Do War History Online, 20 de abril de 2019.
Tradução Filipe do A. Monteiro.
O padrão de camuflagem universal usava cinza, bege e verde como cores primárias. Pretendia-se ajudar a disfarçar soldados tanto no terreno desértico quanto no temperado.
Camuflagem tem sido usada pelas forças armadas desde os tempos antigos. Vegetius escreveu que os navios eram pintados de azul veneziano para escondê-los nas águas abertas.
A camuflagem não só fornece o elemento surpresa, como também mantém os soldados seguros enquanto estão desdobrados.
À medida que a tecnologia avança, novos padrões de camuflagem precisam ser criados para garantir a segurança contínua das tropas. Em 2005, o Exército dos EUA introduziu um novo padrão de camuflagem chamado Padrão de Camuflagem Universal (Universal Camouflage Pattern). Este projeto fez uma barulheira na época por causa da aparência pixelada do padrão digital.
Acima: O Padrão de Camuflagem Universal dos EUA, quadrado de aproximadamente 30x30cm redesenhado a partir da amostra real.
O Padrão de Camuflagem Universal usava cinza, bege e verde como cores primárias. Pretendia-se ajudar a disfarçar soldados tanto no terreno desértico quanto no temperado. O projeto inicial veio após o início das guerras no Iraque e no Afeganistão.
Na época, as tropas desdobradas receberam camuflagem desértica. Enquanto isso escondia o soldado, o equipamento adicional os tornava mais visíveis, já que era mais escuro que a camuflagem. Um padrão de camuflagem de substituição era necessário, e foi decidido que o projeto deveria funcionar em todos os terrenos para ser mais econômico.
Acima: Dois soldados em 2005 vestindo o Uniforme de Combate do Exército (Army Combat Uniform, ACU) no Padrão de Camuflagem Universal.
O padrão inicial criado pelo Centro de Sistemas de Soldados do Exército dos Estados Unidos (United States Army Soldier Systems Center) foi ajustado por autoridades da PEO Soldier. Essas autoridades haviam visto a nova camuflagem criada pelo Corpo de Fuzileiros Navais (Marine Corps), que usava pixels em vez do tradicional padrão de ondas. Querendo usar essa nova tecnologia, os desenvolvedores do Exército foram instruídos a usar o padrão de pixel, e o Padrão de Camuflagem Universal nasceu.
Esse novo padrão foi implementado em 2005, mas foi substituído uma década depois em 2015. Por que esse padrão não durou? A resposta é que não foi eficaz em dissimular soldados.
O problema principal era um efeito óptico conhecido como isoluminância. É quando o olho humano interpreta várias cores e padrões como uma única massa. Quando esse efeito ocorre em zonas de combate, ele pode facilitar a identificação de soldados à distância. A causa desse efeito no novo padrão foi o dimensionamento da pixelização.
Acima: Soldado do Exército dos EUA usando o Padrão de Camuflagem Universal.
A camuflagem também não incluiu o preto no padrão. Isso pode fazer com que a camuflagem pareça plana contra superfícies 3D, tornando mais fácil identificar os soldados que a usavam.
Com esses problemas, o padrão nunca deveria ter sido escolhido. No entanto, não houve teste do projeto antes dele ser implementado. Pesquisas constataram que não foram feitos estudos sobre a eficácia da camuflagem em zonas de combate. O teste que foi feito foi para o padrão de Trilha Urbana (Urban Track), que foi experimental e rejeitado, mas formou a base dessa camuflagem.
Acima: Um fuzileiro naval dos EUA aplicando pintura de camuflagem.
Pesquisas realizadas entre 2007 e 2009 também foram capazes de identificar quatro padrões diferentes de camuflagem que funcionaram melhor do que o Padrão de Camuflagem Universal. Os padrões Digital Desértico do Corpo de Fuzileiros Navais (Marine Corps Desert Digital), Vegetação Desértica (Desert Brush), MultiCam e o padrão militar sírio eram melhores em dissimular soldados. Segundo a pesquisa, esses padrões foram 16 a 36 por cento melhores do que o Padrão de Camuflagem Universal na maioria dos terrenos.
Com crescentes preocupações levantadas sobre o novo padrão, o Exército teve que tomar medidas drásticas. Tropas no Afeganistão foram fornecidas com camuflagem MultiCam. O Exército teve que licenciar esse padrão de uma empresa privada. O Esforço de Melhoria da Camuflagem (Camouflage Improvement Effort) também foi lançado em 2010 para encontrar uma nova substituição de camuflagem.
Acima: Soldados do Exército dos EUA em maio de 2006, vestindo o Padrão de Camuflagem Universal na província de Kunar, Afeganistão.
O Esforço de Melhoria da Camuflagem durou quatro anos até que um padrão final de substituição fosse anunciado. O Exército substituiria o Padrão de Camuflagem Universal pelo Padrão Operacional de Camuflagem (Operational Camouflage Pattern). Esse padrão não foi um dos finalistas inicialmente anunciados, mas seria financeiramente melhor.
As finanças foram importantes ao escolher a substituição do Padrão de Camuflagem Universal. Foi relatado que o governo gastou US$5 bilhões no desenvolvimento e desdobramento da nova camuflagem. A taxa de licença do MultiCam também teria sido cara porque a Crye Precision, a empresa privada que criou o padrão, passou anos a desenvolvendo.
Acima: Salto paraquedista da 4-25*
Não apenas o Exército gastou bilhões no projeto fracassado, como agora tem uma grande suprimento de material no Padrão de Camuflagem Universal, relativamente não utilizado. Como o padrão foi retirado de uso, o Exército determinou que pode colorir todo o material elegível para aderir ao novo padrão de camuflagem. No entanto, o material elegível não inclui uniformes mas apenas os itens de material que foram cobertos com tecido de nylon texturizado.
Esta seria a primeira vez que o Exército encontraria outras maneiras de se livrar de material quando houvesse uma mudança de camuflagem. Alguns dos métodos comuns incluíam descarregá-los através de vendas militares estrangeiras e através do Escritório de Reutilização e Marketing de Defesa (Defense Reutilization and Marketing Office). Acredita-se que a ineficácia da camuflagem tornou isso impossível.
*Nota do tradutor: 4-25 é a 4th Brigade Combat Team (Airborne), 25th Infantry Division. 4ª Equipe de Combate de Brigada (Aerotransportada) da 25ª Divisão de Infantaria.
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Essa é a mesma camuflagem que o CFN está desenvolvendo/adotando?
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