAI Lavi, também cancelado, influenciou, de forma bastante importante a finalização do projeto do J-10.
O J-10A, primeira variante a entrar em serviço no final de 2003, está equipada com um motor russo  Lyulka- Saturn AL-31FN, uma versão do motor desenvolvido para a caça Sukhoi Su-27 Flanker, porém  com uma potência máxima pouco maior que a versão instalada  no Su-27, fornecendo 12700 kgf  de empuxo com pós combustor. Com esse empuxo, o J-10A possui uma relação empuxo peso de 0,89. Este valor não é nada excepcional, uma vez que caças bastante comuns, como o F-16 superam a unidade em qualquer versão. Por outro lado, com um coeficiente aerodinâmico baixo,  o J-10 consegue apresentar uma boa capacidade de aceleração. A carga de asa, relativamente baixa de 80,26 lb/ft²,  permite a aeronave apresentar uma maior facilidade de manobras. Um controle de voo FBW (Fly By Wire), de quatro canais fornece, artificialmente, a estabilidade da aeronave, o que garante uma taxa de giro instantânea de 26º/ seg, o posicionando como uma aeronave ágil para combate de curta distancia. A velocidade máxima que o J-10A atinge em alta altitude é de mach 2.2, o que representa algo em torno de 2500 km/h, e sua razão de subida é estimada em  15240 m/seg, colocando o como uma boa aeronave para interceptação, embora o modelo seja multi-função, podendo ser empregado em missões ar superfície também. O J-10B, versão modernizada do J-10 que foi desenvolvida na primeira decada do século XXI, teve a entrada de ar do motor modificada para a configuração aerodinâmica DVI (diverterless supersonic inlet) que desacelera o fluxo de ar para o motor, otimizando seu funcionamento quando a aeronave ultrapassa a velocidade do som. A ultima versão do modelo, conhecido como J-10C, usa um motor de projeto chinês WS-10A , ainda mais potente que o modelo russo original, atingindo 13154 kgf com pós combustor ligado permitindo uma sensível melhora nos números de performance.
Acima: O J-10 é uma aeronave instável, que somando-se com a configuração aerodinâmica de asa delta com canards ativos, garantem uma boa agilidade a aeronave. Abaixo: O J-10 usa uma sonda fixa para reabastecimento aéreo. Seu alcance de travessia máximo é 1850 km
O J-10A possui um radar de varredura mecânica Type 1473 que apresenta um alcance de 120 km contra alvos aéreo do tamanho e um caça convencional (cerca de 5m2 de RCS) e pode rastrear 10 alvos simultaneamente e engajar 4 em rápida sequencia com mísseis PL-12 guiados por radar ativo , ou apenas 2 alvos quando usando mísseis PL-11 guiados por radar semi ativo. Esse modelo fornece um desempenho de engajamento BVR (além do alcance visual) equiparável a de um caça norte americano F-16C block 40. O J-10A, transporta externamente diversos tipos de pods para designação de alvos, reconhecimento e de visão infravermelha. Um exemplo é o pod WMD-7 que possui o sistema infravermelho de busca, sistema de TV e um iluminador a laser para guiar bombas guiadas por este tipo de radiação. Outro tipo de pod externo, usado pelo J-10A, é o de guerra eletrônica BM/KG300G que interfere nos sistemas de radar inimigos dificultando a localização exata do J-10 para seus inimigos, o que retarda a possibilidade de o J-10 ser atacado por mísseis guiados a radar de médio ou longo alcance. Para reconhecimento, o J-10 recebeu a integração do pod de inteligência de sinais (SIGINT) KZ900 que intercepta e grava comunicações inimigas.
Acima: O capacete HMS integrado ao J-10B e C representa um avanço em relação ao HMD usado pelos caças Flanker chineses.
Acima: Aqui podemos ver um J-10A equipado com "dummys" de mísseis PL-8 e PL-12 para efeito de treinamento.
O J-10B recebeu, além de modificações aerodinâmicas pontuadas, um novo radar de varredura eletrônica ativa (AESA) modelo KLJ-10 cujo alcance é de 160 km contra um alvo do tamanho de um caça. Embora o alcance máximo de detecção tenha aumentado em 25% em relação ai radar de varredura mecânica Type 1473 da versão A do J-10, a capacidade de engajar alvos múltiplos se manteve inalterado, permanecendo com a capacidade de engajar 4 alvos simultaneamente, quando fazendo uso do míssil PL-12. O J-10B recebeu, também, um sistema de busca e rastreio IRST OEPS-301 que opera integrado ao sistema HMS (Helmet Mounted Sight) ou "mira montada no capacete permitindo ao piloto direcionar o sistema para onde ele virar sua cabeça. Cabe aqui uma observação: O sistema, também se integra a mísseis de busca infravermelha de 4º geração com elevada capacidade de angulo de engajamento (off boresight). O OEPS-301 tem a mesma função dos sistemas IRST OLS-35 usado no caça Sukhoi Su-35, OLS-50 usado no caça Sukhoi Su-57 ou o OEPS-29 usado no MIG-29M2/ MIG-35 e em caças europeus como o Gripen E, Rafale e Typhoon (para conhecer mais destas aeronaves, clique nos links dos nomes delas), ou seja, fazer a busca passiva por alvos. Isso permite manter o radar desligado, diminuindo a chance de algum inimigo consiga detectar a presença do J-10, uma vez que a operação do radar, por ser um sistema ativo, denuncia sua presença para os sensores adversários.
O J-10B recebeu um sistema de alerta e aproximação de míssil MAW que é montado dos dois lados, próximo a base da empenagem vertical e um sistema, aumentando o nível de consciência situacional para o piloto.
Acima: Fotos de equipamentos de radar chineses são raras. Aqui uma foto do radar AESA KLJ-10 de um J-10B.
O armamento do J-10 é composto por um canhão duplo Gryazev-Shipunov GSh-23 em calibre 23 mm (o mesmo usado nos veteranos caças MIG-21 entre outros caças da época soviética), cuja cadência chega a 3600 tiros por minuto e o alcance efetivo é de 1000 metros aproximadamente.
Para missões ar ar, o J-10 pode operar com mísseis ar ar de curto alcance PL-8, variante chinesa, legalmente licenciada do famoso míssil israelense Python III, usado pela FAB em seus F-5EM. este míssil, embora esteja operacional, já tem suas capacidades bastante inferiores aos mísseis de 4º e 5º geração. Seu sistema de guiagem é por infravermelho com capacidade "all aspect", o que significa que ele pode ser lançado contra um alvo de qualquer angulo, incluindo de frente, tendo um alcance máximo de 15 km e um alcance minimo de 500 metros. O sensor possui capacidade de engajamento de  30º de varredura para cada lado, o que o coloca em desvantagem contra modernos mísseis com alta capacidade off boresight, como o R-73 russo, ou o AIM-9X norte americano. O míssil de curto alcance chinês PL-9 também faz parte do arsenal J-10  que já possui capacidade de engajamento off boresight (fora da linha de visada) de cerca de 60º. Para tanto, este míssil precisa ser operado em conjunto a um sistema HMS (mira montada no capacete). O PL-9 tem alcance de 18 km contra alvos se aproximando pelo setor frontal. Ainda tratando de armamento ar ar de curto alcance, mais recentemente o J-10 teve o mais moderno míssil chinês PL-10 integrado na aeronave. O míssil tem alcance estimado em cerca de 20 km e seu sistema de guiagem é infravermelho que opera integrado com o capacete HMD do piloto permitindo o engajamento da aeronave inimiga em altos ângulos "off boresight" (fora do angulo de visada da aeronave), onde o piloto apenas olha para o alvo e o designa para o míssil através do visor do capacete. O angulo de engajamento do sensor é um dado secreto, mas provavelmente está entre 60º e 90º. O míssil tem vetoração de empuxo, que lhe permite manobrar agressivamente contra um alvo, dificultando qualquer manobra evasiva que o alvo possa tentar para escapar de ser atingido
Acima: O J-10B desta foto está configurado para superioridade aérea com dois mísseis PL-12 de médio alcance nos cabides internos e dois mísseis PL-10 nos cabides externos, além de três tanques de combustível.
Para combate ar ar além do alcance visual (BVR), o J-10 pode lançar os mísseis PL-11 e o moderno míssil PL-12. O PL-11, mais antigo, é derivado do míssil italiano Aspide, do qual a China tinha licença para fabricar. O modelo, inicialmente operava, apenas, com radar semi ativo, obrigando a aeronave lançadora a manter seu radar apontado para o alvo engajado até o míssil acertar ele. Porém, uma versão aprimorada, chamada PL-11B recebeu um radar ativo que permite o modo de engajamento dispare e esqueça. O PL-11 tem alcance de 50 km aproximadamente. Já o míssil PL-12, se assemelha ao míssil norte americano AIM-120 AMRAAM. Esta arma foi projetada, desde o início como um míssil de médio alcance com radar ativo e com pequenas superfícies de controle de voo, que facilitam seu uso em compartimentos internos de aeronaves stealth. Seu alcance é de cerca de 80 km e a arma também é usada no caça sino-paquistanês JF-17, também já descrito nas paginas do WARFARE blog.
Já, para missões de ataque ao solo, o J-10 pode operar com uma relativa grande variedade de bombas guiadas como o modelo LT-2 de 500 kg, guiado por laser, bombas guiadas por satélites de posicionamento global LS-6, de 500 kg, que possui capacidade de planeio podendo atingir um alvo a 60 km com uma margem de erro menor que  15 metros, bombas GB-2 e GB-3.
O J-10 pode operar missões de supressão de defesa anti-aérea usando o míssil YJ-91 que é uma versão local do míssil russo Kh-31P, sendo que seu sistema de guiagem busca as emissões de antenas de radares inimigos para seguir e destruir. Seu alcance é de 120 km.
Também fazem parte do arsenal do J-10, os casulos lançadores de foguetes não guiados.
Acima: A China desenvolveu uma família de bombas guiadas por satélites, nos moldes das bombas JDAM dos Estados Unidos. Aqui a versão mais leve da bomba guiada por GPS LS-6, com 50 kg, é, ainda, mais leve que a bomba GBU-39 SDB, menor bomba guiada por GPS em uso na Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) 
A China é a única nação que faz uso do J-10. O Paquistão, tradicional aliado da China, quase recebeu um esquadrão de caças J-10B, porém, houve o cancelamento da encomenda do modelo devido a industria chinesa estar desenvolvendo um caça leve/ médio com características de baixa reflexão (stealth), batizado de  FC-31 Gyrfalcon que terá forte foco no mercado de exportação e que, terá algumas vantagens sobre o J-10. Não há, no entanto, como negar que o J-10, principalmente nas versões B e C, entregam um caça com uma boa relação custo benefício e que seria muito bem sucedido no mercado de caças se não houvesse a grande desconfiança deste diante de produtos fabricados na China. O preço de um J-10B é estimado em torno de U$ 40 milhões de dólares cada, o que o posiciona como uma aeronave de menor custo de aquisição que os caças de 4º geração ocidentais, entregando um desempenho bastante convincente na arena de combate aéreo.
Acima: O J-10B em primeiro plano está armado com mísseis anti-radar YJ-91 capazes de destruir uma antena de radar a 120 km de distancia.

Acima: Uma decolagem com pós combustor a plena força deste J-10B, ainda equipado com o motor russo AL-31FN.

Acima: O J-10A em três vistas.

VÍDEO


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domingo, 22 de janeiro de 2017

DASSAULT AVIATION MIRAGE 2000-5MK2. O ultimo representante da dinastia Mirage.

FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,9 (1190 km/h).
Velocidade máxima: Mach 2,2 (2350 km/h).
Razão de subida: 17100 m/min.
Potencia: 0,91 (somente com combustível interno).
Carga de asa: 69 lb/ft².
Fator de carga: 9 Gs.
Taxa de giro instantânea: 22º/s.
Razão de rolamento: 270º/s.
Teto de serviço: 17600 m.
Raio de ação/ alcance: 1530 km (com 3 tanques externos)/ 3335 km.
Alcance do Radar: Thales RDY com 111 km (alvo de 5m² de RCS como um caça MIG-29).
Empuxo: Um motor Snecma M53-P2 com 9706 kgf com pós-combustão.
DIMENSÕES
Comprimento:14,36 m.
Envergadura: 9,13 m.
Altura: 5,2 m.
Peso vazio: 7500 Kg.
Combustível interno: 6966,60 lb.
ARMAMENTO
Mísseis Ar-Ar: Médio alcance: MBDA MICA RF / IR
Ar-Superfície:  Bombas AASM Hammer 250, BGL 1000/ 400/ 250, Bomba guiada a laser GBU-12 Paveway II
Interno: 2 canhões DEFA 554 de 30 mm

DESCRIÇÃO
Por Carlos E. S. Junior
O nome "Mirage" representa uma das mais bem sucedidas dinastia de caças na história da aviação militar. Os franceses, através de sua talentosa empresa Dassault Aviation, (inicialmente Avions Marcel Dassault), desenvolveram a família Mirage desde 1953 produzindo modelos, como o Mirage III e o Mirage 5, que obtiveram tanto sucesso comercial quanto em batalhas. O ultimo e mais moderno membro da família foi o Mirage 2000, uma aeronave desenvolvida com estabilidade relaxada, que dependia de um sistema de controle FBW (Fly By Wire) para voar, o que lhe garantia alta agilidade e a solução de todos os inconvenientes que a configuração de asa em delta apresentava em modelos anteriores, e que entrou em serviço na Força Aérea Francesa em 1984 com a versão inicial "Mirage 2000C" que era uma aeronave bastante especializada, limitada a operações de interceptação e combate aéreo. A partir dai, versões de ataque e treinamento foram sendo desenvolvidas aumentando o leque de opções dentro deste projeto. Em 1991 a Dassault apresentava a versão Mirage 2000-5, que trouxe melhoramentos importantes em seus sistemas permitindo ao caça de 3º geração operar como uma aeronave multimissão, atacando alvos no ar e na superfície. Esta versão foi adquirida pela Força Aérea Francesa que modificou quase 40 aeronaves do modelo C de seu acervo para o novo padrão "-5" e vendeu outros exemplares para mais 4 países.
O modelo que será foco deste artigo, a partir de agora, é o Mirage 2000-5MK2, que representa a ultima e mais moderna aeronave da dinastia Mirage.
Acima: O Mirage 2000C é um modelo especializado em missões ar ar, e foi necessário desenvolver novas capacidades para o modelo para torna lo mais flexível em combate, e tornar ele mais atrativo para o mercado internacional.
O Mirage 2000-5MK2 tem em seus sensores e armamentos, suas atualizações chave que trouxeram um aumento significativo de sua capacidade de combate quando comparado com as versões anteriores do Mirage 2000. Com relação a estes sensores, o mais importante foi a substituição do radar RDM, um sensor especializado para missões ar ar, pelo muito mais capaz e flexível RDY-2. Além do aumento do alcance de 85 km do RDM, para 111 km no RDY -2, o novo sensor permitiu o rastreio de 24 alvos simultâneos com engajamento de 4 deles simultaneamente. O RDY, trouxe também, uma capacidade inexistente anteriormente na versão C, que é a capacidade de rastrear e engajar alvos de superfície, tornado o Mirage 2000-5MK2 em uma aeronave de combate multi-missão. O avião recebeu a integração de um casulo (ou pod, como alguns preferem), para designação de alvos Damocles, fabricado pela Thales, que é composto por um designador a laser, um FLIR e um sistema de imagem de alta resolução que permite identificar um carro de combate inimigo no solo  a 27 km. O Mirage 2000-5 MK2 está equipado com um HUD (Head Up Display) Thales VEH 3020 de grande angulo, que permite uma melhor visualização do cenário de batalha aérea. Porém, a mira montada no capacete, a chamada "HMD (Helmet Monted Displau), não foi integrado ao Mirage. Esse recurso ficou para o seu sucessor natural, o poderoso e moderno Rafale, já descrito nesse site.
Acima: O radar RDY-2 é um dos pilares das capacidades do Mirage 2000-5MK2. Seu alcance é de cerca de 111 km contra um avo do tamanho de um caça e 4 alvos podem ser engajados simultaneamente.
O cockpit do Mirage 2000-5MK2 possui um painel com 3 telas multifunção coloridas que permitem um gerenciamento da navegação e missão mais fácil para o piloto. O layout dos controles no cockpit é do tipo HOTAS (Hands On Throttle-And-Stick) uma característica presente em todos os caças que foram projetados no fim da década de 70 para cá, e que também permite ao piloto um maior controle das ferramentas e recursos da aeronave sem ter que tirar as mãos do manche e do manete. O cockpit é, também, compatível com o uso de óculos de visão noturna.
No campo da defesa eletrônica, o Mirage 2000-5 está equipado com uma suíte de guerra eletrônica integrada Thales ICMS MK-2 que opera junto com um sistema de alerta de míssil Damir DDM que informa o piloto quando um míssil inimigo é lançado contra o seu caça.
Acima: O painel de controle do Mirage 2000-5MK2 tem o lay out típico dos caças de 4º geração, mesmo sendo uma aeronave de 3º geração. 
O Mirage 2000-5MK-2 é equipado com um motor turbofan Snecma M53-P2 que fornece a potência máxima com pós combustor de 9706 kfg de empuxo, dando uma relação empuxo/ peso, considerando o caça armado com 6 mísseis ar ar MICA e um tanque externo de combustível montado no cabide central da fuselagem, de 1300 litros, de 0,77. Não é um desempenho formidável, porém, a baixa resistência aerodinâmica permite ao Mirage 2000 um desempenho de aceleração consistente. A uma altitude de 10973 m, voando a velocidade de mach 0,9 (1190 km/h), acelera até mach 1,85 (2000 km/h) em apenas 120 segundos. A sua razão de subida é espetacular, chegando a 17100 m/min, o que corresponde a um desempenho melhor que o do F-15 e F-16 norte americano, e comparável ao do Su-27 e MIG-29 russos. Já no campo de manobrabilidade, a estabilidade relaxada, onde o centro de gravidade da aeronave é deslocado de sua posição natural,  e controlada pelos controles FBW (Fly By Wire), permite ao Mirage 2000, uma desempenho de curva muito bom, sem a característica perda de energia de aeronaves com configuração em delta possuem nessas curvas mais fechadas. A taxa de giro instantânea, a velocidade de mach 0,7 é de 22º/seg, o que pode ser considerado bom quando comparado com aeronaves de sua época.  para os padrões atuais, no entanto, esse desempenho não representa um valor tão bom. O moderno caça Rafale, já descrito no WARFARE, seu sucessor na força aérea francesa, atinge 31º/ seg em velocidade igual.
Acima: O Mirage 2000-5MK2 tem um bom desempenho de manobra. Se o compararmos com aeronaves de sua geração, ele se destaca positivamente nesse quesito.
O armamento do Mirage 2000-5MK2 é composto pelos mísseis ar ar de médio alcance MICA que tem alcance de 60 km e com total capacidade de combate de combater a curta distancia também, graças a sua vetoração de empuxo que lhe garante alta agilidade em manobras. O MICA pode ser equipado com um sistema de guiagem por radar ativo (RF) ou por um sistema de guiagem por infravermelho (IR). É interessante notar que esta ultima versão tem uma vantagem de emprego contra aeronaves stealth, que embora não reflitam bem as ondas de radar, não conseguem esconder a assinatura térmica com a mesma eficiência. Para missões contra alvos de superfície, pode-se transportar bombas guiadas AASM  Hammer 250, que podem ser lançadas a 15 km do alvo, sendo guiadas por um sistema de GPS ou com um tipo de guiagem dual, onde a arma faz uso de um sistema de GPS com suporte de um sistema de infravermelho, ou a laser, o que garante uma precisão com margem de erro de apenas 1 metro . As bombas guiadas a laser de fabricação francesa BGL, que são similares a família Paveway dos Estados Unidos, também podem ser empregadas em todas as suas versões pelo Mirage 2000-5MK2. Alias, a bomba GBU-12 Paveway II pode ser usada também no Mirage 2000.
Acima: O míssil MIKA é o principal armamento ar ar do Mirage 2000-5. Ao todo podem ser transportados 6 unidades, sendo 4 deles guiados a radar ativo, e dois deles por infravermelho.
Para ataque contra navios de guerra inimigos, o Mirage 2000-5MK2 usa o míssil AM-39 Block 2 Exocet guiado por radar ativo e com alcance de 70 km. Este míssil tem uma ogiva de 165 kg de explosivos e é capaz de produzir estragos significativos a navios do tamanho de um destróier. Outro armamento integrado ao Mirage é o míssil de cruzeiro multinacional SCALP EG (Storm shadow) fabricado pela MBDA e desenvolvido anteriormente pela Inglaterra Itália e França tendo um alcance 500 km. O sistema de guiagem do SCALP EG se dá  por uma combinação de sistemas INS, GPS e TERPRON que permite ao míssil voar rente ao solo seguindo o contorno do terreno dificultando sua detecção pelos sistemas de radares inimigos. Na fase final do ataque, o SCALP usa um sistema infravermelho.  A ogiva do SCALP EG, também difere do Apache. No SCAPL EG ela é unitária de penetração com 450 kg de alto explosivo. O objetivo é a destruição de alvos reforçados como um Bunker, por exemplo.
O armamento orgânico do Mirage 2000-5MK2 continuou sendo os mesmos dois potentes canhões DEFA 554 em calibre 30 mm, com 125 munições cada um, capazes de uma cadência de 1800 ou 1200 tiros por minuto, configuráveis por um controle do piloto.
Acima: O míssil SCALP EG montado no cabide central deste Mirage 2000-5B permite uma capacidade de atacar alvos fora do alcance dos seus sistemas de defesa (capacidade stand off). 
Embora o projeto do Mirage 2000 seja antigo, datando da década de 80 do século passado e já haver um sucessor em operação (o Rafale), é inegável que a capacidade de combate do Mirage 2000-5 MK2 ainda é bastante relevante. Bem armado, com bom desempenho de voo, e com sensores eficientes, ele está no mesmo nível que um F-16C Block 50 e pode operar com uma capacidade crível por mais 15 anos, pelo menos. O mercado de caças, no entanto produz pesado lobby junto as autoridades militares e políticas para forçar a substituição dos equipamentos de combate em uso por novos produtos, mantendo a saúde da industria bélica. Para nações como Emirados Árabes Unidos, Grécia, Catar e Taiwan, a manutenção de uma frota de Mirages 2000-5, faz bastante sentido ainda e deverão manter seus caças operando até 2030.
Acima: Embora o Mirage 2000 seja um projeto antigo e com seu sucessor já operacional, suas boa capacidades permitirão a continuidade de seu uso operacional por mais 15 anos pelo menos.



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terça-feira, 29 de novembro de 2016

CLASSE CHARLES DE GAULLE. O primeiro porta aviões nuclear da França.


FICHA TÉCNICA
Comprimento: 261,5 m.
Calado: 9,43 m.
Boca: 64,36 m.
Deslocamento: 42500 toneladas.
Propulsão: Nuclear, com dois reatores nucleares PWR K15 mais duas turbinas a vapor fornecida pela Alston e 4 motores a diesel com 80000 hp de potência combinada.
Velocidade máxima: 27 nós (50 km/h).
Autonomia: Reabastecido a cada 20 anos
Sensores: Radar de busca aérea tridimensional Thales DRBJ 11B com 305 km de alcance; Radar de médio alcance DRBV 26D Júpiter; Radar de controle de fogo Thonson CSF 3D Arabel; Radar de busca de superfície Thales DRBV 15C Sea Tiger MK 2 com 100 Km de alcance.
Armamento: SAM: 4 lançadores Silver com 8 celulas para mísseis Áster 15; 2 lançadores de mísseis SAM de curto alcance Sadral, para mísseis Mistral, com 6 mísseis cada. 8 Canhões GIAT 20F2 de 20 mm.
Aviação: Até 40 aviões, sendo 3 Northrop Grumman E-2C Hawkeye, Helicópteros NH-90, e cerca de 30 caças Rafales.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S Junior
Este projeto é interessante, pois apresentou algumas características indesejáveis como uma frequência elevada de defeitos durantes seu teste no mar entre 1999 e 2001, e um elevadíssimo custo operacional. Os Franceses precisavam de um porta aviões novo para substituir os cansados porta aviões da classe Clemenceau, que não tinham o tamanho ideal, nem potencia adequada em suas catapultas para operar o novo caça naval francês, o Rafale. Para isso o governo francês decidiu que deveria construir uma nova classe de porta aviões, que usasse propulsão nuclear para permitir uma autonomia muito maior que a dos porta aviões que seria substituídos por ele. Todavia, diversos problemas ocorreram, desde relacionados com o desenho do navio, até problemas ligados a confiabilidade do reator nuclear que impulsiona o navio. Hoje, depois destes problemas terem sido resolvidos, ainda um permanece: O custo elevado para operar um navio nuclear levou a marinha da França a considerar construir um novo porta aviões, em conjunto com a Inglaterra, que era conhecido como CVF, e que teria propulsão convencional, porém, problemas financeiros graves, levaram os franceses a cancelarem o projeto em 2013.
Acima: A marinha francesa precisou de um porta aviões mais capaz para operar os caças Rafales, que na época de sua incorporação, também era um novo caça. O Charles de Gaulle substituiu os dois antigos porta aviões da classe Clemenceau.
O Charles de Gaulle pode  operar 40 aeronaves que hoje são representadas por 34 caças Rafale M, 3 aviões de alerta aéreo antecipado (AEW) E-2C Hawkeye, além de helicópteros de apoio AS-565 Panther e H-225M Caracal. Esse equipamento torna o Charles de Gaulle, um dos mais bem equipados porta aviões do mundo, sendo inferior, apenas, aos super porta aviões americanos. As duas catapultas C13, de fabricação norte americana, usadas neste navio podem lançar 2 aviões por minuto, podendo colocar uma força respeitável no ar, em pouco tempo.
Embora os aviões de combate de um porta aviões sejam a principal linha de defesa, o Charles de Gaulle possui uma peculiaridade que é seu armamento orgânico relativamente pesado quando comparado com os navios do mesmo tipo ocidentais. O navio está equipado com 4 lançadores verticais Silver com 8 celulas para mísseis Áster 15, com um alcance de 30 Km, e com guiagem inercial, atualização por data link e radar ativo no final do engajamento. Além desse excelente sistema. Estão instalados, 2 lançadores Sadral com 6 mísseis Mistral cada. Este míssil tem um pequeno alcance de 4 km e usa a guiagem por infravermelho.
Estão instalados, também, 8 canhões automáticos de 20 mm da GIAT modelo 20F2, que disparam 720 tiros por minuto, e os projéteis alcançam 8 km.
Acima: Uma das aeronaves utilizada no Charles de Gaulle é o eficiente Grumman E-2C Hawkeye, de alerta aéreo antecipado, também usado pela marinha dos Estados Unidos.
O sistema de gerenciamento de combate Senit consegue rastrear 2000 alvos no campo de batalha, e é apoiado por um sistema de controle de armas Vigy 105 que são direcionadores optronicos fornecidos pela empresa Sagem. Este sistema permite a detecção de alvos numa distancia máxima de 27 km de forma passiva e imune a interferência. Em fevereiro de 2004, a empresa francesa Thales forneceu  o sistema de comando e controle chamado Sytex, e que será incorporado, não só no Charles de Gaulle, como em outros navios de guerra da frota francesa.
O sistema de radar é composto por um radar tridimensional Thales DRBJ 11B de busca aérea de longo alcance com 305 km de alcance, radar de busca aérea de longo alcance Thales DRBV 26D Júpiter, com o mesmo alcance do radar tridimensional (305 km), e um radar de busca de superfície e aérea Thales DRBV 15C Sea Tiger Mark 2 com 74 km de alcance. O radar de controle de tiro é o Thonson CSF Arabel 3 D, com 150 km de alcance, que é usado para fornecer informações do alvo para o sistema de mísseis antiaéreo Áster 15.
Acima: No começo do serviço operacional do Charles de Gaulle, a ala aérea utilizou aeronaves de combate Dassault Super Etendard modernizados, porém, atualmente, o Rafale assumiu as missões de combate embarcadas.
Como dito no início desta matéria, o Charles de Gaulle,  é um porta aviões nuclear, e ele usa dois reatores nucleares PWR K15, que o permitem, esta embarcação de 42500 toneladas de deslocamento, alcançar 26 nós (50 km/h) de velocidade máxima. A autonomia do sistema, é de 20 anos de operações continuas com o navio à 50 km/h.  Os mantimentos de comida da tripulação permitem ao navio operar sem reabastecimento por 45 dias. Um outro item interessante, é o sistema estabilizador Satrap, que promove uma estabilização executada por um computador e que mantêm o navio em uma situação horizontal com variação de 0.5º, permitindo, assim, operar os aviões em situações de mar agitado.
A marinha francesa é, tradicionalmente, uma das maiores do mundo. Dado à influência política que a França exerce sobre muitos países, notadamente do continente africano, assim como seu compromisso junto da OTAN (tratado do Atlântico Norte), sua marinha deverá continuar forte, porém, com problemas orçamentários, ela ainda poderá contar apenas com um porta aviões por um bom tempo.

Acima: O Charles de Gaulle é a capitânia da poderosa marinha francesa atualmente.

VÍDEO


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sexta-feira, 29 de abril de 2016

MAPO MIG-29M2 FULCRUM E. O agressivo caça leve russo.


FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: 950 km/h.
Velocidade máxima: 2100 km/h.
Razão de subida: 19800 m/min.
Potência: 0,95.
Carga de asa: 102,8 b/ft².
Fator de carga: 9 Gs.
Taxa de giro instantâneo: 28º/s.
Razão de rolamento: 240º/s.
Teto de Serviço: 17500 m.
Raio de ação/alcance: 850 km/ 3000 km (em velocidade subsônica com 3 tanques externos)
Alcance do radar: Zhuk-ME com alcance de 120 km contra um alvo de  5m2 de RCS
Empuxo: 2 motores RD-33MK de 9000 kgf de potência com pós combustor.
DIMENSÕES
Comprimento: 17,32 m.
Envergadura: 12 m.
Altura: 4,73 m.
Peso vazio: 11000 kg.
Combustível Interno: 12566 lb.
ARMAMENTO
Ar Ar: Míssil R-77M , R-73E  e R-27.
Ar terra: Bombas guiadas KAB 250 e 500, Bombas de queda livre FAB 500 mísseis táticos Kh-29T (TE), míssil anti navio KH-35E e míssil anti radar KH-31P , a sua versão anti navio KH-31A e míssil KH-38 também. Casulos de foguetes não guiados S-8 e S-25
Interno: 1 canhão GSh-301 de 30 mm.



DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S.Junior
O caça MIG-29 Fulcrum foi desenvolvido na Rússia, na época da União Soviética em meados da década de 70, para equilibrar a balança do combate aéreo entre a OTAN e o Pacto de Varsóvia. Naquela época, o novo caça F-15, dos Estados Unidos, que estava entrando em operação, representava uma ameaça muito importante, na medida, em que ele superava as qualidades de voo e as capacidades de combate fora do alcance visual (BVR) de todos os caças soviéticos da época, e com uma grande margem. Para resolver essa incomoda situação, os russos tiveram que mandar seus escritórios de desenvolvimento, construírem dois novos caças que pudessem combater os modernos caças americanos que estavam entrando em serviço, de igual para igual. Além de novos caças, os russos desenvolveram toda uma nova geração de armas ar ar, que deram uma grande margem de superioridade na arena de combate aéreo em relação às armas disponíveis no ocidente naquela época. Um dos caças que surgiram foi o espetacular Sukhoi Su-27 Flanker, um caça de escolta de longo alcance; O outro foi o caça médio MIG-29 Fulcrum, uma aeronave de alto desempenho acrobático, excelente relação empuxo peso e grande poder de aceleração, mas que tinha algumas fraquezas marcantes e graves. Uma era sua autonomia limitada que dava um raio de ação de menos de 700 km, quando operando sem tanques externos. O outro ponto desfavorável do MIG-29 era sua pouca carga de combate composta por 4 mísseis e um canhão de 30 mm. Na verdade, as primeiras versões do Fulcrum  poderiam ser operadas como interceptador de curto alcance e não tinham capacidade relevante de ataque contra alvos em superfície, obrigando a força aérea soviética manter jatos antigos como MIG-27 e Su-17 em operação nessas missões por algum tempo até a chegada de novas aeronaves que pudessem assumir a missão de ataque tático para a força aérea soviética.

Acima: O MIG-29M2 tem uma configuração biplace, devido a maior facilidade de executar as missões de combate com um navegador/ operador de armas. è de conhecimento público que a força aérea russa prefere os caças Su-30SM por serem biplaces ao mais capaz Su-35, monoplace.
Muitas versões modernizadas do MIG-29 foram sendo desenvolvidas para solucionar os pontos apontados como fraquezas nas capacidades do Fulcrum e a aeronave começou a se tornar cada vez mais capaz. O artigo de hoje trata de uma das mais modernas versões do Fulcrum, chamada de MIG-29M2 Fulcrum E. Na verdade, o MIG-29M2 possui uma sub variante que é chamada de MIG-35, este sim, o mais moderno caça desta grande família e tratarei dele em outro artigo no futuro.
O MIG-29M/M2 Fulcrum E tem seu projeto baseado na versão naval desta família, o MIG-29K Flanker D, tanto que as asas do MIG-29M/M2 também se dobram, embora a aeronave não esteja qualificada para operações embarcadas como seu irmão MIG-29K.
De cara, o primeiro ponto que foi melhorado no MIG-29M2 foi sua autonomia. Novos tanques de combustível interno, e ainda uma sonda retrátil para reabastecimento em voo foram instalados dando maior alcance para o MIG-29M2. Agora, o raio de ação subiu de 720 km para 850 km, só com combustível interno. Se colocarmos 3 tanques externos, o raio de ação vai a 1500 km. Vale lembrar aqui que o MIG-29M2 também recebeu mais pontos para cargas externas totalizando 8 cabides externos para transporte de armas e tanques extras de combustível. Isso foi um incremento importante frente aos 5 cabides que o MIG-29 original tinha.
Acima: O MIG-29M2 mantém a tradicional alta manobrabilidade e agilidade que tanto caracteriza a família Fulcrum. Em engajamentos de curta distancia, o MIG-29M2 se revela um adversário bastante indigesto.
Os primeiros MIG-29 eram aeronaves que tinham controles de voo mecânicos e por isso a estabilidade da aeronave era natural. Mesmo assim, o nível de manobrabilidade demonstrada era bastante alto. Porém, as versões mais modernas, como o MIG-29M2, receberam um sistema de controle de voo digital FBW (Fly By Wire), que permite uma maior segurança da aeronave em manobras bruscas para que o piloto não exceda os limites da celula em manobras de alto Gs. Aproveitando o gancho do assunto manobrabilidade, o MIG-29M2 tem uma taxa de curva instantânea de 28º/seg e 23º/seg em curva sustentada. Esse desempenho excede com boa margem o conseguido pelo caça norte americano F-15C Eagle  e mesmo o F-16C Fighting Falcon. A razão de subida também é bastante alta atingindo 19800 metros por minuto, também bem superior aos caças de 4º geração norte americanos.
Outro importante problema resolvido no MIG-29M2 é a melhora no desempenho dos motores RD-33 originais que "fumavam" muito deixando um rastro de fumaça preta que tornava muito facil a detecção visual do Fulcrum a grandes distancias. O motor usado no MIG-29M2 é o RD-33MK que produz 10% mais empuxo, chegando a 9000 kg com pós combustor e não deixa mais o rastro de fumaça escura que os modelos anteriores deixavam. Com esse motor mais potente, e com o aumento de peso que o modelo teve, a relação empuxo peso fpi levemente penalizada com uma pequena queda atingindo um índice de  0,95, contra 1,02 no modelo mais antigo. Os motores também estão ligados a um controle FADEC (Full Authority Digital Engine Control) que melhoram a eficiência do motor e a segurança em sua operação.
Acima: O painel do MIG-29M2 segue o padrão clássico dos caças de 4º geração, com a dominância de 3 painéis multimodo para facilitar a leitura facilitando o trabalho do piloto e combate.
O MIG-29M2 está equipado com um radar multi-modo de varredura mecânica do tipo pulso doppler Zhuk-ME  capaz de detectar um alvo aéreo de 5 m² a 120 km de distancia. Este radar, embora não represente o que há de mais moderno em termos de sensores de detecção ativa, tem uma capacidade respeitável, podendo rastrear 10 alvos simultaneamente e  engajar com mísseis de médio/ longo alcance ativos, 4 desses alvos, também, simultaneamente. Contra alvos de superfície o Zhuk- Me pode detectar um navio de guerra a 250 km! Em apoio ao radar, há o sensor de busca infravermelha (IRST) OEPS-29 que detecta alvos de forma passiva (sem emitir sinais), a um alcance de cerca de 18 km  no quadrante frontal, ou cerca de 40 km no quadrante traseiro, se o alvo estiver com o pós combustor ligado. O MIG-29M2 recebeu sistemas de interferência eletrônica para dificultar sua localização por radares inimigos, e assim impossibilitar que o inimigo consiga travar seus radares nele para lançar mísseis. O cockpit, antes cheio de instrumentos analógicos foi substituído por um bem mais atual, com 3 displays multi-função, tipico e um caça de 4º geração, já com o objetivo de aliviar a carga de trabalho do piloto em missões de combate.
Acima: Embora em um mundo onde a grande moda dos caças são os radares de varredura eletrônica, o MIG-29M2 usa um radar de varredura mecânica Zhuk-ME, porém com uma capacidade respeitável.
Uma das mais interessantes características do MIG-29M2, em minha opinião, é seu sistema de barramento de dados padrão ocidental MIL-STD-1553B, que permite que sejam integrados armamentos e equipamentos de procedência ocidental no MIG-29M2. Essa característica proporciona uma flexibilidade de operação difícil de ser atingida por qualquer outra aeronave do mercado quando tratamos de usar armas de origem diferente de um vetor russo. Porém, cabe observar que se um cliente quiser integrar uma arma ocidental, terá que contratar essa integração no momento da aquisição do caça, pois o MIG-29M2 vem integrado apenas aos sistemas russos.
Falando em armas, o MIG-29M2 pode ser armado com mísseis R-73M Archer,  projetado para superar qualquer ameaça, com ênfase especial a caças ágeis e manobráveis, devido a sua capacidade de manobrar violentamente em combate aproximado, o míssil tem capacidade de ser lançado contra um alvo fora do ângulo de visada, e girar atrás do alvo para persegui-lo se necessário, podendo atacar alvos manobrando a 12g. Seu sistema de guiagem por infravermelho (busca o calor a aeronave inimiga) consegue detectar o alvo posicionado a 60º em relação a seu posicionamento e seguir este alvo mesmo nessas condições. Seu alcance está em 40 km, sendo o míssil com maior alcance dentro de sua categoria (mísseis de combate de curto alcance). As versões mais antigas do R-73 também podem ser empregada na aeronave. Para combate de médio alcance o MIG-29M2 pode usar míssil R-77 guiado por radar ativo. Este míssil, de fabricação russa, equivale ao míssil norte americano AIM-120 Amraam tem alcance de 80 km contra um alvo vindo de frente e possui boa manobrabilidade devido a sua superfície de controle de voo em forma de grelha que permite engajar alvos manobrando a 12 Gs. Ainda na arena ar ar, o Fulcrum E pode operar míssil R-27 Alamo, codinome dado pela OTAN, são mísseis com um maior alcance do que os mísseis AIM-7 Sparrow e Sky Flash, seus concorrentes ocidentais diretos, e dão ao piloto uma flexibilidade sem precedentes, porque possuem versões com 4 diferentes cabeças de busca (Infravermelha, radar semi ativo, radar ativo e radar passivo.) permitindo ao piloto o disparo de dois ou mais mísseis com guiagem diferente contra o alvo, o que maximiza a possibilidade de acerto. O R-27 engaja alvos tripulados ou não e em manobras de combate aéreo aproximado. Pode ser empregado individualmente ou em grupo de aeronaves. O alvo pode estar voando a até 3.500 km/h e entre 20 m e 25 mil metros de altitude e manobrando a mais de 8 Gs. Esta família de mísseis nas versões de alcance estendidas R-27E  é uma excelente arma se utilizada por pilotos snipers, isto é, pilotos que saibam se aproveitar de sua superioridade em alcance sensivelmente superior. Além disto, se usar trajetória loft ele aumenta ainda mais seu alcance efetivo máximo em qualquer  aspecto de disparo.
Acima: A capacidade multifuncional do MIG-29M2 é evidente nessa foto onde o modelo aparece carregando sob suas asas dois mísseis ar ar de médio alcance  R-77 (RVV-AV) e quatro bombas guiadas a TV KAB-500KR para ataque ar/ superfície.
Uma das grandes diferenças entre o MIG-29M2 e suas versões anteriores é sua maior capacidade multi-missão de forma que ele pode ser usado igualmente bem contra alvos de superfície. Assim, as armas ar superfície estão integradas para uso neste caça. Podem ser usados os mísseis KH-29T, versão guiada por sensor eletrooptico/ TV e com alcance de 28 km. Este míssil, de dimensões relativamente grandes, tem o objetivo de destruir alvos reforçados, incluindo veículos blindados de combate. A versão deste míssil com alcance estendido para 30 km, conhecido como KH-29TE, também pode ser empregado. Para ataques anti-navio, o míssil KH-31A, guiado por radar ativo e com alcance de 103 km também está integrado no Fulcrum E. A versão KH-31P é usada para destruir antenas de radar inimigas e tem alcance pouco maior chegando a 110 km. Esta versão usa um radar passivo, ou seja, ele segue o emissor do sinal de radar inimigo até sua fonte (a antena) e a destrói com uma ogiva de 87 kg de alto explosivo.
Uma outra arma para destruir navios que também está disponível é o KH-35E, um míssil com performance muito similar ao modelo norte americano AGM-84 Harpoon. Trata-se, de um míssil subsônico, com perfil de voo sea skimming (voo rasante ao mar), para evitar sua detecção por radares inimigos, cujo alcance chega a 130 km sendo que seu sistema de guiagem se dá por radar ativo. Este míssil tem uma ogiva de 145 kg e pode destruir pequenos navios como corvetas e fragatas ou inutilizar um destróier com um só impacto. O moderno míssil KH-38, inicialmente desenvolvido pensando para ser usado em compartimentos internos de armas de caças de 5º geração poderá ser empregado pelo Fulcrum E também. Os alvos deste míssil podem ser fixos ou moveis, mesmo com forte proteção blindada, e pode ser empregado a uma distancia máxima de 40 km. Esta arma pode usar diversos sistemas de guiagem como IR, laser, radar ativo, GLONASS (Localização por satélite, análogo ao sistema americano GPS).
Outras armas que podem ser empregadas são as bombas guiadas KAB 250 e 500L guiadas a laser ou  KAB-500KR guiadas por TV, assim como bombas "burras" FAB 500. Casulos de foguetes não guiados S-8 e S-25 também fazem parte do arsenal do MIG-29M2. Como armamento orgânico, o MIG-29M2 mantém o potente canhão GSH-301 de 30 mm com cadencia de 1800 tiros por minuto e alcance de cerca de 1800 metros.
Acima: Mesmo sendo uma aeronave formidável, o MIG-29M2 não obteve nenhuma encomenda ainda. A VVS (Força Aérea Russa), está considerando encomendar o MIG-35, versão mais avançada do MIG-29.
O MIG-29M2 é uma interessante alternativa para um país que precise substituir seus caças de 3º geração por um caça relativamente moderno, com excelente capacidade de combate aéreo e bom desempenho em ataques a alvos de superfície, porém com um custo que chega a 60% do valor de um caça de 4º geração  ocidental como o Rafale francês, ou o Typhoon europeu e que não tenha um relacionamento bom com os Estados Unidos. Se o Fulcrum E operar com apoio de uma aeronave de alerta aéreo antecipado (AEW), será um adversário muito robusto no espaço aéreo. É interessante notar, no entanto, que os russos deixam evidente que o modelo MIG-29M2 é uma aeronave para exportação, uma vez que não encomendaram nenhuma unidade. Na verdade, olhando por esse lado, nenhum país  adquiriu esse modelo e com a disponibilidade do MIG-35, a variante mais avançada e completa do Fulcrum, o MIG-29M2 deverá ter poucas encomendas ou mesmo, nenhuma, o que representa uma certa injustiça com uma aeronave cuja relação custo benefício é bastante atraente.



ABAIXO UM VÍDEO DE UMA DEMONSTRAÇÃO DO MIG-29M2.


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