Mostrando postagens com marcador Carros de Combate. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Carros de Combate. Mostrar todas as postagens
quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
GENERAL DYNAMICS LAND SYSTEMS M-10 BOOKER - Parece um MBT, mas é um veículo de assalto.
![]() |
M-10 Booker |
FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: 70 km/h
Alcance máximo: 565 km.
Motor: Um motor diesel MTU 8V199 TE23 com 800 Hp de potência.
Peso: 38 Toneladas.
Comprimento: 6,85 m.
Largura: 2,4 m.
Altura: 3,65 m.
Tripulação: 4 tripulantes.
Inclinação frontal: 60º.
Inclinação lateral: 40º.
Passagem de vau: 1,5 m
Obstáculo vertical: 0,8 m.
Armamento: Um canhão M35 de 105 mm, uma metralhadora M-240B em cal 7,62x51 mm, uma metralhadora pesada M2HB em calibre 12,7 mm e 16 granadas lançadoras de fumaça.
DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
Entre 1969 e 1997, o Exército dos Estados Unidos (US Army), empregava em suas fileiras um veículo de combate de assalto chamado M-551 Sheridan, que tinha por objetivo entrega uma boa capacidade de fogo, em um veículo leve que pudesse ser facilmente aerotransportado. No entanto, durante sua vida operacional, que incluiu operar no solo do sudeste asiático, durante a guerra do Vietnam, foi experimentado problemas de confiabilidade do "exótico" canhão de M81E em calibre 152 mm, com cano curto e que era capaz de lançar o míssil MGM-51 Shillelagh, guiado por comando infravermelho (não confundir com o sistema de busca por calor infravermelho dos mísseis atuais) e que permitia atingir um alvo inimigo à distancia de 2000 metros até 3000 metros, nas suas versões aprimoradas.
Foi buscado pelo US Army, a substituição desse carro de combate, e chegou-se a desenvolver um novo veículo de assalto de combate chamado M-8 AGS (Armored Gun System), no entanto, devido a custos elevados, o Pentágono mandou cancelar seu desenvolvimento, levando o US Army a aposentar o M-551 sem que houvesse um substituto sob medida para ele.
Para dar uma solução paliativa para essa lacuna deixada pela aposentadoria do M-551, o US Army, acabou adotando o veículo sobre rodas M-1128, que é uma versão armada com um canhão de de 105 mm, do veículo de transporte de tropas Stryker, cujo projeto, também deriva do bem sucedido LAV III. O M-1128, foi aposentado em 2022, em favor de um novo projeto conhecido como Mobile Protected Fire Power (MPF), que visava um veículo de assalto, sobre lagartas (como no M-551), mas armado com um canhão de 105 mm. O resultado do programa MPF foi o novo M-10 Booker, desenvolvido e fabricado pela General Dynamics Land Systems (GDLS), e classificado como veículo blindado de apoio de infantaria.
O M-10 Booker, pesa 38 toneladas, o que é um valor bem mais leve que um MBT como o M-1 Abrams, cujo peso bate nas 69,5 toneladas. Essa característica é fundamental para um dos objetivos do Booker que é a alta mobilidade permitindo que aeronaves de transporte C-17 possam transportar dois veículos por vez para o campo de batalha, e fornecendo, mais rapidamente, uma capacidade de suporte de fogo para a infantaria já engajada em combate. A título de comparação, o C-17 consegue transportar apenas um M-1Abrams por vez, devido ao elevado peso do Abrams.
![]() |
Pesando pouco mais da metade do que pesa um MBT M-1Abrams, o Booker pode ser transportado em dupla por uma aeronave de transporte C-17 Globemaster III. |
Ainda tratando de sua mobilidade, O Booker é propulsado por um motor diesel MTU 8V199 TE23 com 800 Hp de potência que permite ao Booker desenvolver uma velocidade máxima de 70 km/h em estrada, sendo que seu alcance é de 560 km, também em estrada. O sistema de transmissão instalado é o Allison 3040 MX que opera como sistema "Cross-Drive" que atua nas acelerações, manutenção da velocidade constante em estrada e no diferencial para mudança de curso do veículo.
O Booker tem uma tripulação de quatro pessoas, uma na torre e três no casco, “com um arranjo de tripulação e sistemas de torre semelhantes ao M1 Abrams.
![]() |
O motor diesel MTU 8V199 TE23 entrega 800 hp de potencia para o Booker, garantindo agilidade e alta velocidade. |
O baixo peso, embora traga vantagens importantes na mobilidade, também tem seu preço a pagar. A desvantagem é que a proteção blindada é mais leve. Assim, os exemplares do lote inicial do Booker estão sendo entregues com a blindagem que é capaz de proteger a tripulação e mesmo a sobrevivência do próprio veículo, contra disparos de munições calibre 12,7x99 mm (50 BMG) nos arcos frontal e laterais e contra munições 7,62x51 mm no quadrante traseiro. Além disso, o Booker foi projetado para suportar detonações de IEDs (Dispositivos Explosivos Improvisados) contra seu assoalho.
Por ser um veículo cujo desenvolvimento pela GDLS se deu baseado no veículo ASCOD II, já em uso em vários países, e com provisões para instalações de kits de proteção extra, bem mais abrangentes, é possível que o Exército dos Estados Unidos, na medida em que precisar, solicite a instalação de proteção extra, que pode vir, até mesmo na forma de blindagem reativa (ERA), que permitiria ampliar significativamente a sobrevivência do Booker em um teatro de operações de média ou de alta intensidade, como seria uma guerra contra a Rússia na Europa, ou na Asia contra a China.
Também para proteção, o Booker tem 16 granadas fumígenas instalado numa configuração de 8 unidades de cada lado da torre. O Booker é equipado para operar em ambientes QBM (químico, nuclear e biológico).
![]() |
O nível de proteção do Booker é inferior ao de um MBT. Nas laterais e na frente, ele suporta disparos de munição 12,7x99 mm (50BMG), e na traseira, disparos de munição até o calibre 7,62x51 mm. |
O Booker está armado com um canhão em calibre 105 mm de baixo recuo modelo M35, montado em uma torre que é baseada na torre do MBT M-1 Abrams. Embora seja um canhão com menor poder de fogo do que o potente canhão de 120 mm usado no Abrams, o canhão M35 do Booker vai entregar capacidade de causar sérios danos em qualquer carro de combate inimigo, e ainda de prestar apoio de fogo contra bunkers e edificações inimigas. É importante destacar que este canhão é apoiado por um sistema de controle de fogo derivado do sistema empregado na moderna versão do Abrams, a M-1A2 SEPv3, que certamente garante altas chances de acerto logo no primeiro tiro, mesmo com o veículo em movimento. Além do canhão, o Booker está armado com uma metralhadora coaxial M-240B (MAG) em calibre 7,62x51 mm e uma metralhadora pesada M-2HB, calibre 12,7x99 mm (50 BMG) para o comandante, na parte de cima da torre.
![]() |
O canhão M35 em calibre 105 mm instalado no Booker vai garantir eficiência para apoio de fogo direto para a infantaria. |
Na parte eletrônica, se destaca o sistema de mira panorâmica de longo alcance PASEO CITV (Commander's Independent Tactical Viewer) que possui, além da câmera infravermelha, um telêmetro laser com alcance de 7 km. Esse equipamento garante uma maior consciência situacional no campo de batalha, que impacta nas chances de sobrevivência da tripulação e o sucesso em combate.
A mira primária do artilheiro é uma Raytheon (FLIR de 2ª geração). Já o motorista está equipado com Driver Vision Enhancer-Wide dianteiro e traseiro da Leonardo (imagens térmicas de 2ª geração), complementado por um periscópio térmico, provavelmente o DVE-A ou uma mira similar.
![]() |
O Exército dos Estados Unidos vai receber 504 unidades do M-10 Booker. |
A entrada em serviço do Booker reflete uma nova abordagem doutrinária do Exército dos Estados Unidos que está focando na mobilidade para responder o mais rápido possível à ocorrências num momento da história que as tensões entre ocidente e oriente aumentaram à níveis que não se via desde o período mais tenso da guerra fria. Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia tem servido de uma enorme laboratório para se testar armas e táticas ocidentais frente às forças de combate russas. É muito provável, e até necessário, que as lições aprendidas sejam internalizadas na doutrina do Exército dos Estados Unidos para lidar as ameaças que já aparecem no horizonte.
![]() |
Infográfico com as características do M-10 Booker. |
terça-feira, 15 de outubro de 2024
STEYR-DAIMLER-PUCH SK-105 KURASSIER - O caça tanques dos fuzileiros do Brasil
Velocidade máxima: 70 Km/h.
Alcance máximo: 500 km.
Motor: Steyr 7FA turbo diesel que desenvolve 320 Hp de potência.
Peso: 17,7 toneladas.
Comprimento: 7,74 m (canhão apontado para frente).
Largura: 2,5 m
Altura: 2,17 m.
Tripulação: 3.
Inclinação frontal: 75%
Inclinação lateral: 40%
Passagem de vau: 1 m.
Obstáculo vertical: 80 cm.
Armamento: Um canhão 105G1 em calibre 105 mm; 1 metralhadora coaxial FN MAG cal 7,62X51 mm e uma metralhadora M-2HB cal .50 (12,7 mm), 6 granadas de fumaça.
DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
O Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil (CFN) é uma instituição que se destaca não só pelos seus integrantes, composto de concursados e voluntários que demonstram uma competência acima da média, como também, pelos seus equipamentos especiais, escolhidos a dedo pelo comando da Marinha do Brasil para que estes homens, integrantes de uma das mais tradicionais corporações militares deste país, possam cumprir sua missão e seu dever com extrema eficácia.
O arsenal usado pelo Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil é composto por blindados, de uso exclusivo, como os AAV-7A1, blindados anfíbios sobre lagarta ou os novos blindados MOWAG Piranha IIIC já descritos no Warfare Blog.
É sobre um desses blindados especiais e de uso exclusivo pelo CFN, que tratarei a partir de agora. O caça tanques, austríaco, Steyr Daimler Puch SK-105 A2 Kurassier, que chegou ao Brasil em fevereiro de 2001, representa o blindado com maior poder de fogo de nosso corpo de fuzileiros navais atualmente.
![]() |
SK-105 do Fuzileiro Navais do Brasil em exercício em Formosa, Estado de Goiás. Foto Angelo Nicolaci - GBN- Defense |
O SK-105 A2 pode ser considerado como um carro de combate leve ou “caça tanques”. Sua missão principal é destruir tanques inimigos no campo de batalha e para poder cumprir sua missão, ele é armado com um canhão de origem francesa 105G1 em calibre 105 mm capaz de disparar munição “flecha” APFSDS (perfurante de blindagem), HEAT (alto explosivo anticarro), HE (alto explosivo) e munição de treino. Esse canhão é alimentado por dois carregadores giratórios contendo 6 granadas cada. Esse sistema semiautomático permite uma cadência de tiro na ordem de 12 tiros por minuto, sendo que depois de disparada a granada, o cartucho é ejetado automaticamente pela parte de traz da torre. Ao todo são transportados 44 granadas de 105 mm dentro do SK-105. É interessante notar que este canhão é estabilizado por dois giroscópios, permitindo com que sejam efetuados disparos com o carro de combate em movimento, em velocidades de até 30 km/h, sem prejuízo da precisão. Além do canhão, há, ainda uma metralhadora coaxial FN MAG calibre 7,62x51 mm com um estoque de 2000 tiros disponível por veículo. A Marinha do Brasil usa uma metralhadora M-2 calibre .50 (12,7 mm) externamente, contendo 400 tiros a disposição.
![]() |
O SK-105 usa canhão de origem francesa 105G1 em calibre 105 mm. |
O comandante do SK-105 tem a sua disposição um periscópio com aumento de imagem de 7,5 X. Um telêmetro laser CILAS TCV-29 capaz de medir distancias de 400 a 10000 metros com extrema precisão está montado no teto da torre, enquanto que um sensor infravermelho XSW-30 950 W está montado a frente da torre do lado esquerdo. O veiculo está equipado com um computador de controle de fogo fabricado pela empresa israelense Elbit, uma velha conhecida de nossas forças armadas.
O SK-105 é propulsado por um motor turbo diesel Steyr 7FA que desenvolve 320 Hp de potência levando este pequeno carro de combate a uma velocidade máxima de 70 km/h em estrada. Embora o SK-105 não seja um veículo anfíbio, ainda sim é capaz de passar por rios até uma profundidade de 1 metro e superar obstáculos verticais de 0,80 m. A autonomia é de 500 km, o que pode ser considerado muito bom para um carro de combate pequeno como é o SK-105.
A blindagem do SK-105, como é de se presumir, é relativamente fraca, devido as necessidades de se manter o peso baixo deste pequeno blindado. Por isso, sem preparação nenhuma, o SK-105 consegue suportar impactos de projéteis de 20 mm na parte frontal, a mais protegida do tanque, enquanto, com preparação, pode-se aumentar essa resistência para suportar até impactos diretos de projéteis de 35 mm, o que prejudicaria a mobilidade do SK-105. As laterais da viatura suportam disparos de armas leves até 7,62x51 mm.
Ainda para sua proteção, há 3 lançadores de fumaça de cada lado da torre, usados para dificultar aos inimigos, que se faça mira contra o SK-105. O veículo, também recebeu proteção para operar em um ambiente QBN - Químico, Biológico e Nuclear.
![]() |
Desfile militar dos fuzileiros navais do Brasil em uma das Operações Formosa. |
O Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil possui 18 unidades do carro de combate SK-105 A2, dos quais, aproximadamente a metade, ainda se encontra operacional. Certamente que se trata de um número modesto, considerando o tamanho da responsabilidade desta importante corporação. Na verdade, o Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil é o menor operador deste interessante carro de combate.
![]() |
|
![]() |
sexta-feira, 22 de dezembro de 2023
IVECO/ OTO MELARA C-1 ARIETE. O peso pesado da cavalaria italiana
![]() |
Ariete C-1 |
FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: 65 km/h
Alcance máximo: 570 km.
Motor: Um motor diesel Iveco MTCA V-12 turbo alimentado com 1300 Hp de potência.
Peso: 54 Toneladas.
Comprimento: 9,52 m.
Largura: 3,60 m.
Altura: 2,45 m.
Tripulação: 4 tripulantes.
Inclinação frontal: 60º.
Inclinação lateral: 30º.
Passagem de vau: 1,20 m (sem preparação); Com preparação, 4 m.
Obstáculo vertical: 0,9 m.
Armamento: Um canhão Oto Breda L-44 de 120 mm, duas metralhadoras cal 7,62x51 mm, e oito granadas lançadoras de fumaça.
DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
O exercito italiano é um dos poucos exércitos do mundo que pode se orgulhar de operar um carro de combate MBT de fabricação nacional cuja qualidade é respeitada em qualquer ponto do planeta. O veículo em questão é o Iveco/ Oto Melara C-1 Ariete que entrou em serviço em 1995, substituindo antigos tanques norte americanos M-60A1, e trouxe para o exercito italiano um blindado que pode ser comparado aos melhores carros de combate da atualidade. Ao todo foram produzidas 200 unidades desse moderno tanque.
![]() |
Ariete C-1 durante exercícios de combate. |
O Aríete está protegido com uma blindagem composta cujas especificações são segredo de Estado, porém existe uma forte desconfiança de que a blindagem seja do tipo Chobham, extremamente resistente, principalmente contra granadas com ogivas do tipo carga moldada, granada de alto explosivo (HEAT) e projéteis perfurantes (energia cinética). Além disso, o Ariete é totalmente preparado para operar em ambiente QBN (Química, Biológica e Nuclear), e para isso, o habitáculo da tripulação é protegido pelo sistema SP-180 desenvolvido pela Aero Sekur SpA de Roma. Ainda, sobre os recursos de proteção do veículo, o Ariete está equipado com um receptor de alerta de iluminação laser RALM, desenvolvido pela Marconi SpA. O sensor, montado a frente da torre, possui cobertura de 360º ao redor do veículo.
Há 4 lançadores de granadas de fumaça Galix de 80 mm de cada lado da torre que são lançados para dificultar a visada e sistemas de mira de armas inimigas contra o tanque e que cujo lançamento se dá de forma automática eletronicamente.ao perceber que um iluminador inimigo marcou o tanque.
![]() |
O Ariete C-1 possui uma boa proteção blindada que emprega um tipo semelhante a Chobham encontrada no MBT Challenger britânico, e sistemas de proteção QBN(Química, Biológica e Nuclear). |
O sistema de controle de tiro OG14L3 TURMS do Aríete é fornecido pela Galileo. O sistema é composto por um periscópio panorâmico estabilizado com capacidade de visão de dia e noite, para o comandante, uma mira termal com telêmetro a laser para o artilheiro e um computador de controle de tiro. Esse computador de tiro é carregado com informações e dados relativos a diversos elementos que influenciam a precisão do tiro como por exemplo o clima atmosférico, distancia do alvo e características da granada a ser usada, o desgaste do cano, a pressão atmosférica e tudo isso permite um alto índice de acerto logo no primeiro tiro, seja com o alvo parado ou em movimento. O posto do motorista na frente direita do casco está equipado com três periscópios, um dos quais com capacidade de visão noturna.
![]() |
O Ariete possui modernos sistemas de localização e visada que somado a seu canhão estabilizado fornecem uma alta probabilidade de atingir o alvo logo no primeiro disparo, mesmo em movimento. |
O armamento do Aríete é composto por um canhão Otobreda L44 de 120 mm de alma lisa alimentado por 42 granadas (15 na torre mais 27 no carro) de diversos tipos. Uma metralhadora coaxial MG-3 (ao lado do canhão principal) em calibre 7,62x51 mm e outra no mesmo modelo e calibre foi montada no topo da torre. Ao todo há 2500 munições em 7,62x51 mm disponível em cada Aríete. Para proteção no campo de batalha, há ainda, oito granadas de fumaça de 80 mm, sendo quatro de cada lado da torre.
![]() |
O armamento do Ariete é o padrão que se encontra nos tanques pesados da OTAN. Um canhão de 120 mm, e metralhadoras em calibre 7,62x51 mm. |
Com 54 toneladas, o Aríete pode ser considerado um carro de combate relativamente pesado, porém seu peso fica entre os seus similares ocidentais e os MBTs do leste europeu. Sua velocidade máxima é de 65 km/h proporcionada por um motor movido a diesel Iveco MTCA V-12 turbo alimentado que entrega 1300 hp de força para as rodas. Sua autonomia chega a 550 km quando rodando em estrada. Certamente que esse numero cai pelo menos 20 % em terreno irregular.
![]() |
A Iveco desenvolveu uma versão modernizada do Ariete, chamada de C-2. Cerca de 120 veículos italianos deverão ser modernizados para esse padrão e se manter em serviço até 2035. |
O Aríete é fruto de um esforço do governo italiano em manter uma independência elevada no fornecimento de sistemas de armas para suas forças armadas. Esse esforço é a prova de que se pode conseguir armas eficazes, com capacidades de combate similares a de sistemas fabricados por nações com maior tradição no desenvolvimento de sistemas de armas complexos. O Brasil teve, durante um tempo uma indústria militar que era capaz de fornecer carros de combate eficientes, porém o total descaso dos diversos governos que “sugaram” este país conseguiram enterrar industrias altamente reconhecidas como a Engesa, por exemplo, nos obrigando a importar carros de combate de segunda mão como os atuais Leopard 1A5 adquiridos junto ao exercito alemão. Não pensem que estou desdenhando do carro de combate Leopard, que embora seja um blindado antigo, ainda é muito capaz e eficiente. O comentário se refere, apenas, ao lamentável fato de que dependemos de outras nações para poder equipar minimamente nosso exercito nos dias de hoje.
sábado, 18 de junho de 2022
FOTO: O gigante Fiat 2000 italiano
Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 18 de junho de 2022.
Foto de propaganda mostrando os primeiros tanques italianos alinhados ao lado do gigante Fiat 2000, um projeto efêmero da indústria italiana. Os Renault FT-17 e Schneider foram carros de assalto comprados dos franceses, enquanto o Fiat 3000 foi uma evolução italiana do FT-17 com um motor mais potente e armamento italiano.
O FIAT 2000 era um veículo substancial, de dimensões comparáveis aos tanques britânicos Mark V e pesando 40 toneladas em comparação com as 28 toneladas do Mark V. O motorista estava sentado na frente, com uma visão geral muito boa consistindo de uma grande janela para a frente e pequenas brechas laterais. O gigante de aço ficou pronto apenas depois do armistício de novembro de 1918, que encerrou a Grande Guerra, e apenas dois protótipos foram feitos.
Após a guerra o FIAT 2000 foi exibido como uma das armas usadas 'para derrotar o inimigo' e os dois protótipos concluídos foram enviados para a Líbia para combater as forças de guerrilha, juntamente com outros tanques comprados da França, em uma unidade especial, a 1° Batteria autonoma carri d'assalto (1ª Bateria Autônoma de Carros de Assalto).
Na Líbia, o tanque FIAT mostrou-se capaz de atingir uma velocidade média de 4km/h, e assim, após dois meses sua carreira terminou, sendo incapaz de acompanhar a rápida movimentação do inimigo. Um permaneceu em Trípoli e o outro foi enviado para a Itália na primavera de 1919, onde se apresentou diante do Rei no Estádio de Roma. O tanque fez uma exibição convincente: subiu uma parede de 1,1m, depois enfrentou outra parede de 3,5m, que derrubou com seu peso. Em seguida, uma vala de 3m de largura foi atravessada com sucesso e várias árvores foram derrubadas. Este desempenho impressionante não reavivou o interesse no tanque pesado, no entanto, e por isso o Fiat 2000 foi abandonado.
O FIAT 2000 sobrevivente em Roma foi deixado em um depósito por vários anos, até ser enviado por ordem do Coronel Maltese ao Forte Tiburtino, arriscando-se a pegar fogo durante a viagem. Em 1934 foi novamente visto num desfile do Campo Dux, tendo sido repintado e até rearmado, com duas metralhadoras 37/40mm em vez das metralhadoras dianteiras. Mais tarde, teria sido transformado em monumento em Bolonha; depois disso seu destino é desconhecido, tal como o outro tanque que fora deixado em Trípoli.
sábado, 4 de junho de 2022
FOTO: Teste de resistência de ponte à moda antiga
![]() |
Carros de combate T-34/85 na cidade de Kola, na URSS, em 1952. |
Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 4 de junho de 2022.
Teste de uma ponte velha na cidade de Kola, na região de Murmansk, no norte da da União Soviética, 1952.
O teste visava testar a resistência da ponte. Segundo a lenda, o engenheiro-chefe aguardava em um barco... embaixo da ponte.
Bibliografia recomendada:
GALERIA: O T-34/85 no Dia do Tanquista, 23 de maio de 2021.
Vadim Elistratov: Dirigindo o T-34, 8 de fevereiro de 2021.
FOTO: T-34 holofote capturado pelos soviéticos, 12 de dezembro de 2020.
FOTO: Demonstração de blindados da SS Das Reich, 4 de fevereiro de 2020.
FOTO: T-34 versus Metrô, 2 de fevereiro de 2022.
sábado, 21 de maio de 2022
Monstros do Desespero: os Sturmpanzers do YPG
Por Stijn Mitzer e Joost Oliemans, Oryx Blog, 7 de junho de 2021.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 21 de maio de 2022.
Relegado aos anais da história pela maior parte do mundo desde aproximadamente 1918, o YPG, por outro lado, continua sendo um usuário ativo dos chamados Sturmpanzers: plataformas de apoio de infantaria blindada que remetem aos seus homônimos da Segunda Guerra Mundial. De aparência volumosa e monstruosa, esses veículos começaram a simbolizar a resistência do YPG contra as forças do Estado Islâmico e do Exército Sírio Livre que tentaram desalojar o YPG do território que detém no norte da Síria em várias ocasiões. Embora a presença dessas monstruosidades DIY nas fileiras do YPG seja bem reconhecida, poucas tentativas foram feitas para inventariar os tipos de Sturmpanzers em serviço. Portanto, este artigo está muito atrasado.
Comparado a outras grandes facções envolvidas na Guerra Civil Síria, o YPG (Yekîneyên Parastina Gel: Unidades de Proteção Popular, em si a principal facção da aliança das Forças Democráticas Sírias) operou pouco em termos de veículos blindados de combate (AFV). Para compensar a lacuna resultante nas suas capacidades, o YPG tornou-se muito ativo na produção de veículos blindados DIY, geralmente baseados em carregadeiras de esteiras, tratores ou caminhões grandes. A princípio consistindo de estruturas quadradas sobre lagartas – quase parecendo casamatas móveis – o YPG acabaria incorporando vários avanços em seus projetos. Os veículos resultantes, embora limitados em eficácia de inúmeras maneiras, podem realmente ser úteis em determinadas situações.
Sem dúvida, como resultado de uma maior falta de informações sobre as operações de blindados do YPG, pouco se sabe sobre a eficácia de combate dos Sturmpanzers. Embora muitas vezes presente em imagens de propaganda e fotografias tiradas de posições do YPG situadas longe da linha de frente, as imagens dos veículos em ação parecem quase inexistentes. Mesmo o Estado Islâmico (EI), que travou guerra contra as FDS de 2013 a 2017, só conseguiu capturar um exemplar que foi danificado e posteriormente abandonado pelo YPG depois que suas forças foram derrotadas na província de al-Hasakah em 2015.
Origens humildes
Os primeiros Sturmpanzers eram frequentemente baseados em um chassis sobre rodas, para o qual o caminhão basculante provou ser uma base ideal. Embora um chassis sobre rodas possa estar associado a uma diminuição da mobilidade no campo em comparação com suas contrapartes com esteiras, as carregadeiras sobre lagartas nunca foram projetadas com velocidade em mente e, combinadas com a blindagem recém-adicionada, é plausível que alguns dos modelos de esteiras maiores estão limitados a dirigir apenas em superfícies endurecidas. Isso coloca restrições severas em suas capacidades operacionais e dá às plataformas sobre rodas uma vantagem na retenção de alguma capacidade fora da estrada.
A imagem abaixo mostra um caminhão basculante tipicamente modificado, que foi ricamente adornado com uma pintura que consegue pouco além de se destacar do ambiente (a menos que se queira argumentar que instila medo no coração de seus inimigos). No lugar de areia ou resíduos de construção, uma estrutura blindada foi colocada dentro da caixa aberta, abrigando vários soldados de infantaria que podem disparar suas armas pessoais de uma das três janelas de tiro de cada lado. Uma metralhadora pesada DShK de 12,7 mm em uma cúpula blindada foi instalada no topo da cabine, que também foi totalmente coberta com revestimento de metal.
O conceito de um bunker móvel seria continuado com as primeiras versões sobre lagartas do Sturmpanzer. Claramente prestando homenagem (não intencional) ao tanque pesado alemão A7V desdobrado nos campos de batalha da França na Primeira Guerra Mundial, este exemplar em particular estava armado com uma metralhadora KPV de 14,5 mm de disparo frontal, além de armas coletivas usadas pela tripulação que podem ser disparadas das 10(!) janelas de disparo do veículo. Embora estas forneçam quase 360 graus de cobertura do veículo, as armas disparadas delas somente seriam úteis contra inimigos que já se aventuraram no alcance de tiro de RPG do Sturmpanzer. Com sua blindagem leve fornecendo proteção apenas contra fogo de armas portáteis e estilhaços, um RPG quase certamente causaria danos catastróficos ao seu interior, matando seus ocupantes e, assim, parando o Sturmpanzer bruscamente.
Talvez por essa mesma razão, as iterações posteriores quase sempre apresentavam duas torres na frente do Sturmpanzer, que podem girar para fornecer um grau mais amplo de cobertura. O exemplo visto abaixo ilustra bem esses projetos, que parecem estar armados com uma metralhadora pesada KPV de 14,5mm em sua torre esquerda (da nossa perspectiva) e outra de 12,7mm na torre localizada à direita. Além disso, um escudo é colocado no topo da torre esquerda para um tripulante disparar outra arma enquanto permanece em cobertura.
Entrando na batalha como se estivesse em uma era passada, três Sturmpanzers realizam uma "carga" adiante para mais perto do inimigo. O veículo mais próximo da câmera parece ser o mesmo exemplo visto na imagem acima, sugerindo que, apesar das frequentes aparições desses veículos em imagens de propaganda, a produção dessas monstruosidades foi bastante limitada.
Uma fileira de blindados YPG mostra claramente o tamanho gigantesco do tipo maior de Sturmpanzer estacionado na parte traseira. Quase o dobro da altura dos veículos blindados multifuncionais MT-LB estacionados à sua frente, os Sturmpanzers fazem pouco para expandir as capacidades do MT-LB, ou de qualquer outro tipo de AFV. Embora tenha nascido por necessidade, a carreira da maioria dos Sturmpanzers foi surpreendentemente longa, continuando a operar muito depois que veículos de substituição mais adequados, como veículos protegidos contra emboscadas e resistentes a minas (mine-resistant ambush protected vehicles, MRAP), tornaram-se prontamente disponíveis para o YPG/SDF.
Um Sturmpanzer que foi capturado pelo EI perto de Tel Tamir em 2015, que surpreendentemente é a única perda registrada de um desses veículos. Dito isso, sua baixa taxa de perdas também pode ser explicada pelo pequeno número produzido e pelo emprego conservador desses veículos, utilizando-os principalmente em operações de limpeza nos quais havia apoio de infantaria suficiente. Ao contrário da crença popular, os Sturmpanzers nunca foram usados como veículos de rompimento fortemente blindados em batalhas acaloradas com o IS ou o FSA.
A captura do exemplar acima também destaca a fraqueza inerente do projeto: sua baixa mobilidade. Com uma velocidade que provavelmente está bem abaixo de 10 km/h e principalmente limitada a se mover em estradas pavimentadas, qualquer Sturmpanzer que se encontre sob fogo inimigo concentrado teria problemas para fazer uma retirada bem-sucedida, especialmente quando precisa movimentar-se para trás fora do perigo. Em tais situações, abandonar o veículo por completo pode acabar sendo a melhor opção, para a qual a grande porta traseira e as escotilhas de escape na(s) lateral(is) oferecem amplas oportunidades.
Um subconjunto de Sturmpanzers manteve sua lâmina dozer para uso como veículos de engenharia fortemente blindados (AEV), limpando escombros e outras obstruções para permitir que as forças amigas continuassem seu avanço. Aliás, a lâmina dozer também atua como uma camada adicional de blindagem ao enfrentar o inimigo pela frente. Embora este exemplar estivesse desarmado (no entanto, ele vem equipado com duas janelas de tiro em cada lado), outros apresentavam uma torre de metralhadora para afastar possíveis ataques de retardatários inimigos.
Um desses Sturmpanzer AEV foi atingido por uma munição improvisada lançada de um drone quadricóptero do EI em Raqqa em agosto de 2017, resultando em danos desconhecidos à superestrutura blindada. Curiosamente, este exemplar foi erroneamente identificado como um veículo de combate de infantaria BMP (IFV) pelo departamento de mídia do EI responsável pela divulgação da foto.
Além dos projetos maiores, o YPG construiu vários exemplares menores que, após várias iterações de projeto, acabariam como os Sturmpanzers mais capazes construídos. Esta afirmação tem pouca relevância para o primeiro exemplar da série, que embora agora equipado com um sistema de câmeras para melhor consciência situacional, tem seu armamento duplo instalado em uma posição fixa na frente. Isso significa que o veículo teria que mover suas esteiras para se alinhar com o alvo, provavelmente resultando em ser extremamente impreciso e pesado. Outra característica curiosa deste exemplar é uma caixa fixa contendo quatro lançadores de foguetes não-guiados presos ao lado esquerdo do veículo.
Para o benefício do YPG, esse conceito evoluiu rapidamente para um projeto significativamente mais útil, desta vez apresentando uma torre armada com uma metralhadora pesada Tipo 54 de 12,7mm (uma versão chinesa do onipresente DShK soviético) e um total de sete janelas de tiro. Por outro lado, o pequeno tamanho do veículo e a proximidade dos operadores com o motor potencialmente o tornam um pesadelo para operar no clima quente e seco da Síria. Observe também a pequena porta na parte traseira direita do veículo, um dos dois pontos pelos quais a tripulação pode entrar e sair do veículo.
Uma segunda iteração (chamada Soendil) foi claramente construída em torno do mesmo projeto, mas com uma torre de topo aberto (que, embora forneça menos proteção ao atirador, aumenta muito sua consciência situacional) e outras pequenas diferenças. Este veículo em particular também é um dos poucos Sturmpanzers a serem vistos em ação, fornecendo vigilância e fogo supressivo durante as batalhas de rua quando as FDS começaram a limpar o norte da Síria da presença do Estado Islâmico em 2016.
Ainda outra versão do mesmo projeto apresenta uma torre maior que lembra um pouco a do VBTP 323 norte-coreano. No entanto, sua origem real é menos exótica, já que torres de aparência semelhante já foram vistas em blindados DIY anteriores produzidos pelo YPG. As novas torres agora portam duas metralhadoras em vez de uma, que podem ser trocadas dependendo dos requisitos operacionais ou das armas disponíveis. No caso da segunda imagem, esta consiste em uma metralhadora pesada KPV de 14,5mm e uma metralhadora de apoio geral PK de 7,62mm, enquanto no veículo da terceira imagem são montadas duas KPV.
![]() |
Transporte blindado sobre lagartas 323 norte-coreano. |
O projeto final do Sturmpanzer também é o que mais se aproxima de um AFV completo. Equipado com a torre de um veículo de combate de infantaria BMP-1 e uma metralhadora pesada frontal W85 de 12,7mm montada em uma bola, é bem blindado e fortemente armado, mantendo alguma consciência situacional. A blindagem da gaiola foi adicionada para reduzir a eficácia das ogivas de carga oca, tentando assim proteger contra mais do que apenas armas portáteis e estilhaços, mas o espaçamento próximo ao casco significa que é improvável que seja eficaz. Seu poder de fogo e mobilidade superiores em relação aos projetos anteriores significam que ele pode realmente ter algum valor como veículo de apoio de fogo, mostrando claramente os benefícios de anos de melhorias incrementais no projeto.
Nascidos de puro desespero, os Sturmpanzers do YPG permaneceram por muito mais tempo do que se pensava inicialmente nas condições incrivelmente duras do conflito sem fim na Síria, mesmo quando melhores alternativas na forma de MRAP entregues pelos EUA se tornaram prontamente disponíveis. Talvez a razão de sua resistência esteja em pouco mais do que seu valor de propaganda ou a necessidade de manter os engenheiros do YPG trabalhando, mas na ausência de dados confiáveis, este autor opta por acreditar que é o puro espírito de resiliência que mantém os Sturmpanzers do YPG vivos e em ação.
Bibliografia recomendada:
![]() |
Kurdish Armour Against ISIS: YPG/SDF tanks, technicals and AFVs in the Syrian Civil War, 2014–19. Ed Nash e Alaric Searle. |
Leitura recomendada:
GALERIA: Aprimoramentos de blindagem na Guarda Republicana Síria, 26 de junho de 2020.
Herança de Aço: O StuG tchecoslovaco, 27 de setembro de 2021.
Assinar:
Postagens (Atom)