FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: 870 km/h
Velocidade máxima: 1010 km/h
Alcance: 11100 km.
Teto de serviço: 15200 m.
Propulsão: 4 motores General Electric F-118-GE-110 com 7847 Hp de potencia cada.
DIMENSÕES
Comprimento: 21,03 m
Envergadura: 52,43 m
Altura: 5,18 m
Peso: 71700 kg (vazio)
ARMAMENTO
Até 18300 kg em armamento. As armas integradas ao B-2 são: Misseis de cruzeiro nucleares AGM-129 ACM, Bombas nucleares B-61 e B-83, bombas convencionais MK-82 e MK-83, Bombas guiadas por GPS JDAM e JSOW, bombas EGBU-28 anti bunker, bombas de fragmentação CBU-87 e CBU-97, minas terrestres GATOR, míssil de cruzeiro AGM-158 JASSM.
DESCRIÇÃO
Por Carlos E. S. Junior
No final do período conhecido como guerra fria em meados dos anos 70 do século passado os Estados Unidos estavam atras de um bombardeiro estratégico que pudesse substituir os velhos B-52 pois estes aviões não teriam a menor chance de sobreviver as fortes defesas antiaéreas que a União Soviética estavam colocando em operação. Inicialmente, se pensou em um bombardeiro que voasse alto e em velocidades supersônicas para que assim as defesas antiaéreas não conseguissem interceptar o bombardeiro levando a construção do protótipo do XB-70 Valkyre. Porém, a tomada de conhecimento por parte da inteligência dos Estados Unidos deixou claro que essa ideia não daria certo, pois os russos estavam com novos mísseis com capacidade de interceptar e destruir uma aeronave em alta velocidade e alta altitude. Naquela época um outro bombardeiro de nova geração, o B-1A, uma aeronave mais simples que o XB-70, era a aeronave que os Estados Unidos estavam desenvolvendo para atingir esse objetivo e depois que se obteve o conhecimento do poder dos soviéticos em lidar com esse perfil de ataque, se optou por modificar o B-1 para que ele pudesse ser empregado em infiltração de baixa altitude e em velocidade supersônica, dificultando sua detecção pelos sistemas de radares soviéticos e seus mísseis. Porém, os soviéticos ainda começaram a apresentar aeronaves de combate com capacidade look Down/ Shot Down (capacidade de ver para baixo e atirar para baixo), em aeronaves como o Su-27 Flanker, o MIG-29 Fulcrum e o gigante MIG-31 Foxhound. Este novo cenário mostrou que a tática de penetração a baixa altitude não seria útil naquele ponto também. A partir dai, estava claro que para superar a formidável rede de defesa antiaérea soviética seria necessário dar um passo a frente e revolucionar totalmente a guerra aérea.
Acima: O bombardeiro XB-70 Valkyrie foi uma tentativa de criar uma aeronave imune a capacidade defensiva soviética através da exploração da altíssima velocidade acima de mach 3 e alta altitudes. Essa abordagem do assunto se mostrou ineficaz frente ao ganho de capacidade dos soviéticos em sua capacidade antiaérea.
Surge em 1979 um programa de desenvolvimento de um bombardeiro de nova geração conhecido pela sigla ATB (Advanced Tactical Bomber, ou Bombardeiro Tático Avançado) que visava fornecer um bombardeiro que além do longo alcance, fosse capaz de operar com baixíssima reflexão a radar, uma tecnologia que foi chamada de "stealth" e já era usada em um outro programa que levaria concepção do jato de ataque invisível F-117. Os estudos foram levado a cabo pela Boeing, a Lockheed Martim, e a Northrop e em todas estas empresas, a forma de suas propostas mostrava uma aeronave em forma de asa voadora. Em 1981 a Northrop acabou sendo selecionada pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) para dar continuidade a sua proposta para o ATB e a construir o novo bombardeiro estratégico dos Estados Unidos que foi batizado de B-2A Spirit. Embora houvesse informações do andamento de um programa para construir um novo bombardeiro para a USAF, poucos dados sobre as características da futura aeronave haviam sido liberadas e por isso a "invisibilidade" que caracteriza este projeto não era de conhecimento do grande público. O B-2 foi apresentado para o mundo em novembro de 1988 e seu formato de asa voadora, sem cauda, chamou bastante a atenção dos que estavam presentes e estava claro que a "invisibilidade" era parte do "pacote" desse projeto.
Acima: Muitos dos avistamentos de OVNIs na região da base de Edwards foi responsabilidade do B-2 e suas formas "diferenciadas"
Diferentemente do caça F-117, primeira aeronave "invisível", o B-2 não apresenta as formas facetadas, cheia de ângulos que se pode observar no F-117. O B-2 tem linhas mais fluidas e seu projeto foi feito com ajuda de supercomputadores que calculavam o angulo de reflexão das ondas de radar, além do uso de materiais que absorvem as ondas não refletidas. O resultado prático é que o B-2, mesmo sendo muito maior que um F-117, consegue ser mais difícil de ser detectado que o pequeno caça. As entradas de ar dos motores ficam posicionadas acima da aeronave e possuem formas cerrilhadas embaixo e em "W" em cima, característica que ajuda a desviar as ondas de radar para longe da antena emissora. As saídas dos motores apresentam uma solução diferenciada que é uma extensão da fuselagem, logo depois do escape dos motores, que são revestidas de carbono para resfriar o calor do ar que sai do motor e assim reduzir a assinatura infravermelha. O B-2 está equipado com 4 motores tipo turbofam modelo General Electric F-118-GE-100 sem pós combustores e com empuxo máximo de 7847 Hp. Sua velocidade máxima é de 1010 km/h e sua velocidade de cruzeiro é de 870 km/h. Já, seu alcance pode chegar a 11100 km, o que lhe permite atacar alvos em qualquer continente do mundo,.
Acima: O B-2 é um grande avião cuja envergadura chega a 52,43 metros e isso traz um arrasto aerodinâmico considerável. Sua velocidade é subsônica em qualquer altitude.
O B-2 está equipado com um radar AN/APQ-181 que for recentemente modernizado e recebeu uma antena de abertura sintética (AESA) que fornece dados de navegação através do modo de seguimento de terreno, o que permite ao B-2 voar em alta velocidade em baixa altitude em total segurança. O radar fornece dados sobre a localização de alvos em terra para ataques precisos. O sistema de navegação opera com apoio de um sistema de GPS e de um sistema inercial NAS-26. O sistema de comunicação usa o link 16 para operação intercambio de dados permitindo com que o B-2 opere em rede com outras aeronaves, satélites e bases em terra. O B-2 possui um sistema de alerta de aproximação de mísseis (MAWS) AN/AAR-54 desenvolvido pela própria Northrop. Este sistema avisa os pilotos sobre o lançamento, aproximação e a direção de mísseis que estejam atacando o B-2. Para contramedidas eletrônicas, é usado o sistema de gerenciamento de defesa da Lockheed Martin AN/APR-50.
Os controles de voo do B-2 são do tipo Fly By Wire (FBW) com redundância quadrupla, o que significa que se um sistema de controle de voo falhar, há mais 3 para manter a aeronave voando.
Acima: O cockpit do B-2 traz muitos displays multifuncionais para facilitar a vida de seus dois tripulantes na atividade de navegação e ataque.
O armamento do B-2 é transportado dentro de dois compartimentos internos localizados no centro da aeronave e é capaz de transportar uma carga de até 18300 kg. Cada compartimento pode ser equipado com um lançador rotativo chamado de CRSL (Common Rotary, Strategic Launcher) capaz de ser carregado com 8 mísseis de cruzeiros AGM-129 ACM, com uma ogiva nuclear W-80 com potência de 150 kt (quiloton) o que equivale a 8 vezes a potência da bomba que destruiu Hiroshima na segunda guerra mundial. O AGM-129 tem alcance de 3700 km e sua guiagem se dá por sistema inercial e TERCOM (sistema de seguimento do terreno) que permite o míssil voar rasante contornando o relevo do terreno cujo mapa é previamente carregado no computador de voo do míssil. Outras armas nucleares que o B-2 está habilitado a lançar são as bombas atômicas B-61 e B-83 que tem uma potência de 340 kt e 1,2 Mt (megaton) respectivamente. Além das armas estratégicas (as nucleares), o B-2 tem um grande leque de armamentos convencionais. Fazem parte do arsenal as bombas MK-82 e MK-84 que são transportadas em um rack que substitui o lançador rotativo e pode transportar até 80 (sim!!! oitenta) bombas MK-82 ou 16 bombas MK-84 de 2000 libras nos dois lançadores rotativo. As bombas guiadas por GPS da família JDAM e as bombas planadoras da família JSOW que permitem atacar os alvos em condição stand off (longe das defesas antiaéreas) a distancias de 115 km também foram integradas ao B-2. Para destruir alvos reforçados ou subterrâneos o B-2 é armado com bombas EGBU-28 guiadas a laser e com apoio do GPS com 5000 libras de peso. Esta bomba é capaz de penetrar cerca de 30 metros de terra ou 6 metros de concreto antes de detonar sua potente ogiva. Por ultimo, o novo míssil AGM-158 JASSM com uma ogiva WDU-42 de 450 kg de alto explosivo e com capacidade de penetração também faz parte do arsenal do B-2. O AGM-158 é guiado por um sistema de GPS e guiagem inercial, além de um sensor infravermelho que reconhece o alvo previamente carregado na memória do computador do míssil. O alcance desta arma é de 370 km o modelo padrão, e de 1000 km a versão com alcance estendido JASSM-ER.
Acima: O B-2 possui uma grande capacidade de transporte de armas. Nesta foto um B-2 despeja sua carga de 80 bombas de queda livre MK-82 sobre uma área alvo. O B-2 porém, é caro demais para ser usado como um bombardeiro de bombas burras. O melhor aproveitamento de seu potencial é através do uso de armas inteligente com longo alcance.
A capacidade de se esconder dos radares que o B-2 apresenta é impressionante, principalmente se levarmos em consideração seu tamanho. Um radar capaz de detectar um B-52 a 180 km, só vai conseguir ver um B-2 quando ele estiver a 5 km do alvo. Ou seja, tarde demais para reagir. O B-2 aumenta em muito a capacidade de dissuasão do EUA, tornando muito arriscado se envolver em uma disputa bélica com os americanos. Um B-2 pode realizar sozinho uma missão que seria necessária um esquadrão inteiro de F-16, graças a sua capacidade de transportar uma grande quantidade de armas de precisão. Mesmo com a melhora da tecnologia dos radares que começam a conseguir detectar um avião furtivo como o B-2 a distancias um pouco maiores que os radares convencionais, o B-2 ainda pode operar com imunidade pois ele ainda usa armamentos que podem ser lançados de distancias muito grandes. Com apenas 19 unidades operando, devido a seu elevado custo e a perda de 2 exemplares desde que a aeronave entrou em serviço, o B-2, em breve, terá uma companhia para as missões estratégicas. O novo bombardeiro do programa LRS-B (Long Range Strike Bomber), que provavelmente será batizado de B-3, terá mais unidades construídas e deve operar lado a lado com o B-2 por muitos anos.
Acima: Aqui temos uma imagem interna das partes do B-2A Spirit.
ABAIXO PODEMOS ASSISTIR A UM DOCUMENTÁRIO SOBRE O B-2.
Carlos, o que Rússia e CHINA têm desenvolvido para freia essa ameaça, ou que, mas o ameaça (B-2) sua sobrevivência no teatro de operações, se tem como eles usam? Abraço.
ResponderExcluir(Desculpas aos leitores citar apenas China e Rússia, mas são os equivalentes talvez tenham outros, não sei)
B-2 só funciona contra países do terceiro mundo. Contra países que forçadas armada relativamente moderna esse B-2 com tecnologia Setealth não funciona.
ResponderExcluirNa guerra da Iugoslávia B -2 foi derrubado com facilidade pelo míssil Russo.
Olá BOB. Embora você estaja comberto de razão com relação a vulnerabilidade de aeronaves como o B-2 frente a uma força armada melhor equipada, houve um pequeno equivoco de sua parte sobre o B2 ter sido derrubado. Na verdade quem foi derrubado foi um caça F-117, também stealth.
ExcluirAbraços
Falou besteira, o B-2 foi feito para fazer frente a uma Russia e toda Europa, Pais de segunda ou terceira categoria não tem nem margem de chance direito com ele.
Excluirse me permite rafael,meio que (tentar) responder e tirar uma duvida com o carlos,na net falasse muito sobre os russos utilizarem radares de alta frequencia VHF,o problema seria o fato deles serem enormes em tamanho inviabilizando o uso em embarcações,aeronaves e mesmo míssies,então eu pergunto ao carlos até que ponto issoi é verdade,radares VHF conseguem mesmo detectar e principalmente "travar" um alvo steath?
ResponderExcluirOlá Johnwolke. Os radares de alta frequência do tipo OTH e VHF detectam uma aeronave stealth, mas sem precisão adequada para dar uma solução de tiro contra ele.
ExcluirAbraços.
Johnwolke
ExcluirOs radares VHF não tem a função de travar o alvo , até porque o tempo de integração desse sistema varia de 10 a 20 segundos dependendo do tipo (3 ou 6 RPM) ... sua função é dar o alerta antecipado sobre o contato... indicar sua posição sua direção velocidade e altitude para o S-400 disparar contra ele com o 48N6 ou com o 9M83...
Resta saber se o radar de aquisição e acompanhamento de alvo e o de controle de tiro do S-400 podem ser beneficiados por um alerta antecipado do radar VHF... pelo menos eles saberão em que direção correta atirar e com certa antecedencia e poderão corrigir a rota do míssil na fase inicial de voo em direção ao contato... ademais se for mesmo verdade que esses mísseis tem um seeker dual para perseguir um alvo tanto pelo RCS quanto pela assinatura infravermelha, uma vez disparado na direção correta o seeker do míssil pode assumir o controle da trajetória e perseguir o bombardeiro através de seu sensor passivo que busca a diferença de calor até acertar o alvo...
e claro faltou perguntar,os novos sistemas russos s300 eS400 conseguiriam derrubar este bixinho?
ResponderExcluirN foi um b2 e sim um f117.
ResponderExcluirExcelente materia Carlos! O B-3 seria uma aeronave superior ao B-2 em alcance e capacidade de carga?
ResponderExcluirOlá Fernando.
ResponderExcluirObrigado! O B-3 é um projeto ainda. Mesmo o nome "B-3" não é oficial. O nome desse programa atualmente é LRS-B (Long Range Strike Bomber) etodfas as informações que existem são meramente conjecturas pois de oficial mesmo só que será um avião stealth subsônico e com custo de aquisição e manutenção menor que de um B-2.
Abraços
te agradeço pela matéria sempre imperdível .
ResponderExcluirUm obra prima da guerra fria. Em pensar que essa máquina no estado da arte foi projetada na década de 80 sem os poderosos computadores que possuímos hoje em dia, podemos ter uma ideia do esforço titânico para contruí-la. B1B-Lancer, B2- Spirit, porta avião Enterprise, Tupolev Tu-160 Blackjack, submarinos da classe Typhoon são algumas das monstruosidades construídas durante a guerra fria, tão grandes e tão caras de se operar que a maioria está sendo retirada de operação, não por sua ineficiência, mas porque não fazem mais sentido em um mundo onde a eficiência de vetores menores e mais baratos compensa muito mais economicamente, ainda assim gostaria muito poder ver pessoalmente algum deles, são obras primas da engenharia e mostram não só duas potências militares em conflito, mas a incrível capacidade da engenharia humana.
ResponderExcluirOlá Lucas. Os Estados Unidos vão trazer um bombardeiro estratégico B-52 para expor ao publico aqui no Brasil nos próximos meses. Fique atento para ver se a exposição ocorre em sua cidade.
ResponderExcluirAbraços
Olá Carlos...
ResponderExcluirUma máquina incrível com toda certeza, porém está rapidamente perdendo seu principal trunfo que é a furtividade frente aos novos radares Nebo RLM russos que operam nas faixas VHF do espectro...
Uma nave com RCS de 0,1 m² igual ao Spirit voando a 25.000 pés (7600 m) de altitude é detectada pelo Nebo RLM a 200 km de distancia...
Considerando um voo em fase de ataque a velocidade mach 0,8 (980 km/h), o B-2 é detectado pelo IADS russo 12,25 minutos antes de estar sobre o alvo...
Considerando ainda que esteja armado com suas 216 GBU-39 SDB com 70 km de alcance e descontando o tempo ganho pela aeronave pelo alcance dessa arma que daria mais 4 minutos de voo, sobram ainda mais de 8 minutos para a anti- aérea engajar e disparar contra ele com mísseis SAM mach 7 igual o 48N6 do S-400...
Se atacar com as JSOW ou o AGM-129 a defesa fica a cargo dos TOR e Pantsir que trabalham em anéis redundantes no IADS (Integrated Air Defense System) russo de forma que essas armas de alcance médio específicas para destruir armamento guiado garantam que as baterias de longo alcance possam estar protegidas contra os bombardeiros...
Enfim, ele é sim uma arma fantástica porém os russos não estão parados e já existe uma condição de enfrentá-los inclusive diminuindo e muito a chance de sobrevivência desse avião...
Fonte: ausairpower.com (tópico Nebo SVU/M Counter VLO Radar Analisys)
Olá Topol.
ResponderExcluirEu sou um grande fâ da capacidade antiaérea russa. para mim não existe nenhum sistema antiaéreo superior aos que os russos construíram em cada uma das categorias desse segmento de armamento. Porém, uma coisa é detectar o avião. Outra, mais complexa, é fornecer uma solução para tiro ou mesmo, guiar um míssil contra o alvo. O NEBO RLM não faz essas duas ultimas coisas. Ou seja, os russos vem, mas o máximo que poderão fazer, e até já é algo bom pacas, é mandar uns MIG-31 ou Su-35, mandar o B-2 pára o inferno. Para se conseguir abater o B-2 com mísseis antiaéreos, serão necessárias estudar a forma que foi feito o engajamento do F-117 na Servia com um míssil bem inferior, no caso um pechora. Acredito que se possa usar essa técnica e ser bem sucedido contra qualquer aeronave stealth.
Abraços
Carlos,os B-2 costumam testar a prontidão dos sistemas antiaéreos russos a partir de vôos sobre o Ártico?acredito que,na hipótese de um conflito entre a Rússia e a Otan seria por aquela região que esses bombardeiros tentariam penetrar no espaço aéreo russo.
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