segunda-feira, 7 de setembro de 2015

FAIRCHILD REPUBLIC A-10 THNDERBOLT II. O assassino de tanques

FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: Mach 0,68 (839 km/h).
Velocidade de cruzeiro: Mach 0,59 (728 km/h).
Razão de subida: 1800 m/min.
Potência: 0,49 (só com combustível interno e desarmado).
Carga de asa: 71,06 lb/ft².
Fator de carga: ,7,33 G.
Taxa de giro instantânea: 25º/s.
Razão de rolamento: 220º/s.
Teto de serviço: 13700 m.
Raio de ação/ alcance: 460 km sem reabastecimento aéreo em missão de apoio aéreo aproximado/ 4150 km (máximo).
Empuxo: 2 motores turbofan General Eléctric TF-34-GE-100A com 4111 kgf de empuxo máximo cada.
DIMENSÕES
Comprimento: 16,26 m.
Envergadura: 17,53 m.
Altura: 4,47 m.
Peso: 11321 kg.
Combustível Interno: 11000 lb.
ARMAMENTO
capacidade total: 7260 kg de carga externa divididos por 11 pontos fixos entre asas e fuselagem.
Ar Ar: AIM-9L/M Sidewinder.
Interno: Canhão General Electric GAU-8A Avenger de 30 mm com 511 munições.
Ar Terra: Míssil AGM-65 Maverick, Bombas guiadas a laser da família Paveway (GBU-10, 12,16,24 e 27), Bombas dispensadora de sub-munições de vários modelos CBU-52/ 58/ 71/87/89/97. Bombas da família JDAM, guiadas por GPS, Bombas de queda livre da família MK-80, casulo lançador com 19 foguetes LAU-61/LAU-68 calibre 70 mm, Casulo lançador  LAU-10 para 4 foguetes de 127mm.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S.Junior
O jato de ataque A-10 Thunderbolt II, foco desse artigo, está envolto a uma das grande polêmicas da atualidade. A polêmica é a intenção da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) em aposentar essa aeronave e usar seu novo e avançado caça F-35 nas operações de apoio aéreo aproximado e interdição do campo de batalha, que são executadas com maestria pelo velho e lento A-10, uma vez que ele foi projetado especificamente para essa missão. Na verdade, o A-10 é um dos últimos aviões especializados em serviço atualmente. A absoluta maioria das armas aéreas do mundo estão procurando inserir aeronaves multimissão em seus inventários por uma questão de diminuição de custos e de facilidade logística. A ideia de uma aeronave multimissão é ótima! O Brasil mesmo vai e beneficiar desse conceito em breve quando seus modernos caças Saab JAS-39E Gripen chegarem nas bases da Força Aérea Brasileira FAB. Porém algumas missões exigem uma aeronave especial, dedicada com características muito especificas. O nosso enfocado, o A-10 Thunderbolt II é um desses casos. Uma aeronave especial para uma missão bastante específica.

Acima: O velho avião a pistão Douglas A-1 Skyraider teve uma participação valiosa em apoio aéreo aproximado na guerra do Vietnã. Sua retirada de serviço obrigou a USAF a buscar um substituto para essa missão.
A história do A-10 começa ainda na guerra do Vietnã. Nessa guerra, as tropas norte americanas foram colocadas em enrascadas com grande frequência, necessitando de ajuda vinda dos céus. Quem fazia essa tarefa era o velho e bem armado A-1 Skyraider, uma relíquia da guerra da Coreia, mas que aguentava levar muitos tiros e ainda voltar para a base, além de despejar muitas bombas e "chumbo" nas posições inimigas fazendo um "senhor" estrago. O problema era que, o A-1 era uma aeronave fora de linha e reabrir sua linha de produção seria antieconômico. A partir destes fatos, a USAF decidiu que precisava de uma nova aeronave de ataque de baixo custo e que fosse desenvolvida especificamente para apoio aéreo aproximado. Em 1967 foi emitido um  pedido de propostas para um aeronave de ataque que preenchesse os requisitos de alta manobrabilidade, baixa velocidade (jatos rápidos não servia para essa missão), ser resistente a danos graves podendo ainda voltar voando para a base, mesmo que gravemente danificada, e de ter um canhão  muito potente. Na verdade, até para o desenvolvimento do canhão houve uma concorrência em paralelo onde a General Electric, fabricante dos canhões M-61Vulcan em calibre 20 mm apresentou uma proposta contra seu concorrente Philco-Ford. Pode-se dizer que de certa forma o avião todo foi construído envolta desse canhão. O vencedor dessa disputa do armamento orgânico do A-10 foi a General Electric com seu modelo GAU-8 Avenger em calibre 30 mm do qual tratarei mais afrente.
Voltando a origem do A-10, as empresas selecionadas dentre 6 que responderam o pedido de informação para uma aeronave de ataque e apoio aéreo aproximado, apenas a Fairchild com seu modelo YA-10 e a Northrop com seu YA-9, foram escolhidas para construir seus protótipos e testarem seus jatos para que a USAF pudesse escolher a melhor alternativa a suas necessidades.

Acima: O protótipo YA-10 já apresentava um desenho muito próximo do que seria adotado em definitivo caso o modelo vencesse a concorrência para ser o novo jato de apoio aéreo aproximado da USAF.
Em janeiro de 1973 a Fairchild Republic foi declarada vencedora pelo pela USAF e foram encomendados  os novos A-10A Thunderbolt II através de uma decisão que teve como um dos principais argumentos, o fato do modelo YA-10 se aproximar muito do modelo definitivo que a empresa entregaria, e a maior facilidade demonstrada em manter a aeronave.
Falando sobre a aeronave em si, o A-10 tem algumas características que, na verdade acabaram sendo suas marcas registradas. Uma é o canhão, como mencionei acima; suas asas retas que permitem alta sustentação, boa manobrabilidade e agilidade mesmo em baixas velocidades (ideal para a missão de apoio aéreo aproximado), e a posição de seus motores que ficam montados externamente a fuselagem presos nem uma posição alta. essa posição tem uma interessante vantagem que poucas pessoas percebem. Vindo de frente, um observador que esteja no chão, não conseguirá ver ou mirar seus motores pois as asas estão bem na frente. Os motores só ficam expostos com o A-10 bem em cima do observador. Depois que ele passa, os estabilizadores entram na frente dos motores de novo, dificultando mirar nele por traz e abaixo.  Além disso, os gases que saem do escape dos motores acaba sendo resfriado pelos estabilizadores, devido a sua posição, o que dificulta o engajamento por armas guiadas a calor.
A propulsão do A-10 é fornecida por dois motores turbofans General Electric TF-34-GE-100A que produz 4111 kgf de empuxo máximo cada um. A velocidade máxima do A-10 é de 833 km/h porem, sua missão é executada com cerca de 60 ou 70% desse desempenho. Sua taxa de giro é alta, chegando a 25º/seg. Com esse desempenho nas baixas velocidades que o A-10 voa, seu raio de curva é muito curto. Seu raio de ação em uma missão de apoio aéreo aproximado é de 460 km com reserva para se manter sobre o alvo por 10 minutos. Para um leitor menos avisado, pode parecer que a aeronave é desqualificada simplesmente por ter velocidade pequena e um raio de ação limitado, porém, aeronaves supersônicas foram testadas nessa missão, inclusive o excelente caça F-16, e o resultado não foi tão bom como o apresentado pelo A-10.

Acima: A qualidade de voo do A-10 é excepcional. Voando a velocidade bem lentas, adequadas a missão de apoio aéreo aproximado, ele consegue manter uma agilidade espetacular.
O A-10 é um aeronave projetada para levar tiro. Pode parecer uma maluquice total esta afirmação, mas o fato é que de fato ele foi projetado para sofrer pesados danos de combate e ainda continuar voando. A fuselagem do A-10 tem diversos pontos onde foi colocado placas de blindagem para suportar impactos diretos até de munição de canhão calibre 23 mm, principalmente na parte do cockpit, onde o piloto fica sentado em uma verdadeira banheira em titânio. Os componentes da aeronave que são responsáveis pelos comando de voo, além de duplicados, também receberam titânio em suas estruturas para diminuir as chances de serem destruídas. A bolha do cockpit aguenta impactos de armas leves como fuzis. O A-10 consegue se manter em voo mesmo se perder algumas de suas partes como metade de sua asa, um de seu estabilizadores e uma cauda. É um tanque voador!
Esse tipo de qualidade relacionada a sua resistência de combate, não tem igual no mundo e creio que esse aspecto deveria ser observado com maior objetividade para os responsáveis pelas decisões de reequipamento da USAF.
Além dessas proteções passivas mencionadas acima, o A-10 é equipado com um casulo de interferência eletrônica ALQ-84 que interfere nos radares de defesa antiaérea inimigas dificultando ou inviabilizando que possam apontar mísseis para ele no campo de batalha. O A-10 conta também com lançadores de chaffs e Flares SUU-42A/A que despistam mísseis guiados a calor ou a radar lançados contra ele.

Acima: O A-10, provavelmente, é o mais resistente avião de combate da atualidade. A aeronave pode continuar voando com metade de uma asa, a perca de uma cauda e sem um dos estabilizadores. 
O A-10 é uma aeronave projetada para ser extremamente simples. Por isso ele não tem um radar ou uma aviônica sofisticada como encontramos em aeronaves de alta performance. Na verdade para a missão de apoio aéreo aproximado ou anti tanque, ele precisa ser extremamente resistente (e incontestavelmente ele é) e ter um arsenal de armas adequadas para essa tarefa. O aviônico que mais chama a atenção é casulo detector de laser Lockheed Martin AN/AAS-35 Pave Penny montado junto a fuselagem perto do cokpit do lado direito. Este sensor recebe o sinal do laser emitido por tropas em terra ou por outras aeronaves que iluminam o alvo com designadores a laser. os dados que o Pave Penny recebe é transmitido ao HUD do piloto, que por usa vez transmite os dados aos armamentos guiados a laser para que possam atingir seus alvos. Observem que o Pave Penny não emite o laser. Ele apenas recebe o reflexo de designadores externos. Para o A-10 poder designar os alvos sozinho, ele precisa usar um casulo designador a laser Lockheed Man Sniper que emite um feixe laser sobre o alvo e fornece os dados de posicionamento a serem usados nas armas, além de fornecer detecção destes alvos a distancias estendidas. O Sniper é o designador mais recente integrado aos sistemas do A-10, porém o A-10 pode usar um outro casulo designador um pouco mais antigo mas muito eficiente, chamado AN/AAQ-28 Litening desenvolvido pela Rafael Corporation e pela Northrop Grumman. O Litening faz a designação do alvo através do feixe de laser e mesmo por GPS..

Acima: O cockpit do A-10 é blindado com capacidade de parar munição de canhão de 23 mm, muito comum na época em que o A-10 foi projetado. Porém atualmente os inimigos dos Estados Unidos adotaram o mais potente calibre 30 mm em suas armas antiaéreas. O painel de instrumentos é básico e com muitos mostradores analógicos revelando a idade do projeto.
Embora o armamento do A-10 seja bem variado, a estrela do arsenal dele é, sem sombra de duvidas o poderosíssimo canhão General Electric GAU-8 Avenger que dispara 4200 tiros por minuto. A munição em calibre 30X173 mm é a mais potente munição de 30 mm do mundo. Uma das munições usadas é a PGU-14  perfurante de blindagem e incendiária constituída de urânio empobrecido, uma material extremamente denso. Outra munição usada é a PGU-13, fragmentadora incendiaria. Normalmente o canhão é armado com um mix dessas munições. Como o ataque do A-10 vem de cima, essas munições são capazes de penetrar o teto de todos os carros de combate conhecidos. A blindagem dos tanques é, normalmente, mais fina nessa parte, porém, a maioria dos carros de combate não consegue impedir a penetração mesmo em suas laterais dessa munição. 
Um outro armamento muito comum nas asas do A-10 é o potente míssil AGM-65 Maverick projetado para ser usado em missões de apoio aéreo aproximado destruindo posições reforçadas do inimigo assim como seus veículos blindados e bunkers. Sua ogiva é váariavel dependendo do modelo, pois esse míssil foi construído com uma grande diversidade de modelos, sendo porém,sempre uma ogiva pesada, a menor com 57 kg de alto explosivo e a maior com 130 kg. Normalmente um tanque de guerra não continua inteiro depois de ser atingido por este míssil. O alcance do Meverick chega a 22 km e sua guiagem se dá por TV, infravermelho (IR), ou laser. O A-10 pode ser armado com bombas de queda livre da série MK-80, bem comuns, bombas guiadas a laser da família Paveway, Bombas incendiárias e bombas de fragmentação de vários tipos como as CBU-87, MK-20, CBU-52 entre outras. O A-10C, versão modernizada do Thunderbolt II, recebeu suporte para operar armamento guiado por GPS e por isso ele pode ter as bombas JDAM integradas na aeronave. Ainda, o A-10 opera com um par de mísseis ar ar AIM-9M Sidewinder para seua auto defesa, caso ele precise enfrentar alguma aeronave hostil. O Sidewinder é io míssil ar ar de curto alcance mais difundido no mundo, tem seu sistema de guiagem baseado em um buscador infravermelho IR e seu alcance situa-se em torno de 15 km.

Acima: Nessa foto podemos ver melhor o canhão GAU-8 Avenger montado bem no bico do A-10 para a redução dos efeitos de seu elevado recuo na estabilidade da aeronave. Observem, também, o tamanho do A-10, bem maior que alguns caças.
O A-10 Thunferbolt II, também apelidado de Warthog (Javali), devido a seu aspecto bruto como deste animal, possui qualidades muito específicas e perfeitamente adequadas ao uso em apoio aéreo aproximado. Os membros da infantaria dos Estados Unidos e mesmo de aliados, tem uma grande admiração por esta aeronave devido a sua capacidade de prover apoio de fogo e além disso, por sua resistência a danos recebidos no campo de batalha. A muitos anos atrás a USAF estudou usar uma versão do eficiente caça F-16 para a mesma tarefa que o A-10 executa, e o avião não foi bem na execução das missões. Hoje, no seculo XXI, a USAF está com problemas de caixa para manter seus programas de aquisição e modernização de sua frota de aeronaves de combate e tem intensão de aposentar os A-10, economizando alguns milhões de dólares, e colocar no seu lugar o avançado caça F-35, já apresentado nesse site. Independentemente do F-35 ser um bom avião de ataque graças a certas características como invisibilidade ao radar, ser mais rápido e ter sensores sofisticados, ele não sobreviveria no campo de batalha voando baixo e dando apoio as tropas em terra. Sua capacidade de armamento é menor que a do A-10 também, e mesmo que os representantes da USAF argumentem a favor do F-35 afirmando que as armas inteligentes que ele transporta permitem a ele, o mesmo nível de sucesso que o A-10, acredito que essa afirmação não seja uma verdade. O elemento mais importante em uma missão de apoio aéreo aproximado é sua consciência situacional. Isso, mesmo com sensores modernos, não é conseguido a distancias maiores. O A-10 pode operar próximo do inimigo provendo uma eficaz ação de apoio graças a consciência situacional que essa pouca distancia permite. Seu armamento é mais numeroso o que, também, representa uma vantagem, e por ultimo, mas não menos importante, existe um efeito psicológico positivo na mente das tropas aliadas e extremamente negativo nas tropas inimigas que temem o A-10 devido a sua letalidade.

Acima: A USAF tem 280 jatos de ataque A-10C em seu inventário. A ideia do comando da Força Aérea dos Estados Unidos e substituir esses A-10 pelo novo caça multimissão F-35A até 2028.










ABAIXO PODEMOS ASSISTIR UM VÍDEO COM O A-10 USANDO SEU CANHÃO GAU-8 

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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

PROJECT 667BDRM DELFIN (DELTA IV). O longo braço estratégico da marinha russa.

FICHA TÉCNICA
Comprimento: 167 m.
Largura: 12,3m.
Calado: 8,8 m.
Deslocamento: 18900 toneladas (Submerso e totalmente carregado).
Velocidade máxima: 24 nós (44 Km/h submerso).
Profundidade: 400 m.
Armamento:  4 tubos para torpedos 533 mm, 16 mísseis R-29RMU Sineva (SS-N-23 Skiff) SLBM (míssil balístico lançado de submarino), mísseis anti submarino RPK-2 Viyuga (SS-N-15 Starfish) que são lançados pelos tubos de torpedos.
Tripulação: 130 homens.
Propulsão: 2 reatores nucleares de água pressurizadas VM-4 de 180 MW, 2 turbinas a vapor do tipo GT3A-365 com potência de cerca de 30 MW e 40000 SHP, dois eixos com duas hélices com 7 pás.

Por Iuri  Gomes em parceria com o site Plano Brasil.
INTRODUÇÃO
A marinha Soviética (Военно-морской флот – ВМФ ou Voyenno-Morskoy Flot – VMF) com uma nova doutrina de expansão em meados dos anos 60, liderada pelo renomado Almirante Sergey Gorshkov fez crescer sua frota de submarinos para nada menos que 340 embarcações nucleares e convencionais contra 137 unidades do seu maior inimigo os Estados Unidos. Com isso, parte do grupo estratégico nuclear soviético concentrava-se nos 34 SSBN classe Yankee (projeto 667A) que utilizavam os mísseis nucleares R-27 (SS-N-6 ‘Serb‘) que possuíam alcance limitado de 3000 km. Porém, essa classe de navio demonstrou ser demasiadamente ruidosa devido ao atraso tecnológico que a indústria naval soviética possuía na época. Diante disso VMF foi um dos grandes apoiadores para um novo SSBN que possuísse uma arma com maior alcance. Dessa forma a classe Yankee se estabeleceu como lançadores de mísseis médios.

Acima: O Submarino K-219 (Classe Yankee – nome da OTAN para o Projeto 667A) navegando com um dos seus silos de misseis danificados apos uma explosão. No dia 3 de outubro de 1986, o submarino nuclear soviético K-219 afundou no Atlântico Norte nas proximidades da Ilha de Bermuda após a explosão em um dos silos de mísseis. A embarcação ainda conseguiu emergir a superfície apesar do incêndio se alastrar, mas afundou quando seus dois reatores nucleares falharem. Quatro tripulantes morreram na explosão.
Em 1973, paralelamente em construção com a classe Yankee, a nova classe de SSBN chamada Delta I (Projeto 667B Murena, versão melhorada e alongada da classe Yankee) foi introduzida à marinha, no qual sua principal arma, os mísseis R-27 (SS-N-6 Serb) se tornaram de fato, o primeiro míssil balístico intercontinental lançado de submarino (SLBM) pelos soviéticos, com alcance de 7800 km. O R-29 possuía maior dimensão que o R-27, dessa forma, para acomodar os novos e maiores mísseis foi instalado uma “corcova” atrás da vela de cada um dos 18 Deltas I construídos até 1978, onde ficavam alojados 12 SLBM. Em 1975 foi incorporada a versão Delta II (projeto 667BD Murena M), que comparada à versão anterior, possuía maiores dimensões para acomodação de 16 SLBM, mas somente quatro foram construídos para que a produção se concentrasse na mais nova versão de SSBN, o Delta III (projeto 667BDR, Kalmar) que entrou em serviço em 1976 e tinha como principal arma os mais novos e avançados mísseis SS-N-18, uma variante modernizada do SS-N-8. Ademais foram construídos 14 submarinos Delta III, o primeiro SSBN Soviético capaz de lançar em uma única salva os 16 SLBM do tipo R-29R, que por sua vez, foi também o primeiro sistema de mísseis soviéticos lançados do mar levando de 3 a 7 veículos de reentrada independentes (MIRVs) com alcance de 6,500 a 8000 km, dependendo do número de MIRV.

Acima: Desenvolvido para equipar os novos submarinos nucleares lançadores de Mísseis balísticos da Marinha Soviética durante a década de 1960, Os R-27 Zyb (SS-N-6 Serb) foram os primeiros mísseis do gênero a terem lançamento real na Marinha Soviética. Entre 1974 e 1990, 161 lançamentos de mísseis foram realizados, com uma taxa de 93% de sucesso nesses disparos.A produção total foi de cerca de 1.800 mísseis.
Eis que na década de 80 surge na VMF um SSBN muito mais capaz que seus antecessores; o Delta IV (667BDRM Delfin) mesmo parecendo externamente com Delta III, o novo submarino possuía um projeto muito mais avançado em todos os conceitos técnicos e tecnológicos, onde pela primeira vez os engenheiros soviéticos conseguiram se igualar em furtividade aos ocidentais em todos os projetos de submarinos deste período.  Este submarino é hoje a espinha dorsal de SSBNs da marinha russa, sofrendo constantes modernizações, que o manterão como um dos pilares da tríade nuclear russa por um bom tempo.

Acima: Delta I



Acima: Delta II


Acima: Delta III


Acima: Delta IV

ORIGEM
No início da década de 70, a marinha soviética percebeu que seus SSBN precisavam ser mais furtivos pois eram ameaçados constantemente pelos SSN (submarinos nucleares de ataque) da OTAN, no entanto, a indústria naval soviética só conseguiu aperfeiçoar sua construção de submarinos em meados dos anos 70 e criar uma série de belonaves muito silenciosas mesmo para os padrões ocidentais. Dessa forma, Gorshkov apoiou dois novos projetos de SSBNs, o imponente Typhoon (projeto 941) já descrito nesse site, para lançar o míssil 3M65/SS-N-20 “Sturgeon”, de combustível sólido e o Delta IV (projeto 667 BDRM) para lançar o míssil de combustível líquido R-29RM/SS-N-23 “Shtil”.  Durante o desenvolvimento do projeto 667BDRM foram implantadas melhorias em relação à redução de nível de ruídos; os sistema e equipamentos encontram-se isolados a partir do casco de pressão e seu sistema anti-hidroacústico foi bastante melhorado em relação ao seu projeto anterior 667BDR.

Acima: A enorme corcova atras da vela nos navios da classe Delta IV é o seu lançador D-9RM para mísseis balísticos intercontinentais R-29RM.

PROPULSÃO
O design do submarino é semelhante com a classe Delta III, constituído de casco duplo com mísseis adotados no casco interno. Como no Delta III, os hidroplanos são posicionados na parte da frente da vela, podendo ficar na horizontal para facilitar no rompimento das grossas camadas de gelo do ártico.
O SSBN projeto 667 BDRM possui dois reatores nucleares de água pressurizadas VM-4 de 180 MW, e possui também duas turbinas do tipo GT3A-365 com potência de cerca de 30 MW que são transmitidas por dois eixos com hélices de sete pás de passos fixos que fornecem 40000 SHP de força. Seu sistema de propulsão permite uma velocidade de 24 nós (43 km/h) quando submerso. A profundidade operacional é de 320 metros, mas possui a capacidade de mergulho de 400 metros se for extremamente necessário. Em condições normais, o submarino pode permanecer em incursões de 80 dias.

AcimaO Delta IV é capaz de mergulhar a 400 metros de profundidade e a navegar a velocidade máxima de 24 nós (43 km/h).

ARMAMENTO
O submarino possui quatro tubos de 533 mm que pode disparar grande variedade de torpedos e torpedos-mísseis de capacidade anti-submarino. A embarcação é capaz de lançar o míssil anti-navio SS-N-15 Starfish que pode ser armado com uma ogiva nuclear de 200 kt e possuindo um alcance de cerca de 45 quilômetros. O submarino pode transportar até 18 mísseis e torpedos.

Família R-29 no SSBN Delta IV
Em 1979 foi iniciado o projeto de um novo míssil SLBN (Míssil Intercontinental Lançado por Submarino) R-29RM (RSM-54) ou SS-N-23 Skiff, pelo centro de engenharia Victor Makeev para ser utilizado no sistema lançamento modernizado D-9RM que é aquela corcova atras da vela do submarino Delta IV que vemos nas fotos e caracteriza esta classe de navio. A concepção do projeto consiste em um míssil intercontinental capaz de atingir pequenos alvos terrestres, dado a sua maior precisão, cujo CEP (Circular error probable, ou margem de erro) chega a 500 metros. O R-29RM foi incorporado a Marinha Soviética em 1986 onde cada Delfin portava 16 mísseis. O R-29RM é uma modificação da versão anterior R-29R com melhorias significativas, onde foram diminuídos os custos em relação a um novo projeto. Dessa forma foi ampliada para 40 toneladas o peso de lançamento e seu alcance máximo para 8300 km, suas dimensões se mantiveram praticamente as mesmas de seu antecessor tendo 14,8 metros de comprimento e 1,9 metros de diâmetro. O corpo do míssil é feito de liga de magnésio-alumínio. O foguete é dividido em três estágios de combustível líquido onde os propulsores de dois estágios são “afogados” nos tanques de combustíveis. Na parte dianteira do foguete está alojado o sistema de controle que inclui sistema de correção celeste de trajetória de voo, sistema de guiamento por satélite, sistema de navegação pelas estrelas, 4-10 ogivas MIRVs e suas iscas. Entretanto, por conta do tratado Start-1, assinado entre EUA e URSS (atual Federação Russa) o número de ogivas nucleares transportada por mísseis intercontinentais é limitado  em apenas quatros unidades.
Em 19 de novembro de 1998 foi realizado um teste com protótipo do míssil SS-NX-28 (RSM-52) no qual houve uma falha a cerca de 200 metros da estação de lançamento terrestre ocorrendo uma explosão e posteriormente duas falhas consecutivas, desta forma optaram por abandonar o projeto.

Acima: Alguns modernos modelos de mísseis balísticos lançados de submarinos (SLBMs) usado pela marinha russa.

RSM-54 Sineva- O novo Martelo do Delta IV
Em 1999, o centro de design VP Makeev recebeu ordem do governo russo para voltar a produção dos sistemas SS-N-23, com a expiração do tratado Start-1 ocorrida em 2009, o míssil pode transportar até dez ogivas nucleares.
O novo RSM-54 Sineva (versão R-29RMU), conhecido no ocidente como (SS-N-23 Skiff) é a terceira geração de mísseis balísticos de combustível líquido a entrar em serviço VMF, e seu comissionamento ocorreu em 2007 sendo considerado um dos projetos mais promissores da indústria militar russa. Esse novo sistema poderá se manter em estado de alerta até 2030. O primeiro submarino a ser modernizado com a nova arma foi o K-114 “Tula” em 2007, essa embarcação foi construída em 1987 no estaleiro de Severodvinsk na região de Arkhangelsk.
O alcance exato do R-29RMU não é conhecido, mas se estima a uma distância superior a 10000 km segundo a algumas fontes russas, mas um teste realizado em outubro de 2008 em um exercício, o míssil alcançou uma distância de 11.547 km, e diferentemente, o teste não foi realizado no campo de provas em Kura no extremo oriente russo e sim lançado do noroeste russo na península de Kola a parte equatorial do Oceano Pacífico.
Com a sequência de falhas no míssil de combustível sólido (SLBN) R-30 (Bulava) no período entre 2009 a 2013 que hoje equipa os moderníssimos SSBN projeto 955(Borei), o projeto do R-29 ganhou maior fôlego para garantir o braço de SSBNs da frota russa. Dessa forma, uma modernização no sistema R-29RMU surgiu em 2011 míssil R-29RMU2 “Lyner” com capacidade de levar até doze ogivas MIRVs e com avanços técnicos não divulgados pelo estado russo, mas testes realizados demonstraram que o sistema possui maior capacidade para superar o escudo de mísseis antibalísticos. “Em 2014 o ‘Lyner’ foi aceito por decreto da presidência russa para equipar os seis SSBN projeto 667BDRM” Delta IV”.Hoje, de fato, o sistema “Lyner” e “Bulava” são os mais capazes sistemas de SLBN em operação no mundo.

Acima: Infográfico do míssil RSM-59 (SS-N-23 Skiff).

Acima: Um submarino Delta IV em teste no ártico disparando seu míssil R-29RMU em 2007.

Eletrônica e comunicação.
O Delta IV possui um sistema de gerenciamento de batalha “Omnibus-BDRM” que controla todas as atividades de combate, processamento de dados e comandos das armas como torpedo e torpedos-mísseis do tipo. O sistema de navegação de precisão dos mísseis que possui capacidade de navegação estelar em profundidade de periscópio é do tipo “Shlyuz4”. O submarino possui também duas boias flutuantes de antenas para “mensagens- rádio”, dados de alvo, navegação por satélite a grandes profundidades. O Skat-BDRM é outro sistema hidro-acústico disponível no Delfin. A suíte de sonar é montada na parte frontal do casco que opera em baixa e média frequência no modo de busca e ataque de forma passiva e ativa. Seu sonar de ataque do tipo RAT ROAR é operado em alta frequência. Seu sonar passivo de baixa frequência é do tipo tubarão. O Delta IV possui um sonar rebocado que opera em baixíssima frequência em modo passivo.

Acima: Um Delta IV em modernização em alguma base naval Russa. Apos a Modernização dos Submarinos Delta IV os mesmo passaram a contar com o míssil balístico lançado por submarino (SLBM) Sineva.

Apocalypse (Behemoth-2)
Em agosto de 1991, em uma inusitada manobra de combate, o submarino K-407 Novomosk, último dos sete Delta IV, comandada pelo capitão Sergey Yegorov, disparou uma salva completa de dezesseis mísseis balísticos (R-29RM) de forma subaquática. Toda essa salva durou 3 minutos e 44 segundos, com intervalo de 14 segundos por lançamento, dessa forma foi expelido incríveis 650 toneladas de sua estrutura, essa operação de código “Behemoth-2” foi um ensaio para uma guerra nuclear total (conhecido também como “ensaio do Apocalipse”). Somente o primeiro e o ultimo míssil atingiram seus alvos na península de Kamchatka , pois os outros  foram autodestruídos em voo.
Essa operação demonstrou ao mundo e a própria cúpula militar russa a capacidade de dissuasão do SSBN do projeto 667 BDRM em um cenário de guerra nuclear e confirmou a segurança de uma rápida salva de mísseis balísticos de forma subaquática. Até aquela data, nenhum submarino no mundo havia disparado todos seus SLBNs em uma única salva.


Abaixo temos dois vídeos sobre a Operação “Behemoth-2″


Operação na Marinha Russa
Ao todo foram construídas sete unidades do DELTA IV, porém, o K-64 foi convertido para BS-64, um submarino para propósitos especiais, tem por função ser a nave mãe de um mini-submarino que serve para pesquisa oceanográfica, busca e salvamento subaquática e coleta de informações.
A estrutura mínima de SSBN na marinha russa é de cerca de doze submarinos, hoje ela é composta por nove navios, seis DELTA IV na frota do “Mar do Norte” (K-51 Verkhoturye, K-84 Ekaterinburg, K-114 Tula, K-117 Bryansk, K-18 Karelia E K-407 Novomoskovsk)  e três velhos Delta III na frota do oceano “Pacífico” (K-223 Podolsk, K-433 Georgiy Pobedonosets Svyatoy e o K-44 Ryazan).

No início dessa década, a mídia ocidental e parte da própria mídia russa, mencionava erroneamente que os SSBN Borei iriam substituir os gigantescos SSBN projeto 941 “Typhoon” e SSBN 667BDRM “Delta IV”, mas desde os tempos soviéticos, a classe “Delfin” tinha por função realizar um ataque nuclear secundário em relação aos “Typhoon”, dessa forma, com a entrada em operação de seus mísseis “R-30 BULAVA” de combustível sólido, os navios da classe Borei irá substituir somente os imponentes “Typhoon”, e os Delta IV voltam a função secundária  de  ataque nuclear em relação aos SSBNs Borei.
A estimativa na Marinha Russa, é que em 2020 os oito navios da classe Borei se encontre prontos e ativos, três das embarcações se encontram prontos na versão projeto 955 que portam dezesseis mísseis SLBM R-30 “Bulava”, os outros cinco, serão uma versão modernizada Projeto 955A com capacidade de 20 mísseis “Bulava”. Dessa maneira nos anos posteriores a 2020, a VMF estará com uma força de quatro ou seis “Delta IV” armados com modernos mísseis “Sineva” e “Lyner” e oito unidades da classe Borei armados com mísseis Bulava. Os SSBNs “Delfin” demonstram ter muito folego para os desafios da próxima década ao lado dos SSBN Borei, garantindo assim a força nuclear submarina da Federação Russa.






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terça-feira, 4 de agosto de 2015

NEXTER AMX-56 LECLERC. A cavalaria pesada francesa.

FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: 72 Km/h em estrada; 50km/h em off road,
Alcance máximo: 550 Km.
Motor: Motor diesel SACM V8X-1500 de 8 cilindros em V e 1500 hp de potência. 
Peso: 57,4 Toneladas (versão mais recente). 
Comprimento: 9,87 m (contando o canhão)
Largura: 3,71 m.
Altura: 2,92 m.
Tripulação: 3 tripulantes.
Inclinação frontal: 60º.
Inclinação lateral: 30º.
Passagem de vau: 1 m; (4 m com preparação)
Obstáculo vertical: 1,25 m.
Armamento: Um canhão Nexter CN120-26 120mm com 40 granadas sendo 22 delas prontas para uso; 1 uma metralhadora pesada modelo M-2HB calibre .50 (12,7 mm) e uma metralhadora AAT-M-52 em calibre 7,62X51 mm; 14 granadas lançadoras de fumaça.

DESCRIÇÃO
Por Carlos E.S.Junior
Em meados dos anos 80 do século passado, o Exército francês precisava de um substituto de seus velhos carros de combate AMX-30, que era um MBT relativamente leve e com uma blindagem mais fina que dos carros de combate soviéticos contemporâneos e que, certamente estariam em desvantagem em caso de uma invasão soviética na Europa ocidental. Alguns anos antes, a França tentou um acordo para desenvolvimento conjunto de um novo e pesado MBT com a Alemanha, mas diferenças de prioridade levaram ao fracasso desse desenvolvimento, deixando os franceses sozinhos. O problema aqui era que, com o nível de complexidade e sofisticação que a França procurava em seu novo projeto de MBT, seria muito interessante um parceiro internacional para dividir os elevados custos desse programa. O parceiro ideal apareceu na forma do Emirados Árabes Unidos que assinou um generoso contrato de aquisição de 434 viaturas do novo projeto francês conhecido pelo nome de Engin Principal de Combat (EPC), naquele momento. Em 1986 o projeto foi rebatizado com o nome oficial de AMX-56 "Leclerc" e se tornou o mais avançado carro de combate MBT da Europa ocidental.

Acima: O carro de combate AMX-30 estava em desvantagem frente aos modelos de MBTs soviéticos devido a sua proteção inferior, assim coimo menor poder de fogo com seu canhão de 105 mm. O Leclerc foi desenvolvido com objetivo s]de substituir esse veículo no exército francês.
A suíte de sensores do Leclerc é bem completa contendo 8 periscópios a disposição do comandante mais uma mira panorâmica HL-70 estabilizada com recursos de intensificador de imagem e integrada a um telêmetro a laser fabricada pela SAGEM. É interessante observar que o comandante tem ainda a apresentação da imagem da mesma câmera de imagem térmica usada pelo artilheiro, melhorando muito a consciência situacional da tripulação nos tensos momentos de batalha. A estação do artilheiro está equipada com uma mira estabilizada SAVAN 20 que por sua vez tem uma câmera termal. Além disso, o artilheiro conta com acesso a 3 periscópios. O motorista também conta com 3 periscópios e uma mira OB-60 desenvolvida pela empresa Thomson- CSF que fornece imagem para qualquer condição de luminosidade. Os sistemas de miras comentados acima estão integrados a um computador de controle de fogo  FINDERS (Fast Information, Navigation, Decision and Reporting System) capaz de selecionar 6 alvos em rápida sucessão com a solução de tiro para eles em pouco mais de 30 segundos.

Acima: Nesta foto em close podemos ver a esquerda a torre da mira estabilizada SAVAN 20 e a mira HL-70 do comandante a direita. Este conjunto representa os principais sensores dentre todos que são usados no Leclerc.
A blindagem original do Leclerc já era uma das mais efetivas dentre os atuais MBTs do mundo. A blindagem é modular composta por placas de aço que podem ser substituída facilmente quando danificadas. A blindagem principal tinha uma composição de aço, cerâmica e kevlar. As versões atuais do Leclerc, no entanto, receberam o reforço de placas de titânio e tungstênio que tornam ainda mais efetiva, principalmente contra projéteis perfurantes tipo flecha, ou APFSDS. O topo no Leclerc, recebeu uma proteção extra para proteger o blindado de mísseis que ataquem a parte superior do veículo, que normalmente, em outros carros de combate, é bastante vulnerável. O Leclerc conta, ainda com 8 granadas de fumaça (que podem ser do tipo anti pessoal também), que quando usadas dificultam a localização exata do veículo para as forças inimigas. 
Ainda há uma suíte de medidas defensivas KBCM que alerta o comandante do veículo quando um sistema de laser estiver iluminando o veículo e quando mísseis tiverem sido lançados contra o veículo, permitindo que se tome medidas evasivas para evitar que mísseis guiados a laser atinjam o Leclerc. O sistema conta ainda com recurso de interferir em buscadores infravermelhos anulando a eficacia de armas que usem esse tipo de buscador. O Leclerc é, ainda, totalmente preparado para operar em um ambiente químico, biológico, nuclear (NBQ).

Acima: Além da forte blindagem da carroceria, que é composta de titânio e tungstênio, o Leclerc ainda recebe uma blindagem modular na forma de placas extras externas como mostrada em verde nessa ilustração.
O armamento principal do Leclerc é o potente canhão GIAT CN-120-26/52 em calibre 120 mm compatível com diversos tipos de munição, incluindo a APFSDS (perfurante de blindagem que também é chamada de penetradora por energia cinética) e munição HEAT (Alto Explosivo Anti Tanque). Todas as outra munições deste calibre usadas em carros de combate da OTAN, como o M-1A2 Abrams dos Estados Unidos, por exemplo, podem ser usadas pelo Leclerc sem problemas. Uma característica interessante do Leclerc é que o sistema de recarga do canhão é automático, ou seja, dispensa um homem para fazera recarga. São colocados 22 granadas de 120 mm no carregador, deixando o canhão pronto para usar imediatamente essa munição a uma cadência de 12 tiros por minuto. Outras 18 granadas são estocadas na torre. Como armamento secundário, há uma metralhadora coaxial pesada M-2HB calibre 12,7X99 mm (.50) e uma outra mais leve, modelo  AAT-M-52 em calibre 7,62X51 mm operada remotamente de dentro da torre.

Acima: O potente canhão CN-120-26/52 em calibre 120 mm pode destruir a maior parte dos blindados conhecidos. Seu carregamento automático permite manter uma cadencia de 12 tiros por minuto.
A propulsão deste poderoso carro de combate é proporcionada por um motor diesel SACM V8X-1500 de 8 cilindros em V  que produz generosos 1500 hp de potência que permite ao Leclerc acelerar a uma velocidade máxima de 72 km/h em estrada ou até 50 km/h em terreno irregular.  A aceleração de 0 a 32 km/h é feita em 6 segundos cravados. Nada  mau para um veículo com  57400 kg de peso. A transmissão  é do tipo SESM com 5 marchas a frente e 2 de ré. A suspensão hidropneumática garante a estabilidade e agilidade em condição off road. O tanque de combustível tem capacidade de 1300 litros de diesel que permitem uma autonomia de 550 km. É possível estender esse alcance com a adição de tanques externos que aumentam essa autonomia para 650 km.

Acima: O Leclerc está entre os mais rápidos MBTs do mundo graças a sua potente motorização de 1500 cavalos representada pelo motor turbo diesel  SACM V8X-1500 de 8 cilindros em V.
O carro de combate AMX-56 Leclerc representa um dos mais avançados MBTs do ocidente e mesmo do mundo. Ele reuniu bom desempenho de mobilidade com uma proteção balística eficiente e modular, bem dentro das tendências que vemos em projetos contemporâneos, e um poder de fogo respeitável, com um potente canhão de 120 mm com carregamento automático, levando a uma diminuição de sua tripulação que agora já não precisa ter um homem encarregado da recarga do canhão. Seus sensores integrados a um computador de gerenciamento de batalha o permitem engajar 6 alvos em cerca de 30 segundos, o que representa uma façanha em se tratando de um carro de combate pesado. Resta saber, agora, como o Leclerc se sairia em um ambiente de batalha de alta intensidade onde ele tivesse uma oposição respeitável de carros de combate pesados modernos do inimigo e tendo que lidar com munições anti tanque de helicópteros de ataque e mesmo da infantaria. A automação do sistema de alimentação do canhão realmente é uma outra importante tendência quando tratamos de MBTs, mas será que ele tem robustez e confiabilidade suficiente para continuar funcionando perfeitamente mesmo depois de impactos diretos na blindagem do veículo? Fica aqui essa questão para reflexão.

Acima: O Leclerc é um excelente carro de combate, porém, devido a seu elevado custo, teve pouco sucesso no mercado internacional.




ABAIXO TEMOS UM VÍDEO APRESENTANDO O MBT LECLERC.

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