sexta-feira, 5 de maio de 2017

NASAMS. Racionalizando a defesa anti aérea.

FICHA TÉCNICA
Motor: Propelente sólido Hercules/Aerojet.
Velocidade: 4300 km/h
Alcance: 33 Km.
Altitude: 15000 metros..
Comprimento: 3,65 m.
Peso: 157 kg.
Ogiva: 23 kg de fragmentação e alto explosivo.
Lançadores: Veículos blindado HMMWV, Lançador universal do sistema HAWK, Contêiner, caminhão Scania 113H 6x6, e outros de varias procedências.
Guiagem: Radar ativo.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S Junior
A origem do sistema de defesa antiaérea de médio alcance conhecido como NASAMS (Norwegian Advanced Surface to Air Missile System) traduzido para Avançado sistema de míssil superfície ar norueguês, remonta do fim dos anos 80 do século passado quando a Real Força Aérea Norueguesa (RNoAF) que estava equipada com sistemas de defesa antiaérea de baixa altitude e curto alcance  como os canhões Bofors L-70  de 40 mm (usado pelo Brasil) e pelos mísseis antiaéreos de curto alcance portáteis (MANPADS) RBS-70, também operado pelo Brasil atualmente, e precisava melhorar a capacidade de sua defesa antiaérea para lidar contra alvos de alto desempenho a medias distancias e média altitude. A empresa norueguesa Kongsberg Defence & Aerospace e a poderosa empresa de defesa norte americana Rayhteon se juntaram para criar um moderno sistema de mísseis antiaéreos baseado em um antigo sistema de defesa antiaérea HAWK com novos hardwares para se conseguir otimizar a eficiência a um custo reduzido. A chave do sistema é o uso de mísseis AIM-120 Amraam, conhecidos pelo seu emprego extremamente bem sucedido na arena de combate ar ar de médio alcance, porém, modificado para ser lançado de um lançador terrestre.
Acima: A grande sacada do sistema NASAMS é usar mísseis projetados para emprego ar ar em caças (aqui um caça F-35A no momento do lançamento de um míssil AIM-120C7 AMRAAM) em um sistema de defesa antiaérea.
O sistema NASAMS tem em seu núcleo operacional um sistema FDC que faz o gerenciamento de integração de todos os componentes do sistema que inclui um radar tridimensional de aquisição de alvo AN/ MPQ-64F1 Sentinel fabricado pela joint venture Thales Raytheon Systems, um sistema de comunicação múltipla por intercambio de dados (data Link) compatível com link 16, JRE (Joint-Range Extension), Link 11, Link 11B, ATDL-1(Advanced Tactical Data Link) e LLAPI com o lançador dos mísseis. O radar MPQ-64F1 Sentinel tem alcance de detecção contra um alvo do tamanho de um caça (5m² de RCS) de 75 km e opera na banda X, podendo rastrear 54 alvos simultaneamente. Esse radar pode ser transportado em um veículo tático leve Mercedes benz classe G 4X4 o que contribui para a excelente mobilidade de todo o sistema. Além do radar, o sistema NASAMS conta com um sensor passivo composto por uma câmera eletro-óptica e um sensor infravermelho (IR) que presta apoio a aquisição do alvo.
Acima: Este é o moderno radar AN/ MPQ-64F1 Sentinel que faz a detecção e fornce dados de posicionamento dos alvos para os mísseis do sistema NASAMS. Este sistema pode rastrear até 54 alvos a uma distancia máxima de 75 km.
A mobilidade é uma vantagem tática de qualquer sistema de armas. O sistema NASAMS tem opções de emprego com grande mobilidade podendo ser instalado em uma enorme variedade de veículos de diferentes tipos. O mais comum é ver um veículo tático leve HMMWV com um lançador para 4 mísseis AIM-120 Amraam. Porém o lançador pode ser fixo como no caso do sistema LCHR composto 6 contêiner fechados, cada um com um míssil AIM-120, e que são abertos somente no momento do lançamento. Esse lançador LCHR pode ser empregado em veículos também como o caminhão Scania 113H 6x6, o Iveco ou o Sisu E13TP usado na Finlândia. Na pratica o sistema permite uma alta facilidade de integração em diversos tipos e modelos de veículos de diversas procedências o que lhe garante um grande apelo comercial de mercado para qualquer nação aliada dos Estados Unidos que tenha interesse em um sistema de defesa antiaérea de médio alcance altamente móvel.
Acima: O caminhão finlandês Sisu E13TP é um dos muitos veículos que pode transportar e operar um lançador tipo contêiner com 6 mísseis que podem ser o AIM-120 AMRAAM, o AIM-9X Sidewinder, ou o RIM-162 ESSM. Este lançador pode ser empregado em uma posição fixa no solo também. Nos veículos mais leves o lançador é do tipo trilho, mais simples.
O armamento principal do sistema NASAMS é o míssil de médio alcance AIM-120 AMRAAM, originalmente usado para combate BVR (além do alcance visual) em combates ar ar. Logicamente que devido ao fato de ele ser  lançado da superfície ele não pode contar com a inércia da velocidade e menor resistência aerodinâmica do ar em altas altitudes, seu alcance não é o mesmo de quando lançado de um caça. Assim, o alcance do AIM-120 AMRAAM laçado do sistema NASAMS é de 33 km contra alvos que podem estar até a altitudes de 15000 metros. Quem já é familiarizado com esta arma, sabe que a  versão mais antiga e de pior desempenho do modelo atinge 60 km fácil quando lançado de um caça. De qualquer forma, os 33 km representa um desempenho de respeito para um armamento de defesa antiaérea que o posiciona dentro da classificação de sistemas de médio alcance. O sistema de guiagem do AIM-120 lançado do sistema NASAMS é por radar ativo, recebendo atualizações de posicionamento do alvo pelo radar de controle de fogo. O sistema NASAMS recebeu melhorias no decorrer do tempo e foi atualizado para poder operar outros mísseis como o AIM-9X Sidewinder, guiado por infravermelho de menor alcance (cerca de 12 km, mas de alta agilidade) ou o míssil RIM-162 Evolved Sea Sparrow Missile (ESSM), usado para defesa antiaérea de navios de guerra, com guiagem semi ativa. Este ultimo míssil, em especial está sendo integrado ao sistema NASAMS de forma que deverá estar operacional em meados de 2019 e elevará bastante o desempenho do sistema pois é um míssil com maior alcance, superando os 50 km e podendo engajar alvos a altitudes maiores e com alta agilidade pois faz uso de vetoração de empuxo (como o AIM-9X Sidewinder). Os NASAMS que receberam essas melhorias são chamados NASAMS 2
Acima: Nesta interessante fotografia podemos ver os 3 mísseis usados pelo sistema NASAMS. Da esquerda para direita temos um AIM-120 AMRAAM, um RIM-162 ESSM e o da direita é um AIM-9X Sidewinder. A recarga dos lançadores tipo contêiner se faz pela parte traseira como nessa foto.
Embora não seja um sistema de defesa antiaéreo tão popular em termos de ser reconhecido pelo público, na verdade, ele é usada por vários países alinhados com os Estados Unidos (até porque os principais componentes do sistema são de origem norte americana). A versão mais usada é a NASAMS 2 que recebeu aperfeiçoamentos em seu sistema de gerenciamento de combate e uma câmera eletro-ótica MSP-500 que possui um telêmetro a laser para aferir a visada e garantir maior precisão nos dados de posicionamento do alvo, além de poder usar outros mísseis como explicado mais acima no texto.
Hoje o sistema é usado pelos Estados Unidos, Noruega, Chile, Holanda, Espanha, Finlândia e Lituânia. A ideia de poder usar os mesmos armamentos usados em caças e navios em um sistema terrestre traz vantagens na economia da escala para seus operadores que podem adquirir unidades para seus sistemas aéreos e terrestres (versão especifica), com custos mais baixos.
Acima: O lançador do antigo sistema HAWK foi adaptado para operar os mísseis AIM-120 AMRAAM como mostrado acima.



VÍDEO


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10 comentários:

  1. salve, numa suposta compra para um suposto pais de BANANAS.qual seria de melhor utilidade, este ou um sistema pantsir, ou um outro sistema.
    ótima matéria como sempre.

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    1. Olá Paulo. Obrigado pelo comentário.
      Dentre os sistemas de defesa antiaéreos ocidentais, este é o que melhor se adaptaria a nossas condições. O Pantsir é mais limitado como sistema de defesa antiaéreo que o NASAMS. A vantagem do Panstsir é que ele pode ser empregado contra alvos de superfície, como um carro blindado inimigo, por exemplo. O sistema antiaéreo que considero ideal para o Brasil é, se a menos sombra de duvidas, o BUK M2/M3 russo.
      Abraços

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  2. Carlos este tipo de sistema seria uma opção viável para nós, junto com o sistema antiaéreo que a avibras está desenvolvendo com a mbda, Alem disso qual seria uma caça bom para fazer mix com o gripen, typhoon f-15, abraço.

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    1. Olá Jean! O NASAMS poderia atuar sim junto com o sistema que a Avibras está desenvolvendo. Sobre sua questão com o Gripen, eu gosto muito do Rafale Francês ou o Su-35S Flanker E, russo.
      Abraços

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    2. A FAB afirma que após esse lote de 36 aeronaves Gripen, poderia encomendar mais algumas unidades.
      Você acha que seria possível uma associação entre a Embraer e a Saab para produzir uma caça bimotor?
      Seria vantajoso para as duas empresas?

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    3. Olá Geudice.
      Acho dificil... O Brasil, especificamente, é uma nação cujos comandantes das forças armadas não são muito engajados em manter as forças em um nível de prontidão e capacidade muito elevados. A maior preocupação deles sempre foi os ganhos, principalmente os previdenciários. Eu acredito que será, de fato, adquirido um segundo lote de Gripens, mas não me arrisco a dar palpite do numero de aeronaves que este eventual segundo lote tenha. Um caça bimotor de nova geração, é algo que só seria cogitaddo em substituição ao Gripen, lá por 2060. O Gripen E é um bom caça. Não estaremos mal equipados com ele.
      Abraços

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  3. Olá Carlos,
    Acompanho seu blog desde a trilogia Campo de Batalha.
    Gostaria de ver matéria sobre o Saber M60 e M200 em desenvolvimento. Eu vi fotos do Saber M200 e informações (não sei se corretas) de que o alcance do radar poderia ultrapassar os 400 km, possui contramedidas eletrônicas e é capaz de realizar engajamento de alvos. A minha pergunta é, será que o EB planeja desenvolver uma plataforma completa de defesa antiaérea nacional de médio alcance ou talvez uma parceria com fabricantes internacionais para integrar um míssil de médio alcance ao radar?

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  4. Olá Ivan! Obrigado por prestigiar esse trabalho desde o começo.
    Eu admito que nunca fui pesquisar sobre estes radares nacionais, porém, soube que foi cogitado integrar o Saber M200 a o sistema S-125 Pechora russo, para um sistema antiaéreo de médio alcance (35 km aproximadamente). Mas com o atual governo implantando diversas mudanças orçamentárias para mudar o cenário econômico, e o afastamento diplomático com os russos e uma reaproximação com os estados Unidos, acredito que esta ideia será enterrada.
    Abraços

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  5. 15 km de altura não pega um f18 voando no teto

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  6. Exelente matéria.é peturbador saber que um país como o Brasil não tenha nenhum sistema de defesa antiaérea a não ser velhos canhões.

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