Por Austin Lee, Soldier of Fortune, 18 de setembro de 2025.
Tradução Filipe do A. Monteiro, 23 de setembro de 2025.
O protótipo 6.02×41 não é apenas um cartucho – é o dedo do meio da Rússia para o trabalho de equipamento da OTAN.
Os russos estão de volta. Seu novo protótipo de 6,02x41mm foi projetado para perfurar os coletes à prova de balas da OTAN como se fosse papel – uma evolução moderna da infame "bala envenenada" de 5,45x39 mm que outrora aterrorizou os combatentes Mujahideen no Afeganistão. Rápida, leve e devastadora, é um lembrete claro de que a arte da carnificina no campo de batalha nunca pára.
Vídeo de apresentação
De volta às áridas trincheiras da Guerra Russo-Afegã, as reportagens da revista Soldier of Fortune (SOF), em campo, expuseram o calibre 5,45x39mm soviético como uma pequena fera cruel que transformava os combatentes Mujahideen em queijo suíço com seu desenho de bala que tomba em vôo, ganhando o infame apelido de "bala envenenada" por seus ferimentos que pareciam como se um liquidificador tivesse atingido a carne em alta velocidade. No hostil teatro de operações afegão, onde os combatentes frequentemente passavam dias sem tratamento médico ou antibióticos, esses ferimentos rapidamente se transformaram em infecções, gangrena e sepse, amplificando o mito de um projétil "envenenado".
Galen Geer, o intrépido escriba da SOF, contrabandeou na década de 1980 o cartucho ComBloc 5,45x39mm para o fuzil de assalto AK-74. Este projétil leve, com velocidade de 2.950 fps e 52 grãos, superou o projétil mais pesado 7,62×39, permitindo que Ivan* carregasse mais munição, ao mesmo tempo em que causava canais de ferimentos irregulares e destruição maciça de tecidos a até 500 metros.
[Nota do Tradutor: Ivan é o apelido do soldado russo ou soviético.]
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Certificado de pedido de patente para o modelo 6,02×41. |
Hoje em dia, os russos estão preparando o 6,02x41 mm, um protótipo de alta penetração que deixou o Kremlin de olho nos coletes à prova de balas em constante evolução da OTAN como um urso russo avista carne fresca. Em 2023, funcionários da Fábrica de Cartuchos de Tula registraram um pedido de patente (clique no link) para um projeto capaz de perfurar coletes modernos, que podem suportar os melhores disparos do antigo calibre 5,45.
Nas disputas da década de 1980, o 5,45×39 foi um divisor de águas, com relatos da SOF detalhando sua balística terminal superior. Ele tombava logo após o impacto, abrindo canais de até 18 centímetros de largura, em contraste com a fragmentação do 5,56, que precisava de maior velocidade para se estilhaçar em estilhaços letais.
Mas os coletes à prova de balas evoluíram, reduzindo o alcance efetivo para distâncias menores e forçando Moscou a inovar. Surge o suposto 6,02×41, nascido da patente RU 2809501 C1 na Fábrica de Cartuchos de Tula com a contribuição da Kalashnikov Concern, abandonando os ajustes esgotados do 5,45 e 5,56 por um novo cartucho intermediário. Ele foi projetado para projéteis com núcleo de carboneto de tungstênio de cerca de 7,5 gramas (116 grãos), disparando a 800 m/s (2.625 fps) para manter a energia a 900 metros, equivalente ao 5,45 a 500, tudo isso enquanto perfura placas de nível 4 que param seus alvos em seu caminho.
Empilhe as especificações, e o 6.02×41 flexiona músculos onde os velha-guarda vacilam: a energia da boca do cano gira em torno de 2.000 joules, superando os 1.300 joules do 5.45 e os 1.700 do 5.56, com um alcance efetivo de 800 metros contra inimigos blindados - o dobro do ponto ideal de 400-500 metros do 5.45 (52-60 grãos a 2.810-2.950 fps) ou 5.56 (62 grãos a 3.000 fps).
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Representação artística do protótipo de 6,02x41 mm. (Captura de tela do vídeo da 3DGuns). |
O estojo híbrido do Fury suporta pressões extremas para trajetórias planas e cavidades de ferimento que combinam penetração com expansão, superando a energia estimada do 6.02 à distância, mas ao custo de um recuo e munição mais pesados; imagine uma marreta contra o bisturi russo. Ambas as munições gritam "a blindagem corporal está obsoleta", mas o 6.02 supera em controlabilidade para plataformas de armas derivadas do AK, enquanto o Fury exige armas mais robustas, criando uma disputa Leste-Oeste onde o vencedor domina o campo de batalha e se gaba.
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Resumo do pedido de patente para a munição 6,02×41. |
No final, o 6.02×41 não é apenas um cartucho – é o dedo do meio da Rússia para o trabalho de equipamento da OTAN, ecoando os despachos da SOF no Afeganistão, onde inovação significava sobrevivência.
Enquanto os soldados enfrentam coletes mais resistentes do que a blindagem de couro de tanque, este protótipo de cartucho russo promete restaurar a resistência do fuzil de assalto, ultrapassando o alcance e a potência da dupla 5,45/5,56.
Quer entre em produção ou não, uma coisa é certa: a corrida armamentista está esquentando. O futuro está se moldando para ser produzido em 6mm.
Sobre o autor
Austin Lee é o proprietário do Galilhub, armeiro e atirador competitivo. Ele escreve frequentemente para o Soldier of Fortune.
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