segunda-feira, 9 de maio de 2016

PROJECT 20381 STEREGUSHCHY. O primeiro navio de guerra com tecnologia furtiva da Rússia

FICHA TÉCNICA
Tipo: Corveta
Tripulação: 85 tripulantes
Data do comissionamento: Novembro de 2007
Deslocamento: 1900 toneladas.
Comprimento: 104,5 mts.
Boca: 11,6 mts.
Propulsão: CODAD 4 motores a diesel Kolomna 16D49 com 23,664 HP de potencia
Velocidade máxima: 30 nós (56 km/h).
Alcance: 7408 Km e 30 dias de mantimentos.
Sensores: Radar de busca aérea Salyut Positiv MR-352M ME1 com 110 km de alcance; Radar de busca de superfície Granit Central Scientific Institute Garpun-B/3Ts-25E/PLANK SHAVE com 150 km de alcance; Radar de controle de fogo Ratep 5P-10E; Sonar ativo/ passivo MGK-335EM-03.
Armamento: AAW: 1 lançador vertical Redut VLS com 12 mísseis 9M96E; duas metralhadoras MTPU de 14,5 mm. ASuW: 2 lançadores quádruplos KT-184 para mísseis anti-navio KH-35 Uran, mísseis P-800 Yakhont; 1 Canhão automático Arsenal A-190 de 100 mm; ASW: 2 lançador quádruplos para torpedos anti submarino e anti-torpedos de 330 mm Paket NK.
Aeronaves: Um helicóptero Kamov KA-27 Helix

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S. Junior
Após a grave crise econômica que assolou a Rússia após o fim da União Soviética no inicio dos anos 90, uma das maiores vitimas da situação foi a industria bélica russa que amargou uma queda radical nos investimentos por parte do governo. Desde então, a Rússia tem retomado seu crescimento militar com um dinamismo cada vez maior, deixando, inclusive, o ocidente inquieto. Um dos primeiros sistemas de armas novo que foi incorporado nas forças armadas russas, foi a corveta Steregushchy, conhecida, também, pelo nome “Project 20380”. Ela é uma das novidades de uma nova fase na história militar russa que, hoje, se encontra em uma nova etapa em que a recuperação daquelas dificuldades começa a se mostrar. A corveta Steregushchy é o primeiro navio de guerra a entrar em serviço após o colapso da antiga União Soviética, e os traços de modernidade se fazem evidentes no desenho com tecnologia de invisibilidade aplicado nessa nova classe de navio.
Acima: O navio Gremyaschy E, é o segundo navio da classe Steregushchy e já conta com aperfeiçoamento do armamento que substituiu o sistema Kashtan M a frente da ponte, por um moderno sistema VLS para mísseis antiaéreo 9M96E. 
A corveta Steregushchy foi projetada dentro de uma nova estratégia da marinha russa que tem por objetivo a defesa de áreas litorâneas. Tanto que para a marinha russa, essa corveta é classificada como navio de patrulha litorâneo. As embarcações usadas para essa tarefa, antes da Steregushchy, eram em sua maioria velhas lanchas lança mísseis e pequenas corvetas projetadas na década de 50 que tinham muitas limitações de operação e já não eram adequadas as necessidades do atual campo de batalha naval. As novas Steregushchy são muito mais capazes, graças a um armamento moderno, uma autonomia superior e sua capacidade de se manter furtiva frente a radares inimigos, o que lhe garante um elevado índice de sobrevivência.
O casco e a super estrutura da Steregushchy foram construídos com novas técnicas de construção e materiais inovadores, como por exemplo materiais compostos como fibra de vidro, com o objetivo de se atingir o requisito de furtividade que era imposto pela marinha, assim como resistência a incêndios. Uma arquitetura modular permitirá a substituição de sistemas se armas e sensores com extrema facilidade quando houver necessidade de modernizações ou para satisfazer os requisitos de potenciais clientes estrangeiros.
Acima: Deste angulo podemos ver o heliporto e o hangar do Steregushchy que é capaz de operar um helicóptero Ka-27 Helix de guerra anti-submarina.
A propulsão é do tipo CODAD (combinação Diesel/ Diesel) composta por 4 motores a diesel Kolomna 16D49 com 23,664 HP de potencia. Esse sistema impulsiona a Steregushchy a uma velocidade de 30 nós (56 km/h). A autonomia é admirável para uma embarcação pequena como a Steregushchy, chegando a 4000 mn (7400 km) o que garante capacidade de prestar apoio em missões em outros continentes.  O deslocamento deste navio é de 1900 toneladas, se mostrando uma embarcação leve, com boa margem de potência para executar manobras no mar.
A suíte eletrônica embarcada na Steregushchy é composta de um radar de busca aérea Salyut Positiv MR-352M ME1 com 110 km de alcance contra um alvo de 5m² de RCS (um caça MIG-29, por exemplo). Já o radar de busca de superfície é um Granit Central Scientific Institute Garpun-B/3Ts-25E/PLANK SHAVE com 150 km de alcance. Além da busca de superfície, este radar é usado, também, para fornecer parâmetros para lançamento de mísseis anti navio. O radar de controle de fogo é o Ametist 5P-10E usado para direcionar o canhão A-190 de 100 mm contra seus alvos.
Acima: O desenho com características stealth da Steregushchy fica bem claro nos angulos mostrados nessa foto.
O armamento usado pela Steregushchy é composto pelo canhão automático Arsenal A-190 de 100 mm capaz de atingir alvos a 20 km de distancia a uma cadencia de 80 tiros por minuto. O armamento principal da Steregushchy é, sem sombra de duvidas, seus dois lançadores quádruplos KT-184 de mísseis anti-navio, que podem ser do tipo KH-35E Uran, que tem um perfil de voo subsônico, rasante ao mar (sea-skiming) cujo alcance chega a 130 km. Sua guiagem se dá por sistema inercial, e radar ativo na fase terminal do ataque. Sua ogiva tem 145 kg de explosivos. Alternativamente ao KH-35E, pode se equipar a Steregushchy com 8 mísseis anti-navio P-800 Yakhont, que possui desempenho supersônico, sendo capaz de voar a 2650 km/h contra alvos situados a 300 km de distancia, transportando uma potente ogiva de 250 kg de alto explosivo. O míssil Yakhont é guiado por radar ativo e foi base para o míssil BrahMos desenvolvido em conjunto com a Índia.
Para defesa antiaérea, esta classe foi armado no primeiro navio, o Steregushchy, com um sistema Kashtan M, composto por um arranjo formado por dois canhões tipo gatling GSh-30K de 6 canos rotativos de 30 mm mais dois tubos lançadores de mísseis SA-N-11 (SA-19 Grison) guiados por radar semi-ativo e com um alcance de 8 km, porém, este sistema foi substituido nos navios seguintes por um lançador vertical Redut VLS com 12 mísseis 9M96E (versão de médio alcance do sistema S-400). Este míssil pode abater uma aeronave a 40 km de distancia com um índice de precisão de 90%. Ainda para defesa antiaérea, estão instalados dois canhões CIWS AK-630M de 30 mm que disparam a uma cadencia de 10000 tiros por minuto, e tem um alcance de 4000 metros contra alvos aéreos. Há duas metralhadoras MTPU calibre 14,5 mm montadas em um suporte e operada manualmente. Essa metralhadora tem alcance de 2000 metros e cadencia de 600 tiros por minuto. Para guerra anti-submarino, foi instalado 2 lançadores quádruplos para torpedos anti submarino e anti-torpedos de 330 mm Paket NK, guiado por sonar ativo/ passivo, e com alcance de 19 km aproximadamente. Sua ogiva tem 70 kg de alto explosivo.
Um helicóptero Kamov KA-27 Helix anti-submarino é operado pelo Steregushchy havendo um hangar para transporta-lo e executar manutenção.
Acima: O clássico canhão A-190 de 100  e logo atras dele o lançador vertical Redut para mísseis 9M96E do sistema S-400 (versão de médio alcance), dão a corveta Steregushchy um poder de fogo bem acima do que costumamos ver nesse tipo de navio.
Quando vemos essas características descritas na corveta Stereguschy, como seu sistema de armas relativamente pesado associado a sensores modernos, porém de baixo custo, podemos prever que a corveta Steregushchy  terá um forte potencial sucesso comercial no mercado de navios de guerra de pequeno porte. A Rússia pretende operar um total de 12 unidades desta classe e a primeira entrou em serviço em novembro de 2007. Existem 3 versões desta classe que embora sejam classificadas com classes diferentes, são na verdade variações da original Steregushchy. Essas variantes são a Project 20385 Gremyaschy E a Project 20382 Tiger. As diferenças são basicamente alguns itens de armamento e de sensores, porém, basicamente são navios da mesma classe.
É interessante notar que a modularidade que este projeto traz, permite configurar tanto os sensores, como armamentos, de acordo com especificações diferentes de clientes internacionais e que, poderiam deixar esta corveta ainda mais poderosa no que tange a poder de fogo a colocando em um patamar de fragatas leves. Atualmente, além da Rússia, a Argélia é a única cliente do modelo.
ABAIXO TEMOS UM VÍDEO COM A STEREGUSHCHY.


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7 comentários:

  1. Parece mais um Destroyer do que uma Corveta. Imagina uma belezinha dessa equipando nossa marinha com mísseis P-800 ou Brahmos.

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  2. Bom dia.
    Excelente matéria , fiz uma comparação com a nossa futura Corveta Classe Tamandaré, e confesso que fique decepcionado com o projeto nacional, tanto no que tange nos quesitos operacionais e tecnos, quanto no custo que segundo apurei ficara em torno de 450 minhões a unidade, contra algo de 150 à 200 minhões da Steregushchy.

    Sinceramente gostaria esta Corveta russa no lugar da Tamandaré.

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  3. Boa noite Jean. Fico agradecido pelo elogio.
    Eu desconheço as características da tamandaré, mas não ficaria surpreso se seus sistemas e sensores forem menos capazes que o da Steregushchy. Os russos costumam levar muito a sério a capacidade de combate de seus sistemas de armas.
    Abraços

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Boa noite, sabias palavras, os Russos são muito sérios e competentes nas questões de segurança e defesa, bem diferente de um certo pais latino; oque me deixou muito frustrado foi ver o valor por unidade, isto é 450 minhões a unidade, é bem verdade que nesta empreitada sera feita a modernização do AMRJ ou reforma com queira, mas a este custo afirmo ser um erro, levando em conta a atual situação da esquadra e a escassez de recursos financeiros, gastar quase 2 bilhões em 4 unidades de 2 mil toneladas, acredito ser um desperdício de recursos, com este valor no mercado poderia ser adquirido por ex. 8 Steregushchy ou K130 Classe Braunschweig, e se formos pesquisar com este valor se pode comprar 4 fragatas de 4 mil toneladas de deslocamento.

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  4. Seria interessante ver uma stergushchy "nacionalizada". Canhão oto melara de 76mm, mísseis antinavio MAN-SUP, duas mg .50 ou de 20mm, dois canhões sea trinity 40mm, radar RAN-20S de busca aerea, Helicoptero Lynx, tubos torpedos 324mm, chaff/flare SLDM Elebra, Elebra ET/SLQ-1A ECM. Manteria os outros sistemas russos. Sairia desta maneira bem mais baratos e bem mais capaz que o projeto nacional.

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  5. Seria interessante a aquisição de cinco unidades desta Corveta para nossa Marinha com algumas adaptações por exemplo a substituição do canhão pelo Oto Melara 76 mm compatíveis com nossas Fragatas leves e transferência de tecnologia de motores e alguns sensores (se possível).

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