domingo, 1 de julho de 2018

BAE SYSTEMS L-85A2. A serviço de vossa majestade!


FICHA TÉCNICA (L-85A2)
Tipo: Fuzil de assalto.
Miras: Normalmente, uma L-9A1 SUSAT (Sight Unit Small Arms) Diversos modelos, miras reflex e ópticas, todas instaladas sobre o trilho picatinny
Peso: 4,1 kg (vazio).
Sistema de operação: Aproveitamento de gases e ferrolho rotativo.
Calibre: 5,56x45 mm, 22LR (treinamento).
Capacidade: 30 munições.
Comprimento Total: 78,5 M
Comprimento do Cano: 20,3 pol.
Velocidade na Boca do Cano: 970 m/seg
Cadência de tiro: 700 tiros/ min.

DESCRIÇÃO
Por John Ironhead
Atendendo a pedidos, o artigo desta semana será sobre o não tão famoso, porém importante fuzil britânico L-85A2, a segunda geração de um conceito chamado Small Arms 1980 ou, simplesmente, SA-80. Trata-se de um projeto de armas individuais que visaram substituir o velho fuzil FAL inglês, também conhecido como L1A1, além de fornecer um fuzil de apoio de fogo L-86 LSW.
Os britânicos se inspiraram nos antigos projetos bullpup do inicio do século 20, para se conseguir uma arma que fosse compacta e ao mesmo tempo precisa como um fuzil convencional. O primeiro modelo desse projeto foi o SA-80IW (Individual Weapon), lançado em 1969, uma arma com desenho futurista, e carregado com uma munição exclusiva, o 4,85X49 mm. Porém, a Inglaterra, integrante da organização do tratado do Atlântico Norte, acabou trocando de calibre para o 5,56X45 mm, que foi padronizado para as nações integrantes da OTAN. Nascia assim o novo fuzil L-85A1. Esteticamente, muito similar ao modelo atual, o L-82A-1, apresentou muitos problemas mecânicos que colocaram em cheque a confiabilidade da arma, uma falha que é inadmissível para um fuzil de combate.
Acima: O protótipo do SA-80IW, também designado XL-65 tinha um desenho futurista e usava um cartucho específico para ele, em calibre 4,85X49 mm.
Para solucionar os problemas relacionados a confiabilidade, a poderosa empresa alemã Heckler & Koch, ou “HK”, como é mais popularmente conhecida, foi contratada no ano 2002 para aperfeiçoar o projeto do L-85 (e do L-86). Após o processo de modernização pelo qual passou o L-85, o modelo foi rebatizado de L-85A2, e como resultado das mudanças, houve uma grande melhoria na confiabilidade mecânica e na precisão da arma. Uma das melhorias visíveis, foi a mudança do desenho da alça do ferrolho que originalmente tinha um formato de pino, e que atrapalhava o processo de ejeção das capsulas deflagradas causando falhas de alimentação, por um modelo em forma curva e vertical que acabou com essa deficiência.
Acima: Devido a padronização da munição calibre 5,56X45 mm na OTAN, organização da qual a Inglaterra faz parte, decidiu-se por substituir a munição original do projeto para o calibre adotado pelos países da aliança militar. o modelo L-85A1 foi então adotado pelas forças armadas inglesas.
O L-85A2 funciona com ação de gases do disparo que movem, através de um pistão, um ferrolho com trancamento rotativo com 7 ressaltos, que ejeta o cartucho deflagrado e posteriormente, coloca um novo cartucho na câmara. O L-85A2 tem uma cadência de 700 tiros por minuto e seu carregador é o padrão STANAG usado pelo popular M-16/AR-15, e a maioria dos fuzis ocidentais, com capacidade de 30 munições. Nesse ponto vale observar que o L-85A1 tinha como
 um dos problemas, a fragilidade da caixa do carregador, que amassava facilmente dificultando a inserção do carregador ou mesmo inviabilizando essa operação. Este problema foi solucionado na versão L-85A2. Hoje, além do carregado de aço, há um carregador de polímero com janelas transparentes para uma rápida visualização da quantidade de munição disponível que foi fabricado pela Magpul, uma competente industria norte americano de acessórios para armamentos.
Uma característica que considero negativo (e acredito que muitos operadores também consideram) é a falta de capacidade de troca de lado das teclas de seletor de tiro, assim como a janela de ejeção.

Acima: O L-85A2, modelo aperfeiçoado pela HK, tem como maior diferencial externo a alavanca do ferrolho que tem um desenho curvo para cima e menos proeminente horizontalmente.
O L-85A2 possui um sistema de mira óptico exclusivo chamado de L-9A1 SUSAT (Sight Unit Small Arms) com aumento de 4X e com um retículo em forma de “obelisco”, ao invés do tradicional retículo em forma de cruz. Esse sistema óptico foi muito bem aceito pela tropa, pois permite engajamentos rápidos e boa precisão a distancia de até 600 metros. Originalmente o L-85 não facilitava a instalação de acessórios, porém atualmente existem kits que substituem a telha do L-85 por uma nova equipada com trilhos de acessório tipo picatinny, o que facilitou muito a integração de acessórios como o lança granada alemão HK  AG-36 em calibre 40X46 mm. Esse lançador de granada tem um alcance de 400 metros para um alvo de área e de 150 metros para um alvo específico.
Acima: O L-85A2 equipado com um lançador de granadas HK AG-36 de 40 mm. Notem que o guarda mão é totalmente diferente para poder adaptar o lança granadas.
Uma versão ultracurta do L-85A2, chamada de L-22A2 foi fornecida as tripulações de carros de combate do exército britânico. Esta versão tem um cano de 17,4 polegadas e a telha foi substituída por uma manopla de manejo abaixo do cano. O comprimento total do modelo é de apenas 71 cm. O L-85A2 tem 78,5 cm de comprimento total e um cano de 20,4 polegadas. Há, ainda, a versão de apoio de fogo, chamada L-86 LSW (Light Support Weapon), cujo cano é consideravelmente mais longo (26 polegadas) e com um bipé próximo a o final do cano. Esta versão usa o mesmo carregador de 30 cartuchos das outras versões do L-85, sendo, portanto, limitado, em termos de poder de fogo quando comparada com modelos que fazem uso da cinto de elos metálicos para alimentação da arma, como a Minimi, já apresentada nesse blog.
Acima: A ultra compacta versão L-22A2, idealizada para poder ser transportada dentro de viaturas e aeronaves para que seus tripulantes tenham uma arma de defesa individual adequada para combate.
Abaixo: Em contraste com a pequena L-22A2, a arma de superte de fogo L-86A2, possui o cano bem mais longo. Seu limitado poder de fogo dado pelo carregador de 30 munições, no entanto, faz com que esta arma esteja em desvantagem contra as metralhadoras leves como a FN Minimi ou a HK MG-4 que são alimentadas por cinto de munições que dão muito maior poder de fogo
Mais recentemente, em 2016, foi apresentado uma nova versão atualizada do l-85 que foi chamada de L-85A3. Nesta versão a principal modificação foi a substituição do guarda mão por um modelo, também equipado com trilhos abaixo e com pontos de fixação laterais para trilhos removíveis e acessórios. A parte superior da arma possui um trilho picatinny integral que pega toda a extensão do guarda mão e da tampa da caixa da culatra. esse trilho permite facilitar o uso de uma maior variedade de sistemas de visada que as variantes anteriores. Com essa proposta de modernização, espera-se que o Exército Britânico adquira estas versões para manter por mais tempo em serviço esta família de fuzis de assalto dentro do programa local "soldado do futuro" conhecido como Future Integrated Soldier Technology (ou FIST).
Acima: A ultima versão deste fuzil é o L-85A3 mostrado na foto acima. O modelo recebeu melhorias na ergonomia e na capacidade de integração de equipamentos.
Além da Inglaterra, somente a Jamaica usa este fuzil, evidenciando a pouca aceitação do modelo no mercado internacional. Embora existam varias forças armadas do mundo que adotam fuzis com a configuração bullpup, percebe-se que a maioria das forças armada ainda resiste a essa configuração. O motivo parece ser mais relacionado a um excesso de conservadorismo por parte das autoridades que são responsáveis pela aquisição de armamentos para suas forças armadas do que qualquer outra coisa.
Acima: Nesta foto temos dois fuzis L-85A2. O de cima, está com um guarda mão modificado para facilitar a integração de equipamentos como a manopla de apoio que o exemplar apresenta. Atualmente esta é a versão usada pelas forças armadas inglesas.
Embora eu tenha uma preferência pela configuração convencional em fuzis, eu admito que a configuração bullpup traz alguns benefícios muito interessantes para o campo de batalha, como por exemplo, a diminuição do comprimento total da arma sem, com isso, ter que diminuir o tamanho do cano e consequentemente prejudicar as características balísticas da munição. Porém, considero alguns fuzis bullpup, como o L-85, pouco ergonômico. O modelo austríaco AUG, já descrito aqui no Full Metal Jacket é um bullpup que tem esse aspecto negativo amenizado, de forma que o considero a melhor bullpup em uso.
Acima: Soldado inglês portando seu L-85A2 modernizado.

Acima: O novo fuzil L-85A3 em testes pelo exército inglês.


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