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terça-feira, 28 de janeiro de 2020

O Urutu no CFN


Em 1973, continuando no objetivo de obtenção de material anfíbio, o CFN adquiriu cinco viaturas de transporte de tropa, blindadas, sobre rodas Urutu, que foram recebidas em cerimônia realizada no CIAdestCFN, presidida pelo Ministro da Marinha, com a presença do comandante-geral do CFN e o presidente da empresa montadora. Esses veículos possuíam capacidade anfíbia limitada a águas tranqüilas pois, com o mar de popa, inclinavam-se para vante imergindo mais do que o desejável e com banda para boreste. Impulsionados por hélice, quando na água desenvolviam baixa velocidade, não possuíam sistema de governo adequado, não enfrentavam ondas e não podiam ser lançados e recolhidos através da rampa dos NDCC, por serem sobre rodas e com espaçamento entre eixos muito grande, não tendo sido aprovados no teste realizado na Operação Dragão XI, em 1975. Agravava ainda mais a situação esses Urutus constituírem os primeiros fabricados pela indústria nacional, sendo diferentes entre si e diferentes dos produzidos em série para o Exército Brasileiro e para exportação, acarretando dificuldade para sua manutenção.

Foram utilizados como transporte terrestre, na Companhia de Viaturas Anfíbias do Batalhão de Transporte, porém não permaneceram muito tempo em serviço, acabando seus dias como monumento na entrada de OM da FFE, como símbolo da primeira tentativa de obtenção de uma viatura blindada para assalto anfíbio e, porque não dizer, de incentivo à indústria nacional.

Foi ainda dentro desse cenário favorável que a administração naval, no início de 1974, destinou uma verba no exterior para aquisição dos carros de lagarta anfíbios. Colocada a encomenda, a empresa FMC montadora desses veículos informou que a linha de produção estava fechada e que seria reaberta somente em um prazo de dez anos aproximadamente. Entretanto, a firma ofereceu a preços inferiores a viatura sobre lagarta M-113, que possuía a limitada capacidade para travessia de curso de água.

Embora reconhecendo não ser o M-113 uma viatura anfíbia, o CFN decidiu pela sua compra, com o intuito de introduzir a lagarta no seu inventário e permitir ao nosso pessoal a obtenção de conhecimento sobre as suas operações e manutenção. Esses carros demonstraram a sua utilidade e, decorridos quase 30 anos de sua aquisição, continuam hoje a prestar serviço à FFE. Na sua chegada ao Brasil eles foram incorporados ao Batalhão de Transporte Motorizado.

- Fuzileiros Navais: Das praias de Caiena às ruas do Haiti, 2005, pg. 40-41.

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Post Scriptum: Comentários sobre o mesmo texto em um grupo de fuzileiros navais em 2014

FN1: Camarada Filipe, mesmo eu tendo servido sempre na Infantaria, eu não me lembro de ter feito nenhuma manobra com o Urutu. Todos os blindados do CFN eram lotados no antigo Batalhão de Viaturas Anfíbias da Tropa de Reforço que era situada em Niterói, e ficava bem distante de onde eu servia, que era na Divanf, na Ilha do Governador... E agora eu tô pensando que esse Urutu aí da foto, talvez seja o mesmo Urutu que eu e o outro campanha da escola lixamos, por causa do comentário feito pelo nosso campanha Agilson, que identificou a trave do gol no fundo da foto lá do Batalhão de Comando da Divanf e pela localização do carro na fotografia, bem próximo ao campo de futebol, e que agora estou me lembrando ser no mesmo local onde na época lixamos o carro ... **...

Eu fiz algumas manobras de Apoio Mútuo Carro Infantaria com os blindados M113, que até hoje estão em pleno uso no CFN, e foi também na minha época de SD, que o CFN adquiriu os primeiros Clanfs... Fizemos uma manobra na ilha da Marambaia em 1987 com os Calnfs dos Marines, mas havia lá também apenas um carro Urutu, zero Km da empresa bélica ENGESA, sendo testado pelo CFN, mas esse carro de combate afundou ao descer a rampa do NDCC no mar da Marambaia! Sorte a nossa que só havia apenas o motorista à bordo do carro, mas ele foi muito safo, estava com colete salva-vidas e abandonou rapidamente o Urutu onceiro! **... (Filipe Amaral, essa história do Urutu que afundou na Marambaia, não é Guerra!) e o carro foi reprovado no teste! **... Se tiver algum naval aqui da página, que estava nessa manobra, talvez ainda consiga se lembrar desse cenário com o Urutu que afundou... **...

FN2: Pois é camarada Agilson, mas o Urutu foi resgatado no mesmo dia pelos mergulhadores de combate marujos que vieram do Rio de helicóptero especialmente para mergulhar e amarrar os cabos de aço no Urutu, e depois o guindaste do NDCC içou o urutu até a rampa do NDCC, e os marujos MR usando um equipamento com sistema de tração do próprio NDCC, se encarregaram de puxar o Urutu para dentro do deque do navio... E isso não é guerra não campa! Quem estava nessa manobra deve se lembrar desse cenário... kkk

FN1: Então amigo, o CFN aprovou os carros lagarta anfíbios, e meses depois, a Marinha adquiriu seus primeiros 12 Clanfs... O Clanf 01, era somente para transportar as autoridades do Estado Maior do CFN envolvidas nas manobras anfíbias, o Clanf 02, era o carro guincho de socorro, reboque e reparo rápido, e dentro dele era repleto de peças de reposição para os outros Clanfs, para serem usadas caso algum Clanf daqueles se quebrasse em alguma manobra... Já os outros 10 Clanfs eram para o desembarque anfíbio e transporte somente para os pelotões de fuzileiros dos batalhões de infantaria, por que quem não era dos pelotões de infantaria, não desembarcava pelos Clanfs, mas, tinha que descer pela rede de transbordo para desembarcar na praia pelas EDCG... Pelo menos naquela época inicial em que o CFN havia adquirido os seus primeiros 12 Clanfs, as manobras anfíbias eram feitas assim.

FN2: O mais hilário nesse cenário aí do Urutu, campa Agilson, é que estavam todos os navais dos pelotões de infantaria armados e equipados, reunidos no deque do NDCC Duque de Caxias aguardando a vez para embarcar nos Clanfs, e o Urutu 0 km da ENGESA todo pintado na cor preta, desceu primeiro a rampa do navio só com o seu motorista, e assim que ele bateu nágua, afundou imediatamente, mas nós que estávamos olhando o desembarque, pensávamos que ele iria emergir, porque até os Clanfs quando descem a rampa do navio, sempre dão uma pequena afundada mas logo emergem á tona, mas nesse caso aí, só quem emergiu do mar, foi o piloto do Urutu, e todos ficamos espantados com aquele cenário triste, e o cara subiu rapidamente à rampa, aí ele disse, afundou, não pegou sustentação! kkkk