FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: 120 Km/h.
Alcance Máximo: 700 Km.
Motor: Motor Cummins com 250 cv de potência.
Peso: 10 toneladas.
Altura: 2,20 m.
Comprimento: 5,60 m.
Largura: 2,4 m.
Tripulação: 4 a 6.
Armamento: Uma metralhadora de uso geral em calibre 7,62 mm (modelo que o cliente desejar), metralhadora pesada em calibre 12,5 mm ) normalmente uma M-2HB ou uma M-3M que são montadas em reparos simples ou em torre PLATT ou estação de armas REMAN. A torre REMAX remotamente controlada também pode ser empregada com as armas citadas, ou, ainda, um canhão em calibre 20 mm.
Trincheira: 0,90 m
Inclinação frontal: 60º
Inclinação lateral: 30º
Obstáculo vertical: 0,50 m
Passagem de vau: 1,20
Por Anderson Barros via Plano Brasil.
PREFÁCIO
Após as operações “Tempestade no Deserto (1991), desastre em Mogadíscio (1993), Força Aliada (1999), o e as ações no Afeganistão (2001) e Iraque (2003)”, as forças armadas do mundo todo puderam comprovar a necessidade de novos veículos para lidar com as novas ameaças do campo de batalha moderno. Assim, os principais exércitos do mundo acabaram por substituir os veículos sem proteção por veículos mais sofisticados e logicamente mais caros e mais pesados, que embora se mantendo dentro de limites dimensionais aceitáveis e continuando a tradição de versatilidade, apresentassem melhor desempenho e maior mobilidade fora de estrada, bem como, oferecessem de um razoável nível de proteção para seus ocupantes.
A ORIGEM
Os esboços do projeto do AVIBRAS “Guará” surgiram há mais de uma década e, na sua concepção sempre levou em conta a possibilidade de basear uma nova família de blindados sobre rodas para equipar o Exército Brasileiro.
Desta forma, o então AV-VB4 RE “Guará” foi desenvolvido através de uma importante parceria entre Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento – IP&D da UNIVAP /Secretaria de Ciência e Tecnologia de SP (IP&;D/SCTSP) e a AVIBRAS. O veículo foi projetado para atender aos requisitos de uma nova Família de Blindados de Rodas Leves. Porém, o projeto não foi adiante e apenas um protótipo foi construído, sendo este posteriormente para avaliações do Exército Brasileiro em operações no Haiti. Naquela altura, a então chamada “Nova Família de Blindados de Rodas” (NFBR), envolvia uma “Família de Blindados de Rodas Médios” (FBRM) que passou a se chamar “Viatura Blindada de Transporte de Pessoal-Média de Rodas” (VBTP-MR), projeto este, que culminou nas viaturas Iveco Guarani e a uma “Família de Blindados de Rodas Leves” (FBRL).
Acima: Aqui podemos ver uma foto do protótipo do AV-VB4 RE “Guará”, primeira versão do projeto de uma nova familia de blindados de rodas que objetivava equipar o Exército Brasileiro.
Em 2013 o Estado-Maior do Exército (EME), aprovou o Estudo de Viabilidade sobre a Viatura Blindada Multitarefa Leve de Rodas (VBMT-LR). Este estudo vinha como parte do Projeto Estratégico do Exército, denominado “Guarani” cuja viatura da classe 4×4 de massa total de 8,0 ton possuía a capacidade de carga de 1,0 ton e espaço para uma guarnição de 5 tropas.
Em 2013 o Estado-Maior do Exército (EME), aprovou o Estudo de Viabilidade sobre a Viatura Blindada Multitarefa Leve de Rodas (VBMT-LR). Este estudo vinha como parte do Projeto Estratégico do Exército, denominado “Guarani” cuja viatura da classe 4×4 de massa total de 8,0 ton possuía a capacidade de carga de 1,0 ton e espaço para uma guarnição de 5 tropas.
Naquela ocasião a AVIBRAS apresentou o modelo AVIBRAS “Tupi” 4×4. O novo veículo era resultado da cooperação entre a empresa brasileira e a francesa RENAULT TRUCKS DEFENSE e foi baseado na Viatura SHERPA LIGHT SCOUT. O Consórcio Franco-Brasileiro figurou-se como um dos finalistas, sendo o Italiano, IVECO LMV (Lince) o vencedor do processo de seleção conduzido pelo Exército Brasileiro para aquisição da Viatura VBMT-LR.
Acima: O veículo Tupi foi resultado da cooperação entre a Avibrás e empresa francesa Renault Trucks Defense e trouxe o know how que foi base para o desenvolvimento do Guarpa 4WS.
NASCE O NOVO LOBO DA AVIBRAS
Todas estas experiências foram importantes para a AVIBRAS que colheu muitos frutos tanto das lições aprendidas com o protótipo do AV-VB4 RE “GUARÁ que operou no Haiti, como dos requisitos do Exército Brasileiro para a VBMT-LR. Todo este conhecimento absorvido permitiu a AVIBRAS lançar-se num projeto ainda mais ousado, o “Guará” 4WS.
Este novo veículo foi desenvolvido para ser um blindado inovador, mais ágil, com maior mobilidade fazendo uso de um moderno sisetma de suspensão e tração 4x4 e com grande capacidade de carga e sobrevivência. A direção nas quatro rodas são características diferencias da viatura e fundamentais para operação no cenário urbano e off road. O 4WS foi concebido de forma a reduzir a ameaça representada pelas minas terrestres e pelos explosivos improvisados (IED- improvised explosive device). O veículo também foi projetado para possuir excelente nível de proteção balística, com acréscimo de capacidade em função da concepção modular que permite adicionar novos itens de proteção.
Acima: O protótipo do Guará 4SW foi finalista na concorrência VBMT-LR, aberta pelo exército para fornecimento de de uma viatura leve multi tarefa.
ANATOMIA DE UM PREDADOR
- CHASSI: O “Guará” 4WS foi desenvolvido fazendo uso de um chassi tipo escada com desenho especial para aumento do espaço interno da cabine. O projeto foi desenvolvido e otimizado através de análise estrutural dinâmica e simulações de carga feito pelo Departamento de Engenharia Veicular da AVIBRAS e é 100% fabricado no Brasil. O conceito visou fornecer um veículo de construção modular, cujo compartimento do motor (Power Pack) podendo ser blindado ou não. O 4Ws possui uma célula de sobrevivência, o compartimento da tripulação, que pode ser configurado para comportar de 2 a 10 soldados, dependendo da variante. Segundo a AVIBRAS o sistema de suspensão é do tipo independente nas quatro rodas com molas helicoidais progressivas com amortecedores hidráulicos. A suspensão faz um trabalho impressionante, absorvendo os impactos na cabine, reduzindo os solavancos comuns em terrenos irregulares e aliviando também o balanço lateral. Os freios são do tipo à disco ventilado nas quatro rodas, com duplo circuito e atuação hidropneumática e ABS. O Sistema de tração permite a utilização da viatura na configuração 4×2, visando à economia de combustível em deslocamentos por rodovias ou vias públicas pavimentadas; para deslocamentos fora da estrada, pode-se engatar a tração 4×4. O sistema possui bloqueio de diferencial dos eixos dianteiro e traseiro para casos de terrenos mais difíceis com lama, areia ou neve.
A viatura possui ainda um sistema automático de monitoramento, enchimento e esvaziamento dos pneus que permite o ajuste individual da pressão dos pneus do eixo dianteiro e do eixo traseiro com a viatura em movimento. Este sistema foi integralmente desenvolvido pela AVIBRAS e é de fabricação 100% nacional. Entretanto o maior diferencial do “Guará” 4WS (Four Wheel Steering), reside no seu sistema de esterçamento das rodas traseiras, que proporciona um raio de giro de menor diâmetro de 16 para 6 metros, sendo essa uma característica fundamental para operação no cenário urbano. O conceito de se utilizar um eixo traseiro esterçante em viatura 4×4 reside em uma categoria até então não explorada pois esse tipo de sistema já é empregado em veículos 6×6 e 8×8.Durante a produção desta matéria a AVIBRAS afirmou para Plano Brasil que há estudos sendo conduzidos de modo a ampliar ainda mais a agilidade do veículo de modo a capacitá-lo a efetuar esterçamento com raios de curva inferiores aos atuais seis metros.
Acima: A suspensão do Guará 4WS permite uma excelente performance em terreno acidentado.
PROTEÇÃO
Quanto a proteção, o projeto do “Guará” 4WS faz uso de blindagem modular add-on, permitindo que o nível de proteção possa ser configurado em função da missão e do tipo de ameaça presente. A proteção balística atende aos requisitos de proteção da norma OTAN STANAG 4569 e é classificado em nível 3, capaz de suportar impactos de projéteis perfurantes em calibre 7,62X51 mm AP.
O compartimento da tripulação do “Guará” 4WS possui proteções modulares, sob a viatura (casco em V) contraminas e explosivos improvisados (IED), igualmente em conceito modular, estes itens podem ser conforme o nível de ameaça previsto e também em conformidade com os requisitos de proteção da norma OTAN STANAG 4569 sendo classificados como Nível 2B permitindo proteção contra explosivos de até 6 kg em qualquer uma das 4 rodas. Opcionalmente e dependendo do nível de blindagem solicitado, o compartimento da tripulação da viatura “Guará” 4WS pode ser equipado com sistema anti estilhaçamento (Spall-Liner).
A blindagem transparente usada nos para-brisas e vidros laterais possui película protetiva anti estilhaçante. Além disso, todos os ocupantes viajam perfeitamente ajustados e amarrados por cintos de segurança em bancos do tipo anti–crash capazes de resistir a explosões, conferindo também mais segurança em caso de tombamento ou capotamento do veículo. Esses componentes são os mesmos empregados na família de veículos Astros.
Adicionalmente o compartimento da tripulação possui um sistema de pressão positiva, com sistema de filtragem, que assegura a qualidade do ar no interior da cabine. Opcionalmente é possível instalar um Sistema de proteção QBRN (Química, Biológica, Radiológica e Nuclear) com filtros padronizados, conforme preconiza a norma STANAG (NBQ).
Os quatro pneus da viatura possuem dispositivos toroidais tipo run-flat, que possibilitam a viatura se deslocar com segurança e dirigibilidade por muitos quilômetros mesmo quando estes estiverem furados ou rasgados.
Acima: Com uma blindagem com nível de proteção da norma OTAN STANAG 4569, o Guará SW "segura" impactos de munição 7,62 mm AP (Armor Piercing), ou "perfurante de blindagem".
PROPULSÃO
O “Guará” 4WS está equipado com um motor Cummins fabricado no Brasil que proporciona uma potência máxima de 250 cv. O mesmo fica alojado no Power Pack situado a frente do compartimento da tripulação e que pode ser configurado na forma blindado ou não, de acordo com a ameaça. O compartimento é projetado de modo a evitar que o motor, em caso de explosão ou choque, seja direcionado contra o compartimento da tripulação.
De olho no suporte logístico em nível nacional, a AVIBRAS escolheu o motor de fabricação nacional de modo a otimizar a sua operacionalização em solo brasileiro. A utilização de um motor nacional facilita a manutenção e reduz custos de operação pois existe uma grande rede de fornecedores que trabalham com esse motor podendo dar apoio para o usuário juntamente com a AVIBRAS.
O veículo possui câmbio automático Allison de seis marchas e o veículo de 10 ton possui capacidade de carga para 2,5 toneladas. O sistema de transmissão, suspensão e motor permitem ao veículo trafegar em estradas preparadas ou semi-preparadas a uma velocidade máxima de 120 km/h com uma autonomia de 700 km.
Desenhado para operar em qualquer terreno, o “Guará” 4WS pode transpor trechos alagados com até 1,2 m de profundidade. A capacidade de operar em terrenos irregulares é elevada, e o 4WS é capaz de transpor obstáculos verticais de 50 cm de altura, bem como inclinação frontal de 60º.
Quanto a mobilidade, além da velocidade e capacidade de giro inigualável a qualquer veículo de sua categoria atualmente existente, o “Guará” 4WS foi pensado para ser facilmente mobilizado por terra, ar e mar. Para tal, o veículo é compatibilizado para ser aerotransportado por aeronaves do tipo C-130 Hércules, KC-390 que por sua vez pode transportar até duas viaturas, podendo ser embarcado/ desembarcado de maneira rápida não exigindo preparação alguma. O mesmo também pode ser igualmente aerotransportado utilizando helicópteros pesados o que facilita sua capacidade de deslocamento em casos especiais.
Acima: Na fábrica da Avibrás, o Guará 4WS aparece ao lado de caminhões lançadores de foguetes Astros 2.
SISTEMAS DE ARMAS
A Viatura “Guará” 4WS possui como item de série um reparo giratório em sua escotilha no teto que permite a instalação de uma metralhadora de emprego geral calibre 7,62 mm ou de uma metralhadora pesada com calibre 12,7 mm e plataforma de atirador. Internamente, a plataforma do atirador possui altura ajustável em função da estatura do atirador.
Opcionalmente, a elevada capacidade de carga da viatura e a estrutura da cabine permitem a instalação de diversos sistemas de armas que vão desde uma torreta fechada com acionamento manual, como a Torre PLATT já em uso pelos VBTP-MR “GUARANI” ou mesmo, uma Estação de Armas blindada de operação manual para diferentes tipos de metralhadoras como a REMAN desenvolvida no Brasil pela Ares.
Outra opção são as estações de armas remotamente controladas como a torre REMAX já em uso pelo Exército Brasileiro a qual permite a instalação de armas que vão desde calibre 7,62 mm até canhão de 20 mm e integração da estação a arquitetura eletrônica da viatura. Graças as excepcionais qualidades e concepção do projeto, uma grande variedade de armas podem ser integradas ao Guará 4WS.
Acima: Aqui podemos ver uma torre PLATT que está instalada nos veículos blindados de transporte de tropa Guarani do Exército Brasileiro e que podem ser integradas ao Guará 4SW. A torre desta foto está equipada com uma metralhadora pesada M-2HB calibre 12,7x99 mm (.50BMG).
PERSPECTIVAS
Desde a sua concepção a viatura foi idealizada para atender tanto o mercado militar quanto as forças de segurança e mercado policial o que alarga ainda mais as possibilidades do 4WS.
Em nota ao Plano Brasil, a AVIBRAS afirma que apesar da escolha do Iveco LMV como vencedor do Programa Viatura Blindada Multitarefa, Leve de Rodas (VBMT-LR) a AVIBRAS segue confiante com uma possível aquisição do “Guará” 4WS pelo Exército Brasileiro. Inegavelmente outra possibilidade para a viatura é sua incorporação na família ASTROS como veículo de reconhecimento por exemplo além de outras atribuições dentro desta força.
Recentemente a viatura participou da Operação Formosa 2016 onde teve a oportunidade de operar com o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil. Neste exercício o veículo foi apresentado pela empresa como uma opção interessante para o complemento dos veículos Mowag Piranha IIIC e um substituto de parte da frota de veículos Land Rover Defender.
Na Força Aérea Brasileira o “Guará 4WS” poderia ser usado para o transporte de pessoal principalmente em operações de garantia da lei e da ordem e missões de medidas de controle de solo (MCS) onde a força encontra-se desprovida de qualquer tipo de veículo blindado que ofereça segurança aos militares envolvidos em tais missões.
Apesar de ser inegavelmente ser projetado para o cenário nacional, destacado pela preocupação com a capacidade logística e pós-venda, integração de sistema genuinamente nacionais, o conceito 4WS pode ainda vir a ser uma boa opção para clientes estrangeiros que necessitem de veículos semelhantes, algo que viria a ser mais atrativo caso houvesse o interesse nacional na aquisição do 4WS pelas nossas Forças Armadas e Forças de Segurança.
Acima: O Guará serviria muito bem para transporte da infantaria da Força Aérea Brasileira. Nesta foto, o protótipo do Guará nas cores da FAB.
CONCLUSÃO
Reconhecida mundialmente pela sua excelência e pela qualidade de seus produtos e sistemas de defesa, a AVIBRAS Indústria Aeroespacial desenvolveu uma excelente viatura que incorpora toda a tecnologia aplicada por ela em seus outros projetos de emprego militar de sucesso. O 4WS traz consigo um elevado índice de nacionalização dos componentes, que incluem desde os chassis de projeto AVIBRAS e fabricação nacional, até subsistemas de sobrevivência e integração às armas e reparos nacionais de outros fornecedores. Tudo isso junto contribui para um produto de ótimo custo, com garantia de fornecimento e suporte pós-venda de uma empresa 100% brasileira.
O projeto da AVIBRAS é uma aposta nacional e visa resgatar neste nicho de mercado atualmente ocupado exclusivamente por viaturas importadas a inserção de um produto nacional de qualidade. O 4WS foi desenvolvido através de um projeto inovador, o qual rompeu com o modelo tradicional de projetos até então existentes no mercado nacional, oferecendo um veículo atual e modular cujo projeto pode ainda evoluir incorporando as mudanças e necessidades vigentes no futuro.
Acima: O Guará tem uma boa modularidade podendo ser configurado para otimizar funções especificas.
VÍDEO
AGRADECIMENTOS
*Agradeço e dedico este trabalho ao Editor Chefe (e professor) Edílson Pinto pelas discussões técnicas e incentivos para o desenvolvimento desta matéria. Gostaria de agradecer também a Avibras Aeroespacial pelas informações e imagens cedidas para a realização desse artigo. Em especial Graziela Marques (Assessora de Imprensa do grupo Avibras), Marcos Agmar de Lima Souza gerente de desenvolvimento de negócios da Avibras. Também meus agradecimentos a Luiz Medeiros, Victor Barreira pelas imagens cedidas. (Anderson Barros)
Acima: O Autor Anderson Barros ao lado de Marcos Agmar de Lima Souza gerente de desenvolvimento de negócios da Avibras.
É muito pesado.
ResponderExcluirParabéns pela excelente matéria.quantas unidades já se encontram operacionais no Exército Brasileiro? Há interesse de clientes estrangeiros?Quais os concorrentes diretos dessa viatura no mercado externo?
ResponderExcluirObrigado Emerson.
ResponderExcluirO Brasil decidiu adquirir o excelente Iveco LMV ao invés do modelo da Avibrás. Não há nenhuma unidade em operação no país.
Abraços
Como sempre o Brasil não dando atenção ao que é seu !
ResponderExcluirOPERAÇÃO NO RIO TRAIRA EXERCITO BRASILEIRO CONTRA AS FARC NA SELVA https://www.youtube.com/watch?v=NFpvSkY5g5Q
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