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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

FORÇAS ESPECIAIS ALEMÃS SERÃO OS PRIMEIROS USUÁRIOS MILITARES DO NOVO FUZIL HK-437


HK-437 calibre 300 Blackout

Os militares alemães estão comprando uma versão do rifle HK433 com câmara .300 Blackout para suas forças de operações especiais.

As forças armadas alemãs serão os primeiros operadores militares (forças de segurança já utilizam) de uma versão do rifle de assalto HK-433 da Heckler & Koch. Diz-se que a comunidade das forças de operações especiais da Alemanha está em processo de aquisição de uma versão especializada de cano curto com supressão de som do HK-433, conhecida como HK-437, que está configurada para calçar munição calibre 300 Blackout. Criado nos Estados Unidos, o 300 Blackout foi projetado especificamente para oferecer uma combinação ideal de precisão e potência, mesmo quando disparado de armas exatamente com esse tipo de configuração com cano mais curto.
O site alemão de notícias de defesa e segurança Hartpunkt, relatou pela primeira vez a aquisição planejada pelos militares do país dos HK- 437, que, segundo eles, receberão a designação G-39. Citando “círculos bem informados”, o veículo disse que o contrato entre as forças armadas alemãs, ou Bundeswehr , e a Heckler & Koch para essas armas foi assinado no início de fevereiro de 2024. Esse acordo é supostamente para um lote inicial de 176 armas, juntamente com supressores e outros itens auxiliares. Espera-se que a Bundeswehr compre 988 HK437s.
O relatório da Hartpunkt diz que os HK-437 serão substitutos para as variantes restantes da icônica série Heckler & Koch 9x19mm MP-5SD de submetralhadoras com supressor de ruído integral ainda no serviço de operações especiais alemão.
A Heckler & Koch apresentou publicamente o HK-433 em 2017 . O serviço policial do estado alemão de Schleswig-Holstein se tornou o primeiro grande cliente conhecido de qualquer tipo a comprar variantes do HK-433 quando anunciou que estava comprando HK-437 no .300 Blackout em 2022.
Fuzil HK-433, modelo base da família.

sábado, 16 de setembro de 2023

FB MSBS GROT - Uma solução independente para a infantaria polonesa.


MSBS GROT
FICHA TÉCNICA
Tipo: Fuzil de assalto.
Miras: Dispositivos mecânicos ou ótico, fixado no trilho picatinny.
Peso (vazio): 3,65 kg
Sistema de operação: A gás com pistão de curso curto com trancamento rotativo do ferrolho.
Calibre: 5,56 x 45 mm.
Capacidade: 30 munições.
Comprimento Total: 90 cm (versão básica com coronha estendida); 67 cm com c coronha dobrada.
Comprimento do Cano: 16 polegadas.
Velocidade na Boca do Cano: 890 m/seg.
Cadência de tiro: 700 a 900 tiros/ min.

Por Carlos Junior
Durante as décadas que se seguiram ao fim da II Guerra Mundial, a criação do Pacto de Varsóvia, a Polônia, um dos países dessa organização que antagonizou suas forças com as da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) até o fim da União Soviética  em 1991, devido a forte influencia soviética, usava muitos dos mesmos armamentos desenvolvidos pelos russos. E quando não eram armas russas, eram armas de projeto polonês com forte influencia da tecnologia russa.
Depois muitos acontecimentos geopolíticos que aconteceram depois da queda da cortina de ferro, a Polônia se tornou membro da OTAN (um importantíssimo membro, diga-se de passagem), e até os dias atuais ainda se vê alguns armamentos que são bastante influenciados pela época  do Pacto de Varsóvia. O fuzil padrão da infantaria do exército polonês é o Beryl, uma arma baseada na plataforma AK, mas com varias modificações incorporadas pela indústria local. Esse fuzil está em fase de substituição pelo mais moderno fuzil GROT do qual trataremos a partir de agora.
O fuzil BERYL M762, um derivado do AK-74, é o fuzil padrão da infantaria polaca atualmente. Até o final da década de 20 deverá estar aposentado pelo GROT.

A transição da doutrina soviética para a doutrina ocidental empregada dentro do âmbito da OTAN tem norteado a modernização das forças armadas polonesas como um todo. São carros de combate de origem russa T-72 dando lugar a tanques M-1 Abrams, K-2 Black Panther e Leopard 2. Na força Aérea Polonesa, caças MIG-29 e Su-22 estão dando lugar para caças F-16 e F-35, de fabricação norte americana. Assim, a infantaria polonesa também precisou de um novo armamento  mais alinhado com o que é empregado por seus novos aliados.
O projeto do novo fuzil se deu a partir de 2007, pouco depois da entrada da Polônia na OTAN e a ideia foi a de ter um armamento nacional com características alinhadas com o padrão OTAN para esse tipo de arma. A empresa encarregada de projetar o novo fuzil foi a Fabryka Broni Radom (FB). Os primeiros protótipos foram apresentados em 2009 e em 2012, o ministério da defesa da Polônia adquiriu uma pequena quantidade de fuzis Bushmaster ACR e a partir desse momento, muitas mudanças no projeto original do GROT foram implantadas, tornando a arma visivelmente inspirada no modelo norte americano. 
O projeto do GROT foi norteado pelo conceito de modularidade como muitas armas modernas assim são projetadas. 
A FB produziu duas versões, uma configurada como um bullpup chamada de  MSBS-5.56B Radon-B e outra com uma configuração tradicional, com o carregador a frente da empunhadura, chamada de MSBS-5.56K Radon-K. 
Aqui temos dois protótipos do MSBS Grot. Observem a versão bullpup em cima. Esta versão, embora não tenha sido adotada pelas forças militares polacas, ainda está disponível para futuros usuários.
Em 2016, as forças armadas polacas adotaram a versão tradicional e a arma foi batizada de MSBS Grot. Os exemplares dos lotes iniciais foram entregues a soldados com menor experiência para que eventuais problemas do projeto fossem expostos, o que de fato acabou acontecendo, sendo que muitas falhas, notadamente de controle de qualidade, levaram a uma sequencia de diversos problemas como uma tendência do regulador de gás, simplesmente soltar e cair da arma. Quebras da coronha em polímero, assim com danos na estrutura do poço do carregador  também aconteceram gerando insatisfação nos militares que usaram o armamento. No entanto, a ideia era exatamente essa, encontrar problemas com este armamento de projeto novo e desenvolver ele para que o armamento a ser produzido em massa fosse o mais perfeito possível. Atualmente o Grot teve todas essas fragilidades resolvidas e o armamento está sendo entregue a tropa e se tornará o fuzil padrão da infantaria polaca até o final da década de 20.
Aos poucos os fuzis Grot está chegando às mãos dos soldados do exército da Polônia.
O Grot opera através da ação de gases que empurram um pistão de curso curto (como no ACR da Bushmaster e no HK-416), o que garante um funcionamento mecânico extremamente resiliente, com baixíssimo índice de panes de tiro. O trancamento se dá por ferrolho rotativo com 7 "dentes". A tecla seletora de tiro/ segurança possui 3 posições: Safe (travada), Tiro (intermitente) e Auto (rajada). Não há opção para rajada curta, um recurso que aparentemente, tem sido abandonado nos novos fuzis. Todos os controles da arma são ambidestros. A janela de ejeção pode ser trocada de lado apenas desmontando a culatra e trocando a tampa da janela de lado. O regulador de gás é manual e a alavanca de manejo do ferrolho está montada dos dois lados da arma e ela não é recíproca (não se move durante o trabalho de ciclagem da arma no disparo).
Muitos componentes do fuzil Grot apresentaram problemas de projeto e de qualidade no primeiro lote. Os problemas foram solucionados no projeto e os novos lotes estão sendo entregues com as melhorias.

O fuzil Grot possui trilho picatinny 22 mm montado integralmente sobre sua parte superior da arma e em um trilho menor na parte de baixo do guarda mão. Além disso, nas laterais e na parte de baixo do guarda mão, também há  encaixes de acessórios no padrão M-Lock que estão sendo bastante comuns e permitem além de um bom sistema de acoplamento de equipamentos, uma ventilação para o cano.
O fuzil pode usar miras de aço dobráveis que são removíveis, fixadas no trilho superior picatinny. Miras óticas como red dot (reflexivas) e lunetas podem ser instalados também junto com as miras de aço dobráveis.
O Grot pode usar carregadores STANAG 4179 que são os mesmos dos fuzis M-16/ AR-15 e que se tornaram um elemento padronizado em muitos modelos de fuzis ocidentais. No entanto, o modelo de carregador que é fornecido com o Grot é produzido em polímero com acabamento translucido. Esses carregadores são produzidos com capacidade para 10, 30, 60 e 100 tiros.
A coronha do Grot é dobrável, e telescópica. Existe um apoio para a cabeça que se levanta  também, para dar maior conforto para disparos com uma visada mais cuidadosa.
Além da Polônia, as forças de combate nas linhas de frente contra a invasão russa da Ucrânia estão recebendo fuzis Grot também.
A FB possui versões do Grot configuradas para munições russas em calibre 7,62X39 mm e está em desenvolvimento um modelo projetado para usar a potente munição 7,62X51 mm. Essa ultima está sendo chamada de Grot 762N que será um fuzil destinado para emprego por atiradores designados. Por isso esta versão será exclusivamente semi- automática. Essa versão foi adquirida pelo exército polaco em fevereiro de 2023 para substituir os velhos fuzis da era soviética  Dragunov SVD para seus atiradores designados.
Acima temos o novo fuzil Grot 762N para uso de disparos de precisão.

Além da Polônia, a Ucrânia recebeu 10000 unidades do fuzil Grot para ajudar em sua guerra contra a Rússia o que vai ajudar a avaliar o desempenho da arma em condição de combate real. A Polônia encomendou 184 mil fuzis para suas tropas que devem estar entregues até o final de 2026.
Fuzil Grot padrão com cano de 16 polegadas
       
Versão carabina com cano encurtado para 10 polegadas

Fuzil Grot equipado com lançador de granadas de 40 mm

       
                    

terça-feira, 16 de maio de 2023

FN HERSTAL F-2000 - Um moderno bullpup que teve vida curta.


Fuzil FN Herstal F-2000
FICHA TÉCNICA
Tipo: Fuzil de assalto bullpup.
Miras: Ótica, com ponto eletrônico ou outros tipos de miras fixadas em trilhos picatinny.
Peso (vazio): 3,57 kg
Sistema de operação: A gás com trancamento rotativo do ferrolho.
Calibre: 5,56 x 45 mm.
Capacidade: 30 munições.
Comprimento Total: 68,8 cm (versão básica)
Comprimento do Cano: 16 polegadas.
Velocidade na Boca do Cano: 900 m/seg.
Cadência de tiro: 850 tiros/ min.

Por Carlos Junior
Para as pessoas menos habituadas com armas de fogo, a visão de um rifle bullpup acaba parecendo algo estranho. É como se alguma coisa na arma estivesse fora do lugar. Para os tradicionalistas, aquele carregador atrás da empunhadura, realmente incomoda. Mas tudo bem, o objetivo desse desenho não é ganhar um concurso de beleza. Esse desenho permite que o fuzil tenha um tamanho reduzido, sem prejuízo da precisão e do alcance da arma, já que o cano continua tendo o tamanho “normal”, em torno de 15 ou 20 polegadas. Muitos fuzis deste tipo têm desenho futurista, mas nenhum é tão ousado o moderno fuzil FN F-2000.
Originalmente, o F-2000 foi disponibilizado com uma mira óptica com aumento de 1.6X e com capacidade de visão noturna
O fuzil F-2000 foi desenvolvido para ser um fuzil modular que pudesse ter partes externas substituídas,  rapidamente sem o uso de ferramentas. Por isso, a incorporação de acessórios como lança granadas, lanternas e outros dispositivos são fáceis de se montar. A arma é operada por ação de gases que movimenta um pistão de curso curto e trancamento por ferrolho rotativo, o que garante uma alta confiabilidade a todo o sistema, mesmo sob precárias condições de limpeza. Mas o mais interessante nesta arma é o fato da FN Herstal ter se preocupado com  a janela de ejeção dos cartuchos deflagrados, que em armas bullpup, ficam muito próximo ao rosto do atirador, o que poderia acarretar algum acidente, na hora do disparo. No F-2000, a FN conseguiu inovar e montou um sistema de ejeção que lança os cartuchos deflagrados para frente, através de uma espécie de "calha", pela lateral direita da arma.
Observe nessa foto a parte da frente do F-2000 aparece um cartucho deflagrado sendo ejetado, através da canaleta que segue em paralelo ao cano da arma. 
Como não poderia deixar de ser, o FN-2000 possui trilhos do tipo picatinny, como em todos os novos projetos ocidentais, o que melhora muito a flexibilidade de uso da arma. O trilho está montado sob toda a parte de cima da arma. No entanto, esse equipamento  nas laterais só é fornecido de fábrica na versão TR. Nesse ponto é interessante observar, que o F-2000, quando lançado no mercado, era fornecido com um sistema de mira eletrônica de grande proporções sendo retirado esse sistema posteriormente.
O calibre escolhido para o projeto do F-2000 foi onipresente 5,56 mm, para facilitar a exportação desta arma para países que já possuem um grande estoque dessa munição, permitindo uma importante economia, no caso de se optar por usar o F-2000. O carregador é o mesmo do M-16 /AR-15 STANAG 4179, que foi escolhido pelo mesmo motivo do uso da munição 5,56 mm, ou seja, redução de custos e facilidade de encontrar esses carregadores em muitos países. A arma é feita quase que inteiramente de polímero o que permite uma considerável diminuição do peso geral da arma.
A versão F-2000S foi desenvolvida especialmente para o exército da Eslovênia, e entre os modelos táticos é o mais completo.
A FN Herstal encerrou a produção do F-2000. Claramente que essa decisão de terminar a linha de montagem dessa arma teve a ver com o foco no seu fuzil SCAR já descrito nesse site e que, teve um impacto muito grande no mercado internacional sendo adquirido por muitas forças policiais no mundo todo e em varias forças armadas. Atualmente, o F-2000, continua em uso por alguns países, sendo eles Espanha, Eslovênia, Arábia Saudita, Polônia, Peru, Paquistão Índia, Timor Leste Bélgica. Nesses países todos, no entanto, seu uso se dá por forças de elite e não como arma padrão de seus exércitos.
O F-2000 pode ser equipado com um lançador de granadas de 40 mm FN EGLM.



          

                

segunda-feira, 6 de março de 2023

GALERIA: Força-Tarefa Sombra no exercício Escudo Bolivariano

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 6 de março de 2023.

Operadores venezuelanos da nova "Fuerza de Tarea Sombra" (Força-Tarefa Sombra) durante o XII Curso Especial de Treinamento Tático em Contraterrorismo, na quinta-feira, 4 de março de 2021. Os operadores estão armados com as novas carabinas bullpup chinesas QBZ-97B. Armamento chinês está começando a aparecer em quantidade na Venezuela, entre os vários modelos QBZ, essa manobra apresentou o fuzil sniper anti-mateiral NBR13/SG-50.

Essas atividades fizeram parte do exercício militar Escudo Bolivariano "Supremo Comandante Hugo Rafael Chávez Frías", do Comando Operacional Estratégico da Força Armada Nacional Bolivariana (Comando Estratégico Operacional de la Fuerza Armada Nacional Bolivariana, CEOFANB), e ocorreram em Barinas, na Venezuela.

Insígnia do Exercício Escudo Bolivariano
"Supremo Comandante Hugo Rafael Chávez Frías".

O evento foi o ponto culminante do XI Curso Especial de Treinamento Tático em Contraterrorismo (XI Curso de Entrenamiento Táctico Especial en Contraterrorismo) e do início do curso XII da mesma especialidade. Foram realizados exercícios militares, segundo a FANB, com a intenção de aumentar a prontidão operacional, e de combater e expulsar ameaças externas de grupos terroristas dentro do território nacional.

A manobra foi divulgada pelo CEOFANB através da sua conta oficial da rede social Twitter @Libertad020 (hoje suspensa), onde afirmava: “Foi realizada uma demonstração, onde foi utilizada a Força-Tarefa Sombra, composta por várias equipes cuja missão era reconhecimento, localização, busca e neutralização de grupos terroristas que ameaçam a paz e a tranquilidade em um território”.

Uma das novidades foi o início do Curso Básico Piloto RPAS X  de drones, chamado assim para Remotely-piloted aircraft system (Sistema de aeronave remotamente pilotada). O Batalhão de Drones (Batallón de Drones) do CEOFANB é uma unidade recém-criada e faz parte da Força-Tarefa Sombra. O batalhão realizou uma demonstração com drones (Veículo aéreo não-tripulado, VANT) controlados por um posto de comando móvel dotado de computadores. Durante o exercício, o batalhão manobrou com um drone não-identificado dotado de câmeras de alta tecnologia. A insígnia desse batalhão é um drone com uma caveira.

Operador do VANT com a insígnia do batalhão.

O VANT.

O posto de comando do VANT.

No que diz respeito aos equipamentos pessoais, destacam-se capacete com estroboscópio de infravermelhos, visão noturna monocular, óculos de proteção e conjunto de comunicações; coletes, joelheiras, cotoveleiras e luvas táticas com proteção balística. Além disso, o uniforme e o capacete carregam fitas refletoras infravermelhas para identificação amigo-inimigo.

Operador com a metralhadora Minimi,
notar as fitas refletoras.

Operador com Minimi e cintas de munição.

O Twitter oficial do CEOFANB também postou as típicas palavras de ordem do regime:

¡Chávez vive, la Patria sigue!
¡Independencia y patria socialista!
¡¡El sol de Venezuela nace en el Esequibo!
¡Por ahora y por siempre!
¡VENCEREMOS!

O Almirante-em-Chefe Remigio Ceballos Ichaso (centro) assistindo ao exercício.

O Comandante Operacional Estratégico da FANB, A/J Remigio Ceballos Ichaso, afirmou:

“A FANB possui uma Força Tarefa de Combate ao Terrorismo totalmente testada, seus combatentes são altamente qualificados e treinados para combater ameaças presentes e futuras, de caráter nacional e transnacional. Integrar é Vencer!”

Da mesma forma, destacou que a dignidade é a força da Força Armada Nacional Bolivariana, "não aceitamos interferência estrangeira de ninguém, não aceitaremos que qualquer potência estrangeira venha impor sua política, nunca a aceitaremos", enfatizou.

O almirante falando com as tropas.

O exercício incluiu a tomada de uma estrutura abrigando "terroristas". Durante o assalto, os comandos da Força-Tarefa Sombra apresentaram um armamento de origens variadas, como é comum na Venezuela.

Os fuzis prevalentes na FANB são o AK-103 de fabricação russa e o fuzil FN FAL belga que deveria ter sido substituído pelo fuzil Kalashnikov, o qual deveria ser produzido pela CAVIM. Além desses, os venezuelanos têm uma miríade de outros fuzis exóticos de estoques díspares da família M16 e M4, M14, Steyr AUG e FN FNC. Nos últimos anos, houve uma crescente incorporação dos fuzis MPi-KM-72 e MPi-KMS-72, o AK47 de fabricação alemã-oriental que andou aparecendo nas mãos da FAES. Há também um punhado de fuzis comprados para avaliação como o FAMAS F1 e G2, o Vektor R4/R5 e Vektor CR-21, além de outros modelos; alguns deles fabricados sob licença. Algumas forças de segurança venezuelanas foram vistas até mesmo com fuzis AR-15 comprados no mercado civil dos Estados Unidos.

Uma novidade é o crescente aparecimento das carabinas QBZ-97A chinesas, um fuzil de assalto bullpup projetado e fabricado pela Norinco. Este armamento entrou em serviço em 2018 e é usado exclusivamente por unidades de forças especiais como a 99ª Brigada de Forças Especiais “G/J Félix Antonio Velásquez” do Exército, a 8ª Brigada de Comandos do Mar "Generalíssimo Francisco de Miranda" da Marinha, o Grupo de Ação de Comandos da Guarda Nacional (GNB) e agora a Força-Tarefa Sombra do CEOFANB.

A tropa com óculos táticos e bullpups chineses.

Os fuzis QBZ-97B estão todos equipados com miras holográficas.

Operador com um fuzil Colt/AR usando a mira de ponto vermelho
StrikeFire II, da empresa Vortex Optics, que foi adquirida no mercado civil americano.

Equipe de assalto avançando sob a proteção de um transporte blindado BTR-80 russo.

Durante a manobra outros armamentos foram vistos, além dos armamentos mais comuns como a metralhadora FN MAG e o onipresente lança-granadas Milkor MGL Mk. 1 de 40mm, alémde alguns modelos novos chineses e russos. O lançador de granada auto-explosiva RPG-26 russo, equivalente ao AT4 ocidental, foi uma dessas novidades. A sua versão em uso na Venezuela é o RShG-2.

O RShG-2 (Реактивная Штурмовая Граната, Reaktivnaya Shturmovaya Granata / granada de assalto com propulsão por foguete) é uma variante do RPG-26 com ogiva termobárica, de origem soviética e fabricado pela NPO Bazalt. O RShG-2 é mais pesado que o RPG-26 com 3,5kg e tem um alcance de tiro direto reduzido de 115 metros. Destina-se a ser usado contra infantaria e estruturas, em vez de veículos blindados. Seu apelido é Aglen-2 (Аглень-2).

Lança-granadas Milkor MGL Mk. 1.

Disparo do RPG-26.

Outra arma que chamou a atenção foi o fuzil anti-material chinês Norinco NBR13/NSG-50. Este fuzil sniper pesado é calibrado em .50 no cartucho 12,7x108mm, a resposta soviética ao alemão 13,2x92mm SR (Mauser 13,2mm TuF) e ao americano 12,7×99mm (.50 BMG). Seguindo a doutrina russo-soviética, a Venezuela aumentou seus atiradores de elite exponencialmente com a aquisição de mais de mil fuzis semiautomáticos SVD Dragunov. Os francotiradores (franco-atiradores, nome de preferência dos países hispânicos) também têm à sua disposição o fuzil ferrolhado CAVIM Catatumbo em 7,62x51mm de fabricação venezuelana.

"Francotiradores",
dupla sniper de atirador e observador com o CAVIM Catatumbo e o NBR13.

Fuzil pesado Norinco NBR13.

A Força-Tarefa Sombra é classificada como uma força contraterrorista, e é provável que seja empregada contra os renegados das FARC em Apure, conhecidos na Venezuela como os TANCOL.

Bibliografia recomendada:

Spec Ops:
Case Studies in Special Operations Warfare:
Theory and Practice,
Comandante William H. McRaven.

Leitura recomendada:

sábado, 15 de outubro de 2022

FOTO: Combatentes voluntárias ucranianas treinando com fuzis Kalashnikov

Combatentes voluntárias ucranianas treinando com fuzis Kalashnikov para enfrentar as forças russas, Ucrânia, 5 de março de 2022.
(Lynsey Addario/The New York Times)

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 15 de outubro de 2022.

Combatentes voluntários ucranianos treinando com fuzis Kalashnikov para enfrentar as forças russas, no início da guerra na Ucrânia, 5 de março de 2022.

Mãe ucraniana, Kalashnikov em bandoleira, atravessando a rua com sua filha, em 5 de março de 2022.

A Ucrânia, invadida pelos russos em 24 de fevereiro desse ano, fizeram uma verdadeira demonstração prática do conceito de "Povo em armas" durante a sua defesa. Foram distribuídos armamentos, especialmente fuzis de assalto do tipo Kalashnikov que os arsenais ucranianos possuem em grande quantidade.

O povo ucraniano se uniu contra o agressor estrangeiro, e em meio ao esforço de guerra foram mobilizadas também mulheres. Não em tão grande número quanto os homens, e também não em funções diretas de combate, mas ainda assim desempenhando trabalhos de apoio essenciais para a logística militar e controle civil, além de liberar mais homens para a batalha.

Voluntárias ucranianas falando com uma senhora, 4 de junho de 2022.
Uma delas porta um Kalashnikov nas costas.

Bibliografia recomendada:

AK-47:
A arma que transformou a guerra,
Larry Kahaner.

Leitura recomendada:

sábado, 17 de setembro de 2022

FOTO: Disparo do M16 e do AK-47 lado a lado

Fuzileiro naval americano e soldado marroquino durante treinamento
conjunto no Marrocos, em 20 de março de 2007.

Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 17 de setembro de 2022.

Tiro ao alvo durante o Exercício African Lion 07 (Leão Africano 07) entre o Corpo de Fuzileiros Navais americano e o Exército Real Marroquino no Cabo Drá no Marrocos, em 20 de março de 2007. Este exercício é um exercício militar combinado dos EUA e do Marrocos, programado regularmente, projetado para promover a interoperabilidade aprimorada e a compreensão mútua das táticas, técnicas e procedimentos de cada nação.

O fuzileiro naval, pertencente à Companhia de Petrechos Pesados (Weapons Company) do 2º Batalhão do 23º Regimento de Fuzileiros Navais baseado em Port Hueneme, na Califórnia, dispara o fuzil M16A4, enquanto o soldado marroquino dispara um fuzil de assalto AK47 do modelo romeno, Pistol Mitralieră model 1963; abreviado como PM md. 63 ou simplesmente como md. 63. A versão romena é identificável pela empunhadura frontal integrada ao guarda-mão de madeira. A partir de 1965, a República Socialista da Romênia também produziu o Pistol Mitralieră model 1965 (abreviado PM md. 65 ou simplesmente md. 65), que é um md. 63 com a coronha dobrável.

Bibliografia recomendada:

AK-47:
A arma que transformou a guerra,
Larry Kahaner.

Leitura recomendada:

Instrutores de tiro de combate do Exército Francês treinam com o AK-47 Kalachnikov16 de janeiro de 2020.

Por que eu prefiro ser baleado por um AK-47 do que um M41º de dezembro de 2020.

Como identificar um fuzil de assalto fabricado na Rússia e diferenciar de um falso, 28 de junho de 2020.

GALERIA: Treinamento do Eurocorps com fuzis AK no CENTIAL-51e RI, 12 de abril de 2021.

FOTO: Policial iraquiano com AK4725 de fevereiro de 2020.

FOTO: Encontro dos criadores do AK-47 e do M1628 de setembro de 2020.

ANÁLISE: Os 5 piores fuzis AK já feitos (5 vídeos)10 de dezembro de 2020.

VÍDEO: Fuzil PM md. 63, o AKM romeno26 de abril de 2021.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Engenharia Tcheca: O CZ BREN 2 no GIGN


Por Filipe do A. Monteiro, Warfare Blog, 25 de julho de 2022.

Em 2017, o Grupo de Intervenção da Gendarmaria Nacional (Groupe d’Intervention de la Gendarmerie Nationale, GIGN) selecionou um novo fuzil de assalto: o BREN 2 da empresa CZ, Ceska Zbrojovka. O grupo fez um pedido inicial de 68 unidades no calibre 7,62x39mm russo/soviético. Em um futuro próximo, estão previstas compras adicionais com o objetivo de substituir a maioria dos HK 416 atualmente em serviço.

O CZ 805 BREN é um fuzil de assalto modular operado a gás projetado e fabricado pela Česká zbrojovka Uherský Brod. O desenho modular permite que os usuários alterem o calibre da arma para cartuchos intermediários de 5,56x45mm OTAN ou 7,62x39mm por troca rápida de cano com tubos de gás, bloco de culatra, compartimento do carregador e carregador.

Portrait d’un ops (Retrato de um operacional).
Pintura em aquarela mostrando um ops do GIGN com o BREN 2.

CZ BREN 2 de perfil.

A decisão foi uma escolha balística pelos "super gendarmes", fruto de uma reflexão que começou em 2015, após os ataques dos irmãos Kouachi e Coulibaly, ocorridos em Paris no mês de janeiro. Os terroristas atacaram equipados com coletes à prova de balas, e as armas calibradas em 9mm e 5,56mm das unidades de intervenção da gendarmaria e da polícia francesas careciam de poder de parada. A equipe operacional do GIGN identificou assim a necessidade de uma nova arma com calibre balístico intermediário, em complemento das armas já existentes. O calibre 7,62x51mm do padrão da OTAN - e o mesmo do FAL - tem as características adequadas, mas armas desse calibre foram consideradas muito pesadas e volumosas para um combate eficaz em ambiente confinado; a especialização do GIGN.

Então, o GIGN decidiu avaliar fuzis de assalto no calibre 7,62x39mm e começou os testes em 2015 com uma variedade de outras armas. A oferta da CZ só foi feita na fase final do programa de avaliação. E ao longo de 2016, o fuzil foi testado em diversas situações e foi considerado um dos mais indicados no painel de fuzis testados pelo GIGN.






O CZ BREN 2 foi desenvolvido a partir do fuzil CZ 805 BREN S1 para competir no programa Arma de Infantaria Futura (Arme d'Infanterie Future, AIF) do Exército Francês (que viu a seleção do fuzil HK 416). No entanto, o industrial CZ não pôde participar do processo devido à sua chegada tardia ao mercado. O desenvolvimento do BREN 2, no entanto, foi realizado e a arma foi mantida em sua versão de 5,56 mm pelo exército tcheco, que a usará como um fuzil de assalto padrão em vez do CZ 805.

A versão do GIGN do CZ BREN 2.

O GIGN solicitou algumas modificações para seus próprios fuzis, em particular uma nova manga no quebra-chamas projetada para ser equipada com um redutor de som. Alguns fuzis adquiridos pelo GIGN também incluem uma modificação no sistema de regulagem de gás permitindo o disparo subsônico. A versão BREN 2 de 7,62 x 39 mm selecionada pelo GIGN é um fuzil de assalto compacto com um cano de nove polegadas (22,8cm). Inclui um guarda-mão com trilhos Picatinny que permite a instalação de vários acessórios, sistemas de auxílio à mira e elementos telescópicos dobráveis. A arma é totalmente ambidestra e, apesar de seu cano curto, mantém a precisão total até um alcance prático de 400m, confirmado durante os testes do GIGN.


Operadores do GIGN com fuzis de assalto HK-416 e CZ BREN 2,
setembro de 2021.

Coluna de assalto com escudo, março de 2022.

Coluna de assalto com cachorro, março de 2022.

O operador da direita porta o CZ BREN 2.


Tudo isso lembra, do ponto de vista do calibre 7,62x39mm e dos silenciadores, a escolha tática comparável utilizada essencialmente pelas Spetnaz do FSB do Grupo Alpha, encarregado do contraterrorismo interno.

A Tchecoslováquia teve a distinção de ser o único membro do Pacto de Varsóvia cujo exército não emitiu um fuzil baseado no AK-47 soviético. Ao contrário, eles desenvolveram o Sa Vz. 58 (Samopal vzor 58, fuzil modelo 58) no final da década de 1950 e embora disparasse o mesmo cartucho de 7,62x39mm e parecesse externamente semelhante, seu sistema operacional e recursos eram dramaticamente diferentes. Foi eficaz na época em que foi introduzido, mas na década seguinte tornou-se obsoleto e difícil de modificar.

O industrial CZ tentou destacar sua pistola automática CZ P-10 no GIGN, mas sem sucesso. A empresa também ofereceu seu fuzil BREN 2 no calibre 7,62x39mm ao Comando de Operações Especiais (Commandement des Opérations Spéciales, COS), argumentando que equipar as forças especiais com tal fuzil permitiria uma interoperabilidade mais fácil em campanha com as forças locais, na África ou no Oriente Médio. Apesar de ambos serem teatros de operações comuns aos franceses, o COS não se interessou.


Bibliografia recomendada:

GIGN:
Nous étions les premiers.
Christian Prouteau e Jean-Luc Riva.

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