sexta-feira, 6 de junho de 2014

CLASSE TICONDEROGA. A escolta antiaérea da marinha dos Estados Unidos

FICHA TÉCNICA
Tipo: Cruzador de escolta..
Tripulação: 350 tripulantes (incluindo 24 oficiais)
Data do comissionamento:  28 de Janeiro de 1983.
Deslocamento: 9500 toneladas (totalmente carregado).
Comprimento: 172,8 mts.
Calado: 9.5 mts.
Boca: 16.8 mts.
Propulsão: 4 turbinas a gás GE LM 2500 de 80000 SHP
Velocidade máxima: 32 nós (60 km/h).
Alcance: 11100 Km
Sensores: Radar SPY-1 AEGIS, multifuncional, radar de busca de superfície AN/ SPS 55, Sistema de controle de fogo feito por 4 radares SPG-62 ,Sonar SQQ 89 (V)6
Armamento: 2 lançadores verticais MK41 totalizando 127 células para mísseis Tomahawk, Standard SM2, SM-3 Anti balístico, Asroc VLA. 1 canhão MK45 de 127 mm; 2 canhões MK15 Phalanx de 20 mm CIWS. 2 lançadores quádruplos de mísseis Harpoon antinavio. 2 lançadores triplos MK-32  para torpedos pesados MK46/ MK50.
Aeronaves:  2 helicópteros Sikorsky SH-60B Seahawk

DESCRIÇÃO
Por Carlos E. S Junior
A classe Ticonderoga representa a mais recente classe de cruzadores de escolta da marinha norte americana US Navy. Comissionado no começo de 1983, sua principal função tem sido, desde então, a de escoltar os grupos de batalha baseados em porta aviões da US Navy, para que os ataques de saturação, usados como tática antinavio da extinta União Soviética, fossem anulados. O navio foi projetado em cima do antigo projeto do destróier Spruance, que tinha um casco muito grande para esse tipo de navio e era o mais adequado para se instalar a eletrônica necessária para o sistema antiaéreo AEGIS funcionar.
Aproveitando que comentei do sistema AEGIS, o USS Ticonderoga foi o primeiro navio, a usar esse sistema, que envolve radares e mísseis, para defesa aérea.  Com o desenvolvimento tecnológico, foi possível diminuir o tamanho desse sistema a instala-lo, posteriormente nos navios da classe Arleigh Burke, como mostrado em matéria anterior.
Acima: O Ticonderoga é a única classe de cruzador a serviço da marinha dos Estados Unidos. Atualmente 22 deles estão em serviço nos mares do mundo.
No Ticonderoga, o radar de busca é o AN/ SPY-1 da Lockheed Martin, de varredura eletrônica passiva que permite monitorar 200 alvos simultaneamente num alcance de 370 Km e atacar os 20 alvos prioritários simultaneamente. Essa capacidade permite aos navios desta classe, negar o seu espaço aéreo a sua volta com grande eficiência. Para apoio ao radar SPY-1, está instalado um radar de busca aérea AN/ SPS-49, de longo alcance, que permite detectar um avião de grandes dimensões, como uma aeronave de patrulha marítima voando alto a 550 Km. O radar de busca de superfície é o AN/ SPS-55, que pode detectar um navio a 100 km, aproximadamente e o radar de controle de fogo para os canhões MK-86 é o AN/ SPQ-9B que tem alcance Maximo de 37 Km. Para a proteção contra submarinos, existe um complexo sistema de sonar AN/ SQQ-89, que agrega um sonar ativo AN/ SQS-53B/C montado no casco do navio, com um sonar passivo rebocado AN/ SQR-19B. No apoio contra submarinos, o Ticonderoga opera dois helicópteros Sikorsky SH-60B Seahawk, que são armados com torpedos MK-46 e estão equipados com um radar APS-124 e sonobóias ASQ-81 (V) 2 MAD.
Acima: Abaixo da ponte, podemos ver com uma das antenas do radar Spy-1, que compõe o sistema AEGIS.
A propulsão deste navio é fornecida por 4 turbinas a gás General Electric LM 2500 com dois eixos que desenvolvem 80000 HP e levam este grande navio a 60 Km/h (32 nós), para poder acompanhar os grandes porta aviões da esquadra americana. Sua autonomia é de 11100 km, lhe garantindo atingir a maior parte dos lugares do mundo antes de precisar ser reabastecido.
O armamento do Ticonderoga, era composto, inicialmente por dois lançadores de mísseis MK 26 para dois mísseis SM-2 Standard ou dois mísseis ASW ASROC, e que posteriormente, foi substituído pelo bem mais moderno lançador vertical MK-41 para 127 mísseis que podem ser o míssil de cruzeiro BGM-109C Tomahawk, capaz de destruir alvos em terra, a 1700 km com uma potente ogiva unitária de 450 kg de alto explosivo, ou ainda, a versão D, que usa uma ogiva de fragmentação (submunições como pequenas granadas que se espalham), cujo alcance é de 1300 km. Para defesa antiaérea é usado o míssil RIM-66C SM-2MR, cujo alcance chega a 74 km, guiados por radar semiativo. A ultima versão desta numerosa família de mísseis é a versão RIM-161 SM-3, desenvolvida dentro dos requisitos de defesa antibalística BMD (defesa antimíssil balístico). O SM-3 é uma arma especializada, e sua ogiva não possui explosivo, sendo usada, exclusivamente a força cinética, ou seja, impacto direto contra o míssil balístico inimigo. O seu sistema de guiagem é por radar semiativo, sendo no final do curso, ativado um sensor de infravermelho LWIR. O alcance é de 700 km e seu objetivo é destruir alvos em órbita, como as ogivas de mísseis balísticos de médio alcance ou mesmo satélites em orbitas baixas. A ultima versão deste míssil, a SM-3 Block IIA tem alcance aumentado para 2500 km e capacidade de destruir um alvo a 1500 km de altitude (orbital). Para atacar submarinos são usados os mísseis RUM-139 VL, ASROC que transporta um torpedo leve MK-46 ou MK-54 até um ponto próximo do contato sonar onde o alvo foi detectado até um alcance máximo de 22 km. Para mísseis antinavio Harpoon, foi instalado dois lançadores quádruplos MK-141. Esse míssil guiado por radar ativo, tem um alcance de 130 km e voa rente ao mar (sea Skimming) em velocidade subsônica.

Acima: Nesta foto podemos ver um Ticonderoga no momento do lançamento de um míssil antiaéreo SM-2MR Standard. 
Para alvos diversos, 2 canhões MK-45 de 127 mm e fogo automático, pó ser usado para .destruir alvos aéreos e atacar pequenas embarcações. Existem, ainda 2 canhões CIWS Phalanx MK-15 de 6 canos rotativos e calibre 20 mm para destruir aviões e mísseis que se aproximarem para perto da embarcação. E por ultimo, foi instalados 2 lançadores triplos de torpedos pesados MK-46 e MK-50.  Com esse armamento todo, este cruzador, é uma valiosa peça da dissuasão norte americana no mundo, e uma poderosa escolta para proteger os bilhões de dólares investidos nos super porta aviões dos EUA.
Acima: O míssil de cruzeiro BGM-109C Tomahawk representa o mais valioso armamento para destruir alvos em terra firme, localizados profundamente no território inimigo. Esse recurso faz com que navios de guerra como o Ticonderoga, descrito neste artigo, sejam um multiplicador de forças para marinha norte americana.
Após os ataques de 11 de setembro de 2001, quase todos os sistemas de armas das forças americanas foram otimizadas para poderem operar em múltiplas funções e com isso conseguir um melhor resultado frente ao combate ao terrorismo, e os navios da classe Ticonderoga, foram atualizados para essa nova guerra que foi declarada aos Estados Unidos. Por isso, um navio antes especializado na guerra antiaérea, é hoje um poderoso sistema multimissão, capaz de infligir pesados danos, mesmo em alvos em terra recuados mais de 2000 Km terra adentro.

Acima: Mesmo sendo um grande navio, os navios da classe Ticonderoga não possuem um hangar de manutenção para aeronaves, porém há um heliporto na popa para operação de um helicóptero SH-60 Seahawk.




ABAIXO UM DOCUMENTÁRIO SOBRE O CRUZADOR DA CLASSE TICONDEROGA

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quarta-feira, 4 de junho de 2014

CLASSE ARLEIGH BURKE. O cavalo de batalha da marinha da US Navy

 
FICHA TÉCNICA
Tipo: Destróier.
Tripulação: 346 tripulantes (incluindo 22 oficiais)
Data do comissionamento: 04 de Julho de 1991.
Deslocamento: 9033 toneladas (totalmente carregado).
Comprimento: 153,8 mts.
Calado: 6.3 mts.
Boca: 20,4 mts.
Propulsão: 4 turbinas a gás GE LM 2500 de 105000 SHP
Velocidade máxima: 30 nós
Alcance: 8149 Km
Sensores: Radar SPY-1D AEGIS, multifuncional, radar de busca de superfície AN/ SPS 67 V, Sistema de controle de fogo feito por 3 radares SPG-62 (MK99). Sonar SQQ 89 (V)6
Armamento: 2 lançadores verticais MK41 totalizando 90 celulas para mísseis Tomahawk, Standard SM2MR, SM-3, Asroc VLA. 1 canhão MK-45 Mod 4 de 127 mm; 2 canhões MK15 Phalanx de 20 mm CIWS. 2 lançadores quádruplos de mísseis Harpoon antinavio. 2 lançadores triplos para torpedos leves MK-34/ MK-46/ MK-50
Aeronaves: 2 helicopteros SH-60 Seahawk (navios da versão Flight II A)

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S. Junior
O Destróier classe Arleigh Burke (DDG 51) foi projetado pela Northrop Grumman Ship System com o objetivo de substituir os navios da classe Charles F Adamas e Coontz que estavam em serviço desde a década de 60.
Sua principal missão é o combate antiaéreo , e para isso ele foi equipado com um radar SPY-1 D (AEGIS), que garante uma capacidade multialvos e antimísseis muito eficaz.
A versão D do radar SPY-1, usada nos navios dessa classe, são menores que o radar original SPY-1, e é ideal para instalação em navios de guerra de menor porte, tanto, que até a fragata F100 Alavaro De Bazam, usa uma versão deste radar. O alcance deste radar, está em torno de 470 Km para alvos voando alto e de 80 km para alvos na linha do horizonte. Muitos dados deste radar são classificados, mas é certo que este radar, dentro do sistema AEGIS, que engloba, também, os mísseis antiaéreos standard SM 2 ME/ER, representa o que há de mais eficaz em defesa de área disponível hoje. O radar de busca de superfície é um AN/ SPS 67V. As capacidades anti-superfície e anti-submarinas, são consideradas muito boas no Arleigh Burke, e para a busca de alvos submersos ele usa um sonar SQQ 89 (V)6 da Lockheed Martin que opera integrado a outro sistema composto de um sonar ativo SQS 53C, e um sonar rebocado de busca passiva SQS 19B. Além disso, um pequeno veículo submarino de controle remoto (RMV) usando um sonar de profundidade variável AN/AQS20A.

Acima: O Arleigh Burke continuará sendo o mais moderno destróier norte americano enquanto não entrar em serviço a revolucionaria classe Zumwalt DDG-1000.
No quesito armas, a classe Arleigh Burke, é uma das mais completas que existem. Seu principal sistema de armas é o lançador vertical (VLS) MK-41 com 90 células capaz de lançar 4 tipos de mísseis, sendo eles os mísseis da família Standard, o míssil ESSM, o Tomahawk e o  ASROC.
Para a guerra antiaérea o MK-41 usa os mísseis antiaéreos Standard RIM-66C SM-2MR, cujo alcance chega a 74 km, guiados por radar semiativo. A ultima versão desta numerosa família de mísseis é a versão RIM-161 SM-3, desenvolvida dentro dos requisitos de defesa antibalística BMD (defesa anti-míssil balístico). Não foram todos os navios desta classe que receberam o SM-3, porém os que receberam atuam em apoio ao sistema antimíssil norte americano, deslocado no mar mediterrâneo e no mar do Japão. O SM-3 é uma arma especializada, e sua ogiva não possui explosivo, sendo usado, exclusivamente a força cinética, ou seja, impacto direto contra o míssil balístico inimigo. O seu sistema de guiagem é por radar semiativo, sendo no final do curso, ativado um sensor de infravermelho LWIR. O alcance é de 700 km e seu objetivo é destruir alvos em órbita, como as ogivas de mísseis balísticos de médio alcance ou mesmo satélites em orbitas baixas. A ultima versão deste míssil, a SM-3 Block IIA tem alcance aumentado para 2500 km e capacidade de destruir um alvo a 1500 km de altitude (orbital). Também para guerra antiaérea são usados os modernos mísseis RIM-162 ESSM, uma versão muito melhorada do famoso míssil Sea Sparrow. Este míssil é usado para defender o navio de ataques de aeronaves e de mísseis antinavio. Seu sistema de guiagem se dá por radar semiativo com atualização de meio curso por data link e seu alcance chega a 50 km.

Acima: O poder de fogo dos destróieres da classe Arleigh Burke supera, com grande margem o que um encouraçado da segunda guerra seria capaz de proporcionar. Não se enganem com a ausência de dezenas de canhões. O poder de fogo vem dos mais de 100 mísseis abaixo do convés.
Para guerra anti-superfície o principal armamento é o poderoso míssil de cruzeiro Boeing BGM-109C Tomahawk, capaz de destruir alvos em terra, a 1700 km com uma potente ogiva unitária de 450 kg de alto explosivo, ou ainda, a versão D, que usa uma ogiva de fragmentação (submunições como pequenas granadas que se espalham), cujo alcance é de 1300 km. O sistema de guiagem destes mísseis é o sistema TERCOM que faz o guiagem seguindo o contorno do terreno previamente carregado na memoria do míssil que segue um curso pré-estabelecido para atacar o alvo. O míssil conta com apoio de GPS e de um sistema inercial INS também para sua guiagem.
E para guerra antissubmarino, o Arleigh Burke, está armado com o míssil RUM-139 VL, ASROC que transporta um torpedo leve MK-46 ou MK-54 até um ponto próximo do contato sonar onde o alvo foi detectado.
Para guerra antinavio há 2 lançadores quádruplos para mísseis Boeing RGM-84 Harpoon, guiado por radar ativo e com alcance de 130 km.
Um canhão MK 45 MOD 4 de 127 mm está instalado a frente do navio e pode ser usado tanto contra alvos de superfície, como contra alvos antiaéreos. Seu alcance normal é de 24 Km, porém já está disponível uma munição guiada de longo alcance conhecida como ERGM, cujo alcance atinge 125 Km e a guiagem se dá por INS/GPS. Esse alcance soberbo é conseguido através de uma propulsão do próprio projétil, que o torna um míssil lançado do cano do canhão. Para defesa antiaérea de ponto, estão instalados 2 canhões automáticos (metralhadoras) de seis canos rotativos CIWS Phalanx MK 15, de 20 mm. Esse canhões conseguem uma taxa de tiro de 4500 tiros por minuto, o que é suficiente para “rasgar” qualquer coisa que esteja dentro do seu alcance (2000 a 3000 mts). 

Também, para guerra antissubmarino, estão instalados 2 lançadores triplos para torpedos leves MK 34, MK 46 ou MK 50.Particularmente o torpedo MK46 tem um alto desempenho e pode destruir um submarino inimigo a 7500 mts, em alta velocidade.
Acima: Os primeiros navios da classe Arleigh Burke, podem operar um helicóptero Sikorsky SH-60 Seahawk. Porém, as versões mais recentes, conhecidas como Flight IIA receberam um hangar capaz de operar até duas aeronaves deste tipo.
A propulsão do Navio é feita por 4 turbinas a gás General Electric LM 2500 de 105000 HP que conseguem impulsionar este navio a mais de 30 nós ou 60 km/h aproximadamente. Seu alcance máximo, em velocidade econômica é de 8149 km. 
Este excelente destróier, um dos melhores navios desta categoria em uso hoje, foi planejado para defender a si e a frota que ele escolta de um ataque em massa com mísseis antinavio, que era a tática que seria usada pela extinta União Soviética em caso de guerra. Por isso, o resultado do projeto, fez surgir um navio com capacidades extraordinárias, e que com seu poderoso armamento, pode infligir ataques em terra firme, Ao todo, haverão 75 navios dessa classe, sendo que 62 deles já estão em serviço, fazendo dele, o principal navio de guerra dos Estados Unidos, em operação hoje, e pelo andar da carruagem, com os Estados Unidos tendo gravíssimas dificuldades com relação a seu orçamento, provavelmente os navios desta classe permanecerão por mais duas décadas como o principal elemento de combate de superfície daquela poderosa nação.

Acima: Nessa foto podemos ver duas versões desta classe. Notem que o navio em primeiro plano tem na popa uma elevação que é o hangar dos helicópteros SH-60 Seahawk. No navio ao fundo essa elevação não existe, tendo apenas um espaço para pouso de um helicóptero.





ABAIXO PODEMOS ASSISTIR UM DOCUMENTÁRIO SOBRE O DESTRÓIER ARLEIGH BURKE. 

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terça-feira, 3 de junho de 2014

LOCKHEED MARTIN/ BOEING F-22 RAPTOR. A Receita da Supremacia Aérea dos Estados Unidos!

FICHA TECNICA
Velocidade de cruzeiro: Mach 1,5 (1852 Km/h).
Velocidade máxima: Mach 2,25 (2778 km/h).
Razão de subida: * 15240m/min.
Potência: 1.12.

Carga de asa: 73 lb/ft².
Fator de carga: 9 Gs
Taxa de giro instantânea: 30º/s
Razão de rolamento: 240º/s.

Teto de Serviço: 20000 m.
Raio de ação/alcance: 700 km/ 3300 km.
Alcance do radar: Nothrop Grumman AN/APG-77 com 270 Km de alcance.
Empuxo: Dois motores Pratt & Whitney F-119 PW-100 com 15600 kgf de potência máxima cada.
DIMENSÕES
Comprimento: 18,92 m.
Envergadura: 13,56 m.
Altura: 5 m.
Peso vazio: 13608 kg.
Combustível Interno: 18200 lb.
ARMAMENTO
Ar Ar: Míssil AIM-120C Amraam, AIM-9M/ X Sidewinder.
Ar terra: Bombas GBU-31 JDAM, Bombas GBU-39 SDB.
Interno: 1 Canhão General Electric M-61 A2 de 20 mm.

Obs: * significa que o dado é estimado

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S.Junior
A forte superioridade da qualidade dos aviões de combate norte americanos frente ao equipamento em uso pelo bloco soviético teve início após os combates da guerra do Vietnam, onde a força aérea vietnamita, armada com caças leves e simples de origem soviética deu muito trabalho aos grandes, complexos e caros caças norte americanos, notadamente o F-4 Phanton que teve 528 unidades perdidas no Vietnam, sendo a grande maioria em combate. Depois da guerra do Vietnam, em meados da década de 70, uma nova geração de caças como o F-14 Tomcat, F-15 Eagle foram desenvolvidos tendo em vista as lições aprendidas nos céus do sudeste asiático. Esses caças pesados foram seguidos por caças leves F-16 Fighting Falcon e F/A-18 Hornet, no fim da década de 70 e inicio da de 80. Essas aeronaves foram consideradas “super caças” devido a o desempenho espetacular nas guerras do oriente médio onde Israel utilizou seus F-15 e F-16 contra as forças aéreas árabes, equipadas com caças soviéticos MIG-21, MIG-23 e MIG-25, sendo que o F-15, especificamente, conseguiu um índice de 55 vitórias ar ar contra apenas uma perda, não admitida por Israel, enquanto que o F-16 conseguiu 44 vitórias sem nenhuma perda. Porém, a força aérea da antiga União Soviética não ficou parada e colocou seus engenheiros para construir dois caças, um leve e outro pesado, para fazer frente a os, então, novos caças ocidentais. O resultado dos esforços da criativa engenharia russa foram os caças Mikoyan Gurevich MIG-29 Fulcrum, um caça bimotor com dimensões de um caça F/A-18 A Hornet, e o famoso super caça russo Sukhoi Su-27 Flanker, um caça de maior porte, típico caça interceptador de longo alcance russo, caracterizado por uma capacidade de manobras impensável para os caças a qual ele teria que enfrentar como o F-14, F-15, F-16 e F/A-18. Assim, já no final da década de 80, fim da chamada guerra fria, já chegavam relatos de que esses novos caças russos seriam um páreo duro para os caças norte americanos.
Acima: O Mikoyan Gurevich MIG-29 Fulcrum, trouxe a capacidade de combate aérea da União Soviética a um novo patamar que forçou os Estados Unidos a darem uma resposta para suas necessidades de superioridade aérea.
Demonstrações do MIG-29 na Finlândia causaram uma forte impressão, devido a manobras extremamente agressivas. Depois da queda do regime soviético, a abertura da cortina de ferro para o ocidente permitiu ter a presença destas aeronaves de combate em apresentações históricas na feira aérea de Le Bourget em 1989, quando o Su-27 confirmou todos os boatos e até superou as expectativas de desempenho dos ocidentais deixando todos os expectadores de queixo caído com suas manobras como, por exemplo, a manobra conhecida como Cobra, onde o avião, sem mudar de curso, abre um ângulo de ataque elevando seu bico a um ângulo que chega a 120 º, ficando por alguns instantes voando de “ré” e depois se recuperando perfeitamente. Esses caças russos já estavam sendo desenvolvidos em meados da década de 70 e os objetivos deles eram de se opor aos caças americanos que estavam sendo desenvolvidos, porém estes modelos entraram em serviço no inicio da década de 80.
Acima: O super caça Sukhoi Su-27 Flanker, irmão maior do MIG-29 Fulcrum, é um dos responsáveis pela necessidade dos Estados Unidos investirem bilhões de dólares em desenvolvimento para se chegar a um caça tão capaz como o F-22.
Assim o cenário da balança da capacidade de combate aéreo tinha acabado de ficar equilibrada novamente, uma situação onde os Estados Unidos se sentiram desconfortáveis uma vez que teriam dificuldade em conseguir a superioridade aérea usando seus caças, contra a União Soviética em hipótese de guerra com aquele país. O departamento de defesa estadunidense decidiu iniciar em 1981 o desenvolvimento de um novo caça sob o programa que ficou conhecido como Advanced Tactical Fighter (ATF) ou simplesmente, caça tático avançado. As principais empresas de construção aeronáutica dos Estados Unidos apresentaram propostas para satisfazer os requisitos para o novo caça. Inicialmente a maior parte das propostas apresentava um desenho de caças enormes, capazes de velocidade de super cruzeiro (capacidade de manter velocidade supersônica sem pós-combustor por muito tempo). Os desenhos lembravam bem o jato supersônico de reconhecimento Lockheed SR-71 Blackbird. Algumas outras propostas apresentavam aeronaves com asas de enflechamento negativo (FSW), configuração, esta, que permitiria uma maior instabilidade aerodinâmica e consequentemente, muito maior agilidade e manobrabilidade. Porém, estudos mais profundos, mostraram que essa configuração não era ideal em condição de voo supersônico.
Acima e abaixo Podemos ver dois desenhos de propostas para um caça do programa ATF. O de cima, lembra o avião de reconhecimento Lockheed SR-71 Blackbid, enquanto que o desenho e baixo mostra uma aeronave com canards e asa em delta, uma configuração otimizando a manobrabilidade.
Em 1986 foram selecionados dois construtores, a Lockheed Martin e a Northrop Grumman, para construir e apresentar seus protótipos que seriam avaliados para que o melhor modelo fosse escolhido para ser o novo caça de superioridade aérea da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Quando esses construtores mostraram seus protótipos, veio a tona um dos requisitos que não fazia parte das configurações originais do programa: O novo caça deveria ser stealth (difícil de ser detectado por radares). O primeiro caça a ser apresentado foi o Northrop YF-23 Black Widow II. Este modelo deixava claro que o principal objetivo dos seus projetistas era de que o caça fosse muito difícil de ser detectado por radares e que tivesse uma alta velocidade de cruzeiro. Seu desenho não tinha superfícies de controle vertical, a chamada “cauda”. Essa configuração é chamada de “tailless” (sem cauda) e era muito avançado. Já a Lockheed, apresentou seu protótipo, chamado de YF-22 Lightning, alguns meses depois, mostrando um desenho bem mais conservador, sendo que o modelo parecia ser uma evolução natural dos modelos em uso, como o F-15. Isso deixou claro que a proposta da Lockheed se preocupou em manter um baixo risco de projeto. Finalmente, em 23 de abril de 1991, o departamento de defesa dos Estados Unidos e a Força Aérea Norte americana anunciaram a Lockheed com seu modelo YF-22 Lightning vencedor do programa ATF.

Acima: O caça Northrop Grumman/ Mc Donnell Douglas YF-23 Black Widow II (o avião da direita) foi o primeiro concorrente do programa ATF a ser apresentado. Suas linhas futuristas o colocam como um ícone em termos de design de aeronaves de combate até os dias atuais. O protótipo do Lockheed/ General Dynamics/ Boeing YF-22 Lightning  ( o da esquerda) foi apresentado oficialmente pouco depois do YF-23. Com um desenho mais convencional, era evidente que os projetistas se preocuparam mais com a capacidade de manobra, do que com os outros requisitos do programa.

NASCE O RAPTOR
A partir desse momento, o modelo da Lockheed passou a se chamar F-22 e o apelido Lightning foi substituído por “Raptor”, ave de rapina, como tradicionalmente são apelidados os aviões de caça da USAF. A Lockheed passou a desenvolver o modelo de produção que se mostrou, quando pronto, consideravelmente diferente dos dois protótipos YF-22. As modificações visaram corrigir deficiências observadas no período de teste e avaliação. Assim as modificações mais visíveis foram o recuo da entrada de ar dos motores para que não mais atrapalhasse a visão do piloto para baixo, já que no YF-22 essas entradas ficavam na mesma posição da cabine, a diminuição das dimensões das superfícies verticais (cauda), pois as originais causavam alguma turbulência além de não favorecer a furtividade, e por ultimo o desenho geral do avião foi modificado, incluindo os tailerons, para diminuir sua assinatura de radar que estava acima dos requisitos da USAF. Nesse ponto é interessante informar que o protótipo da empresa concorrente, a Northrop YF-23 Black Widow II, era mais furtivo que o YF-22.

Acima: As mudanças no desenho do F-22 Raptor em relação ao YF-22 trouxeram maior furtividade e capacidade de manobra ao projeto. A visibilidade do piloto a partir da cabine melhorou também.
O F-22 Raptor demonstrou uma capacidade de manobra consideravelmente superior a de seu antecessor, o F-15 Eagle (e ao F-16 também), sendo que o F-22 pode ser considerado o mais ágil caça norte americano a entrar em serviço em toda a história mesmo sendo uma aeronave de grandes dimensões (18,92 m de comprimento e 13,56 de envergadura) que normalmente não favorece a aeronave nesse aspecto. Esse excelente desempenho, que muitos tinham duvidas até o Raptor se apresentar pela primeira vez em um show aéreo, no caso em Edwards AFB em 25 de outubro de 2003 deixando todos os presentes perplexos, é resultado de um avançado sistema de controle de voo FBW quadriplex (se um falhar, sobram três funcionando e assim por diante) desenvolvido pela empresa Lear Astronics (hoje BAe Systems) que somado a uma aerodinâmica avançada e a sua elevadíssima relação empuxo peso permitiram ao F-22 atingir níveis de manobra equivalentes ao do Sukhoi Su-27 Flanker. A taxa de giro instantâneo do F-22 chega a ,30º/seg em velocidade de mach 0.7, típica velocidade observada em combates de curta distancia. Esse índice só é superado, por pequena margem, pelos caças europeus delta canards como o Rafale, Typhoon e Gripen, cuja configuração aerodinâmica foi projetada para alta capacidade de giro. Na verdade, o F-22 Raptor é um dos mais potentes caças que já entrou em serviço na USAF. Sua relação empuxo/ peso é de 1.12 (apenas com combustível interno). Traduzindo este dado, significa dizer que a propulsão do F-22 empurra pouco mais de uma vez o seu próprio peso. Esse nível de potencia permite que o F-22 decole em 470 metros de pista somente e assuma uma posição de subida vertical (90º) e acelerando (ganhando velocidade). Poucos caças conseguem esta façanha.

Acima: Um caça F-15C Eagle sai da formação com seu sucessor, o F-22 Raptor. Embora seja semelhantes, a verdade é que o F-22 supera o F-15 de forma absoluta em mais de 90% dos aspectos de desempenho.

USINA DE FORÇA DA PRATT & WHITNEY
O motor usado no F-22 e que lhe dá toda essa potencia descrita, também é resultado de uma concorrência paralela feita ao do caça tático avançado ATF. Como dito no começo deste artigo, cada um dos dois fabricantes teve que construir dois protótipos de seus aviões, sendo que cada protótipo estaria usando uma motorização diferente, onde os fabricantes de motores aeronáutico General Electric e a famosa Pratt & Whitney concorriam entre si para o fornecimento do grupo propulsor para o vencedor da concorrência do ATF. Os motores eram o YF-119 da Pratt & Whitney e o YF-120, fabricado pela General Electric. O modelo da Pratt & Whitney venceu essa parte do programa de desenvolvimento do ATF e se tornou o fornecedor do motor do caça escolhido F-22 Raptor. A partir daqui o motor passou a ser chamado de F-119 PW-100. Este motor produz 15600 kg de empuxo, que representa um desempenho 30% maior que o que o motor Pratt & Whitney F-100, usado no caça F-15, e também considerado muito potente. Um detalhe importante sobre o motor F-119 PW-100 é que ele dispõe de vetoração bidimensional de empuxo no bocal de saída dos gases. Assim, duas palhetas localizadas na boca de escape mudam o fluxo da saída dos gases para cima e para baixo em um ângulo 20º, auxiliando nas manobras em baixa velocidade. Esse recurso não é usado em velocidade subsônica alta e supersônica por ser pouco efetivo na mudança da inércia do vôo. É interessante observar, também, que o motor F-119 foi usado como base para o motor F-135 instalado no caça F-35 Lightning II que substituirá o F-16 na USAF.
Acima: O moderno confiável motor Pratt & Whitney F-119 PW-100 representa um nova fase na história dos propulsores para aeronaves de combate norte americanas. Este motor é base para o propulso F-135 que impulsiona o caça F-35 Lightining II que deverá substituir o F-16 e o F/A-18C Hornet. Notem que esta foto é sobreposta e pode-se observar dois momentos da saída do jato direcionado para cima e para baixo.
O F-22 consegue voar em regime de super cruzeiro (sem o pós queimador), a velocidade de mach 1.5 (1650 km/h). Para ter mais uma comparação, o caça F-5EM usado pela FAB voa a 1700 km/h em com toda a sua potencia (pós queimadores ligados). Se o F-22 acionar o pós queimador, a velocidade pula para mach 2.25 (2410 km/h) em altas altitudes. O pós queimador no F-22 é usado exclusivamente para conseguir acelerações extremas após manobras de combate aéreo, quando se perde muita energia, exigindo que o caça ganhe velocidade rapidamente para não ficar exposto a um contra ataque inimigo.
O F-22 tem oito tanques de combustível internos que perfazem a capacidade de 8200 kg. Com esse volume de combustível, o F-22 tem um alcance de travessia de 3219 km, ou um raio de combate de 759 km. Essa capacidade é consideravelmente maior que a do seu antecessor F-15 Eagle que precisa de tanques de combustível externos para conseguir igualar esse desempenho. O F-22 pode, ainda, ter ampliado esses números com a instalação de até quatro tanques de combustível externos nos cabides sob as asas, porém com sacrifício da sua capacidade invisível.
Acima: Um F-22 decola com potência máxima de seus dois motores P&W F-119 PW-100. Esses motores proporcionam ao Raptor uma disponibilidade de potência bastante alta, garantindo acelerações extremamente rápidas.

VISÃO ALÉM DO ALCANCE
O F-22 é uma aeronave “stealth” ou de baixa probabilidade de detecção, assim, os traços de seu desenho foram feitos para desviar as ondas de radar inimigo para longe da antena emissora, dificultando sua detecção ao máximo. Os pontos de seu desenho que não puderam ter um ângulo adequado para desviar essas ondas foram revestidos de material absorvente de radar RAM. A sessão cruzada RCS do F-22 é de cerca de 0,025 m2 (um caça normal tem cerca de 5 m2 de RCS). Traduzindo esses dados, em linguagem vulgar, seria como se o F-22 tivesse o tamanho de uma bola de baseball para os radares inimigos. É importante notar, porém, que nenhum avião é 100% invisível ao radar. Se o F-22 se aproximar demais de uma antena de radar inimiga, ele poderá ser detectado. Porém, o nível de aproximação necessária para que isso ocorra é improvável sendo que o avião inimigo teria sido destruído por mísseis de médio alcance do Raptor muito antes de ter qualquer noção sobre a presença dele.
A suíte eletrônica instalada no F-22 representava o estado da arte em sistemas e sensores na industria dos Estados Unidos na época de sua entrada em serviço. Seu radar é o Nothrop Grumman AN/ APG-77 do tipo AESA (Active Electronically Scanned Array) ou varredura eletrônica ativa. Nesse radar existem 1500 pequenos dispositivos, como células, chamados módulos de transmissão e recepção (TRM) que emitem feixes de radar em diversas direções, simultaneamente, e recebem os reflexos dessas emissões, permitindo uma varredura de 120 º isenta de intervalos como ocorre com os radares de varredura mecânica que emitem apenas um feixe de sua antena que fica se movendo para poder fazer o rastreio de toda a área frontal do caça. Assim a precisão da localização do alvo é muito maior, e ainda, de quebra, há uma maior capacidade de rastrear alvos com pequena assinatura de radar. O alcance do APG-77 é de 330 km contra alvos grandes como um bombardeiro Tu-95 voando alto e de cerca de 190 km contra um alvo do tamanho de um caça convencional (5m2) de RCS (sessão frontal cruzada). Caças de 4º geração como o Rafale, Typhoon ou Gripen tem um RCS de 1 m2 e eles podem ser detectados pelo APG-77 a 81 km de distancia.
Acima: Esta foto foi uma das primeiras do radar AN/APG-77 usado no F-22 Raptor. Esse tipo de radar é um dos ingredientes que tornam o F-22 um avião de combate perigoso. Além de buscar alvos e fornecer os parâmetros de lançamento de armas, o APG-77 é usado para interferência eletrônica.
Esse radar é classificado como LPI (Low Probability of Intercept), ou “baixa probabilidade de interceptação”, pois emite menos radiação que os radares de varredura mecãnica usados no caças de geração anterior. Assim é mais difícil de alertar os sistemas de defesa dos alvos inimigos como o RWR (Radar Warning Receiver) usado para alertar o piloto quando sua aeronave está sendo rastreada permitindo medidas eletrônicas evasivas. Outra capacidade especial do radar APG-77 é que ele pode ser usado para interferir nas emissões de radares inimigas, sendo um eficaz elemento da suíte de guerra eletrônica do F-22. Além disso, os radares AESA, como o APG-77, podem executar a varredura ar ar e ar terra simultaneamente ampliando sua flexibilidade tática.
Outro sensor avançado do F-22 é o sistema Sanders/ General Electric AN/ALR-94 RF, que permite receber as ondas de radar inimigas (detecção passiva), ou seja, em completo silencio eletrônico, classificando-as e podendo mirar armas contra o ponto emissor, sem alertar o inimigo de que ele está sendo atacado. Este sistema é composto por cerca de 30 antenas espalhadas pelo F-22 recebendo os sinais de todas as direções. O ALR-94 permite que o F-22 seja usado em missões SIGINT (inteligência eletrônica) para rastrear e classificar a capacidade de radar inimiga e assim poder preparar estratégias mais eficazes contra o inimigo. A capacidade do ALR-94 permite que detecte os sensores inimigos que estão emitindo seus sinais, a distancia que superam a do próprio radar APG-77 (450 a 500 km) e com esses dados, se pode carregar os parâmetros de lançamento para os mísseis AIM-120 Amraam sem o uso do radar APG-77, uma vez que o ALR-94 opera de forma passiva.
Foi instalado no Raptor um avançado sensor de alerta de aproximação de mísseis chamado AN/AAR 56 MLD (Missile Launch Detector), desenvolvido pela Lockheed Martin, que envia um alerta ao piloto quando um míssil tiver sido lançado contra o F-22 podendo disparar as iscas antimísseis Chaff ou Flare automaticamente para evitar o impacto.
O F-22 é uma aeronave totalmente integrada no conceito de guerra centrada em redes sendo por isso equipado com um novo tipo de sistema de intercambio de dados de banda larga conhecido como IFDL (Inter/intra Flight Data Link) que permite a troca de dados com outros caças F-22. A capacidade desse sistema é tão ampla que o F-22 pode, através desse sistema, saber dados como combustível disponível nas aeronaves da esquadrilha, armas disponíveis nos outros aviões e ainda poder designar alvos para que um míssil do outro F-22 possa encontrar e destruir seu alvo. É importante mencionar aqui que esse sistema, atualmente, só se comunica entre os caças F-22, devido a uma incompatibilidade do sistema IFDL com outros sistemas de data link, como link 16, em uso pelos caças de geração anterior como o F-15, F-16 e mesmo aeronaves de alerta antecipado E-3C AWACS. A incompatibilidade desses sistemas tem origem no requisito de maior segurança que vigorou durante o desenvolvimento do IFDL para que os dados trocados entre as aeronaves não fossem interceptados ou sofram interferência externa de guerra eletrônica que o inimigo possa vir a usar. Em 2013 começou a instalação do MADL (Multifunction advanced data Link), que melhorará a capacidade de troca de dados com os novos caças F-35 Lightning II e os bombardeiros B-2 Spirit.
O F-22 está equipado com dois sistemas de navegação LN-100F fornecido pela empresa Litton. Este sistema é composto por um giroscópio laser e uma antena receptora de GPS/ INS, fornecendo dados extremamente precisos sobre o posicionamento do F-22.
O barramento de dados usado pelo F-22 é do tipo IEEE 1394 B que permite a comunicação com computadores comuns (PCs), para facilitar a manutenção e integração de novos hardwares. Esse barramento é uma versão do usado em aeronaves comerciais, será instalado, também no novo caça F-35 Lightinig II. Todos os sistemas aviônicos do F-22 descritos aqui são gerenciados por dois processadores de integração geral CIP e que facilitam a integração de novos sistemas em futuras modernizações sem ter que substituir o hardware original.
Acima: Nesta foto tirada no primeiro deslocamento de caças F-22 para fora do território norte americano, podemos ver dois tanques de combustível em cabides externos nas asas. Uma imagem bem rara, na medida em que normalmente o F-22 não transporta cargas externas.
A Cabine do F-22 Raptor é um dos lugares mais desejados do mundo para um piloto de combate, seja ele de onde for. Lá o piloto fica sentado sobre um moderno e eficiente assento ejetavel Aces II do tipo zero zero (O piloto pode ejetar com a aeronave em altitude zero e velocidade zero) fabricado pela Mc Donnell Douglas. Este assento pode ser ejetado da cabine do F-22 a uma velocidade máxima de 1111 km/h. O painel de controle foi desenvolvido para ser de fácil operação e tendo como base quatro grandes displays LCD coloridos multifuncionais e mais 2 mostradores menores. Certamente que o painel do F-22 é moderno, porém já há painéis mais modernos que o dele, como o do F-35 Lightning II que usa o sistema touch screen, que facilita ainda mais as operações. O cockpit do F-22 usa a configuração HOTAS (hands on throttle and stick) ou “mãos no manete e no manche” já usado em caças anteriores como o F-15 e F-16, onde o piloto mantém as principais funções do caça sob controle dos interruptores incorporados ao manete e no manche do caça. Foi estudado instalar comando de vós DVI (direct voice imput) no F-22, mas como a tecnologia deste sistema era relativamente nova, o risco de ocorrer problemas foi considerado alto e por isso descartado. O F-22 foi projetado para ser fácil de voar e de se aprender a pilotar, tanto que não há uma versão de conversão para pilotos novatos. Os futuros pilotos do F-22 saem do simulador, direto para a cabine da aeronave.
Acima: O painel de instrumentos do F-22 não é o mais moderno existente, mas ainda sim, mantém a característica de automação e facilidade de operação encontrada em caças de ultima geração.
Atualmente o F-22 usa um HUD (Head Up Display), como nos caças de geração anterior, para fazer a mira e navegação do avião. Esse HUD instalado tem um grande ângulo de visão cobrindo 30º horizontalmente e 25º verticalmente e é fornecido pela empresa GEC Marconi Avionics. Mesmo com a entrada em serviço dos capacetes com miras integradas os HMD (Head Monted Display) em muitos caças F-15, F-16 e F/A-18, o F-22 ainda não está integrado a este sistema que em tese substitui o HUD. O motivo informado para este fato é de que o F-22 prioriza a destruição dos seus alvos com armas de médio e longo alcance (BVR-Beyond Visial Range) “além do alcance visual” sendo que a capacidade para combates a curta distancia é secundaria. Porém o F-22 será integrado a o novo capacete JHMCS, desenvolvido pela Vision Systems International (VSI), no futuro.
Para auxiliar na diminuição da carga de trabalho do piloto, foi instalado um sistema de apoio chamado ICAW (Integrated Caution Advisory and Warning System) que mostra no mostrador frontal 12 ocorrências ligadas a falhas de motores, nível de combustível, falhas elétricas, etc, permitindo que o piloto possa manter a atenção na parte tática da missão enquanto a navegação é monitorada pelo computador do F-22.

Acima: O capacete JHMCS que substituirá o HUD na navegação e aquisição de alvos no futuro está sendo integrado neste momento. Quando este sistema estiver em operação o F-22 poderá ser armado com os mais modernos mísseis da família Sidewinder, o modelo AIM-9X.

DENTES PONTUDOS
O F-22 é um caça projetado para impor o domínio aéreo. O conceito de “domínio aéreo” é diferente do conceito de superioridade aérea. No domínio, o alcance do seu controle sobre o campo de batalha é mais amplo. Assim, o F-22 é, primariamente, uma caça de combate aéreo. Para essa missão, o F-22 está armado com um canhão General Electric M-61 A2 Vulcan com 6 canos rotativos em calibre 20 mm embutido na raiz da asa direita. Este canhão está alimentado com 480 munições estocadas em um tambor abaixo do canhão. O canhão fica oculto sob a raiz da asa direita até o momento do disparo, quando uma portinhola se abre para expor os canos. Essa configuração é necessária pra preservar as linhas furtivas do F-22. A cadência de tiro atinge 6600 tiros por minuto, capaz de rasgar qualquer alvo que cruze seu caminho até uma distancia de 800 metros (distancia onde a precisão dos disparos ainda é valida).

Para manter a furtividade o F-22 possui 3 compartimentos de armas internamente, sendo um de cada lado das entradas de ar do motor e um compartimento de maior dimensão sob a fuselagem. Os compartimentos laterais são pequenos e por isso abrigam, apenas, um míssil de curto alcance Raytheon AIM-9M Sidewinder. Este míssil de 3º geração é guiado por calor podendo alcançar um alvo a 15 km de distancia possuindo grande resistência a contramedidas infravermelhas como as iscas flares lançadas pelas aeronaves inimigas. Já o compartimento maior, sob a fuselagem, pode ser armado com até seis mísseis de médio alcance Raytheon AIM-120C-7 Amraam guiados por radar ativo e com alcance de 105 km. Versões anteriores do AIM-120 foram usadas em combate nos céus do Iraque e da antiga Yugoslavia com um índice de acerto de 90%, considerado espetacular nessa categoria de armamento. Futuramente o F-22 receberá a nova versão AIM-120D que terá 50% mais alcance, maior resistência a contramedidas eletrônicas e uma probabilidade de acerto (PK) ainda maior que a já muito boa demonstrada nas versões atuais do Amraam. No futuro, quando o capacete JHMCS for integrado ao F-22, o míssil AIM-9M será substituído pela mais avançada versão AIM-9X Sidewinder, que será apontado pelo próprio capacete do piloto que, ainda irá mostrar os dados de navegação projetados na viseira do capacete. O AIM-9X é capaz de atacar alvos que estejam fora da linha de visada do avião lançador (capacidade off boresight) a até 90º. Um exemplo radical, porém possível com o AIM-9X seria um lançamento contra um caça inimigo localizado ao lado do avião lançador. Nesse caso, o piloto com o capacete JHMCS gira sua cabeça para o alvo, seleciona o alvo para o míssil, e aperta o gatilho. Nesse momento o míssil AIM-9X é lançado e executa uma violenta curva para a lateral e abate seu alvo em um ângulo de até 90º em relação ao nariz do avião lançador. O AIM-9X é imune a contramedidas infravermelha, pois um computador interno consegue distinguir as iscas flares do avião alvo.
Acima: Nesta foto podemos ver os três compartimentos de armas do Raptor abertos. Internamente o F-22, em missões ar ar, transporta a carga típica de mísseis usada no F-15 Eagle, ou seja, 6 mísseis de médio alcance mais dois de curto alcance.
Com os custos do F-22 nas nuvens e o congresso dos Estados Unidos questionando a necessidade de se adquirir um caça tão caro (O F-22 é o mais caro caça já concebido), foi decidido pela USAF que o F-22 deveria incorporar alguma capacidade de ataque a superfície aumentando o valor agregado pago por cada F-22. Assim a Lockheed Martin integrou a bomba Boeing GBU-32 JDAM (Joint Direct Attack Munition) de 450 kg no F-22. Duas destas modernas bombas podem ser transportadas no compartimento maior, sob a fuselagem, junto com mais dois mísseis AIM-120 Amraam. A GBU-32 é guiada por GPS possuindo um alcance máximo de 28 km quando lançada em alta altitude e possui uma margem de erro circular (CEP) de 11 metros do ponto previsto.
Acima: Nesse gráfico podemos ver o esquema de armamento do F-22 além de ter uma ideia dos tipos de armas que ele transporta.
A nova bomba Boeing GBU-39 SDB (Small Diameter Bomb) de129 kg, representa a ultima palavra em armamento tático ar superfície e já está integrado ao F-22. Esta bomba de pequenas dimensões tem uma precisão tão acentuada que dispensa o uso de cargas explosivas mais potentes usadas nas bombas de geração anterior. A GBU-39 é uma bomba planadora guiada por GPS cujo alcance chega a 110 km quando lançadas em altas altitudes. Sua margem de erro circular (CEP) é de 5 metros do ponto previsto permitindo uma maior segurança contra os famosos “efeitos colaterais” que ocorrem quando o alvo está no meio de uma cidade. Dado a suas pequenas dimensões, a GBU-39 pode ser transportada em numero de 8 no compartimento central do Raptor.
Embora o F-22 tenha esses compartimentos de armas internos visando permitir sua furtividade (armamento transportado em cabides externos são altamente reflexivos para o radar), quando a furtividade não for um fator critico, o Raptor poderá usar cargas externas divididas em 4 cabides externos que podem ser instalados em suas asas. Cada cabide pode transportar uma carga de até 2268 kg, e normalmente seria usado no transporte de tanques de combustível extras e mísseis ar ar.
A capacidade de ataque do Raptor foi considerada suficiente para que a USAF aposentasse seus caças F-117 Nighthawk em março de 2008. O F-22 é tão furtivo quanto o F-117, porém muito mais rápido e com capacidade de vencer um combate aéreo contra qualquer ameaça conhecida atualmente caso ele venha a ser visto.
Acima: O F-22 representa a bala de prata da Força Aérea dos Estados Unidos. Os novos projetos de aviões de combate da Russia e China visam dar capacidade de enfrentar o Raptor, pois seus caças atuais não são capazes de lidar com ele com segurança.

CONCLUSÃO
A previsão da USAF era construir 750 unidades do F-22, porém o altíssimo custo do programa (U$ 62 Bilhões) sendo que cada aeronave atingiu um custo unitário de U$ 330 milhões, acabou por derrubar o numero de encomendas firmes para 187 unidades. O ultimo lote foi entregue no final de 2011. O governo americano tem sido consultado sobre a possibilidade de exportar o F-22 para alguns países. O Japão e Israel são as nações que mais pressão tem feito nesse sentido, porém sem que houvesse sido liberado a venda deste poderoso sistema de armas. Os Estados Unidos oferecem os seus caça F-35 para as nações que pediram o F-22, porém a capacidade ar ar do F-22 é superior a qualquer caça que esteja em serviço no momento atual. Trata-se de um super caça cuja capacidade permitirá aos Estados Unidos manter o controle de qualquer campo de batalha aéreo por muitos anos ainda. O novo caça russo PAK FA T-50 apresentado oficialmente em 2011, deverá equilibrar a capacidade de combate aéreo entre russos e americanos, porém não se sabe ao certo quando o novo caça de 5º geração russo entrará em serviço, sendo que provavelmente deverá se tornar operacional por vota de 2018.
Acima: O F-22 escolta uma aeronave de reabastecimento aéreo KC-135 Stratotanker.
Existem trabalhos levados a cabo por engenheiros e pesquisadores da área da ciência para se aprimorar os sistemas de detecção com novos meios ou melhorar os sistemas de radares já existentes para que estes possam detectar aeronaves furtivas como F-22 Raptor a distancias seguras. O radar tipo AESA, usado no F-22, é usado por outros caças também, como o Rafale francês, F/A-18E Super Hornet norte americano, e o Su-35BM Super Flanker russo. Estes radares têm um desempenho melhor em lidar com aeronaves furtivas, mas ainda falta muito para que estes caças possam detectar o F-22 a distancias seguras para dar combate a ele. O F-22 apresenta, também um custo operacional extremamente alto e recentemente vazou para a imprensa que a furtividade do Raptor fica comprometida em caso de o avião pegar chuva. Essa deficiência já havia sido mencionado a respeito do bombardeiro estratégico B-2 Spirit e no antigo avião de ataque invisível F-117 Nighthawk. A restauração da furtividade do F-22 após ser molhado é o item que mais contribui para elevar o preço de sua manutenção. Outro problema com a manutenção do F-22 é que ele precisa de 30 horas de manutenção para cada hora voada fazendo com que a disponibilidade para combate fique em 55%, considerado muito baixo para uma aeronave de nova geração. Provavelmente esses pontos negativos devem ter sido cruciais para a decisão de se terminar o programa F-22 nos 187 exemplares entregues. Os recentes problemas relacionados ao seu  sistema de oxigênio, que deixaram a frota quase 6 meses no chão, já foi solucionado, embora tenha manchado um pouco a imagem do super caça.
O F-22 é um marco na capacidade de combate aéreo da Força Aérea dos Estados Unidos, mesmo com esses problemas recentemente apresentados, e deverá ser um ícone do poderio aéreo daquele país por muitos anos ainda.
Acima: O F-22 representa o resultado de muito esforço da engenharia aeronáutica norte americana e de uma grande quantia em dinheiro que foi investido em pesquisa e desenvolvimento com o objetivo em fornecer o melhor avião de combate que a indústria poder fornecer na época de sua concepção.

ABAIXO TEMOS UM VÍDEO PROMOCIONAL DO F-22 RAPTOR

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