segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

NORTHROP GRUMMAN RQ-4 GLOBAL HAWK - Um persistente espião sem tripulação.


Northrop Grumman RQ-4 Global Hawk
FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: 629 km/h.
Velocidade de cruzeiro: 574 km/h.
Teto de serviço: 18300 m.
Alcance: 22780 km.
Motor: Um turbofan Rolls-Royce AE 3007H com 3800 kgf de empuxo.
Comprimento: 14,5 m.
Envergadura: 39,8 m.
Altura: 4,7 m.
Peso: 6781 Kg (vazio).

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
A Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) tem na missão de coleta de inteligência (espionagem, falando a grosso modo) uma de suas principais missões. É através de uma ampla capacidade de coleta de informações e dados de inteligência que o departamento de defesa poderá, junto com os comandantes das suas forças armadas, decidir estratégias para garantir uma maior segurança dos interesses dos Estados Unidos e de seus aliados.
Algumas aeronaves extraordinárias que marcaram a história da indústria aeroespacial norte americana e de sua força aérea são justamente projetos desenvolvidos especificamente para essa missão, a exemplo do Lockheed U-2, ainda em operação e o avião mais rápido da história (ainda com seu recorde de velocidade de mach 3,2 - cerca de 3500 km/h) o Lockheed SR-71 Blackbird, já aposentado.
O icônico Lockheed U-2 Dragon Lady, um projeto da década de 50 do século passado, ainda em serviço é um dos aviões que entraram para a história da engenharia aeroespacial norte americana.
Com a aposentadoria do Blackbird no final da década de 90 do século passado, o U-2 passou a ser o principal avião de reconhecimento e espionagem a serviço da USAF, junto com satélites espiões, cujas capacidades aprimoradas trouxeram muitas melhorias para esse tipo de equipamento. Ainda assim, havia necessidade de um novo avião que executasse as missões de inteligência, reconhecimento e vigilância (ISR), de preferencia de forma segura como o Blackbird executava suas missões (devido a alta velocidade ele era, praticamente, impossível de interceptar, situação que mudou com o desenvolvimento de mísseis como o S300 pela União Soviética). A tecnologia de aeronaves remotamente pilotadas ou sem piloto estava delineando o futuro de curto prazo e se tornou claro que o caminho a se seguir era o de uma aeronave sem tripulantes para a missão ISR.
Já aposentado, a aeronave de reconhecimento e espionagem Lockheed SR-71 Blackbird ainda é o detentor do recorde de velocidade máxima de uma aeronave que esteve em operação batendo nos 3500 km/h em alta altitude. 
A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA) iniciou em 1995, o programa HAE UAV ACTD (High-Altitude Endurance Unmanned Aerial Vehicle Advanced Concept Technology Demonstration) ou Demonstrador de Tecnologia Conceitual de Veículo Aéreo Avançado de Alta Altitude e Resistencia) sendo que a Northrop Grumman apresentou o seu modelo RQ-4 Global Hawk para esse programa. O primeiro voo de Global Halwk se deu no ano de 1998, iniciando a bateria de testes de desenvolvimento que esse projeto passou. 
Com o advento dos ataques de 11 de setembro de 2001 contra alvos nos Estados Unidos continental perpetrados por terroristas do Al-Qaeda sob comando do saudita Osama Bin Laden, a urgência de uma resposta que estivesse à altura desses ataques forçou a USAF a enviar para o teatro de operações do Oriente Médio protótipos do Global Hawk ainda em desenvolvimento para poder executar as fundamentais coletas de dados de inteligência para permitir identificar alvos para as forças armadas norte americanas.
O primeiro voo do protótipo RQ-4 Global Hawk se deu na base de Edwards, no Estado da California, famosa por ser o palco de testes de novas aeronaves e tecnologias.
O Global Hawk é propulsado por um turbofan Rolls-Royce AE 3007H que fornece 3800 kgf de empuxo que é posicionado na parte de cima da fuselagem, oque, permite ocultar ou dificultar bastante que a visibilidade que um radar em terra poderia ter da entrada de ar do motor. Embora o modelo não seja uma aeronave "stealth", esse detalhe de desenho permite reduzir sua assinatura frente à radares posicionados no solo. Suas asas, extremamente longas, permitem a aeronave voar em altitudes maiores que 18000 metros (60000 pés) o que é mais alto do que a maioria dos aviões em uso atualmente conseguem. Ainda, por ser uma aeronave a reação, sua velocidade máxima supera os 600 km/h, o que representa um salto frente a outras aeronaves sem piloto movidas por motores turbo propulsor. Mas o que mais é "superlativo" dentro do aspecto de desempenho de voo deste moderno UAV é sua autonomia. São mais de 34 horas de funcionamento ininterrupto, capaz de um alcance de mais de 22 mil km. Essa capacidade justifica haver escalas de pilotos que operam remotamente a aeronave para que não sobrecarregue nenhum operador.
Propulsado por um motor turbofan Rolls-Royce AE 3007H, o Global Hawk é "grandinho" quando comparado com outros UAVs como o Reaper, já descrito aqui no WARFARE Blog.
A suíte de sensores é composta por um radar de abertura sintética (SAR) que faz a vigilância do solo podendo, dentro de 24 horas de operação sobre a área alvo, coletar dados de 40 mil milhas náuticas de terreno. Um sensor eletro-óptico opera em onda visível  de 0,4 a 0,8 mícron e na faixa infravermelha de 3,6 a 5 mícron. Os dados coletados pelos sensores são enviados para uma estação de terra desenvolvido pela Raytheon que integra todas as informações e as reenvia para os comandantes em campo.
As comunicações são feitas por links de dados via satélite de banda ku e por links de linha de visada (de menor alcance) em banda X e por links Satcom.
O Global Hawk está equipado com um sistema de contramedida eletrônica AN/ALE-50. este sistema lança uma isca rebocável que emite sinais que atraem mísseis guiados a radar, despistando de seu alvo (o Global Hawk) fazendo o míssil errar o alvo. O sistema é eficiente e foi bastante empregado em condição de combate real. 
O Global Hawk possui um radar de abertura sintética SAR para vigilância e busca de alvos de superfície.
Atualmente O Global Hawk é empregado pelos Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e pela OTAN (de forma compartilhada entre nações europeias da aliança. Embora seja uma aeronave relativamente nova, a Força Aérea dos Estados Unidos planeja aposentar suas aeronaves até 2030. No entanto não foi informado qual seria a aeronave ou projeto que substituirá o Global Hawk em suas importantes missões ISR, o que dá para se conjecturar que deve haver algum programa classificado para esse objetivo em andamento.
Além dos Estados Unidos, A OTAN adquiriu 5 unidades do Global Hawk através de uma aquisição compartilhada por alguns membros da aliança. A Coreia do Sul e o Japão são outros usuários.







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