Mostrando postagens com marcador Sharia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Sharia. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

COMENTÁRIO: 30 anos depois, ainda deliberadamente cego à supremacia da sharia


Por Andrew C. McCarthy, The Hill, 18 de agosto de 2021.

Tradução Filipe do A. Monteiro, 25 de agosto de 2021.

Cara, isso fica tão cansativo quanto enfurecedor.

Jornalistas ocidentais, incrédulos, relatam - como se fosse uma contradição estonteante - que embora o Talibã tenha prometido "respeitar os direitos das mulheres", as coisas já se tornaram violentas contra mulheres e meninas (entre outros) com o retorno dos militantes fundamentalistas ao poder. A Fox News, por exemplo, relata que uma mulher na província de Takhar foi baleada na rua por combatentes talibãs quando foi observada andando em público sem se cobrir com uma burca.

O Talibã é supremacista da sharia. Para repetir o que provei no tribunal como promotor federal 30 anos atrás, e o que há muito tem sido um fato notório embasado por 14 séculos de estudos e jurisprudência islâmica, os supremacistas da sharia não aceitam os direitos das mulheres como eles são entendidos no Ocidente e em outras sociedades civilizadas.

Quando dizem que respeitarão os direitos das mulheres ou os direitos de qualquer outra pessoa, o Talibã se refere a seus direitos sob a sharia, o antigo código legal e estrutura social do Islã, como é entendido desde o século X.


Embora os talibãs sejam especialmente zelosos nesse aspecto, eles não são singulares. O Afeganistão é uma sociedade tribal fundamentalista na qual a supremacia da sharia é influente. O Talibã não é um fenômeno exógeno. Eles são uma consequência natural da cultura afegã. É por isso que sua insurgência não apenas se sustentou, mas se tornou mais forte nos últimos 20 anos. Mesmo se não fosse extorsão, teria uma boa quantidade de apoio público afegão.

Segundo a interpretação do Talibã da sharia, uma mulher não tem "direito" de andar em público sem se cobrir. Além disso, as punições da Sharia são draconianas. As mulheres que deixam de vestir a burca não são vistas apenas como desrespeitadores dos códigos de vestimenta islâmicos; elas são vistas como fomentando a discórdia em uma sociedade sob a sharia, encorajando outras mulheres a ignorarem a lei de Alá. Fomentar a discórdia entre os muçulmanos encorajando desvios da sharia é considerado a maior ofensa contra a sharia. É por isso que, por exemplo, apóstatas são mortos.

Os progressistas transnacionais cegos continuam sua cegueira obstinada para essa realidade. Eles assumem alegremente, não obstante a história, que sociedades fundamentalistas crescerão além disso.

Assim, o Departamento de Estado dos EUA concluiu que havia escrito uma constituição afegã maravilhosa em 2004, salvaguardando expressamente o que os americanos vêem como os direitos fundamentais das mulheres e das minorias religiosas. Mas, para ser aceita no Afeganistão, essa constituição tinha de estipular que nenhuma lei poderia revogar a sharia e que, na medida em que houvesse alguma inconsistência, a sharia governa.

Naturalmente, os progressistas ficaram chocados quando, apesar das promessas feitas em pergaminhos de liberdade religiosa, os apóstatas afegãos continuaram a ser condenados à morte imediatamente após a adoção da constituição.

O Departamento de Estado diz a si mesmo, e ao restante de nós, que o Talibã é diferente, eles são de fora. Novamente, o Talibã é doutrinário. No entanto, eles não são uma aberração.

Em 1990, o que era então conhecido como Organização da Conferência Islâmica, ou OCI (agora chamada Organização para a Cooperação Islâmica), promulgou a Declaração dos Direitos Humanos no Islã - também conhecida como "Declaração do Cairo". Ela se gaba de que Allah fez da ummah islâmica (a comunidade muçulmana mundial) "a melhor comunidade... que deu à humanidade uma civilização universal e bem equilibrada". É o "papel histórico" da ummah "civilizar" o resto do mundo - e não o contrário.

A Declaração deixa bem claro que essa civilização deve ser alcançada pela adesão à sharia. "Todos os direitos e liberdades" reconhecidos pelo Islã "estão sujeitos à Sharia islâmica", que "é a única fonte de referência para [sua] explicação ou esclarecimento".

O OCI não é o Talibã. É um conglomerado de países de maioria muçulmana, mais a Autoridade Palestina. Ela se autodenomina a "voz coletiva do mundo muçulmano".

Por que os países islâmicos, como a "República Islâmica do Afeganistão" (como era conhecida antes mesmo do Talibã se declarar um "Emirado Islâmico") sentiram a necessidade de codificar os direitos humanos no Islã? Muito simplesmente, para deixar bem claro que o Islã dominante se separa da Declaração dos Direitos Humanos promulgada pelas Nações Unidas em 1948, sob a orientação de progressistas ocidentais.


Os supremacistas da Sharia não aceitam os "direitos das mulheres" como são interpretados no Ocidente. A Sharia governa. Essa era a posição do Afeganistão em 2004, quando o Talibã foi afastado do poder. Por que alguém acreditaria que as coisas iriam melhorar com o Talibã? Que quando eles se comprometeram a respeitar os "direitos", isso significava que os direitos das mulheres, como os entendemos, estariam garantidos?

Os governos americanos, desde a administração de George W. Bush, determinaram tratar o Talibã não como um inimigo, não como um patrocinador do terrorismo, mas como um parceiro de negociação com o qual se poderia argumentar, confiado para garantir os direitos das mulheres e das minorias religiosas como eles são compreendidos em Washington, Londres, Paris e no Ocidente em geral.

O Talibã nunca fingiu ser nada além de anti-Ocidente. Nosso Departamento de Estado e todos os governos presidenciais, inclusive o do presidente Biden, não tinham desculpa para não saberem que, se o Talibã tomasse o poder no Afeganistão, não haveria "direitos das mulheres" como os afirmamos. A mídia não tinha motivo para não saber. O Talibã tem nos dito quem eles são desde o início.

Trinta anos depois, ainda estamos atordoados.

O ex-promotor federal Andrew C. McCarthy é pesquisador sênior do National Review Institute, editor colaborador da National Review, colaborador da Fox News e autor de vários livros, incluindo "Willful Blindness: A Memoir of the Jihad". Siga-o no Twitter @AndrewCMcCarthy.

Bibliografia recomendada:

O Mundo Muçulmano.
Peter Demant.

Leitura recomendada: