segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

PROJETO 971 SHCHUKA – B “AKULA”. O silencioso caçador russo.

 
FICHA TÉCNICA
Tipo: Submarino nuclear de ataque.
Data de comissionamento: 1985.
Comprimento: 110,3 m (114,3 m Akula II).
Boca: 13,6 m.
Calado: 9,68 m.
Deslocamento: 12770 toneladas; (13800 toneladas Akula II).
Velocidade máxima: 33 nos (61 Km/h) submerso.
Profundidade: 600 metros (estimado).
Armamento: 4 Tubos para torpedos de 533 mm do tipo USET-80 e Fizik-1; 4 Tubos para torpedos de 650 mm do tipo 65-76A Kit; Mísseis 3K10 GRAU (SS-N-21 Sampson); Míssil RPK-2 (SS-N-15 Starfish). Ao todo, podem ser transportados 40 munições configuradas com estas armas. Mísseis 3M-54 Kalibr.
Tripulação: 79 homens.
Propulsão: Um reator nuclear OK-650B pressurizado a agua que produz 190 MW, Uma turbina a vapor OK-9VM que produz 50000 Hp de força mais 2 motores auxiliares OK-300 com um rendimento de 410 Hp cada.

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
Quando se fala em submarinos russos, existe uma confusão relacionada ao nome “Akula” que é usado para dois submarinos diferentes. Na verdade o que temos é que a OTAN tem sua própria nomenclatura para classificar os submarinos russos, uma herança da guerra fria, porém com a abertura russa os nomes verdadeiros “originais” estão disponíveis para qualquer um que pesquise sobre o assunto. O nome “Akula” é usado pela OTAN quando se refere ao submarino nuclear de ataque (SSN) Project 971 Shchuka – B, da marinha russa. Porém, a marinha russa usou o nome “Akula” para batizar um dos seus mais formidáveis submarinos, o Project 941“Typhoon” (segundo a nomenclatura usada pela OTAN). O Typhoon já foi descrito neste blog é trata-se de um super-submarino lançador de mísseis balísticos. Na verdade é o maior submarino já construído.
Acima: A vela com desenho arredondada e o sonar rebocado em forma de "gota" na popa do submarino são os primeiros elementos que identificam um submarino da classe Akula, visualmente.
Durante muitos anos, o submarino Project 971 foi o melhor submarino nuclear de ataque na frota russa. Dos 12 submarinos dessa classe que foram construídos a partir de 1982 permanecem em uso na marinha russa, hoje, 9 embarcações, sendo 5 unidades modernizadas e 4 originais. A Índia possui um submarino desta classe que foi alugado da marinha russa e se encontra em serviço, também.
O Akula chama a atenção por suas capacidades de operar discretamente, dificultando sua identificação por sonares inimigos. Durantes os anos 80 até o começo do século XXI, foi o submarino nuclear mais silencioso em serviço no mundo e consequentemente o mais temido submarino russo.
Acima: Em primeiro plano, nesta foto, vemos o sonar rebocado MG-541 Skat-3 (Shark Tail). Este sonar opera de forma passiva recebendo os sinais sonoros de possíveis alvos sem denunciar sua presença.
Com uma velocidade máxima de 33 nós (61 km/h) quando submerso e 10 nós (19 km/h) em superfície, o Akula pode ser considerado um dos mais rápidos submarinos do mundo. Sua propulsão é composta por um reator nuclear OK-650B que produz 190 Mw de energia e que trabalha integrado a uma uma turbina a vapor OK-9VM que produz 50000 Hp de potencia. Esse sistema também possui dois motores a diesel auxiliares OK-300 que produzem 410 Hp de força cada. O Akula tem uma única hélice com 7 pás e seu casco duplo reforçado permite um mergulho de profundidade máxima de 600 metros.
Acima: Um único hélice com 7 pás é usado no Akula. Os submarinos mais modernos possuem uma estrutura que cobre a hélice, reduzindo a propagação de som do funcionamento delas para os sonares inimigos.
No que se refere a os sensores, o Akula é bem equipado. Um radar de busca de superfície MRKP-58 Snoop Pair, um equipamento nem sempre presente em submarinos mas que fornece valiosos dados sobre possíveis alvos de superfície, dando maior letalidade e flexibilidade ao submarino. O sonar instalado na proa do Akula é o MGK-540 que fornece detecção automática informando distancia e classificação do alvo operando de modo ativo. Esse sonar pode, também, operar de forma passiva em busca de sinais de sonares inimigos filtrando os sinais de sonares com os ruídos naturais do fundo do mar e facilitando a classificação e identificação dos alvos. Seu alcance é de cerca de 70 km. Uma das características do desenho do Akula é a estrutura em forma de gota na popa do submarino. Essa estrutura é um sonar rebocado MG-541 Skat-3 (Shark Tail), que também é encontrado em outros submarinos soviéticos contemporâneos do Akula, como os submarinos da classe Sierra. Este sonar opera exclusivamente no modo passivo e seu alcance máximo é de 129 km.
O sistema de sonar do Akula é um dos mais eficientes desenvolvidos pela Rússia e certamente um sério problema para o submarino ou navio que esteja enfrentando o Akula.
Outro sistema de detecção usado pelo submarino Akula é o SOKS (“System Obnarujenia Kilvaternovo Sleda” ou “sistema de detecção de rastro de objeto”) MNK200 Tukan-1 que permite com que o Akula detecta o rastro hidrodinâmico, além de rastros de radioatividade deixada pela operação dos submarinos que usam energia atômica para propulsão.
Acima: O Akula ainda é um submarino com capacidades respeitáveis, mesmo diante da evolução dos submarinos nucleares ocidentais.
O armamento do Akula é composto por 8 tubos de torpedos, sendo 4 de 533 mm e 4 de 650 mm. Entre os torpedos de 533 mm que podem ser usados está o USET-80, que estão sendo substituídos pelos mais modernos torpedos Futlyar capazes de acelerar a 60 nós (pouco mais que 100 km/h) e de atingir alvos a 60 km de alcance. A carga explosiva deste torpedo é de 300 kg, suficiente para partir uma fragata em dois.
O torpedo super cavitante de alta velocidade VA-111 Shkval, cuja velocidade atinge incríveis 200 nós (370 km/h) também pode ser usado pelo tubos de 533 mm do Akula. O alcance destes torpedos em suas versões iniciais é de 7000 metros, porém as atuais versões podem atingir um alvo a 15000 metros.
O ponto forte do armamento do Akula são os 12 mísseis de cruzeiro 3K10 GRAU (SS-N-21 Sampson) que são lançados dos tubos de torpedos de 533 mm. Este poderoso míssil se equivale ao famoso míssil de cruzeiro norte americano Tomahawk, sendo que seu alcance chega a 2500 km transportando uma ogiva nuclear de 200 Kt ou uma convencional. O sistema de guiagem é inercial, tendo um computador de voo que permite o acompanhamento do terreno em voo a baixa altitude (TERCOM) e uma margem de erro (CEP) de 20 metros. mais recentemente um míssil de cruzeiro mais moderno foi integrado ao arsenal do Akula. O 3M-54 Kalibr, que pode der lançado contra navios inimigos ou, mesmo, contra outro submarino, dependendo da versão do míssil. Seu alcance é de cerca de 300 km e sua margem de erro (CEP) é de apenas 5 mts.
Acima: Os mísseis de cruzeiro 3M-54 Kalibr representa a nova geração de mísseis de cruzeiro que o Akula está habilitado a operar. Este míssil tem alcance de 300 km em sua versão anti-navio.
Além do míssil SS-N-21, também são usados os mísseis de anti-submarino RPK-2 Vyufa (SS-N-15 Starfish, pela nomenclatura da OTAN), que são lançados dos mesmos tubos de 533 mm e cujo alcance chega a 45 km. Uma característica interessante sobre o míssil Starfish é que ele pode ser equipado com uma ogiva nuclear de 5 Kt (equivalente 1/3 da potência da que foi usada em Hiroshima na 2º grande guerra), o que lhe possibilita a destruir um porta aviões com apenas um impacto, ou ainda, pode ser equipado com um torpedo Type 40, que é lançado na água próximo do alvo.
Há ainda a capacidade de lançar mísseis RPK-7 Veter (SS-N-16 Stallion), também anti-submarino, porém com maior alcance (74 km) e ogiva maior que o Starfish. Os mísseis Stallion são lançados dos outros 4 tubos de torpedos, de 650 mm. O Akula é um dos poucos submarinos com um sistema de mísseis antiaéreo. Ele está armado com lançador triplo de mísseis 9K38 Igla, que guiado por calor, é capaz de destruir um alvo aéreo de baixo desempenho a um alcance máximo de 5200 metros.
Acima: A versão mais recente desta classe de submarinos é o Akula III, também chamado por K-335 Gepard. Nesta versão, a carenagem do sonar rebocado da popa foi substituído por um dispensador  de menores dimensões.
Os submarinos do Project 971 Shchuka, ou Akula, estão em serviço a mais de 30 anos e a nova classe Yasen, projeto que visa substituir o Akula, já está operacional  com a primeira embarcação, batizada de Severodvinsk e mais 5 unidades em construção. Mesmo assim, a marinha russa manterá o Akula em serviço até, pelo menos, 2030. As atualizações e sua operação silenciosa, somado a sua capacidade ofensiva permitem que seja um ativo válido no arsenal da marinha russa e possa operar junto com a nova classe Yasen fornecendo um bom numero de submarinos de ataque para defenderem os interesses russos ao redor do mundo. É interessante notar que a Índia alugou um submarino da classe Akula através de um acordo onde a Rússia recebeu o pagamento para que conseguisse terminar a montagem do 19º submarino, o "K-152 Chakra" e deverá devolver o submarino para a frota russa em 2022, existindo, ainda, uma situação parecida que pode terminar do mesmo jeito no que se refere ao 20º submarino da classe , batizado como "Iribis".




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4 comentários:

  1. A turbina é a gás ou vapor?

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    1. Boa noite Geudice. É a vapor. Me equivoquei. Agradeço seu questionamento pois me permitiu corrigir o texto.
      Abraços

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  2. Dizem que o nosso primeiro Sub nuclear por ser a primeira empreitada nessa area será mais barulhento que os sub nucleares das demais potências ,eu sei que isso é especulação ,mas até onde vc acha isso verdade?

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  3. Acredito que será um submarino mais ruidoso que os ocidentais, mas mais silencioso que os primeiros submarinos do tipo chineses

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