terça-feira, 29 de outubro de 2019

CLASSE SCORPENE. O astuto tubarão franco-espanhol

Submarino classe Scorpene
FICHA TÉCNICA
Tipo: Submarino diesel elétrico.
Data de comissionamento: Setembro de 2005.
Comprimento: 66,4 m.
Boca: 6,2 m.
Calado: 5,8 m.
Deslocamento: 1700 tons.
Velocidade máxima: 20 nos (37 Km/h) submerso.
Profundidade: 350 metros.
Armamento: 6 tubos lançadores de torpedos de 533 mm (18 torpedos ou misseis) MK-48 ADCAP, Black Shark, F-17 e F-21, mísseis SM-39 Exocet.
Tripulação: 31 homens.
Propulsão:  4 motores a diesel MTU 16V 396 SE84 que produzem 2990 hp, 1 x Motor elétrico Jeumont Schneider  que produz 2.8 MW

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
O Submarino classe Scorpene é um desenvolvimento da DCNS (hoje Naval Group) francesa e da Navantia Espanhola e representa um submarino moderno, originalmente projetado com um moderno sistema AIP, e com um forte potencial de exportação já tendo sido exportado para o Chile (versão sem AIP), Malásia, Índia e Brasil, sendo estes dois últimos países tendo contratados a construção local, por tanto, com transferência de tecnologia deste submarino para seus países.
Os maiores concorrentes do Scorpene no mercado internacional são o alemão U-214 e o russo Amur.
O Scorpene foi projetado, inicialmente pela França e Espanha. Desentendimentos entre as empresas dos dois países levaram à Espanha a seguir independente e a desenvolver o submarino S-80 que tem algumas características diferentes do Scorpene, começando pelo deslocamento bastante superior ao submarino francês.
O Scorpene emprega 4 motores a diesel MTU 16V 396 SE84 para alimentar as baterias da embarcação. O motor elétrico é um Jeumont Schneider  EPM Magtronic com 2,8 MW.
Essa configuração de propulsão permite ao submarino navegar, submerso, a uma velocidade máxima de 20 nós, o que corresponde a 37 km/h. É interessante observar que, embora submarinos convencionais não consigam igualar a velocidade de um submarino nuclear, eles, ainda são mais silenciosos que as complexas embarcações movidas a energia atômica. Por isso, é muito importante compreender que submarinos convencionais ainda são, e muito provavelmente continuarão a ser, um problema sério para qualquer marinha do mundo, incluindo as super potências. O Scorpene tem capacidade de mergulho estimado entre 300 e 350 metros de profundidade máxima.
O Scorpene consegue atingir velocidade de 20 nós, quando submerso. na superfície, porém, sua velocidade não passa de 12 nós (22 km/h)
Ainda tratando da propulsão, o Scorpene foi projetado para receber, se assim um cliente quiser, um sistema de propulsão independente do ar, também conhecido por AIP “Air Independent Propulsion”.  Existem alguns sistemas AIP já desenvolvidos e sendo usados em submarinos mundo a fora, e a França desenvolveu o sistema MESMA que é um sistema que usa etanol e oxigênio estocado dentro do submarino para gerar vapor que, por sua vez, move uma turbina que permite ao submarino, se manter navegando submerso por até 3 semanas! Submarinos sem esse recurso, precisam subir para a superfície a fim de captar ar que vão permitir acionar os motores a diesel que vão carregar as baterias do submarino, a cada 4  a 7 dias, no máximo. Essas subidas para captar ar, tornam o submarino vulnerável a ser detectado e atacado. Por outro lado, quando o submarino opera dentro do sistema AIP, sua velocidade é bastante reduzida para poder aproveitar ao máximo o tempo submerso.
O submarino Scorpene tem um projeto modular e permite que seja instalado um sistema de propulsão independente do ar MESMA, de tecnologia francesa.
O sistema de gerenciamento de combate é o SUBTICS (Submarine Tactical Integrated Combat System) ou simplesmente sistema integrado de combate submarino, composto por 6 consoles com 2 displays multifunção montados verticalmente para poupar espaço dentro da sala de controle do submarino. O sistema de navegação é capaz de monitorar o próprio ruído do submarino, para otimizar sua furtividade.
O Scorpene, como a maioria dos novos navios de guerra, possui um elevado nível de automatização de seus sistemas para permitir uma reduzida tripulação a bordo, que chega a 31 marinheiros. A suite de sonares do Scorpene é o Thales S-Cube, um sistema integrado e modular, que permite a busca passiva e ativa de alvos, assim como sua classificação e localização. O S-Cube foi projetado para ser empregado em águas rasas e em "águas azuis". As antenas do sistema são posicionadas nas laterais do casco, na frente, através de uma antena em arco ou em uma configuração esférica montado no interior da proa do submarino.
O Scorpene foi equipado com um radar de mastro Safran Series 10 CSR (Compact Submarine Radar) que permite coletar informações para navegação, vigilância de superfície e coleta de dados de inteligência. Para guerra eletrônica, o Scorpene pode usar os sistema Thales DR 3000 ou  o ITT AR 900, a critério do cliente.
Um dos destaques do Scorpene é sua suite eletrônica com um sistema de sonar S-Cube e sistemas de guerra eletrônica abrangente.
O armamento empregado pelo Scorpene é composto por seis tubos padrão OTAN para torpedos pesados de 533 mm. Os torpedos homologados para serem lançados por estes tubos são o MK-48 ADCAP, de fabricação norte americana. Este torpedo tem alcance de 38 km e velocidade 55 nós (102 km/h) e pode ser empregado contra alvos que estejam mergulhados até a 900 metros de profundidade.
O torpedo italiano Black Shark,caracterizado pela sua operação extremamente silenciosa, permite destruir um alvo inimigo a 50 km de distancia e sua velocidade é de 50 nós. Uma interessante habilidade do Black Shark é a de trocar de alvo depois dele ter sido lançado.
Os outros dois torpedos que podem ser empregados pelos submarinos da classe Scorpene são franceses. O modelo F-17, capaz de ser usado contra um alvo a distancia de até 20 km e navegando até a 600 metros de profundidade.O F-17 também opera através de um sonar ativo e passivo, e pode ser guiado por cabo ou de forma autônoma até o alvo. O substituto do F-17 será o novo modelo F-21 que terá alcance de 50 km e velocidade de 50 nós (quase 100 km/h) podendo destruir um alvo até 500 de profundidade. Vale observar que a profundidade máxima dos torpedos foi mencionada, porém todos podem ser empregados, normalmente contra um navio de superfície.
Os tubos de torpedos do Scorpene podem lançar o míssil MBDA SM-39 Exocet. Este é a versão lançado de submarino deste que é um dos mais populares mísseis anti-navio do mundo, graças a seu sucesso na guerra das Malvinas. O SM-39, tem um alcance de 50 km e usa uma ogiva de 165 Kg que é detonada por aproximação ou por retardo após o impacto, sendo que essas opções são configuráveis na hora do lançamento, que é feito pelos tubos de torpedos do Submarino.
O torpedo F-21, desenvolvido pelo Naval Group, é o mais sofisticado torpedo do arsenal que pode ser usado pelo Scorpene. A marinha brasileira será um dos operadores desta moderna arma naval.
Este artigo foi o primeiro sobre um submarino convencional a ser publicado na pagina WARFARE Blog e escolhi o Scorpene para esta matéria por ele ter sido o modelo que serve de base para o submarino brasileiro S-BR posteriormente batizado de classe Riachuelo. Eu mencionei que o Scorpene serve de base pois a versão brasileira é maior que as já empregadas pelos três países que já adquiriram este submarino . A brasileira têm deslocamento de 2200 toneladas (observem na ficha técnica que o Scorpene básico tem 1700 toneladas de deslocamento). O primeiro submarino brasileiro, o Riachuelo, foi lançado em dezembro de 2018 e deve entrar em serviço até o fim de 2020. Ao todo, a marinha do Brasil terá 4 submarinos desta classe e é interessante observar que estes serão armados com o míssil SM-37 Exocet e torpedos F-21.
O primeiro submarino da classe Riachuelo, a versão brasileira do Scorpene em um momento próximo de seu lançamento

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