terça-feira, 27 de setembro de 2022

AGM-158 JASSM. O míssil de cruzeiro inteligente dos Estados Unidos.



FICHA TECNICA
Comprimento: 4,27 m.
Envergadura: Asas fechadas: 0,55 m; Asas abertas: 2,4 m.
Peso: 1020 kg.
Alcance: 370 km (AGM-158A); 925 km (AGM-158B); 1900 km (AGM-158D).
Velocidade: Subsônica (aprox 850 km/h)
Propulsão: Turbojato Teledyne CAE J402-CA-100
Ogiva: 450 kg de penetração tipo WDU-42/B
Sistema de guiagem: Navegação inercial (INS), GPS, Sistema de reconhecimento por imagem infravermelho IR na fase terminal
Plataformas de lançamento: B-1B, B-2A , B-52H, F-15E, F-16, F/A-18, F-35, C-130 e C-17.

DESCRIÇÃO
Por Carlos Junior
Uma das mais recentes armas aerotransportadas desenvolvidas pela indústria bélica dos Estados Unidos é o míssil de cruzeiro AGM-158 JASSM (Joint Air-to-Surface Standoff Missile). O termo "standoff" empregado no nome do míssil diz respeito a sua capacidade de atacar alvos a partir de distancias que excedem a capacidade de defesa ou de contra ataque inimigo. Assim, o AGM-158 permite a um avião de combate convencional, como um F-15, por exemplo, a atacar um alvo que esteja pesadamente defendido por baterias antiaéreas de longo alcance sem expor o avião ao raio de combate dessas armas defensivas aumentando a capacidade de sobrevivência do piloto e sua cara aeronave.
Com um desenho bastante incomum, o AGM-158 foi projetado para ser furtivo, uma vez que as defesas antiaéreas tem sido cada vez mais capazes de destruir misseis de cruzeiro, notadamente os de velocidade subsônicas.

O projeto JASSM teve inicio no meio da década de 90 e visava uma nova arma ar superfície que além da precisão e alcance elevado, também gozasse de capacidade furtiva para que dificultasse as defesas antiaéreas a conseguirem destruir o míssil. Nesse ponto é interessante fazer uma observação. Mísseis de cruzeiro, notadamente os ocidentais, são armas de velocidade subsônica. Isso traz um aumento de vulnerabilidade frente as ameaças antiaéreas modernas, principalmente mísseis MAMPADS (Misseis de defesa antiaérea portáteis, como o míssil Stinger norte americano ou o Igla russo, amplamente empregado pelas forças armadas brasileiras), ou mísseis de médio alcance guiados por radar. Mesmo que esses mísseis de cruzeiro subsônicos voem muito baixo usando o relevo para evitar serem detectados pelos radares inimigos, a verdade é que ainda sim há uma vulnerabilidade relevante. A Rússia, China e Índia seguiram por um caminho diferente e desenvolveram vários modelos de mísseis de cruzeiros supersônicos, sendo que a alta velocidade deles é o elemento que dificulta muito (para não dizer impossibilita completamente) que as defesa antiaéreas possam destrui-los 
Embora o AGM-158 não seja uma arma muito grande, ainda sim, não pode ser transportado no compartimento interno do F-35. Por isso, o F-35 precisará perder sua furtividade e transportar estes mísseis em cabides externos sob as asas.

A abordagem dos Estados Unidos para esta nova arma foi a de manter a velocidade subsônica, porém, colocando furtividade e um sistema de controle de voo e de guiagem que permita, se necessário, manobrar para trocar de alvo em pleno ataque, caso ocorra um alvo de oportunidade de maior valor, ou mesmo, enganar as defesas antiaéreas inimigas caso tenham conseguido detectar ele (furtividade não é invisibilidade, sendo que uma aeronave furtiva pode ser detectada se estiver perto demais de uma antena radar inimiga), para que não  consigam determinar qual alvo, de fato, o míssil irá atacar.
O AGM-158 permite que a aeronave lançadora possa engajar seus alvos a uma distancia segura das defesas anti aéreas inimigas (capacidade stand off) aumentando a capacidade de sobrevivência da aeronave em teatros de operação de alta intensidade.

Com quase 5 metros de comprimento, o AGM-158 não é, digamos .... uma arma pequena. Alias, seu peso também é considerável. São pouco mais de uma tonelada de peso. O AGM-158 é um pequeno avião kamikaze. No lugar de um sistema de propulsão de foguete, ele usa um turbojato Teledyne CAE J402-CA-100 que fornece 300 kg de empuxo, com alta eficiência de consumo de combustível (JP10), o que lhe garante um alcance de 370 km na sua versão básica inicial (AGM-158A). Como deu para perceber na minha ultima frase, esta moderna arma aerotransportada tem versões. Assim, a versão AGM-158B JASSM-ER tem o alcance aumentado para 970 km. Esse aumento de alcance se deu pela substituição do motor da versão A pelo motor Williams International F107-WR-105 que opera de forma mais eficiente e entrega o dobro de potencia e aumentou a quantidade de combustível dentro do míssil, sem, contudo, alterar suas dimensões externas. vale ainda mencionar a versão antinavio batizada de AGM-158C LRASM (Long Range Anti-Ship Missile ou Míssil Antinavio de Longo Alcance) que foi baseada no JASSM-ER, mas que devido a necessidade de substituição do sistema de guiagem, teve modificado o espaço interno da arma o que levou a uma pequena redução no alcance para 560 km (valor estimado).
Todas as aeronaves de combate norte americanas, com exceção do A-10, estão com o AGM-158 integrado. Isso permitiu um enorme aumento da capacidade de combate das aeronaves de fabricação norte americanas. Na foto um F-16C Block 50 da força Aérea da Polônia.

O sistema de guiagem empregado no JASSM é composto por um sistema INS/ GPS com um sistema infravermelho com reconhecimento automático de imagem na fase terminal. A capacidade de precisão desse sistema permite uma margem de erro CEP (Circular Error Probable) de apenas 3 metros do ponto exato pretendido. Para se ter uma ideia, de quanto isso é muito bom, uma bomba com um kit de guiagem por GPS JDAM extremamente popular por ter sido empregado nas ultimas guerras em que os e Estados Unidos tem entrado desde a invasão do Iraque, tem um CEP de 13 metros.
O caça F/A-18E da marinha dos Estados Unidos com um protótipo so AGM-158C LRASM (Long Range Anti-Ship Missile) que deverá substituir o AGM-84 Harpoon na missão de atacar navios inimigos.

A ogiva do AGM-158 é um penetrador WDU-42/B pesando 450 kg e foi projetada para destruir alvos pesadamente blindados como um bunker subterrâneo e pode ter sua configuração de tempo para detonação programada para haver um retardo, permitindo uma maior penetração no alvo antes de detonar os 450 kg da carga explosiva. 
A versão antinavio usa uma ogiva do mesmo peso, porém de um tipo diferente, sendo de penetração com fragmentação, mais indicada para causar sérias avarias em navios.
O B-2A Spirit lançando um míssil AGM-158 em testes.

O AGM-158, em suas diversas versões foi projetado para ser empregado pelos bombardeiros B-1B Lancer, B-2A Spirit, B-52 Stratofortress, caças F-15 Strike Eagle, F-16 Fighting Falcom, F/A-18E Super Hornet, F-35 (usado externamente), Transportadores C-130 Hercules e C-17 Globemaster III. Muito provavelmente a Marinha dos Estados Unidos deverá encomendar uma variante lançada de superfície, no caso, de lançadores verticais MK-41 amplamente disseminados em navios de guerra norte americanos e de muitos de seus aliados.

           

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