sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

XI’AN HONGZHAJI H-6H/H-6K. O longo braço do dragão chinês.

FICHA TÉCNICA
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,75 (918 km/h)
Velocidade máxima: Mach 0,80 (992 km/h)
Alcance: 4300 km.
Teto de serviço: 12800 m.
Propulsão: Dois turbojatos Xi’an WP-8 (nos H-6E, H-6H e H-6M), com potência de 9.310 kg cada; dois turbojatos Soloviev D-30KP-2 redesignados como Xi’an WP-18 (nos H-6K), com potência de 12.000 kg cada.
DIMENSÕES
Comprimento: 36,25 m
Envergadura: 34,19 m.
Altura: 10,36 m
Peso: 36600 kg (vazio) e 75800 kg (máximo na decolagem)
ARMAMENTO
9000 kg no compartimento interno (versão H-6E) em bombas de queda livre ou mesmo guiadas. Já na versão H-6K , 5500 kg transportados exclusivamente nos 6 pontos fixos subalares e que são compostos por mísseis de cruzeiros como o CJ-10K e o YJ-63/KD-63, Mísseis anti navio YJ-12 e CM-802.

DESCRIÇÃO
Por Sérgio Santana
Nos últimos tempos manchetes acerca da escalada de tensão entre Estados Unidos e China por conta das disputas de hegemonia motivadas pela situação de Taiwan (considerada pelo governo chinês como uma “província rebelde” e uma nação autônoma pelo Ocidente) e da soberania das águas territoriais do Mar do Sul da China (envolvendo Vietnã e Filipinas, dentre outros países) tem ocupado os noticiários internacionais, inclusive com a liderança militar em Pequim tendo anunciado que “tecnicamente já está em guerra contra os EUA”.
Isto naturalmente aumenta o interesse dos estudiosos e aficionados em temas militares, muitos dos quais já conhecem os bombardeiros estratégicos norte-americanos que provavelmente seriam empregados caso um conflito entre as duas potências seja realmente deflagrado, os Rockwell B-1B Lancer, Northrop B-2 Spirit e B-52H Stratofortress.
Entretanto, para uma boa parte dos interessados em tecnologia militar e ainda mais para o grande público, o Xi’an Hongzhaji H-6 (pronunciado “Rongjaji”, bombardeiro no idioma mandarim), a contra-parte chinesa daquelas aeronaves, permanece envolto em segredo.
Acima: Nessa foto podemos ver um bombardeiro russo Tupolev Tu-16 Badger sendo escoltado por um caça F-14ATomcat da marinha dos Estados Unidos. O Tu-16 foi a base do desenvolvimento dos bombardeiros chineses Xi'an Hongzhaji H-6.
A sua história remonta a 1956, quando a liderança soviética propôs uma força nuclear conjunta entre a China e a União Soviética, o que foi recusado pelos lideres chineses. Em lugar da proposta, em setembro de 1957, os soviéticos concordaram em estabelecer uma linha de montagem do bombardeiro médio Tupolev Tu-16 (“Badger” para a OTAN) na cidade chinesa de Harbin. Três exemplares da aeronave chegaram à China entre janeiro e maio de 1959.
Embora o primeiro exemplar do Tu-16 fabricado na China só tenha voado oficialmente pela primeira vez em 24 de janeiro de 1968, devido a contratempos políticos e à decisão de mover a linha de montagem para Xi’an, dois deles foram montados ainda em 1959 e em meio aos tradicionais testes de aceitação de fábrica, que precediam às avaliações operacionais, um daqueles bombardeiros foi equipado com um compartimento de bombas refrigerado para armas nucleares. Assim, no que foi o primeiro passo na direção do emprego do H-6 como o único vetor estratégico chinês para armas nucleares até o momento, o tipo lançou no campo de testes de Lop Nor a primeira bomba nuclear aerotransportada chinesa, designada A29-23, com potência de 22 quilotons, em 14 de maio de 1965, bem como o primeiro artefato termonuclear chinês, conhecido como H639-23, com a potência de 3.3 megatons, em 17 de junho de 1967.
Acima: O Bombardeiro H-6 foi o primeiro bombardeiro com capacidade estratégica da China. Assim foi a aeronave que participou do desenvolvimento e testes das primeiras bombas atômicas da potência asiática.

As versões nucleares do H-6
A primeira variante do H-6 destinada ao emprego de armamento nuclear foi a H-6E, equipada com navegação inercial/GPS, contramedidas eletrônicas e de apoio aperfeiçoadas, cockpit remodelado e motores mais potentes, entrando em serviço no final da década de 1980.
A década seguinte presenciou a introdução do H-6H, capaz de levar dois misseis sob as asas, mas sem armamento no compartimento de bombas ou armamento defensivo, originalmente composto por sete torretas com canhões AM-23 de 23mm.
Das versões estratégicas do H-6 a mais recente é a “K”, grandemente remodelada: o seu cockpit para três tripulantes possui seis mostradores multifuncionais, radome maior e a aeronave é propulsada por dois motores D-30KP-2, os mesmos do Ilyushin Il-76 que produzem 12000 kgf de empuxo máximo. O H-6, em qualquer uma de suas versões, não possui um alcance muito longo, como os bombardeiros estratégicos russos e norte americanos. São 4300 km de alcance de travessia. Desempenho similar a de um caça bombardeiro da família Flanker e muito menor que o de um B-52, por exemplo, que pode chegar a mais de 16000 km.
Acima: Aqui podemos ver o H-6K, a versão mais avançada do bombardeiro chinês. As entradas de ar com maiores dimensões e os seis cabides externos para mísseis caracterizam o modelo.

Aviônicos e Armamento
O H-6K possui TV/FLIR, SATCOM e datalink, MAWS e RWR. No que concerne ao armamento, o H-6E era armado com bombas nucleares de queda livre apenas, derivadas dos já mencionados artefatos lançados em testes.
O H-6H pode ser armado com dois misseis CHETA YJ-63/KD-63, considerados os primeiros misseis de cruzeiro de longo alcance chineses. A arma, que entrou em operação em 2004/2005, mede sete metros, possui altitude de lançamento entre 200 e 500 m, alcance entre 20 e 185 km, velocidade de 900 km/h, altitude de voo entre 7 e 1.000 m, com múltiplos sistemas de direcionamento conforme a fase do voo (inicialmente inercial, depois datalink de comando, seguido de GPS e por fim TV). A ogiva pesa 500kg.
O H-6K, que é a versão mais recente do H-6 não transporta armas internamente e recebeu seis pontos fixos externos subalares para misseis YJ-63/KD-63 ou CASIC CJ-10K. Este míssil, baseado no russo Kh-55, entrou em serviço em 2013 e usa navegação inercial, comparação de relevo e correlação digital de cena e mapeamento na ultima fase do voo. Mede 6.30 m, possui alcance de 2.500 km, velocidade de Mach 0.8 e ogiva de 500 kg ou nuclear de potência desconhecida, mas estimada em 200-300 quilotons. A precisão é citada como sendo dez metros.
Acima: O H-6K transporta suas armas exclusivamente em seus cabides externos, não tendo capacidade de transporte de armas internamente como nas versões inicias do H-6.

Produção
Estima-se que tenham sido produzidos pouco mais de 200 H-6 de todos os modelos, incluindo versões de guerra eletrônica e reabastecimento em voo. O único que permanece em produção é o H-6K, que foi introduzido em 2012 para uma vida operacional além do ano de 2020.
A China tem apresentado um desenvolvimento robusto e rápido de suas forças armadas e já anunciou estar desenvolvendo um novo bombardeiro estratégico que, muito provavelmente acabará por aposentar os H-6K até o final da próxima década. Contudo, vale observar que com uso de armas de longo alcance, a capacidade stand off, que é conceituada como a capacidade de um ataque ser feito longe do raio de ação das defesas inimigas, o H-6 é um vetor a ser respeitado e considerado dentro das estratégias de qualquer oponente que for enfrentar os chineses.
Acima: Aqui podemos ver um caça Su-30MKK escoltando um bombardeiro H-6. Dado a vulnerabilidade do H-6, o uso de escoltas deverá ser frequente em caso de guerra.

VÍDEO


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2 comentários:

  1. Na minha modesta opinião de curioso no assunto, a China não tem condições para vencer os EUA e a OTAN, em um conflito que não inclua armamento nuclear.
    Os EUA não serão pegos de supresa como em Pearl Harbor.
    Será que os Chineses sabem o que o Tio Sam está reservando para eles.

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  2. Olá Geudice. Eu também acredito que os chineses não venceriam. Mas é indubitável que eles causariam perdas pesadas antes de sucumbir em uma guerra contra os EUA ou a OTAN. Muitos sistemas deles (do qual o H-6 NÃO faz parte), são capazes de destruir navios incluindo um porta aviões.
    Abraços

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