FICHA TÉCNICA (E-2D)
Velocidade de cruzeiro: 474 km/h
Velocidade máxima: 648 km/h
Autonomia: 6 horas
Teto operacional: 10576 m.
Alcance de travessia: 2708 km
Empuxo: 2 motores turbo propulsores Allison/ Rolls-Royce T-56-A-427 A com 5100 shp de potência
Radar: AN/APY-9 com 555 km de alcance
DIMENSÕES
Comprimento: 17,60
Envergadura: 24,56 m
Altura: 5,58 m
Peso: 18900 kg (vazio).
DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S.Junior
Embora existam diversos modelos de aeronaves usadas em missões de alerta aéreo antecipado, a única projetada especificamente para esta missão foi o Grumman E-2 Hawkeye usado pela marinha dos Estados Unidos (US Navy) desde abril de 1961, quando o primeiro protótipo com capacidade total voou pela primeira vez. O E-2A Hawkeye substituiu o avião E-1 Tracer que era uma adaptação do velho Grumman S-2 Tracker usado para caça antissubmarino, do mesmo tipo que foi usado pela nossa força aérea nos anos 70 e 80. O E-1 apresentava fraco desempenho em suas tarefas de detecção e a US Navy precisava de uma aeronave de melhor desempenho com certa urgência.
Desde a sua entrada em serviço, que ocorreu em janeiro de 1964, o Hawkeye passou por diversas modificações para se manter como uma plataforma atualizada frente a evolução da tecnologia adversária no campo de batalha. As versões produzidas do Hawkeye fora a E-2A, E-2B, E-2C (ainda em uso), e a atual E-2D, que representa a modificação mais extensa do Hawkeye.
Nesse artigo, em especial, vou focar na versão C e na atual D que deverá assumir todos os porta aviões da US Navy em breve.
Acima: O primeiro avião de alerta aérea antecipado operado em navios aeródromos foi o E-1 Tracer, uma adaptação do S-2 Tracker de patrulha antisubmarino.
Acima: Aqui temos uma foto do E-2A Hawkeye ao lado de um E-1 Tracer, que foi substituido.
GRUMMAN E-2C HAWKEYE
O primeiro protótipo do E-2C, na verdade um E-2A modificado com novos sensores e novo radar AN/APS-120, fez seu primeiro voo no início de 1971. Além da parte eletrônica, os motores foram substituídos por motores Allison T-56-A-425 que usava hélices de material composto. Esse propulsor permite ao Hawkeye uma velocidade máxima de 648 km/h, porém, em missão, o avião voa a velocidade mais baixa para poder se manter na área de combate por mais tempo. Uma limitação que se pode observar no Hawkeye é sua autonomia reduzida pela menor capacidade de transporte de combustível, imposto pelo menor tamanho da aeronave que foi projetada para operar nos apertados espaços de um navio aeródromo. O alcance de travessia dele chega a 2700 km, e o interessante é que ele não pode ser abastecido em voo.
Mesmo assim, a importância desse avião para a capacidade de combate e sobrevivência do navio é elevadíssima, sendo muito maior do que se pensa entusiastas iniciantes nas pesquisas de sistemas de armas.
Desde que entrou em serviço, o modelo E-2C recebeu muitas melhorias e atualizações, tendo sido substituído seu radar 4 vezes, sendo que o modelo C atual usa o radar AN/APS 145 cujo alcance máximo é de 550 km podendo rastrear 2000 alvos de 20000 contatos e controlar a interceptação de 40 deles. O radar fica no rotodome acima da fuselagem do Hawkeye e que tem um movimento rotativo variável entre 5 e 6 rotações por minuto, de acordo com a necessidade de acompanhamento do alvo. O E-2C possui um sistema IFF modelo AN/APX-100 (identificação amigo inimigo) aperfeiçoado e tem instalado o sistema de intercambio de dados (Data Link) Link 16 JTIDS (Joint Tactical Information Distribuition System), padrão usado pela OTAN, usado para enviar e receber informações dos sensores de outros participantes da missão assim como dos seus próprios sensores.
Acima: O E-2C Hawkeye é a versão construída em maior numero desta aeronave de alerta aéreo antecipado. Também é a versão mais exportada.
Atualmente o modelo E-2C Hawkeye é usado pela marinha dos Estados Unidos (que está substituindo esta versão pela mais moderna E-2D que trataremos a seguir), França, Taiwan, Japão e México (comprados de Israel) e Egito. Foi oferecido algumas unidades dos E-2C norte americanos para a Índia, mas ainda não foram adquiridos.
O E-2C foi fabricado com algumas modificações que geraram 5 variantes. São elas:
- E-2C básico, equipado com um radar AN/APS-120 com alcance de 222 km, posteriormente substituído por um radar um pouco mais potente, o AN/APS-125 cujo alcance chega a 249 km. Esse radar é instalado dentro do compartimento rotativo (aquele disco acima do avião), junto com um sistema de identificação amigo inimigo IFF.
- E-2C Group 0, que é equipado com o mesmo radar da versão anterior, mas tem um sistema de data link AN/ASW-25, um sistema de identificação amigo inimigo IFF AN/APX-72, um sistema de detecção passiva de radio AN/ALR-73, sistema de navegação AN/ARN-84 TACAN.
- E-2C Group I, que tem tudo da versão anterior, mais um novo radar AN/APS-139.
- E-2C Group II, esta variante recebeu uma atualização eletrônica mais abrangente, começando pelo radar AN/APS-145, sistema de intercambio de dados atualizado AN/ARC-158 UHF (compatível com Link 4A, 11 and 16, padrão OTAN), um sistema comum de distribuição de informações táticas (JTIDS) AN/ARC-34 HF, sistema de GPS AN/ARN-151(V)2, um sistema ALS (sistema automático de pouso) AN/ASW-25B que é usado para facilitar os pousos em porta aviões.
- E-2C Group II Plus, versão mais avançada antes do modelo D, mantém o eficiente radar AN/APS-145, mas recebeu um sistema de contramedidas AN/ALQ-217 que identifica e localiza o ponto de emissão de radares hostis, Sistema de comunicação voa satélite AN/ARC-210.
Acima: O E-2 Howkeye é uma aeronave projetada para operar a bordo de navios porta aviões cujo espaço é bastante limitado. Por isso, soluções como a dobragem das asas foram necessárias para acomodar a aeronave dentro do navio.
E-2D ADVANCED
HAWKEYE
Em 2003 foi iniciado o desenvolvimento da versão avançada do E-2, conhecida com o E-2D Advanced Hawkeye, com objetivo de equipar a marinha dos Estados Unidos, substituindo os modelos C. Um conceito mais avançado ainda estava sendo estudado, o CSA (Common Support Aircraft) para ocupar o lugar dos E-2C e de outros modelos em uso como o E/A-6B Prowler de guerra eletrônica, E-2C Greyhound (transporte), S-3 Viking (Guerra anti submarino e reabastecimento aéreo) e o ES-3 Shadow (aeronave de reconhecimento eletrônico ELINT), porém, o elevado custo projetado do programa, assim como a provável demora no projeto, levou a US Navy a contratar o desenvolvimento da versão E-2D.
Acima: As diferenças estéticas entre o E2C e o E-2D, Advancer Hawkeye, mostrado nessa foto, são minimas e requer que o observador seja extremamente detalhista. Pode-se observar um triangulo na frente do cone negro da aeronave (um delta) que informa tratar-se de um E-2D.
O E-2D voou pela primeira vez em agosto de 2007, e deverão ser entregues 75 unidades do modelo, segundo os planos iniciais da US Navy. O modelo incorpora melhorias substanciais, algumas já usadas no modelo Hawkeye 2000, uma versão do C atualizada produzida com foco em clientes estrangeiros potenciais. O motor foi atualizado para lidar com o aumento do peso da aeronave. Assim foram instalados dois turbo propulsores Allison/ Rolls-Royce T-56-A-427 A com 5100 shp de potência e com novas hélices com 8 pás. No E-2D foi integrado um sistema que permitirá a possibilidade de se instalar a capacidade de reabastecimento em voo, embora os aviões estejam sendo entregues sem o sistema.
Acima: O E-2D tem um novo motor T-56-A-427 A que que produz mais força para compeçar o aumento do peso de aeronave.
O radar, novamente, foi substituído por um avançado modelo AESA chamado AN/APY-9, muito mais capaz que o anterior AN/APS-145. Seu alcance é classificado, porém estima-se, que esteja em cerca de 555 km, contra alvos grandes (bombardeiros). Embora o radar tenha varredura eletrônica, ainda sim, existe o movimento mecânico da antena para otimizar o acompanhamento de determinados alvos. Esse radar tem capacidade de observar três vezes mais espaço que o radar anterior além de ser muito mais ágil em lidar com os contatos, classificando-os de acordo com a ameaça específica de cada um.
O sistema de comunicação se manteve com o data link JTIDS que usa o link 11 e 16, essencial para as operações conjuntas centrada em rede com a OTAN.
Outro interessante equipamento que foi instalado no Advanced Hawkeye foi o SIRST (infrared emission detector) ou detector de missões infravermelhas para buscar alvos pela sua emissão de calor. Esse sensor passivo não existe em nenhuma outra versão do E-2 e no E-2D foi instalado na na frente do trem de pouso frontal..
Acima: O E-2D foi projetado desde o começo para poder receber uma lança para reabastecimento aéreo. Uma vantagem significativa frente aos modelos anteriores, israel fez uma modificação em seus exemplares do E-2C para poderem ser reabastecidos em voo, mas é uma particularidade dos exemplares que israel usou.
O E-2D Advanced Hawkeye entrou em operação em 2014, dando continuidade a uma história operacional longa e muito bem sucedida deste já clássico avião. Muitos pilotos da US Navy fazem grandes elogios ao Hawkeye, devido as excelentes qualidades e capacidades da aeronave. Por isso a Grumman chegou a usar estes pilotos para apresentar o E-2 Hawkeye a nações que mostraram interesse. Nada melhor para o marketing de um produto sendo feito por usuários muito satisfeitos, e foi isso que aconteceu. Embora esse tipo de avião seja relativamente caro, ainda sim, pode-se dizer que o Hawkeye foi bem sucedido até nas exportações.
ABAIXO TEMOS UM VÍDEO COM OS TESTES DE ADEQUAÇÃO DO E-2D PARA OPERAÇÕES ABORDO DE PORTA AVIÕES.
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Exelente matéria, como sempre Carlos meus parabéns. Duas duvidas, existe algum dado sobre o alcançe de rastreamento desse avião contra alvos de superficie? Ele pede ser usado como designados de alvos para mísseis em combate bvr de aeronaves ou contra navios?
ResponderExcluirObrigado Leandro.
ExcluirO E-2D tem capacidade contra alvos de superfície. Porém o desempenho é classificado.
Abraços
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO Brasil nunca demonstrou interesse em comprar essa aeronave?
ResponderExcluirOlá Daniel. O Brasil usa o E-99, da Embraer, uma aeronave com a mesma missão do E-2 e bem moderna também.
ExcluirCom uma pequena diferença, o E-2 Hawkeye pode ser embarcado no porta-aviões da MB
ExcluirQueria muito saber as reais capacidades do E-99... Só sei o alcance de deteção que diz ser 400 km, e ouvi rumores de uma possível atualização. Mas acredito que o Embraer tenha mais capacidade e também maior raio de combate que o hawkeye
ResponderExcluirOlá Rodrigo. Haverá um artigo sobre o E-99 ainda este ano. Ai vc conhecerá as qualidade desse modelo. Mas já adianto se tratar de uma aeronave muito sofisticada. Um orgulho para a FAB ter uma aeronave como ele.
ExcluirAbraços
Otima matéria, sou novo aqui e já gostei do que vi, parabéns ao adm dessa página, muito boa e explicativa!
ResponderExcluirObrigado Renan! Seja bem vindo!
ExcluirSaudações Comandante Santis.
ResponderExcluirPara variar, excelente matéria.
Fiquei surpreso ao saber da instalação de um sensor tipo IRST na versão "D" do HawkEye... esse equipamento pode literalmente desequilibrar o combate.
Se antes as aeronaves podiam operar com o radar desligado e em silencio de rádio sendo orientados pelos dados recebidos e enviados ao E-2 pelo link JTIDS, ainda assim existia o inconveniente de que as emissões do radar do E-2 eram captadas a longas distancias pelos inimigos, que tinham a oportunidade de traçar medidas defensivas...
Mas agora com um sensor passivo tipo IRST de longo alcance instalado, o AWACS também opera em silêncio... se estiver coordenando um esquadrão de F-35 furtivos então a coisa complica bastante para quem tiver que encarar essa dupla
Olá Topol M! Obrigado. Sobre o IRST, acredito que ele não seja usado no "lugar" do radar e sim como um sensor de apoio apenas até porque o alcance do radar APY-4 é muiiito superior.
ExcluirAbraços
Muito bom Carlos, agradeço por nos manter informados, excelente matéria.
ResponderExcluirObrigado Rafael! Abraços
ExcluirBom dia! Eu sou Especialista em Sistemas Hidráulicos de Aeronaves e gostaria de conhecer o funcionamento de dobragem e travamento das asas do E 2 Hawkeye.
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