Caroline Johnson
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Em 9 de agosto de 2014 , Caroline Johnson se posicionou no banco traseiro de seus F/A-18F Super Hornet preparando-se para atacar o inimigo, tornando-se a primeira mulher a lançar as bombas sobre o Estado Islâmico.
Texto Dário Leone para o site The Aviation Geek Club
Tradução e adaptação: Carlos Junior.
Caroline Johnson era uma candidata improvável para a aviação. Uma loira alta estreante nascida no Colorado, poderia, facilmente, entrar em uma carreira na industria da moda ou na cinematográfica, ainda sim se tornou uma WSO (Weapons System Officer) ou Oficial de Sistemas de Armas do Boing F/A-18F Super Hornet da marinha dos Estados Unidos.
Ela iniciou sua carreira militar na academia naval dos Estados Unidos em 2005, rebelando-se contra as regras da sociedade, mas amando os desafios e os amigos que fez em sua trajetória. Apos se formar em economia, em 2009, ela ingressou na comunidade de elite da aviação naval e iniciou a escola de voo em Pensacola, Florida. Em 2011 ela recebeu suas "asas de ouro"e foi designada Naval Flight Officer (NFO) ou oficial de voo naval, mais especificamente uma WSO do F/A-18F Super Hornet. Terminando no topo de sua classe, ela ganhou o premio Paul F. Lawrence, como reconhecimento por ter se destacado como a primeira da classe em caça de ataque, assim como a mais destacada de sua turma no ranking geral.
Boeing F/A-18F Super Hornet do esquadrão VFA 123 Fighting Blacklions. |
Caroline voou o F/A-18F como membro do esquadrão VFA 123 Fighting Blacklions, a bordo do porta aviões USS George H.W Bush (CVN-77), durante uma implantação de 9 meses em 2014.
Em sua missão histórica, Caroline e os Blacklions voaram em apoio a Operation Enduring Freedon (Liberdade Duradora) e na Operation Inherent Resolve (Operação Inerente Resolução) em ações no Afeganistão, Iraque e Síria.
Então, 9 de agosto de 2014 chegou. Ela e sua unidade estavam sobre o Monte Sinjar, no Iraque quando detectaram dois veículos blindados de transporte de tropas e dois Hunvees disparando contra uma aldeia, levando homens mulheres e crianças a fugirem correndo para preservar suas vidas. Drones de reconhecimento sobre a área identificaram que se tratava de forças do estado Islâmico, e um ataque contra essas forças foi autorizado pelo secretário de defesa. Johnson se preparou para o ataque no cockpit traseiro de seu Super Hornet, fazendo dela uma das primeiras mulheres a voar em uma missão de combate sobre o Iraque desde 2011, e a primeira mulher e lançar bombas sobre o Estado Islâmico a partir de um F/A-18F Super Hornet.
"Esse foi meu primeiro ataque e não me arrependo disso", disse Johnson.
"Foi um momento sombrio. Você percebe que está tirando a vida humana para proteger outra vida humana. Isso não é natural. Matar a distancia é duro, mas é mais fácil. A percepção da gravidade do momento não foi perdida para mim. Mas eu fui treinada para fazer isso. Eu executei uma ordem e fui capaz de proteger a aldeia com pessoas inocentes de serem massacradas."
O F/A-18F Super Hornet de Caroline, armado com um míssil AGM-65 Maverick. |
Eles tiveram que esperar 72 dias sobre o Iraque e Síria antes de serem autorizados de usar força letal. Assistir o estado Islâmico operar nesse intervalo de tempo foi brutal.
"Eles são humanos horríveis, com um total desprezo pela vida humana" disse ela. "Para testemunhar aquilo, dia apos o outro, assistir assassinatos em massa, você tem que ter uma compreensão, e eu tinha treinado por muito tempo para proteger pessoas inocentes em terra, e quando vi isso ser violado, e finalmente pude usar minhas habilidades para lidar com isso, e usar armas, não há chamado maior!"
Em cima, um F-14D Super Tomcat e abaixo um F/A-18F Super Hornet do esquadrão Blacklions do qual Caroline fez parte. |
Seu livro de memórias "Jet Girl" foi lançado em novembro de 2019. Em 1º de dezembro ouve uma sessão de autógrafos na livraria Covered Treasures Bookstore, em Monument, Colorado, Estados Unidos.
No esquadrão Blacklions, Caroline completou suas qualificações nos níveis II, III e IV do SFWT, obteve a designação de comandante de missão de combate e também se formou com honras na universidade de Oklahoma com o Master of Arts em liderança administrativa.
Johnson permaneceu ativa dentro do cockpit até 2015, quando fez a transição para o ensino na Academia Naval, onde ensinou liderança e recrutou a próxima geração de aviadores como oficial de operações de aviação.
Atualmente Caroline está na reserva da marinha, e trabalha como consultora e e oficial de ligação.
Na transição para o setor privado, foi co-autora com Hof William do livro Jet Girl, e se tornou palestrante profissional.
Conforme informado ao The Gazette, em suas memorias, ela também citou ter sido alvo de assédio moral por ser mulher em uma atividade de alta performance em uma elite militar, e que isso teve um peso em sua decisão de deixar o serviço ativo. A maioria de de seus colegar a tratou de forma igualitária, mas alguns poucos não tiveram o mesmo comportamento. "A maioria das minhas experiencias foi maravilhosa, mas houveram algumas maçãs podres que criaram uma experiencia miserável," ela disse.
"As circunstancias não chegaram a ser criminosas, mas elas foram difíceis de superar, mesmo para uma pessoa resiliente, como eu fui, e no auge do minha carreira. Alguns dias foram bem tristes."
Eça espera que estas experiencias auxiliem na melhora no ambiente para as futuras gerações.
"Olhando para traz, fico feliz por ter passodo por tudo isso. Eu cresci muito. " disse ela. "Isso me deu uma melhor compreensão sobre como o assédio moral afeta as pessoas. Se pudermos impedir que o assédio moral e as maçãs podres envenenem o grupo, a equipe poderá ser fortalecida.
Livro "Jet Girl" |
A ironia do fato de ela estar pilotando uma aeronave multimilionária sobre países que não permitiam que as mulheres sequer dirigissem carros não foi perdida para Caroline. |
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