quinta-feira, 3 de maio de 2018

BAe HAWK. O mestre falcão inglês.

FICHA TÉCNICA 
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,64 (784 km/h).
Velocidade máxima: Mach 0,85 (1040 km/h).
Razão de subida: 2820 m/min.
Potência: 0,50
Carga de asa: 70 lb/ft² (versão MK-100)
Fator de carga: +8 Gs; -4Gs
Taxa de giro: 16º/s (instantânea)
Razão de rolamento: 240º/s
Teto de Serviço: 13000 m.
Alcance: 2520 km
Empuxo: Um motor Rolls Royce Adour,MK-951 sem pós combustor, que produz 2948 Kgf de potência.
DIMENSÕES
Comprimento: 12,43 m.
Envergadura: 9,94 m.
Altura: 3,98 m.
Peso: 4400 kg
Combustível Interno: 1304 kg.
ARMAMENTO
3000 kg de cargas externas que podem ser distribuídas em 7 pontos fixos na versão LIFT das quais podem ser:
Ar Ar: Míssil AIM 9 Sidewinder,
Ar Terra: Míssil AGM-65 Maverick, Bombas de queda livre MK-82, 1 canhão Adem de 30 mm em casulo montado no ponto central sob a fuselagem, casulo de lançadores de foguetes SNRB de 68 mm.


DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
Quando o assunto “aeronave de treinamento” aparece num site ou em um blog como este, os leitores podem pensar com desdém ou imaginar que o assunto “legal” está acabando, uma vez que a grande maioria dos leitores deste blog se interessam por aeronaves de combate de alto desempenho como o Eurofighter Typhoon ou o Flanker. Se você se enquadra nesse “perfil” que descrevi acima, sugiro que leia atentamente sobre o pequeno avião que tratarei neste artigo, pois, certamente, ele já faz parte da história da aviação militar como um dos maiores sucessos de todos os tempos no segmento de aeronaves militares.
Concebido pela Hawker Siddley Aviation no final dos anos 60 (Sim!!! há mais de 40 anos!!!) o pequeno jato batizado, originalmente, de HS-1182, foi escolhido em 1971, para ser o novo jato de treinamento e conversão da RAF (Royal Air Force) ou Real Força Aérea Britânica assumindo o lugar do Jet Provost, do Gnat e do famoso Hunter. Dentre os protótipos, o modelo da Hawker Siddley Aviation designado de  HS-1182 foi escolhido pela RAF e posteriormente foi rebatizado de Hawk em 1973. A Hawker Siddley, posteriormente, se juntou com outras empresas aeroespaciais e formou a gigante British Aerospace (BAe).
Acima: Rara foto dos 4 primeiros protótipos de testes do BAe Hawk. O camuflado é o segundo protótipo.
As características aerodinâmicas do Hawk e sua robusta construção  proporcionaram a ele uma qualidade de voo e uma agilidade notável de forma que logo a equipe de demonstração aérea britânica Red Arrows adquiriu o modelo e o mantém em uso até os dias atuais, e com certeza continuará usando este excelente avião por décadas ainda. O Hawk possui capacidade de manobra elevada para sua categoria e pode puxar curvas instantâneas de cerca de 16º/seg e sustentar  14º/seg e uma carga de 8 Gs positivos e 4 Gs negativos. Esses dados são superiores a o nosso conhecido caça F-5EM, uma aeronave de combate antiga, mas com proposito de ser um caça dedicado.
O Hawk não foi projetado apenas para ensinar a pilotar. Na verdade, ele foi pensado para ensinar a lutar e por isso seu projeto previu o uso de armamentos desde o início, de forma que ele pode ser usado para ataque leve e combate aéreo de curto alcance, como para defesa de ponto.
Sua propulsão, nos modelos iniciais do Hawk, ficava a cargo de um pequeno motor Rolls Royce/ Turbomeca Adour MK-151-1 sem pós-combustor que produz um empuxo de 2356 kg. Este motor já permitia ao Hawk um bom desempenho. Porém, com novas versões sendo projetadas, aprimorando o avião e seu desempenho, os Hawks, a partir da versão Hawk 100 passaram a receber um novo e mais potente motor Rolls Royce Adour,MK-951 sem pós combustor, que produz 2948 Kgf de potência que faz o Hawk atinjir velocidade máxima de 1038 km/h em linha reta. A eficiência do motor, somado a uma capacidade de 1304 kg de combustível transportado internamente, dão ao Hawk um alcance de 2520 km. Nada mal para um jato pequeno de treinamento!
Acima: Pequeno, com desenho "limpo" e com uma agilidade soberba, o Hawk estava a frente de seu tempo quando foi projetado. Certamente que será uma aeronave com forte presença em muitas forças aéreas por mais décadas a frente.
Os primeiros Hawks, conhecidos como Hawk T-1 não tinham sensores, de forma que sua configuração era bastante básica. As versões mais recentes, no entanto, são melhores equipadas. A versão Hawk 100, por exemplo, tem um telêmetro a laser e um sensor FLIR montado no nariz, deixando esta parte do avião mais comprida que o Hawk original. O modelo Hawk 200, monoposto destinado ao uso exclusivo de combate, possui um radar AN/APG-66H derivado do radar dos modelo inicial do caça leve F-16. Esta versão tem um alcance de detecção inferior ao usado nos caças F-16A tendo alcance de 70 km contra alvos aéreos coRCS de mais de5m² podendo operar em modo de busca ar ar a e ar superfície. Além disso, essas versões mais modernas, receberam o sistema de alerta de radar RWR que informa ao piloto quando um radar hostil estiver rastreando o Hawk. Foi instalado, também, um lançador de iscas infravermelhas flares e de radar chaff fabricado pela empresa Vinten. Esse sistema pode operar automaticamente ou manualmente, se o piloto, assim quiser.
O cockpit do Hawk está configurado com o sistema HOTAS (mãos no comando e no acelerador) e um HUD. O painel é bastante similar ao de um caça de 4º geração, o que facilita a adaptação de um piloto que treinou no Hawk para passar a um caça de maior desempenho.
Acima: O Hawk 200 é a versão de combate dedicado do Hawk. Conceitualmente trata-se de uma aeronave de baixo custo operacional, mas com capacidade de combate aéreo e de ataque leve. Seu desempenho subsônico, no entanto, limita sua eficácia em missões de interceptação.
Como dito no início deste artigo, o Hawk possui uma capacidade ofensiva que foi planejada desde sua concepção. Assim, os Hawks iniciais eram armados com bombas de queda livre (bombas burras), casulos lançadores SNEB de foguetes de 68 mm, além de um canhão Aden removível em calibre 30 mm, montado em um casulo no pilone central da fuselagem. Este canhão possui uma cadência de 1700 tiros por minuto e sua munição tem alcance de 1500 m. São transportados 120 munições de 30 mm para este canhão. Já as versões mais modernas do Hawk, podem ser armadas com mísseis ar ar AIM-9L Sidewinder, guiados por infravermelho (IR). Esta versão do Sidewinder tem alcance de 18,5 km, contra alvos vindo do quadrante frontal. Outro importante incremento na capacidade ofensiva do Hawk foi a integração do potente míssil ar superfície AGM-65 Maverick que pode ser guiado por Infravermelho (IR), TV, ou Laser, dependendo da versão.
Acima: O Hawk 127 representa uma das gerações recentes da extensa familia de treinadores, e já equipada para ser empregada em combate como o exemplar da foto. Aqui o Hawk da força aérea australiana aparece armado com um míssil ar ar AIM-9L Sidewinder, na ponta da asa e uma bomba de queda livre de MK-81.
A Marinha dos Estados Unidos (US Navy) encomendou o Hawk em 1981 em uma versão modificada que pudesse ser operado em porta aviões para treinar seus novos pilotos em operações navais. O modelo norte americano é chamado de T-45 Goshawk e é fabricado, sob licença, pela Boeing. Foram construídas duas versões do Goshawk. A versão A e a mais recente versão C, que totalizaram mais de 200 unidades construídas em solo norte americano. O modelo T-45 deriva do Hawk MK-60, porém usa um motor diferente, o Rolls Royce F-405-RR-401 que produz 2675 kg de potência. É interessante observar que transformar o Hawk em uma aeronave embarcada levou a uma extensa lista de problemas tecnicos que a Boeing precisou resolver com muito esforço e investimento de muito tempo. Entre o protótipo do T-45 ser apresentado e a aeronave estar efetivamente pronta para uso em navios aeródromos (os porta aviões) foram 6 anos. O T-45 tem um freio aerodinâmico composto por duas paletas que se abrem na parte traseira lateral da fuselagem, diferentemente dos Hawks originais que tinham uma unica e grande paleta na parte de baixo da fuselagem.
Acima: Os Estados Unidos operam o Hawk como treinadores para os futuros aviadores navais. O modelo é designado T-45C Goshawk e aqui ele aparece pousando no porta aviões USS George H. W. Bush, CVN-77.
Mesmo sendo um projeto antigo, o Hawk tem mostrado fôlego para novas exportações, graças a seu soberbo desempenho e sua flexibilidade de emprego devido a sua capacidade ofensiva. O Hawk deverá se manter em linha de produção por muitos anos ainda e seu uso continuará por décadas graças a os novos operadores que tem encomendado este pequeno jato. A versão mais recente deste jato é a AJT (Advanced Jet Trainer), atualizada com sistemas que o tornam mais próximo dos caças de 4º e 5º geração que os futuros pilotos terão em suas mãos.
O Brasil poderia fazer um excelente uso deste avião uma vez que seus AT-26 Xavante foram aposentados e substituídos por um avião turbo propulsado (os AT-29 Super Tucano), cujo desempenho é muito abaixo do ideal para treinar os novos pilotos de caças a jato devido ao comportamento aerodinâmico totalmente diferente, o que criou um "gap" na passagem dos pilotos formados para a aviação de combate de primeira linha.
Acima: O Hawk 127 armado com dois mísseis de curto alcance AIM-9L Sidewinder pode surpreender em um combate de curto alcance.

Abaixo: O vídeo que segue, mostra uma série de passagens em alta velocidade do Hawk MK-60 (uma das versões antigas e ainda em uso) sobre o porta helicópteros Ocean, adquirido pela marinha do Brasil e já foco de artigo no WARFARE Blog.


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