Comprimento: 3,02 m.
Envergadura: 0,45 m.
Peso: 85 kg.
Alcance: 16 km.
Velocidade: mach 2,8
Propulsão: Propelente sólido MK36
Ogiva: Tipo WAU-17/B com 9,4 kg, com explosão de fragmentação anular.
Sistema de guiagem: Buscador Infravermelho com grande ângulo de busca (90º)
Plataformas de lançamento: F-15, F-16, F/A-18, F-22, e F-35.
DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
Quando se pensa em um míssil ar ar de curto alcance, a primeira imagem que se vem à cabeça (pelo menos para quem conhece um pouquinho de aviação de caça) é o míssil AIM-9 Sidewinder montado na ponta da asa de algum caça como um F-5E Tiger II ou em um cabide sob a asa de um F-15 ou F-16. Trata-se de um projeto desenvolvido no final dos anos 40 e que entrou em serviço na segunda metade da década de 50 do século passado. A saga do Sidewinder já conta com quase 70 anos de desenvolvimento distribuídos em muitas versões com capacidades e funções diferentes. Houve uma versão antiaérea chamada de MIM-72 Chaparral, que era lançada de um veículo blindado. Uma outra versão anti-radar, AGM-122 Sidearm, lançada de de helicópteros de combate Apache, Cobra ou de aeronaves caça AV-8B Harrier II.
Independente da versatilidade do projeto, as versões que dominam a maior parte da história desse projeto, foram as de combate aéreo.
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Míssil AIM-9M Sidewinder. Esta versão foi substituída pelo atual AIM-9C. Alguns componentes do modelo M foram aproveitados no X, sendo o motor foguete e a espoleta de aproximação a laser, alguns destes itens. |
Depois da queda da cortina de ferro, com o colapso da União Soviética, em 1989, algumas tecnologias que não eram conhecidas pelo ocidente foram expostas e se descobriu que os mísseis de curto alcance R-73 empregados em aviões de combate soviéticos, tinham capacidades muito (e reforço, muito) superior aos AIM-9L/M usados pelos aviões de combate norte americanos e da OTAN. O R-73 opera com seu sensor de busca integrado a um visor montado no capacete do piloto do caça, e quer podia ser travado no alvo em ângulos elevados (45º) além da linha de visada (capacidade off boresight), o que garantia a possibilidade de ser lançado com alta probabilidade de abate contra um avião inimigo manobrando forte sem que o avião lançador estivesse alinhado com o alvo. Para se ter uma ideia, o AIM-9M, míssil que era operado pelos aviões de combate norte americanos naquela época, tinha um ângulo de rastreio de apenas 27,5º. Para fechar a conta, o R-73 usa vetoração de empuxo, o que permite manobrar violentamente e superar a capacidade de manobra de todos os modelos de aviões de combate. Não importa o quão manobrável seja o caça alvo. Contra o R-73 ele estará em desvantagem, devido a essa alta capacidade de manobra do míssil.
Essa superioridade do R-73 frente ao míssil AIM-9 Sidewinder foi o gatilho para se buscar um novo míssil ar ar, ou integrar todas essas habilidades à uma nova versão do Sidewinder.
A escolha recaiu sobre uma nova versão do Sidewinder, que foi batizado de AIM-9X e em 1994, foi dado a duas empresas, a Hughes Missile Systems Company e a Rayheon, contratos de desenvolvimento para que competissem entre si para que a melhor proposta fosse escolhida e produzida em série. Esse procedimento de concorrência é uma característica bastante comum nas forças armadas norte americanas.
O vencedor foi a Hughes, porém, a Raytheon acabou adquirindo a Hughes posteriormente e passou a comandar projeto do AIM-9X que foi escolhido e adquirido pela USAF (Força Aérea dos Estados Unidos) e a US Navy (Marinha dos Estados Unidos).
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O AIM-9X entrou em serviço na USAF (Força Aérea dos Estados Unidos) e na USN (Marinha dos Estados Unidos). Aqui temos um F/A-18F Super Hornet da USN com um AIM-9X na ponta da asa e um míssil anti-radar AGM-88F HARM no cabide sob a asa. |
O míssil AIM-9X difere, externamente, das versões anteriores por usar superfícies de controle bem menores. Seu sensor de busca foi projetado para poder ser acomodado em um bico menor. Os canards do míssil, diferente dos AIM-9 anteriores, são fixos, enquanto as barbatanas traseiras são inteiramente moveis, não dispondo dos rollerons encontrados nos modelos anteriores. Esse conjunto, somando com a vetoração de empuxo do míssil, permite manobrar muito mais rapidamente que as versões anteriores. O míssil possui redução da envergadura total do míssil. Tudo isso visando melhorar muito a aerodinâmica do míssil.
O sensor de busca infravermelha consegue rastrear o alvo em ângulos de 90º fora da linha de visada. Este sensor pode operar de forma integrada ao radar do avião lançador, para se direcionar automaticamente para o contato radar. Também pode ser operado de forma integrada ao capacete JHMCS permitindo que o alvo seja selecionado pelo piloto apenas olhando para o alvo, como no R-73 russo, porém, com considerável maior ângulo de aquisição. Embora tenha sido informado que o buscador infravermelho usado no AIM-9X seja capaz de diferenciar o alvo real de iscas tipo flares, já ocorreram situações de combate reais recentes onde o AIM-9X tenha sido ludibriado por iscas flares de origem russas. Uma teoria sobre isso, diz que o sistema foi testado e calibrado para lidar com as iscas que os americanos usam.
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O sensor infravermelho do AIM-9X é capaz de rastrear um alvo que esteja a 90º de sua frente. Isso garante que ele possa engajar este alvo sem que a aeronave lançadora precise manobrar fortemente para se alinhar com o alvo, como era o caso dos mísseis anteriores
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O motor do AIM-9X é o MK-36, mesmo usado no modelo M, porém, com introdução de vetoração de empuxo, como mencionado anteriormente, útil enquanto o motor ainda estiver queimando. Sua capacidade de manobra, graças à essa habilidade de vetorar o fluxo de saída dos gases da queima do motor, é de 60 Gs. A titulo de comparação, o AIM-9M, empregado nos caças norte americanos nos anos 90 do século passado, chegavam à 30 Gs, no máximo.
O alcance do míssil é de cerca de 16 km. Porem, se lançado contra um alvo vindo de frente, somando-se a energia inercial após o término da queima do combustível, pode-se presumir que ele consiga, nessa situação, ser lançado há cerca de 30 km contra seu alvo.
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Aqui podemos ver uma foto destacando o sistema de vetoração de empuxo do AIM-9X. Observem, também, que as superfícies de controle traseiro são totalmente moveis. |
A ogiva do AIM-9X é do tipo WAU-17/B com 9,4 kg alto explosivo e fragmentação anular, o que aumenta sua letalidade de forma significativa. A ogiva não depende de impacto direto para explodir. Na verdade, a detonação dessa ogiva ocorre através de uma espoleta de aproximação a laser DSU-15B/B.
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O sistema de espoleta de aproximação a laser DSU-15B/B |
A versão AIM-9X Block II entrou em serviço a partir de 2015 e recebeu a capacidade de travamento do alvo após o lançamento (LOAL) e um sistema de link de dados para receber atualização de dados de posicionamento do alvo. Essa versão é a que é empregada nos caças de 5º geração norte americanos F-22 e F-35. Além disso, o AIM-9X Block II pode ser lançado da superfície, através da bateria antiaérea do sistema NASAMS 3, correspondendo a arma de curto alcance para este sistema multimísseis que, normalmente emprega o AIM-120 AMRAAM de médio alcance.
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Lançamento de um míssil AIM-9X II de um lançador do sistema NASAMS 3. Este sistema permite empregar, também, o míssil de médio alcance AIM-120 AMRAAM.
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Atualmente, todos os caças de primeira linha norte americanos, F-15, F-16, F/A-18C/D/E/F, F-22 e F-35 estão homologados para emprego do AIM-9X. Muitos países, usuários de modelos de aeronaves de combate dos Estados Unidos, notadamente o F-16, F-35 e as variantes do F-18 Hornet, já empregam o AIM-9X em suas aeronaves, podendo ser considerado um sucesso comercial no mercado de exportação.
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Caça F-22A Raptor em um lançamento de teste do AIM-9X II. Os caças de 5º geração F-22 e F-35 foram os últimos caças norte americanos a receberem a integração do míssil AIM-9X. |
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Míssil AIM-9X instalado no cabide externo de um F-35A Lightining II.
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