domingo, 28 de outubro de 2018

URALVAGONZAVOD T-90MS TAGIL. A evolução máxima da grande família de MBTs russos!

FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: + 60 km/h
Alcance máximo: 550 km.
Motor: V-92S2F Turbo Diesel com 1130 Hp de potência
Peso: 48 Toneladas.
Comprimento: 10 m.
Largura: 3,50 m.
Altura: 2,3 m.
Tripulação: 3 tripulantes.
Inclinação frontal: 60º.
Inclinação lateral: 40º.
Passagem de vau: 1,80 m (sem preparação); Com preparação, 5 m.
Obstáculo vertical: 1,1 m.
Armamento: Um canhão 125 milímetros de alma lisa 2A46M-5 capaz de disparar mísseis anti-carro 9M119 Svir; Uma metralhadora 7,62 milímetros remotamente controlada 6PK7

Por Luiz Medeiros, via Plano Brasil
PREFÁCIO
Expressão russa de um Carro de Combate de 3ª geração o T-90 em todas as suas versões, é um dos produtos que claramente demonstram a transformação industrial da então União Soviética para a Rússia atual, porém, sem perder é claro a identidade do produto e as boas qualidades e lições aprendidas no passado.
Neste artigo, o Plano Brasil em colaboração com WARFARE Blog apresentará a proposta russa para atualização dos veículos T 90, o sucessor de uma linhagem histórica que tem seu gênese no mítico carro de combate T-34 e dos antepassados de peso nas famílias T-55 e T-64 até os mais recentes  “pais” T-72 e T-80 que dariam origem a uma nova geração de carros de combate da linha  T-90 que através de um amplo programa de modernização  que dá origem a um novo carro de combate o T-90 MS Tagil.
FOTO

A ORIGEM
Com o colapso do então bloco soviético, tanto o governo russo, como as forças armadas precisaram revisar suas estratégias e investimentos. Esta medida, obviamente, impactou diretamente na indústria de defesa russa que como o resto do país, teve que se readequar as novas realidades econômicas. No que se refere aos carros de combate, duas empresas eram as principais fabricantes do setor na Rússia: De um lado a Omsktransmash (sediada em Omsk) e do outro a Uralvagonzavod (sediada em Nizhny Tagil). De Omsk vinham os veículos T-80, de desenho mais novo, porém considerados caros e difíceis de serem mantidos. De Nizhny Tagil vinham os T-72, sucesso de vendas, elogiados por sua simplicidade e criticados por suas fragilidades.
A nova realidade da Rússia tornava imperativo a manutenção de apenas uma linha de blindados, não somente para gerar padronização para o Exército Russo, mas também, devido ao inevitável corte de custos necessários. Com isso, no início da década de 90, as duas plantas apresentaram versões atualizadas e modernizadas de seus veículos.
Com isto, ambos escritórios de projeto apresentaram seus modelos e de um lado, surgira o T-80U, do outro o T-72BA. Posteriormente a Uralvagonzavod ainda acrescentou ao seu modelo um sistema de tiro mais sofisticado, contido no T-80U, gerando assim o novo modelo chamado de T-72BU.
Acima: O famoso tanque T-72 pode ser apontado como o pai do T-90MS. Mesmo sendo um veículo antigo, ainda estão em seviços em dezenas de exércitos.
Baseando nos resultados obtidos na primeira Guerra do Golfo, onde os T-72 iraquianos tiveram desempenho trágico diante dos opositores ocidentais, a Uralvagonzavod preferiu optar por alterar também o nome de seu modelo que baseado no T -72 faria urgir um novo veículo de combate chegando à denominação T-90. O governo russo realizou a seleção em 1995, mantendo a meta de um único carro de combate e cuja a decisão foi anunciada em Janeiro de 1996, logrando ao modelo T-90 a  vitória na concorrência.
A decisão sobre o veículo, que até então passara por uma versão modernizada calcada no T-72, pode então entrar em  produção e num processo de desenvolvimento mais aprofundado. O fato curioso é que  alguns observadores ocidentais que tiveram acesso as informações sobre o veículo, acabaram por avaliá-lo como algo realmente novo em se tratando de carros de combate. No processo de desenvolvimento do T 90, foram sendo introduzidos e novas versões surgiram a té culminar no T 90 MS, variante mais atualizada do veículo.
Acima: Baseando nos resultados obtidos na primeira Guerra do Golfo, onde os T-72 iraquianos tiveram desempenho trágico diante dos opositores ocidentais, a Uralvagonzavod preferiu optar por alterar também o nome de seu modelo que baseado no T -72 faria urgir um novo veículo de combate chegando à denominação T-90.

VERSÕES
T-90 – o primeiro modelo, modelo original de produção.
T-90K – versão de comando do T-90.
T-90A – versão do exército russo, chamado também de “Vladimir” em homenagem ao engenheiro chefe do programa Vladimir Potkin. Como melhoramentos, conta com o motor V-92S2 e um sistema de visão termal ESSA.
T-90S – versão de exportação do T-90A, por vezes colocado como T-90C devido à confusão da pronúncia do cirílico. Possuem ao menos dois tipos de blindagem para a torre.
T-90SK – versão de comando do T-90S, possuí diferente sistema de rádio e navegação e sistema Ainet para detonação remota de cargas HEF.
T-90S “Bhishma” – versão do T-90S customizado para uso na Índia, contando com sistema de auto-defesa Shtora e sistema de visão térmica da Thales (França) e da Peleng (Belarus).
Acima: Olhos e ouvidos, o programa T 90 MS fez surgir um moderno veículo totalmente integrado aos sistemas de armas com um suite de sensores em estado-de arte.
Ao contrário do que se pensa, o T-90 MS não se trata de um kit de modernização dos modelos mais antigos do T-90,  o MS fez surgir o modelo mais moderno da família conta com extensas modificações sobre seus antecessores quase nada tem a ver com o T-90 das séries anteriores.
Ainda que possuindo o chassi básico do T-72, todos os equipamentos embarcados são novos, assim como a disposição dos itens e o desenho do interior do veículo foram trabalhados, aprimorados e consequentemente alterados.
Em Setembro de 2011 na feira Russian Expo Arms ele foi mostrado ao pela primeira vez, já contendo todos os itens modificados e funcionais. O T-90MS recebeu também seu apelido de Tagil, em homenagem à cidade da fábrica.
O T-90MS Tagil é provavelmente hoje um dos grandes objetos de curiosidade para muitos analistas ocidentais, devido ao seu alto índice de modificações e aperfeiçoamentos e por esta razão trataremos sobre este veículo com foco em suas novidades.

PROTEÇÃO
A proteção do veículo inicialmente conta com desenvolvimentos das versões mais antigas, tal como a proteção para a parte inferior que conta com blindagem tradicional e um detector de minas instalado na seção frontal do veículo cujo objetivo é o de reduzir ao máximo a possibilidade do carro de combate ser surpreendido por minas terrestres e IEDs.
O sistema de proteção ativa “Shtora” ainda está presente no Tagil, porém somente em parte. Os projetores de infravermelho foram retirados, dado que este tipo de equipamento não é mais considerado efetivo para a proteção do carro de combate contra mísseis anti-carro, os “olhos vermelhos” foram assim perdidos. Sensores laser e cargas de fumaça automáticas e manuais permaneceram no veículo bem como, elementos para criar interferência eletromagnética que também foram mantidos.
A primeira novidade do Tagil está no desenho aprimorado da torre para melhor sobrevivência e absorção de impactos. Contando com uma armadura metálica básica “clássica” que possuí a inserção de camadas alternadas de alumínio e lâminas plásticas de deformação controlada, além de inserções de proteção reativa explosiva (ERA). Houve um grande acréscimo em blindagem especialmente na parte superior para garantir a maior proteção possível contra-ataques que venham de pontos mais altos.
Acima: Nova torre integrada aos sistemas de armas dimensionados para operações em regiões urbanas, o cano principal apresenta maior elevação, ponto fraco nas versões anteriores do veículo.
O chassi conta com uma armadura metálica tradicional de aço composto e o sistema de proteção reativa explosiva “Relikt” substituindo o “Kontakt-5”.
Este novo kit de ERA conta com a metade dos explosivos do kit anterior e é mais compacto, sendo assim é mais seguro para as proximidades do MBT, porém, o veículo ganhou mais massa em relação ao anterior. Em razão da nova proteção ERA, os locais por ela protegidos possuem capacidade de resistir às munições com ogivas contendo carga em tandem.
Acima: O sistema de proteção garante ao veículo maior sobrevivência em todos os ângulos e é mais eficiente que as gerações anteriores.
De acordo com o fabricante este novo kit é significativamente mais eficiente do que o anterior. As placas de blindagem laterais (saias de blindagem) para proteção das lagartas e suspensão também são uma novidade e podem receber o acréscimo de proteção reativa.
O veículo conta ainda com mais quatro placas removíveis com molas sobre a parte frontal das lagartas que podem ser alijadas em ação. A ejeção dessas placas removíveis se dá em um ângulo de 60º para o lado do veículo, estas são utilizadas como medida de proteção extra contra projéteis com ogiva do tipo HEAT.
Acima: O chassi conta com uma armadura metálica tradicional de aço composto e o sistema de proteção reativa explosiva “Relikt” substituindo o “Kontakt-5”. Há também proteção adicional para a torre.
De acordo com o fabricante a combinação da blindagem convencional de aço composto com a blindagem reativa garante capacidade de resistir às munições do tipo APFSDS que perfurem mais do que 800 mm, bem como, contra munições do tipo HEAT que tenham poder de perfuração de até 1350 mm. Outras novidades de proteção residem no interior do veículo, a começar por painéis anti-fragmentação feitos de tecido de aramida. Estes painéis foram inseridos para prover a proteção da tripulação contra fragmentos de eventuais explosões, tornando o habitáculo mais seguro para os tripulantes. A parte posterior da torre e do chassi recebeu o acréscimo de uma proteção de tipo “gaiola”. O emprego desse tipo de proteção demonstrou muita utilidade e eficiência no Afeganistão e Iraque, quando empregados por veículos americanos especialmente contra RPG’s utilizando ogivas detonadas pelo contato da ponta da mesma com o veículo.
Acima: Detalhe da proteção em cofre blindado para munições.
Possivelmente aquela que pode ser chamada de “a grande” novidade do T-90MS em termos de proteção é o novo cofre blindado para munições. Este ponto tem relação com uma nova organização das munições dentro veículo, com isso somente 8 munições ficam dentro casco e fora do carrossel do carregador automático, contra 18 munições em versões anteriores. Estes 8 projéteis ficam posicionados em uma estante no fundo do casco com uma parede blindada separando o compartimento de combate do motor, fazendo com que este esteja alocado em uma posição com a menor probabilidade de ser atingida. As 10 munições restantes estão alocadas justamente neste novo cofre blindado na parte posterior da torre. O compartimento em questão, não possuí conexão de nenhum tipo com o interior do veículo (porta, escotilha ou etc.) e nem com o carregador automático. Essa medida foi tomada visando evitar o fenômeno de “ejeção da torre” que por vezes ocorria nos modelos T-72 devido à sua alocação de munições na torre sem este tipo de proteção.
As 10 cargas estão localizadas em um compartimento no meio do cofre e as munições estão em dois compartimentos separados (um a direita e a outro a esquerda) esta conformação é feita devido as cargas serem as peças mais suscetíveis à combustão dentro do cofre.
As travas deste cofre blindado foram desenhadas para em caso de incêndio e/ou aumento de pressão, elas se quebrarem fazendo com que os painéis externos sejam ejetados e a energia do fogo, ou eventual explosão, seja toda direcionada para fora do veículo de forma direta.
Outro ponto interessante no desenho deste cofre blindado foi o projeto pensando em rápida substituição do compartimento como um todo, em caso de necessidade como envetuais incêndio e estouro de travas ocorre a ejeção dos painéis externos, sendo este apenas um ponto dentre vários do veículo que foram pensados e feitos de forma modular.
Acima: É possível observar a escotilha do comandante voltada para a frente de modo a prover proteção adicional ao comandante do carro.
Uma curiosidade que também é novidade é a tampa do comandante com abertura para frente, no sentido de criar uma proteção ao comandante, solução “ocidental” adotada no veículo.
Completando a questão protetiva, o Tagil permanece a contar com o tradicional “perfil baixo” dos carros de combate russos, tendo 2,3 m de altura e sendo o mais baixo comparado com Abrams, Leopard 2 e Challenger 2. Esse perfil colabora para a baixa visibilidade e capacidade de engajamento por mísseis e RPG.
Todas as soluções protetivas empregadas no T-90MS foram desenhadas pensando no conceito de modularidade e facilidade de substituição em caso de necessidade, demonstrando a visão de modularidade e o foco em garantir o máximo disponibilidade possível para o veículo em situações de combate.
O Tagil no momento não conta com o sistema ARENA de proteção ativa contra projéteis, porém fontes indicam da possibilidade de instalação deste sistema no veículo como maneira de aumentar sua proteção efetiva contra a variedade de armas anticarro disponíveis no mercado atual.
Assim como o ARENA, o sistema EMT-7 emissor de pulso eletromagnético (EMP) também está disponível para uso no veículo, tendo sido inclusive testado sobre a plataforma do T-90S, não há dados sobre testes desse sistema com o T-90MS, porém o mesmo se encontraria disponível em caso de solicitação de eventuais clientes.
Acima: A eletrônica e sensores em estado-de-arte são a marca registrada da variante T-90 MS que realmente o difere das versões que o antecederam.

SISTEMAS EMBARCADOS
O T-90MS conta com uma variedade de sistemas novos embarcados, características que como um todo marcam a diferença deste veículo em relação aos seus antecessores e especialmente em relação aos antigos T-72, mesmo em suas versões modernizadas.
A primeira grande evolução é que todos os sensores do veículo são digitais, contra uma diversidade de meios mecânicos de seus antecessores em combinação com alguns sistemas digitais em versões modernizadas.
Acima: Visão interna do veículo demonstrando os mostradores MFD disponíveis a sua tripulação.
O veículo possuí um sistema de navegação combinado,  inercial em conjunto com sistema de navegação por satélite (Glonass ou GPS) com a visualização de um “mapa” no MFD do comandante. Este novo sistema de navegação visa garantir a precisão no deslocamento do veículo e no cumprimento das rotas de missão.
Outro ponto forte nas novidades embarcadas é o MFD (multi-function display) do comandante. Uma tela multifuncional colorida à disposição do comandante economiza espaço e agrega informações (dados de navegação e sobre situação de combate), facilitando o trabalho do comandante e melhorando a ergonomia de sua posição. A introdução deste item claramente demonstra a preocupação dos engenheiros da Uralvagonzavod em melhorar a qualidade do habitáculo da tripulação e providenciar assim um item que proporciona um nível de “fusão de dados” para o comandante do carro de combate.
Acima: Galeria de imagens 3 D, T 90 MS créditos Precise 3D.
O T-90MS conta como item “de série” com um sistema de gerenciamento de combate, a suíte era uma exclusividade da versão de comando do T-90, o T-90K. Esta suíte permite uma conexão do carro de combate com todos os veículos no teatro de operação (contanto que os demais veículos possuam compatibilidade com o sistema), permitindo que o carro opere em “datalink” compartilhando informações e utilizando informações compartilhadas. A ideia de introduzir o sistema como “item de série” tem como objetivo eliminar a limitação de ter um determinado veículo “exclusivo” para a função de comando.
Uma novidade visando o melhor controle do cenário de operação são as 4 câmeras à disposição do comandante, que permitem visão de 360º do ambiente. Para o motorista é disponibilizada uma câmera particular para manobras em marcha ré.
Ainda tratando sobre capacidade de visualizar o ambiente e também para identificação e engajamento de alvos temos o sistema “Sosna-U” para mira do artilheiro, com a vantagem de já possuir um sistema de visão termal integrada (Thales Catherine FC—visão térmica de 2ª geração). Esse sistema como um todo é mais leve e tem desempenho superior ao sistema 1G46 ou 1G46M das versões anteriores, garantindo maior precisão para o artilheiro e mantendo o alcance para identificação e engajamento de alvos em mais de 5 quilômetros.
O habitáculo conta ainda com botões próximos a todos os dispositivos prismáticos (pequenos periscópios de emergência), pressionando um destes botões o comandante pode ter a vista panorâmica voltada para aquela seção específica. Esta é uma solução desenvolvida na década de 60 e demandada somente agora no século 21.
Devido a todos os sensores do veículo serem digitais pode-se ter o Sistema de Controle de Tiro “Kalina” que é inteiramente digital e pode-se dizer que este é o grande trunfo em termos de sistemas embarcados no T-90MS, maximizando a performance de combate do veículo.
Acima: Visão do artilheiro sobre o sistema de armas, no detalhe as munições acessíveis.
O “Sosna-U”, já citado anteriormente, é uma parte integrante deste sistema, e possuí todas as mais modernas características como mira panorâmica independente para o comandante e um sistema automático de rastreamento de alvos, sendo esta última uma característica de “estado da arte” que pouquíssimos veículos no mundo possuem (nem mesmo o M1A2 SEP e Leopard 2A6 possuem esta característica no momento).
Este fato por si só já demonstra o quão revolucionário e inovador o sistema é tendo como os pontos chaves de vantagem:
1) - A redução na carga de trabalho do artilheiro e do comandante. O artilheiro não mais precisa seguir um alvo em movimento, pois o computador realiza essa tarefa automaticamente. Em ensaios e testes os resultados apontaram que os erros utilizando esse sistema são de 1,5 à 2,5 vezes menores do que utilizando o sistema manual de rastreamento.
2) - Este sistema de rastreamento automático transforma mísseis guiados por linha de visada/iluminação do alvo em mísseis do tipo “dispare e esqueça”, dado que anteriormente o artilheiro teria de manter o alvo travado por todo o tempo de viagem do míssil até seu alvo e agora isso não é mais necessário com o sistema realizando o trabalho de forma autônoma uma vez que o alvo seja identificado e travado. Este trabalho para o artilheiro era algo relativamente difícil de se fazer com sistemas de mira antigos para distâncias superiores à 4 quilômetros, e isso sem levar em consideração a necessidade de concentração que poderia ser afetada em uma situação de combate devido a toda tensão envolvida. Este ponto demonstra claramente a redução do estresse sobre o artilheiro e denota o aumento de precisão do sistema como um todo.
Acima: A tripulação conta com visores e sistemas eletrônicos avançados e integrados que aumenta a consciência situacional e letalidade nos primeiros disparos.
O comandante de um T-90MS Tagil conta com um benefício extra que é a visão térmica de 3ª geração Catherine-XP, poucos veículos no mundo providenciam ao comandante uma qualidade de visão semelhante à do artilheiro e menos ainda são aqueles que fornecem uma opção de visão melhor para o Comandante do que para o Artilheiro.
Este sistema de visão e mira aprimorado para o comandante, em combinação com a integração de informações do sistema de tiro “Kalina”, permite que o próprio comandante engaje alvos e assim a tripulação do veículo opere na formatação “Killer-Killer” ao invés do convencional “Hunter-Killer” de outros carros de combate.
Coroando o Sistema “Kalina” temos um Sistema de Processamento de Imagem, cujo o objetivo é otimizar a qualidade da imagem no sistema de mira através de melhorias de contraste e resolução para visualização nos monitores e display’s. Existem informações de que um sistema semelhante foi instalado no M1A2 SEP e demonstrou melhoria de 70% na capacidade para aquisição de alvos e redução de 45% no tempo necessário para conseguir efetuar um disparo contra alvos distantes ou em condições de baixa visibilidade.
O veículo conta ainda com sistema para operação em teatros contaminados QBRN (Químico, Biológico, Radiológico e Nuclear) graças ao seu sistema coletivo auxiliado pelo sistema PKUZ-1A. Além de um sistema tradicional contra eventuais incêndios internos.
O Tagil conta também com uma unidade de força auxiliar para prover energia a todos os sistemas do veículo mesmo quando o motor está desligado e pode ainda receber um gerador auxiliar movido a diesel com potência de 7kW.
Acima: Sistema “Kalina” é algo realmente revolucionário pois integra todos os sensores do veículo e permite a utilização em data Link entre  veículos, o que aumenta a letalidade de mísseis e armas dos veículos que passam a operar conectados numa rede.
O veículo conta com sistema de ar-condicionado interno que não é uma novidade, porém valendo a nota de que o T-90 (em versão anterior ao MS) em testes na Índia provou sua capacidade de sobrevivência em ambientes de calor extremo, complementando assim a capacidade de sobrevivência em ambientes de frio extremo os teatros de testes e operações do veículo dentro da própria Rússia já conhecidos.
Existem indicativos de que devido ao sistema Kalina e ao sistema de gerenciamento de combate que o T-90MS o mesmo estaria equipado também com uma suíte para identificação IFF (Friend or Foe) visando facilitar a diferenciação veículos e objetos aliados de inimigos e possíveis alvos em teatro de operação.

SISTEMAS DE ARMAS
O canhão de alma lisa 2A46M (ou D-81TM como é chamado na Rússia) de 125mm em si não é uma novidade, se trata de um modelo com mais de 30 anos de história e utilizado em diversos outros carros de combate como o PT-91 polonês, o T-84 ucraniano além de veículos na Coreia do Norte, Sérvia, Croácia e Irã. Dentro da própria Rússia os canhões do projeto 2A46 possuem vasto histórico remontando ainda os T-55 em modelos modernizados e com amplo histórico na Família T-72 e T-80.
As novidades na nova versão o 2A46M-5 estão em pequenas modificações para dois fins: facilitar sua substituição e aumentar sua vida útil. O peso do sistema permanece porém na marca de 2.500kg.
Para alcançar esses objetivos temos um novo munhão com rolos elásticos para fácil montagem e calço de retorno, além da instalação de dois novos elementos para facilitar a remoção do cano.
O cano ganhou uma nova composição de alta rigidez e cromagem para aumentar sua vida útil que agora alcança 1300 disparos sendo um aumento significativo sobre os 1200 disparos de vida útil de versões anteriores.
Acima: As novidades na nova versão o 2A46M-5 estão em pequenas modificações para dois fins: facilitar sua substituição e aumentar sua vida útil. O peso do sistema permanece porém na marca de 2.500kg.
O canhão 2A46M-5 aumentou bastante o leque de poder de fogo para o blindado, podendo disparar uma vasta gama de munições de tipo APFSDS, HE, HEF além dos mísseis 9M119 Svir, ou também chamado de 9K119 Refleks (designação da OTAN como AT-11 Sniper), com guiamento à laser esse míssil pode engajar tanto outros blindados e/ou veículos como também helicópteros voando em baixa altura tendo como raio efetivo entre 4km à 5km de distância. No roll de munições convencionais a arma principal do Tagil é capaz de disparar quase todo tipo de armamento disponível no arsenal russo para 125mm, todas as versões das munições das famílias 3VBM11, 3VBM13, 3VBM17 e 3VBM19 que são as principais munições russas hoje e por consequência as principais utilizadas pela atual frota de T-90 e para o próprio T-90MS.
Acima: Aqui podemos ver a parte traseira do míssil 9M119 Svir, lançado, diretamente, pelo tubo do canhão de 125 mm.
O T-90MS é capaz de operar com as munições 3BM48 “Svinets” e “Svinets-2”, porém pouco se tem de real informação sobre essas munições, somente que elas possuem a mesma capacidade de penetrar 800mm de armadura que as M829A3 e DM-63. O fato é interessante dado que as “Svinets” são mais “curtas” que seus pares ocidentais, se mantendo no comprimento de 740mm para manuseio e utilização nos carregadores automáticos em serviço na frota de T-72, T-90 e T-80.
É comentado que os russos consideram a tecnologia envolvida com essas munições como sendo muito dispendiosa devido aos novos flechetes e novos tipos de sabot, além disso seriam munições para “momentos negros” devido ao uso de urânio empobrecido e tungstênio, mesmo que diversas das atuais munições do arsenal russo já utilizem esses elementos em menor escala ou proporção. Outro ponto para o pouco conhecimento e até onde se é divulgado a pouca utilização desse tipo de munição seria a não existência de ameaça blindada na esfera de oposição direta à Rússia com veículos de blindagem mais capaz do que as atuais munições mais convencionais em uso.
A grande crítica feita no ocidente sobre canhões de 125mm recai sobre a precisão dessas armas e para compensar esse efeito o novo canhão 2A46M-5 teve em suas modificações refinamentos de calibragem e acerto que juntamente com um novo sensor ótico instalado no cano do canhão providenciam um aumento médio de 15% na precisão com qualquer que seja o tipo de munição, dentre aquelas homologadas para a arma.
Acima: O canhão 2A46M-5 em calibre 125 mm usado no Tagil representa uma séria ameaça aos veículos de combate ocidentais. Esta versão foi aprimorada e permite maior precisão que os canhões das versões anteriores apresentam.
Outro ponto interessante para complementar a efetividade e capacidade do canhão do T-90 estão em modificações em sua torre, não no desenho externo, porém sim internamente. Essas modificações nos sistemas de giro garantem uma taxa de rotação de 40 graus por segundo com um novo estabilizador. Essa taxa é substancialmente superior a todos os carros de combate russos e superior também aos veículos disponíveis nas fileiras da OTAN que possuem em média rotação de 30 graus por segundo. Com este valor anunciado o T-90MS apresenta uma das torres mais rápidas do mundo.
O canhão do Tagil é alimentado por um carregador automático, como em suas versões anteriores esse carregador possuí um carrossel com 22 munições alocadas e prontas para uso. O uso de carregadores automáticos já é prática testada e aprovada na Rússia e vista com bons olhos dada a redução da tripulação de 4 para 3 membros (eliminando-se o carregador). Mesmo que este item não figure em veículos Alemães, Estadunidenses, Britânicos ou Italianos ele é objeto de estudo e já se encontra em uso em carros de combate Franceses, Japoneses e Sul-Coreanos.
O armamento secundário do T-90MS é composto pela torreta remotamente controlada UDP T05BV-1 RWS, equipada com metralhadora 6P7K de 7,62mm com 800 cartuchos para uso anti-aéreo distribuídos em dois magazines, podendo transportar mais 2000 cartuchos internamente. Essa torreta é controlada pelo comandante e atua de forma totalmente independente da arma principal, contando com estabilizadores em dois axis para garantir maior precisão nos disparos.
Acima: A nova arma de cano secundária permite engajamentos com elevações maiores que permitem atacar insurgentes em perímetros próximos ao veículos em regiões apertadas e de ambiente urbano.
A nova torreta foi alvo de crítica por alguns analistas e entusiastas devido a “perda” de poder de fogo comparada com a arma anterior de 12,7 mm (calibre .50), porém tem a vantagem de ser um conjunto mais leve com maior estabilidade de tiro e mais munições para uso.
Informações não confirmadas porém indicam que o armamento secundário poderia ser alterado de acordo com a vontade de eventuais clientes para o retorno do canhão de 12,7 mm ou até mesmo para um lançador de granadas de 30 mm.

MOBILIDADE
O veículo conta com o motor V92S2F turbo diesel, com 1130 hp de potência, apresentando mais de 10% de aumento de potência sobre as motorizações anteriores. Este novo motor possuí peso de 1.100 kg à seco, contando com um novo sistema de bombeamento de combustível, novos injetores, bielas e pinos reforçados e um novo desenho de cárter para melhoria da qualidade de fundição das partes e um tratamento térmico da superfície do virabrequim.
Foi inserido também um novo sistema de transmissão e câmbio automáticos, com 7 velocidades à frente mais a marcha ré, a opção de modo manual para troca de marchas foi mantida. Devido as mudanças no sistema de câmbio e transmissão, além do motor mais potente, o Tagil possuí melhor performance de aceleração porém mantém sua velocidade máxima em 60 km/h (em estrada e de acordo com seu fabricante). Algumas fontes indicam que o veículo é capaz de superar 65 km/h em estrada chegando até a 72 km/h mas não há confirmação do fabricante sobre esse dado.
Todas essas modificações objetivaram aumentar a eficiência do motor tanto em seu consumo de combustível assim como facilitando sua manutenção e complementando a vida útil do motor foi estendida para mais de 1200 horas de utilização, sendo substancialmente superior aos motores das versões anteriores do T-90.
A crítica existente sobre as versões anteriores do T-90 sobre sua baixa velocidade de marcha ré infelizmente não foi corrigida. O veículo permanece possuindo velocidade de somente 5km/h em marcha ré sustentada, um ponto considerado ruim para algumas realidades de operação onde o carro de combate possa ser obrigado a recuar o mais rapidamente possível.
Acima: O motor V-92S2F turbo-alimentado Diesel de doze cilindros em V fornece 1130 Hp permitindo ao Tagil, velocidades que excedem os 60 km/h.
O aumento de peso do veículo de 1 tonelada e meia (em sua grande parte devido a nova blindagem reativa) não afetou em nada sua mobilidade devido ao aumento de potência do motor em proporção maior do que o aumento de peso. Mesmo quando se trata da pressão sobre o solo a ampliação foi irrelevante não modificando as realidades de utilização do veículo, pois o aumento foi de simplesmente de 0,04 kgf/cm2 (de 0,94 kgf/cm² para 0,98 kgf/cm²).
O Tagil utiliza-se de um sistema de suspensão de barra de torção convencional, demonstrando aqui claramente a influencia ainda das velhas lições, o sistema é tido pelos russos como além de mais simples muito mais confiável do que o caro e complexo sistema hidropneumático e produzindo resultados que não valeriam o preço da troca.
A confiança que os russos possuem sobre esse sistema de suspensão e sua rigidez e robustez são comprovadas nas mais diversas exibições onde o T-90 em suas diversas versões é visto saltando de alguns metros de altura e até mesmo disparando no ar para a posterior “aterrissagem” que rendem ao T-90 o apelido de “Flying Tank” ou “Tanque Voador” em português, esta característica é mantida no Tagil.
O carro de combate possuí capacidade de atravessar prontamente, sem modificações, cursos d’água de até 1,8 m de profundidade, com equipamento extra o veículo é capaz de atravessar curso d’água de até 5 m de profundidade. O Tagil pode ainda superar obstáculos com mais de 1,1 metro de altura e vencer subidas com 60º de inclinação.
Acima: O Tagil usa suspensão com barra de torção convencional projetada para extrema robustez. Há vídeos mostrando o Tagil saltando rampas sem danificar sua suspensão. Essa característica positiva é uma herança dos modelos anteriores que também têm essa capacidade.

CONCLUSÃO
Em uma mistura clara entre “o velho” e “o novo” o T-90 MS Tagil emerge como a mais moderna versão de Carro de Combate desta grande família disponível na indústria Russa hoje, demonstrando que mesmo nos mais avançados teatros de operação ainda podem existir espaços para soluções advindas até mesmo da década de 60 atuando em conjunto com as soluções da última década.
Com melhorias em conceitos de modularidade e manutenção, na blindagem, motorização, armamento mas acima de tudo em novos sistemas embarcados para maximizar as capacidades de combate do veículo, o Tagil entra como um produto que tem longa vida pela frente, em um mercado onde diversos exércitos devem necessitar de substituição para frotas de antigos T-55, T-64, T-72 entre outros veículos soviéticos e mesmo nações com histórico de veículos ocidentais. O T-90MS apresenta-se como uma solução agregando soluções modernas com simplicidade e baixo custo e boa durabilidade.
Não existe informação certa sobre a possibilidade de se atualizar os atuais T-90A, K, S, SK ou mesmo S “Bhishma” para o padrão do MS. Hoje a Uralvagonzavod trabalha com o T-90MS em seu portfólio como sendo um novo veículo e não uma mera atualização do T-90S, isso pode se resolver em um problema para o futuro dessa variante dentre os atuais utilizadores do carro de combate.
Atualmente existe informações de que a India encomendou mais de 350 unidades do T-90MS para seu exército, porém ainda não recebeu oficialmente nenhum pedido da Rússia, provavelmente porque os russos estão comprometidos com o desenvolvimento do novíssimo T-14 Armata, o sucessor de toda a linhagem de tanques T-72, T-90 e o T-80 naquela força.
O T-90MS dá novo fôlego ao herdeiro de uma longa história de carros de combates soviéticos e garante não só sua permanência no mercado mas também a tomada da dianteira sob diversos aspectos de inovação em um veículo ágil e muito mais leve do que seus principais concorrentes e que, sem sombra de dúvidas, é uma interessantíssima opção no mercado de exportação de carros de combate pesados.





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